Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 10
Capítulo 10 - Um encontro


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.
Capítulo dedicado às leitoras maravilhosas Flor e BellaZuuh pelos reviews inspiradores. OBG BJOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO até o próximo



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Uma noite inteira se contorcendo na cama larga. Uma manhã interminável caminhando pelo quarto diminuto. Segundos, minutos, horas perdidos na espera prolongada que ele imaginava, valeira a pena. Liam tinha certeza de que conseguiria convencer Mia a entender seu ponto de vista quando eles tivessem algum tempo para conversar. Mas especialmente, acreditava que a faria crer em suas palavras, em suas intenções, em seus sentimentos.

Mas, a tarde lhe trouxe o primeiro dissabor quando Rupert começou a listar os aspectos negativos daquela história.

— Pensei muito sobre esse assunto e acho que você não pode manter essa posição. Vamos acabar metidos em confusão por causa de uma paixonite boba que logo passa.

Os dois estavam em pé no meio da sala principal. Se encarando de frente.

— Paixonite? Como pode considerar tão pouco meus sentimentos por Mia? - o ar sisudo de Liam ao ouvir o amigo logo alertou o outro de que talvez estivesse errado.

— Mesmo que fosse algo sério Liam! Encontros como estes só causam aborrecimentos e problemas.

Aquela provocação não poderia ser deixada de lado.

— Como se você nunca tivesse feito isso antes. Quantas vezes servi de escudo para seus encontros? - Liam recordou o sócio que o encarou com ar de poucos amigos ao ser lembrado de suas estripulias.

— Vai me cobrar isso agora?

Abrindo as mãos como quem está entregue Liam foi claro.

— Sinceramente que nunca acreditei que precisaria. Mas preciso.

Dando as costas ao amigo Rupert determinou:

— Mia não virá!

Forster não se deu por vencido como o amigo esperava que acontecesse.

— Mais uma razão para que você me ajude. Se ela não vier, prometo que desisto.

O ruivo parou de caminhar e os dois se encararam sérios por vários segundos.

— Liam... - Rupert não confiava naquela jura.

— Faço um acerto de cavalheiros com você. Se ela não vier vou ignorá-la, esquecer de sua existência até o seu noivado com Candence. E depois volto para casa e nunca mais menciono o nome dela...

Cruzando os braços diante do corpo Rupert questionou:

— E se ela vier?

O sorriso amplo no rosto bronzeado garantiu que aquela pergunta não deveria ter sido verbalizada.

— Está vendo? Até você acha que ela pode vir...

— Não faça esse ar vitorioso. Eu não disse que ela vem.

— Candence lhe disse alguma coisa? - Liam perguntou se aproximando do amigo esquecendo por completo o juramento que prometera cumprir.

— Candence não me disse absolutamente nada!

Desconfiado Liam insistiu:

— Então...você vai me ajudar?

— Liam...

— Vamos lá! Seu pai não está em casa. Seu irmão, aquele azedo do seu irmão também não está. Execute essa ajuda sem culpa. Não farei nada demais, ao menos nada parecido com o que eram os seus encontros. Quero apenas conversar com ela. - ele transitou pela peça escura – Eu lhe contei, a mãe mentiu dizendo que Mia não estava em casa. Ela não recebeu minha carta...

— Para qualquer um esses seriam sinais claros de que ela não quer nada com você.

Liam riu. E Rupert teve vontade de dar um soco no amigo.

— Ela sente algo por mim. Assim como eu sinto algo por ela. Preciso saber o que é.

— Pensei que você estava apaixonado.

O outro cutucou.

— Também pensei que era só isso...

— Céus! - aquela foi a vez de Brooks abrir os braços agitadamente. - E o que mais pode ser?

— Amor.

Segundos de silêncio em que Rupert pareceu ter visto um fantasma seguiram o pronunciamento do outro.

— Amor? Você? - agora era a vez do filho do barão provocar incrédulo.

