Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 3
Capítulo 3 - Uma noite quente.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.
Não consigo colocar as capas. Vou tentar novamente mais tarde. BJO



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A noite se estendeu. Ele não voltou a dançar com quem quer que fosse. O grupo de amigas de Candence foi se desfazendo lentamente após a partida da Viscondessa e da filha. Quanto a Mia, ele a vira dançar com mais alguns rapazes, especialmente com um. Duas vezes na verdade. Talvez fosse um pretendente. Mas, Rupert garantira que a senhorita Wentworth era inatingível, provavelmente aquele era mais um dos muitos apaixonados que se jogavam aos pés dela.

A filha do visconde era bonita, tinha formas delicadas, seios fartos ajustados em um vestido que parecia salientar cada um de seus atributos em vez de diminuir. Os olhos eram de um azul limpo, os lábios rosados e desenhados. Entretanto, não fora apenas essas características que o atraíram. Apesar do ar quase angelical, dos modos meigos e delicados, ela era forte, sustentou seu olhar com determinação e segurança. Fora honrada e até certo ponto cortês.

Liam nunca olhava duas vezes para uma mulher da sociedade, elas representavam tudo o que ele detestava. Porém, naquela noite, aquela garota com ar de menina, corpo de mulher e temperamento forte o surpreendera positivamente de várias maneiras.

O senhor Forster passou o restante da noite junto a Rupert. Alguns cavalheiros se juntavam a eles por pouco tempo e logo se afastavam. Depois, Candence e Brooks retornaram à pista de dança e Mia notou quando Liam tomou o caminho da sala de jogos. Ele parecia desinteressado de tudo, e ela não conseguia imaginar um único motivo que tivesse levado o rapaz a convidá-la para dançar.

O que não deveria ter qualquer tipo de importância, já que sir Jayden Huxley, o filho mais velho do Conde Huxley a convidara para dançar por duas vezes. E ele era o pretendente ideal. Preenchia adequadamente todos os itens de sua lista. Uma amizade que convinha cultivar, mesmo que uma hora ou outra ela considerasse que ele não serviria como acontecera com tantos outros.

De qualquer forma, sua atenção voltava-se para Liam com uma frequência perturbadora. Por diversas vezes ela o observou tentando descobrir o que fazia. Se dançava com alguém, se conversava, se interagia com as pessoas.

Uma curiosidade estúpida já que aquele senhor, bem como seu comportamento, deveria ser terminantemente ignorado por ela.

 

* * * *

 

A cama no hotel era confortável, mas ele não conseguia dormir. Estava agitado, desconfortável. A temperatura caíra no transcorrer da noite, mas seu corpo queimava com um calor bem conhecido. Vestindo apenas as ceroulas Liam se ergueu de um salto, caminhou até a sacada e a escancarou de uma só vez. O ar fresco da noite bateu contra seu rosto movendo os finos fios escuros para trás. Ele fechou os olhos. Respirou aquele aroma de flores, de grama, de terra. Sentiu saudades de casa. Poderia ser isso, estava longe por tanto tempo! Talvez aquela poderia ser a hora adequada de voltar ao lar e enfrentar o avô. Brooks era um sócio confiável. Os negócios iam bem. Ficar fora por alguns meses não seria um problema tão grande assim. Porém, o noivado de Rupert só aconteceria no próximo mês. E ele prometera estar presente na ocasião.

— Você é meu melhor amigo! Meu sócio. Não pode faltar! - foram os argumentos usados por Brooks quando Liam lhe dissera que não acreditava que sua presença fosse bem vista pelo barão e pelos outros convidados.

Permaneceria na cidade até o noivado. Mesmo que isso significasse passar por mais situações como a daquela noite. E todas as vezes em que Liam pensava nas horas prolongadas no salão de baile, só conseguia lembrar de um rosto. Depois da dança a senhorita Wentworth desaparecera de suas vistas, só tivera a oportunidade de vê-la dançando com outros rapazes, mas em momento algum ela lhe dirigiu um olhar ou voltou a estar próxima das amigas. A boa educação a manteve longe da mesma forma que a obrigou a cumprir com o prometido.

