Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 21
Capítulo 21 - Uma carta


Notas iniciais do capítulo

Mais de Mia e Liam
Um OBG especial vai desta vez para a Bella por apoiar e ajudar dando sua opinião. BJO



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A residência dos Wentworth, normalmente silenciosa, recebeu muitas visitas nos dias que antecederam a festa de noivado de Mia. Pouco adepta das junções, a jovem se contrariava com aquele movimento de entra e sai. Especialmente porque se tratava de pessoas com as quais não possuía grande afinidade.

Naquela tarde em especial, na sala de visitas da mãe, havia um grupo bem variado. A decoradora, amigas da viscondessa. E entre todas, Charlott, Mary e Florence eram as únicas com quem a filha do visconde tinha alguma afinidade, mesmo assim não trocara sequer meia duzia de palavras com as jovens. Os assuntos lhe pareciam fúteis, sem graça, totalmente desinteressantes: tecidos, vestidos, fitas e assessórios, flores para ornamentar o salão da residência. O cardápio, as bebidas, os doces, a orquestra, eram os temas debatidos diante dela sem que nenhum deles lhe atraísse a atenção o que provocava pensamentos aleatórios a todo momento. Ela se perdia olhando o desenho do tapete tão conhecido, revirando a xícara no pires até que o chá esfriasse, ou mastigando um amanteigado até que o sabor desaparecesse.

— Minha futura nora parece distraída. - a condessa comentou sarcástica. - Imaginei que estaria efusivamente feliz em se casar com Jayden.

— Não se deixe levar por isso, Mia está muito satisfeita com o noivado. Afinal, qualquer moça ficaria. - a viscondessa foi rápida em explicar.

— Meu filho escolheu de acordo com nossas prioridades, mas há muitas moças capazes de preencher corretamente a posição como esposa do conde de Huxley.

Aquela frase tinha um claro tom de ameaça. Amélie sentiu na pele o azedume da sogra da filha. E tratou de sair em defesa da garota:

— Não creio que existam moças tão belas ou prendadas quanto minha Mia. Ela foi educada com todo o esmero necessário, sempre se portou de modo adequado. E está muito satisfeita com o noivado. - enquanto falava a viscondessa deslizou o olhar pelo rosto distraído da filha. - Mia esteve adoentada e está se recuperando. O Doutor Truffott receitou um tônico, sei que logo ela estará totalmente recuperada.

Apesar de ter tentando manter a segurança enquanto falava, Amélie não tinha certeza de que o tal fato se efetivaria. A apatia e tristeza que Mia apresentava tinham um único motivo e mesmo que esse motivo estivesse há milhas dali, continuava muito vivo e presente na mente dela.

A maneira como a condessa revidou as explicações claramente mostrou que as explicações não foram convincentes:

— Ela não me parece fraca, seu rosto se mantém tão corado e a pele tão viçosa quanto antes, apenas demonstra desinteresse pelos assuntos do noivado.

A condessa deixava claro que era uma observadora detalhista. Mia devia tomar cuidado Amélie disse a si mesma lembrando de tocar no assunto com a garota mais tarde. Alertando-a para modificar o comportamento imediatamente sob pena de ver o noivado rompido antes de se concretizar caso continuasse a agir friamente.

 

*

 

Dezoito.

Sete.

Liam saíra da cidade há dezoito dias.

O noivado dela se daria em sete dias.

Essa era a matemática que Mia fazia sentada diante da penteadeira enquanto escovava os cabelos ondulados. A cada novo nascer do sol a certeza de que tomara a decisão errada se reforçava dentro dela. Todos notaram sua falta de interesse por qualquer tema, inclusive a futura sogra. A mãe a alertara do fato, entretanto nada poderia ser feito. Ela queria agir diferente, queria sorrir, queria se importar com os mesmos assuntos de antes. Queria se sentir empolgada com a proximidade do noivado, mas tudo o que conseguia era sentir dor, angústia e saudade.

Pelo reflexo no espelho viu a escrivaninha no canto oposto do quarto, ela parecia lhe chamar. Por mais de uma vez se sentara ali para escrever uma carta. Pedir a Liam que voltasse, contar-lhe sobre as saudades que sentia, dizer-lhe de seu arrependimento por ter feito o que fez, por ter dito o que disse. Por ter negado seu amor por ele.

