Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 20
Capítulo 20 - Noivado de Candence


Notas iniciais do capítulo

Estou esperando que Mia perceba o erro que cometeu. BJOOOOOOOOOOOO Flor pelos reviews. Vc me incentiva.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766219/chapter/20

 

A madrugada avançava com rapidez quando Liam, do alto de um morro, finalmente avistou um vilarejo há algumas milhas. Certamente que ali haveria lugar para descansar e trocar de montaria. O céu escuro e os clarões de relâmpagos se sucediam há algum tempo cada vez com mais frequência, em determinado momento ele chegou a acreditar que não alcançaria um local protegido a tempo de escapar da tempestade que se aproximava rapidamente. Mas, tudo indicava que a sorte ainda não o abandonara por completo.

Acelerou as passadas do cavalo conduzindo-o na direção desejada quando foi atingido por uma rajada de vento e logo depois por grossos e gelados pingos de chuva. A água vinha em profusão, quase não permitindo que ele conseguisse ver a estrada diante de si. Em poucos segundos a via se tornou lamacenta e escorregadia, o animal com dificuldade para se mover em terreno inseguro escorregou por diversas vezes.

Puxando as rédeas Liam estacou no meio do caminho, ajustou o chapéu de aba larga sobre a cabeça e desceu, precisava encontrar um local próximo para se proteger do vento, da chuva e dos raios. Porém, tudo o que conseguia ver eram árvores, e debaixo delas seria o local menos apropriado.

O cavalo, virando as costas para a chuva encolheu as orelhas e baixou a cabeça, numa clara posição de proteção. Largando as rédeas no chão Liam caminhou em volta, buscando abrigo. À direita havia um barranco não muito alto, mas sem qualquer tipo de proteção. À esquerda, árvores se estendiam até o ponto mais distante que seus olhos viam. De repente, em uma breve trégua, conseguiu avistar algo que poderia servir como abrigo, parecia um toldo, ou um galpão velho. Em passos incertos ele caminhou até o ponto avistado carregando sua montaria a cabresto.

Pouca proteção havia ali de fato. Chovia quase tanto como fora, mas, ao menos não estavam no meio da estrada lamacenta e encharcada. Amarrou a rédea a uma pilastra, a que lhe pareceu mais segura e depois buscou um lugar onde se sentar.

Estava molhado e gelado, só ansiava que a espera não fosse longa. Assim que a chuva desse uma trégua ele voltaria para o caminho do vilarejo. Cansado recostou a cabeça na madeira apodrecida, puxou o chapéu sobre os olhos e cruzou os braços a frente do peito tentando reter um pouco do calor que sua roupa permitira.

Fora uma estupidez sair assim, como se estivesse fugindo. Fora ainda mais estúpido quando não parara na pequena estalagem pela qual cruzara há poucas horas, especialmente porque ele já previa a chuva ao longe. E agora, estava sendo estúpido ao imaginar que aquela chuva torrencial daria uma trégua tão rápido.

Mais erros para sua lista de atitudes inconsequentes.

 

*

 

Estava amanhecendo quando a chuva forte começou. Os trovões e raios deram o ar da graça mais cedo, porém o aguaceiro só se mostrou perto do horário do sol nascer. Não fazia muita diferença para Mia, ela ficara acordada boa parte da noite. Mil dúvidas a invadiam e gritavam dentro dela. Mil perguntas que precisavam urgentemente de respostas.

A mãe surgiu cedo no quarto para saber como fora a noite. Ela mentiu, dizendo que estava tudo bem. Mas não foi convincente o suficiente. Seu rosto ainda carregava as marcas dos últimos acontecimentos.

— Não queria mencionar este assunto agora. - Amélie falou sentando-se na cadeira próxima a cama - Mas, desde ontem, depois que o doutor Truffot e todos os seus amigos se foram, não consigo evitar de pensar que essa sua crise tem algo a ver com a partida daquele senhor.

Uma angustiante sensação de impotência tomou conta de Mia.

— Ele se foi. E nada mais há para falar sobre esse assunto ou essa pessoa.

Havia, ela sabia que havia o assunto da dívida, mas não seria a mãe quem lhe daria as respostas.

— E se a senhora puder evitar mencionar, eu agradeceria imensamente.

Acuada diante do olhar determinado da filha Amélie se ergueu da cadeira. Mia era decidida, organizada, metódica em tudo o que fazia. Tinha opiniões muito seguras e firmes sobre praticamente tudo. Mas, parecia perdida quando o assunto era o sócio de sir Brooks. E toda aquela expressão de sofrimento que via no rosto jovem e bonito lhe amedrontava. Entretanto ainda havia esperança de que essa história ficasse no passado depois de alguns dias, depois do noivado, depois do casamento. E especialmente depois que Mia tivesse um filho.

Os filhos certamente fazem as mães esquecerem de qualquer outra dor que um dia possam ter sentido. Amélie se ergueu, beijou a testa da garota e se retirou em passos curtos e silenciosos.

— Florence lhe trará o desjejum.

— Não tenho fome. - Mia respondeu sem olhar a figura materna.

— O medico disse que para se restabelecer você precisa comer.

— Talvez mais tarde. - sugeriu em tom mais suave na tentativa de evitar que a mãe ficasse sobre ela com cuidados exagerados.

Tudo o que ela queria naquele momento era ver Candence, era tomar conhecimento do que acontecera. Mas sabia que se pedisse para a amiga vir, sua mãe desconfiaria e provavelmente recusaria a visita com a desculpa de que o médico recomendara repouso.