— Estou falando muito sério.

De repente Rupert começou a recitar em alto e bom som:

— Nunca vou amar ninguém. Esse sentimento não exite. Você ama uma senhorita a cada semana. E essa é a prova da inexistência do amor. Lembra disso? Por acaso sabem que pronunciou estas...

— Certamente que lembro de minhas palavras. - Liam o interrompeu - Mas, um homem pode se enganar.

— E ter honradez suficiente para admitir o engano.

— Exato!

— Então. Se você estiver errado quanto aos sentimento de Mia a seu respeito, se ela não vier... você vai parar com essa loucura!

— Por que é loucura?

— Porque você pode se meter em confusão.

— Que tipo de confusão? Eles podem mandar me matar? É isso que quer dizer?

— Não acredito que os pais de Mia seriam capazes disso, mas conheço alguns que fariam qualquer coisa para afastar as filhas de um pretendente indesejado.

— Que tipo de coisas? Me matar é o pior que eles podem fazer, e você sabe melhor do que ninguém que eu não tenho medo da morte.

— Podem acabar com você mesmo que continue vivo. Podem acabar com o nosso negócio por exemplo.

Outra risada ecoou pela sala.

— Gostaria de ver alguém tentar isso.

— Você é um idiota presunçoso e arrogante!

— E você um cagão metido e burguês.

O criado entrou silenciando as provocações dos amigos.

— A senhorita Behn chegou milorde.

Os dois encararam o homem com ar sério.

— Ela veio só? - Rupert questionou quase tão agitado quanto o sócio.

Sem expressar qualquer emoção diante da ansiedade dos dois, o homem respondeu tranquilamente.

— Está acompanhada da senhorita Wentworth.

— Eu lhe disse! - a voz masculina ecoou forte carregada de alegria.

Os dois se observaram com um olhar de cumplicidade antes que Rupert desse a ordem seguinte:

— Peça a elas que entrem.

O criado se retirou da mesma forma que entrou.

— Eu lhe disse... eu lhe disse... - Liam falava mais consigo mesmo do que com Rupert.

— Sim. Eu sei que você me disse. - Brooks retrucou com ar preocupado estampado no olhar.

Ignorando os avisos do amigo Liam passou as mãos pelos cabelos, puxando-os levemente para trás. Em expectativa. Tudo o que importava naquele momento era a presença de Mia naquela casa. E que eles poderiam conversar calmamente sem interrupções.

Minutos depois a dupla entrou na sala de visitas da casa do barão. As moças fizeram uma breve reverência que foi logo retribuída pelos rapazes. Liam observou a face de Mia e percebeu que estava muito séria. Com um vestido florido, cabelos presos, rosto rosado pela caminhada. Tão bela quanto em todas as outras vezes que tivera a oportunidade de vê-la. O coração estava acelerado e ele se sentia outra vez como se tivesse onze anos entrando por um prédio gigante, cheio de pessoas desconhecidas. Estava novamente ingressando por terreno desconhecido, só que desta vez, ele não era mais um menino.

— Traga chá para as senhoritas. - Rupert pediu se dirigindo ao criado.

— Não será necessário. - Candence retrucou apertando a alça da bolsinha entre as mãos – Nossa estadia aqui será rápida.

Mia adentrou o aposento com dois passos decididos.

— Estamos a espera do que o senhor Forster tinha para me falar. Não disponho de muito tempo.

Liam olhou em volta. O assunto dizia respeito apenas a eles, o amigo já havia sido instruído a se ausentar, e carregar a noiva junto, durante a conversa.

— Candence e eu vamos deixá-los conversar a vontade. - Rupert fez a tentativa.

— Não creio que seja necessário. - Mia foi firme encarando o amigo.

Rupert observou a garota, depois Liam. Nenhum dos dois parecia esperar que seu pedido não fosse atendido.