Mas como ele reagiria ao receber tal carta?

Será que ele ainda se sentia como antes?

Será que ele realmente a amava?

Tudo o que sabia era que ele abrira mão das dívidas de seu pai. A liberando assim para continuar com os planos de casamento com o futuro conde. E isto servia como prova de amor? Seu coração gritava que sim. Sua mente ainda tinha dúvidas.

Porém... ela dizia a si mesma, ele tantas vezes deixara de lado o orgulho para se declarar mesmo nas vezes em que ela repetidamente negava como se sentia. Negava seu amor e sua presença junto dela. Por que ela não poderia fazer isso também? Estava claro que nunca seria feliz com sir Husley; não depois de ter descoberto como era amar alguém.

Em um impulso ficou em pé e se dirigiu para a escrivaninha. Um papel de carta saiu da gaveta, a caneta foi molhada no tinteiro e lentamente ela começou a escrever:

Caro senhor Forster

Enquanto escrevo mantenho a esperança de que esta carta não chegue tarde demais. Que meus argumentos atrasados não sejam infrutíferos aos seu coração. Que minhas palavras ainda possam pesar de alguma forma em uma decisão favorável a felicidade que o senhor me ofereceu e que tão estúpida e inconsequentemente reneguei.

Peço primeiramente que me perdoe, sei que tenho sido turrona em minhas decisões agindo apenas com o empáfia da racionalidade. Que o magoei com minhas atitudes egoístas. Que agi como uma estúpida em não confessar que o amava tanto quanto jamais me imaginei capaz de amar alguém.

Desde que o senhor se foi tenho me consumido em saudade. Em arrependimento. Em angustia e frustração. Meus planos estão se concretizando como esperava, mas ao mesmo tempo tudo está completamente errado. Não é isto o que meu coração deseja e parece que este cérebro que sempre conduziu todos os meus atos não é capaz de mostrar qualquer argumento suficientemente forte em sentido contrário a necessidade que sinto do seu amor.

Sigo meus dias sem graça enquanto espero por sua decisão. Por sua resposta, seja ela positiva ou negativa. E caro senhor, não se sinta pressionado caso seus sentimentos tenham se modificado, compreendo que fui demasiado estúpida em meus atos o que justificaria adequadamente sua recusa em me responder.

Com carinho

Mia Wentworth

 

Assim que concluiu a carta Mia a dobrou adequadamente, fechou, selou e guardou na bolsinha. Ficando em pé chamou a criada pedindo que a ajudasse a se vestir.

— Vai sair? - a mãe questionou vendo a filha cruzar pelo hall.

Ela sorriu de leve.

— Vou até a casa de Candence.

— Fico muito satisfeita em saber que seu ânimo para sair se renovou. Mas especialmente em vê-la com uma expressão mais suave no rosto.

— Também me sinto assim. - ela sussurrou pensando no tempo que perdera agindo em contrário ao que seu coração pedia.

— Leve um beijo para lady Behn.

Já não havia mais restrições a Candence desde que o sócio de Rupert se fora. Mesmo assim Amélie estranhou aquele ar suave no rosto que nos últimos dias só se mostrara fechado e triste, mas não fez qualquer questionamento já que poderia ser um sinal de que Mia estava finalmente retomando a vida como antes fazia justo com a amiga mais próxima.

— Farei como me pede. - Mia respondeu se movendo em direção a porta, porém a mãe a interrompeu:

— Seu noivo virá hoje?

Mia parou a meio caminho da saída, se voltou para a mãe e respondeu:

— Não tenho ideia. Ele não me avisa quando vem. Se a senhora não sabe, de nada resolve perguntar a mim.

Voltou a caminhar, mas logo roi interrompida:

— Mia!

— O que é mamãe?

— Aquela nossa conversa sobre o...

— Fique tranquila. Lembro de cada palavra sua. A partir de hoje tudo se modificará.

Empertigando o peito Amélie finalmente sorriu. Se Mia tomara a decisão de alterar seu comportamento a condessa logo perceberia a mudança e tudo se acomodaria da maneira certa.