Eles se encontrariam muitas vezes, isso era certo e claro. A cidade era pequena. Provavelmente os eventos envolviam as mesmas pessoas. E isso o incluía. Ou incluía sua posição como sócio de Brooks. De qualquer forma, Liam sabia que tornaria a vê-la num momento ou outro. O ponto agora era, como ela, e ele, reagiria a esses novos encontros?

 

* * * *

 

Lentamente Mia viu os grampos caírem sobre a penteadeira. A escova deslizou suavemente sobre o cabelo louro escuro, alguns fios dourados brilharam refletindo a luz das lamparinas despertando os pensamentos. Ela dançara com muitos rapazes naquela noite. Apenas dois deles não eram conhecidos antigos. O primeiro, senhor Forster deveria ser terminantemente esquecido, apagado como ela fazia com os rascunhos de desenhos que não davam certo. A mãe compreendera sua situação em aceitar o convite. Concordara que manter a palavra estava acima de qualquer coisa. Mas, exigira que a filha se mantivesse afastada daquele rapaz.

O segundo conhecimento da noite fora mais agradável e trazia finalmente algo de certo a sua vida. Sir Huxley, a tirara para dançar por duas vezes, trocara algumas palavras com ela. Mostrara-se gentil, educado, e cavalheiro como todo membro da aristocracia deveria ser. Além de bonito, charmoso, e de ser um pouco mais velho, em torno de vinte e nove anos... idade... essa palavra trouxe outra pessoa a mente da garota.

Quantos anos o senhor Forster deveria ter? Ele fora colega de Rupert na escola, eles deveriam ter a mesma idade. E quantos anos Rupert tinha? Vinte e dois? Vinte e três? No máximo vinte e quatro. Ela concluiu. Mas o americano parecia ter menos. A pele bronzeada, os traços de menino, não havia sinais de barba no rosto liso. Quem sabe era aquele cabelo longo... longo sim, tão longo quanto o dela. Num tom castanho escuro e dourado, sedoso e macio como a mais cara seda, e perfumado como uma noite de verão.

Que tipo de pensamentos eram esses? Ela disse a si mesma ficando em pé. Perfumado como uma noite de verão... ela nunca pensara isso sobre ninguém.

Pensamentos estúpidos!

Era o calor! O cansaço. Há meses não dançava tanto! Geralmente evitava muitas danças, escapava dos pretendentes sempre que podia. Sim. Era o cansaço aliado a surpresa pela aparência inusitada do sócio de seu amigo.

A última escovada deslizou pelos cabelos ondulados, energicamente até a ponta. Com tranquilidade, tentando manter a mente vazia Mia trançou os fios e os prendeu com uma fita na ponta. Ficou em pé, caminhou lentamente até a cama mas não deitou, sentia calor. O corpo estava estranhamente febril. As mãos deslizaram pela pele do pescoço produzindo um arrepio enquanto afastavam a gola do penhoar até que os ombros ficaram nus. Seus sentidos estavam em alerta total.

Ela podia ouvir o som dos grilos, o coaxar dos sapos, o estalar da árvore sob a brisa perto da janela do quarto. Fechou os olhos e se deixou cair nas almofadas enquanto a pulsação acelerava diante de emoções que ela ainda não conhecia.

 

* * * *

O sol nascera há algum tempo, ele caminhava desde a madrugada, trazia a casaca numa mão e o chapéu na outra, o lenço deslizara nos ombros largos, sobre o colete. E a gola da camisa branca entreaberta deixava a mostra a pele bronzeada. Estava indo para a casa do barão a pé. Precisava caminhar, acabar com aquela tensão presa no peito desde a noite anterior. Seus passos eram acelerados e disciplinados quando ouviu o som de uma charrete que se aproximava rapidamente em sentido contrário. Desviou o olhar da calçada estreita e irregular cobrindo os olhos com a mão do chapéu, na tentativa de ver quem se aproximava.