— Eu acredito que será necessário. - Forster insistiu determinado, dando a alternativa: - Candence poderá esperar do lado de fora desta sala. Não me importarei, mas gostaria que nossa conversa fosse apenas nossa...

— Não acredito que o senhor tenha algum tipo de direito de pedir tal coisa. Nada temos a tratar que minha amiga não possa ouvir.

— A senhorita poderá reportar para sua amiga o conteúdo desta conversa depois. Neste momento, prefiro a privacidade.

A sugestão dele ofereceu forças a ela:

— Se poderei contar, não vejo motivo para que ela saia.

— Rupert! - Liam falou sério se sentindo incapacitado de vencer a resistência da jovem.

— Vamos deixar os dois a sós? - o ruivo sugeriu quase imediatamente para a noiva - Ficamos do lado de fora. Posso assegurar que Mia não corre qualquer risco junto a Liam

— Não sei... depois do que ele fez no piquenique... - Candence começou e Mia corou lembrando do beijo.

— Posso garantir que a senhorita Wentworth não corre qualquer risco dentro deste cômodo. - Forster salientou fixando os olhos escuros na garota e quase implorou - Por poucos minutos Candence.

Estava suplicando para ficar a sós com um mulher? Aquilo significava que se encontrava completamente perdido! Sem alternativas.

Cansada daquela lenga lenga Mia disse no tom mais firme que conseguiu:

— Vá Candence. Se precisar sei que poderei chamá-la.

As amigas se observaram por alguns segundos. Insegura se deveria ou não atender o pedido Candence concluiu:

— Ficarei do lado de fora. Chame se precisar...

Rupert ofereceu o braço para a noiva e o casal se retirou lentamente, fechando a porta atrás de si. Liam permaneceu alguns segundos olhando o rosto da garota, inesperadamente, as palavras sumiram.

— Gostaria de sentar? - sugeriu tentando retomar o controle de suas emoções.

— Estou bem aqui! - ela respondeu erguendo o queixo – Como lhe informei, disponho de pouco tempo. Vim porque o senhor insistiu, ameaçou e com certeza causaria um problema em minha casa caso retornasse a minha procura.

Gesticulando silenciosamente ele passou as mãos para as costas. Mia insistiu mostrando uma tranquilidade que não sentia:

— Estou a sua espera... o senhor tinha urgência em me falar... pois estou aqui. Diga-me de que se trata?

Ela tentava manter a postura que se determinara a adotar diante dele. A de frieza. Mesmo que seu coração estivesse batendo mais acelerado do que nunca.

— Queria lhe falar sobre o que aconteceu no piquenique.

— Já falamos sobre isso por ocasião do sarau senhor Forster. E eu já lhe disse que o senhor não precisa se preocupar. Essa história ficou no passado.

Ela reforçou a informação erguendo a mão diante dele.

— Não quer saber porque a beijei? - ele estava pronto para assumir a culpa, mesmo que o beijo tivesse sido mútuo. Mas, acima de tudo abrir o leque de informações.

Mia descobrira algumas coisas sobre ele nos últimos dias que poderiam oferecer luz à pergunta que ele acabara de realizar. Sem mencionar o fato de que várias informações e descobertas não eram exatamente boas.

— Porque o senhor considerou que eu poderia ser como as outras moças que conheceu.

Que outras moças? De onde ela tirara aquela informação?

— De que outras moças a senhorita está falando? - passou imediatamente do pensamento para o questionamento erguendo uma sobrancelha.

— Seus casos. - ela falou dando de ombros sem perceber que se sentia incomodada de imaginá-lo beijando outras bocas – Quase todos os homens têm casos... por diversão ou farra, - os olhos azuis se detiveram no rosto bronzeado - especialmente os jovens.

— Pois não sou dado a casos senhorita Wentworth.

Os olhos azuis fuzilaram os dele. Liam sentiu vontade de rir daquele ar mimado.

— Quer me fazer acreditar que o senhor nunca beijou outras senhoritas?