 

*

 

— Mia! Que bom que veio! Estava pensando em passar lá hoje a tarde para conversar. - Candence disse cruzando pela porta da sala de visitas, abraçando a amiga carinhosamente.

— Esta visita não atrapalha sua ida até a minha mais tarde, será muito bom podermos conversar mais tempo.

— Sim. Ultimamente não temos tempo para nossas longas conversas.

Mia suspirou brevemente tomando coragem.

— E a missão que me trouxe aqui hoje diz respeito a um dos assuntos que permeavam nossas conversas dos últimos dias. Em especial um que considerei resolvido.

Imediatamente o rosto claro da garota loira mostrou que não compreendera de que se tratava.

— Liam... - Mia falou baixo com medo de ser ouvida por alguém que pudesse jogar seus planos água abaixo. - Lembra quando me perguntou se eu pretendia continuar com os mesmos planos de casamento?

— Sim! Foi no meu noivado. - a outra respondeu enquanto elas se sentavam.

— Pois descobri que não posso.

— Finalmente! - Candence exclamou em alto e bom som. - Você vai voltar atrás?

— Sei que não deveria, mas é mais forte do que eu...

— Ah Mia! - os braços de Candence a abraçaram fraternalmente – Sua infelicidade estava estampada no seu rosto para quem quisesse ver. Nos últimos dias sequer conseguia ir a sua casa, mesmo com os convites da viscondessa. Era muito dolorido ver sua luta interna...

— Pois essa luta acabou. Fui vencida e não me sinto mal em confessar isso. - ela respondeu erguendo o delicado nariz arrebitado. - E necessito de um favor seu...

— Qual? - Candence perguntou afoita.

Rápida Mia remexeu na bolsinha e retirou a carta

— Eu escrevi para ele. Preciso do endereço...

Um sorriso compreensivo se desenhou nos lábios de Candence.

— Eu sei que você é a única pessoa que poderia me compreender e não me julgar pelo comportamento estúpido daquelas dias... eu não aceitava a ideia de me sentir perdida sem a presença de Liam... mas é um fato Candence, estou perdida sem ele.

— Estou tão feliz! Por você... por ele... - as amigas juntaram as mãos em sinal de conforto e apoio - Liam é uma pessoa muito especial. Sei que ao receber sua carta se sentirá tão feliz quanto me sinto agora.

Olhando para as mãos unidas Mia se mostrou insegura.

— Estou com medo Candence, eu neguei tantas vezes meus sentimentos... será que ele me perdoará? - ela suspirou – Será que ele ainda me ama?

Otimista Candence exclamou:

— Ninguém deixa de amar assim tão rapidamente!

— Nem mesmo quando a pessoa amada age estupidamente como eu agi? Negando amar. Recusando o amor dele. Preterindo seus sentimentos em favor de um título, sobrenome e linhagem...?

— Espere aqui! - Candence pediu se erguendo.

— O que vai fazer?

— Tenho algo para você. Estava em dúvidas se deveria ou não entregar. Mas agora que você se decidiu sozinha, acho que está mais do que na hora de entregá-la.

— O que é? - Mia perguntou ficando em pé.

— Uma carta de Liam. Ele deixou no dia em partiu... - o ar culpado cruzou os olhos claros – sinto muito ter guardado, mas não acreditava que estivesse pronta para ler.

Uma carta Mia disse a si mesma relevando todo o restante da frase. Não se importando por ainda não ter recebido a mensagem, talvez Candence estivesse certa, talvez lhe faltasse a segurança necessária para ler o que Liam escrevera. E com o coração saltando sorriu para a amiga, aliviando o peso que a outra parecia carregar.

— Tenho sido tão egoísta em minha estúpida teimosia que maltratei pessoas não merecedoras de sofrimento. Atingi Rupert, você, Liam... você me desculpa?

— Está tudo bem. O importante é que você alterou sua posição e está tentado corrigir a tempo de ser feliz e de fazer Liam feliz.

— Eu o amo...

— Sim, eu sei, Rupert sabe e especialmente, Liam sabe. Vou buscar a carta.


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Notas finais do capítulo

Será?
O que Liam fará?
E essa estória da Mia ainda vai dar em confusão...