Mia quase não acreditou, aquela pessoa que seguia em direção contrária a sua não era ninguém menos do que o senhor Forster totalmente descomposto, sem casaca, sem lenço, sem chapéu. E essa constatação não deveria ser nenhuma surpresa já que ele não era dado as convenções.

O cocheiro se assustou e acelerou as passadas dos cavalos. No mesmo instante Mia soube que não poderia cruzar sem cumprimentá-lo. Mesmo que fosse total e completamente inapropriado fazer isso.

— Diminua! - ordenou ao homem.

— Milady... não sabemos quem...

— Eu sei quem é. Diminua para que eu possa cumprimentá-lo na passada.

A charrete diminuiu a velocidade, ele soube que Mia o vira da mesma forma que ele a vira. Ela parecia ainda mais bonita que na noite anterior com o rosto afogueado pelo calor, e os cabelos a brilharem sob o sol da manhã. A sombrinha parecia não ter cumprido bem a função deduziu. A charrete praticamente parou diante dele.

— Bom dia Senhor Forster. - ela o cumprimentou usando o mesmo tom educado da noite anterior.

— Bom dia senhorita Wentworth.

Os cavalos pararam totalmente, e eles não souberam mais o que dizer um ao outro.

— Está uma bela manhã para passear. - Liam disse sentindo-se um completo idiota por não formular algo mais inspirado.

— Sim, está! - ela concordou – Prometi a Candence que iria até ela o mais cedo possível. - ela se justificou sem necessidade.

— E eu garanti a Rupert que chegaria cedo para uma cavalgada...

Mia sorriu.

— E o seu cavalo?

— Ficou na cocheira. - ele disse sorrindo também, dirigindo-se a ela o mesmo sorriso que oferecera a Rupert. - Precisava de uma boa caminhada... - confessou fixando os olhos nos dela, daquela forma penetrante que apenas ele parecia capaz.

— Entendo... bem, devo ir ou chegarei atrasada. Um bom dia para o senhor. Boa cavalgada.

Os cabelos dele balançaram movidos pela brisa, Mia se sentiu incapacitada de evitar olhar. Nunca imaginara que um homem pudesse manter os cabelos tão longos e ainda assim parecer tão masculino.

— Bom dia senhorita Wentworth...

O silêncio pairou no ar, que inesperadamente era quase irrespirável tal a dificuldade que Mia encontrava de enviá-lo para os pulmões. Os lábios dela eram desenhados, cheios, a garota sem saber o que fazia e provavelmente por causa do calor os umedeceu com a língua. Liam sentiu o coração acelerar enviando impulsos pelo peito até as pernas.

— Podemos ir Jonas... - ela falou de repente, quebrando a tensão que se instalara dentro dele. Sorriu novamente antes que a charrete se colocasse em movimento.

Por mais alguns minutos Liam ficou parado no mesmo lugar, com o sol batendo contra o rosto. O coração acelerado, com um desejo crescente a correr pelas veias e com a certeza de que Mia despertava seus instintos de uma forma inesperada, a confrontá-lo.

O balanço da charrete não estava ajudando em nada. Ela queria saltar dali e fazer como o tal americano fazia, caminhar, caminhar, caminhar até aquela sensação passar. Afastar o lenço que recobria seu peito protegendo-a do sol, impedindo que a pele branca e delicada ficasse manchada ou escura. Jogar a sombrinha para trás e permitir a brisa da manhã mover seus cabelos como fazia com os dele.

Estou ficando louca!

Que tipo de pensamentos são esses?

Como posso imaginar que isso é possível?

Se perguntou evitando oferecer uma resposta a si mesma.


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Notas finais do capítulo

Mia louca?
Liam encantado?
Temos um começo promissor.
BJO. espero por vcs. até o próximo!