Era a hora de esclarecer sem sombras de dúvidas aquele assunto que ele nem sabia que existia.

— Nunca! - exclamou com a segurança de quem fala a verdade - Nunca beijei qualquer outra senhorita, filha de um homem como seu pai. Um membro honorável da sociedade. Meus casos como a senhorita chama, e todos os beijos que troquei foram com mulheres de reputação duvidosa, como a sua classe costuma classificar.

— Então senhor é dado a frequentar casas pouco recomendáveis? Não creio que isso deponha a seu favor.

Ele sorriu de lado.

— Não vejo como isso possa depor contra mim. Um homem precisa se divertir... como a senhorita muito bem o disse. Mas, nunca abusei de donzelas, nunca seduzi uma moça de família, rica ou pobre, como certos homens honrados se gabam de ter feito. - e mudou o tom para continuar: - Por isso, não sei exatamente como me desculpar por ter ultrapassado esse limite com a senhorita...

— O senhor já se desculpou senhor Forster e eu aceitei suas desculpas.

— E compreendeu que não a beijei por beijar? Que não tenho o hábito beijar moças de família?

Enquanto falava ele se aproximava lentamente. Mia sequer percebia a aproximação, estava devorando as palavras dele. E totalmente hipnotizada pelos olhos castanhos.

— O que devo fazer para me redimir... - a voz saiu sussurrante e insistente.

— Que tipo de redenção espera senhor? - ele estava a dois passos dela. Mia tentava manter a firmeza no modo e na voz, evitando todo aquele formigamento que cruzava cada fibra da pele.

— Ser desculpado. Fui desculpado senhorita Wentworth?

— Foi... - ela sussurrou.

Os lábios masculinos expressaram o alivio em um movimento quase imperceptível.

— Então, agora que não mais estou em débito com a senhorita, gostaria de lhe dizer que não peço desculpas por arrependimento, nunca desejei tanto um beijo quanto aquele, mas pelo modo como ele aconteceu. Pela...

Ela ergueu o nariz um pouco mais. Querendo ignorar a parte da frase onde ele dizia que desejara o beijo.

— O senhor se contradiz. Pede desculpas e depois afirma que não se arrependeu. De qualquer forma senhor Forster, esse assunto está no passado. Não teve qualquer importância na minha ou na sua vida e...

— Foi importante para mim.

Ela engasgou. Ele deu um passo a frente.

— Foi tão importante que não paro de pensar nele. Em você.

— Senhor...

— E se você está aqui, agora, acho que poderíamos tirar a prova, poderíamos descobrir o que é isso que sentimentos...

— Quem lhe disse que eu sinto alguma coisa? - ela perguntou sentindo o rosto aquecer de vergonha

— O seu beijo me disse.

— Oras... senhor... fui pega de surpresa, nunca havia sido beijada, o senhor esperava que eu não tivesse reação alguma?

Ele sorriu.

— Você foi pega de surpresa senhorita Wentworth? Não me pareceu, não a peguei a força, apenas me aproximei, e minha aproximação foi aceita... e mesmo que não admita agora, a senhorita retribuiu o beijo.

Do mesmo modo que aceitaria e retribuiria se ele desejasse beijá-la naquele momento. Mas, ele podia esperar alguns segundos mais, Mia faria o que desejava fazer, não seria necessário se impor a ela.

Pronto, ele estava exatamente diante dela Poucos centímetros os separavam, ele inclinara o rosto para baixo e parecia gigante perto do seu. Cobria todo o campo de visão. Nada mais havia além daquela face de menino levado, com ar petulante brilhando nos olhar castanho.


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Notas finais do capítulo

Será que Mia vai se entregar?
Já disse isso! Eu me entregaria.
O restante da conversa só quinta-feira. Sinto muito demorar, mas não quero deixar ninguém sem capítulos, então... BJO muito obrigada por estarem acompanhando, espero por vcs nos reviews.



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