Ajeitou as almofadas atrás do corpo e cruzou os braços sobre o peito vendo o caderno largado na penteadeira. Não restara uma única palavra escrita sobre Liam. A raiva a conduzira. Conduzira seus pensamentos e ações e nada sobrara dele que não fosse a lembrança pujante que naquele momento parecia mais viva do que nunca.

— Ele me amava...? - disse baixinho, quase como uma confidencia para si mesma.

A quase certeza do amor dele não aliviava a dor pelas palavras que eles trocaram no último encontro. O modo como se encararam, como se desafiaram. Também não alterava a mágoa que a invadira e certamente não escondia o amor que ela nutria por ele.

 

*

 

As roupas secaram no corpo. Depois da chuva gelada a manhã surgiu fria, mas o sol voltou a brilhar quase que imediatamente, tornando o clima mormacento e abafado. Liam ficou pouco tempo na estalagem onde pretendia ter dormido ao menos por umas duas horas. Mas, era quase meio dia quando a atingiu e o descanso ficou para lá.

Tentou almoçar, mas não conseguiu. O ensopado de carneiro simplesmente não descia. Mesmo que seu gosto fosse saboroso. Então, após trocar de cavalo, ingerir quase meia garrafa de um líquido marrom que o estalajadeiro garantia ser uísque da melhor qualidade, ele seguiu o rumo de casa. Se não tivesse qualquer outro contratempo, chegaria lá antes da manhã seguinte.

Como de fato aconteceu.

A casa parecia igual. Os criados eram os mesmos, porém, nada lhe soava como antes. Estava cansado fisicamente e exausto emocionalmente, tudo o que precisava era de um pouco de descanso e paz. Logo depois voltar ao trabalho. Seguir a vida normalmente e talvez essa sensação de estranheza com a vida e consigo mesmo passasse.

Dois dias após seu regresso, Liam recebeu uma carta de Rupert confirmando que tudo se dera como o esperado. Os assuntos pendentes foram satisfatoriamente resolvidos. Nenhuma palavra constava sobre como Mia reagira a sua partida ou sobre o noivado, o que queria dizer que nada mudara. Logo depois, na mesma ocasião, confirmando seu primeiro pensando viu uma nota oficial de tamanho razoável, sobre o noivado de Sir Huxley e da senhorita Wentworth no principal jornal em circulação.

Enquanto digeria as palavras amargas, imaginou se Mia estava satisfeita em ver seus desejos concretizados sem qualquer tipo de interrupção. Se ela o desculpara. Se ela entendera os motivos que o levaram a agir como agiu. Se ela ainda o amava.

 

*

 

O noivado de Candence chegou. Aconteceu exatamente como a jovem, seu noivo e os pais deles esperavam. A festa reuniu a aristocracia local e foi marcada pelo bom gosto e cuidado com os detalhes. Mesmo assim, quem conhecia Rupert sabia que algo lhe faltava, que por trás do sorriso gentil e dos modos contidos ele sentia a ausência de alguém. E quem melhor para compreender e se sentir culpada por tal fato do que Mia?

— Gostaria que o desfecho dessa história fosse outro. – Brooks disse sério quando ela em dado momento, ao se encontraram sozinhos, lhe pediu desculpas. - Porém, fico com a certeza de que Liam agiu como deveria ter agido. Tomou consciência de seus atos falhos e lhes corrigiu a tempo.

— Você soube de sir Forster? – ela perguntou em tom tranquilo, sem deixar transparecer qualquer emoção.

— Ele enviou congratulações pelo noivado.

A conversa sobre como o sócio desistira de chantagear a família Wentworth a fim de obter a mão de sua única filha ocorrera quando Mia finalmente fora liberada pelo médico. Mas, a relação de amizade não voltou a ser a mesma entre Brooks e a jovem que um dia representou seu ideal de paixão.

— E garantiu que não estará presente na cerimônia de casamento.

Informou vendo a noiva se aproximar.

— Mia... – a jovem loira falou alegremente abraçando a amiga. – Fico tão feliz em vê-la fora de casa! Espero que agora, liberada você possa me visitar e ajudar nos preparativos do casamento.

— Sempre que for possível. – Mia respondeu com tranquilidade, quase imediatamente Rupert pediu licença e se afastou.

— Ele não vai me desculpar... - ela acompanhou o movimento do rapaz enquanto caminhava em direção ao grupo masculino.

Candence tentou amenizar a situação.

— Rupert não está chateado ou magoado com você.

Os olhos azuis mostraram que Mia não acreditava no que ouvia.

— Está chateado com a situação. Ele compreende sua posição. E ele compreende a posição de Liam. Não quer ver os amigos sofrendo mas sabe que nada pode fazer para ajudar... ou alterar os fatos.

Mia remexeu nas mãos.

— Você ainda está certa de que deve continuar com seus planos? Ainda acha que a determinação anterior se sobrepõe ao que sente por Liam?

— Nada há para alterar. – Mia respondeu tranquila – Ele aceitou minha posição, fez o que deveria ter feito, agiu como o cavalheiro honrado que sempre vi nele. Só me incomoda o fato de Rupert não contar com a presença de seu amigo em ocasiões como esta.

Candence observou o rosto bonito e aparentemente sereno de Mia, será que ela agiria diferente caso lesse a carta que Liam lhe escreveu? E o que aquele papel lacrado continha? O medo de seu conteúdo a impedira de entregá-la. Por diversas vezes a jovem noiva lutava consigo entre a vontade de sacudir a amiga, dizer-lhe que estava perdendo a chance de felicidade por teimosia. Em outras, como naquele instante, acreditava que não faria diferença o que acontecesse. Mia jamais voltaria atrás em sua decisão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Será que a Mia leva esse noivado adiante?
Só no próximo capítulo para saber.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Amor Como o Seu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.