Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 1
Capítulo 1 - Dois mundos - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Apresento-lhes Mia e Liam. Um casal especial que vai pegar fogo. Até eu me surpreendi com eles...espero q vcs também se surpreendam.



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Liam Forster nasceu e cresceu em uma fazenda próxima a uma cidade pequena, entre os pais e pessoas de várias nacionalidades. Sua vida naquele ambiente amplo era ativa, cheia de alegrias e brincadeiras. Os pais liberais lhe concediam a liberdade necessária para que o garoto ampliasse seus horizontes e se tornasse alguém que caminhava e pensava por sua própria cabeça. Bom amigo e geralmente bem humorado, Liam tinha muitos e bons companheiros enquanto viveu entre os seus, mas, quando foi mandado para o colégio interno do outro lado do oceano encontrou seus primeiros problemas. A vida inserido em uma sociedade tradicional e cheia de regras não era tão boa para um mestiço, filho do novo mundo, sem qualquer posição social. Mesmo que ele tivesse muito dinheiro no bolso.

Nascido da união de um inglês bronco acostumado ao trabalho no campo, com uma delicada descendente de chineses, lhe conferiu uma personalidade e aparência diferente dos demais e também o afastou dos colegas de escola. Os traços exóticos e a pele bronzeada do garoto atraiam a atenção negativamente e não representavam o biotipo aceito como adequado na sociedade milenar e tradicional onde ele foi inserido ainda menino.

Mas, apesar de Liam ter enfrentado as maiores dificuldades no período escolar, ele já sabia o que significava ser rejeitado. O avô paterno, mesmo sendo uma pessoa simples, o evitava sempre que podia, e jamais tratou o garoto como neto. A mãe, uma órfã, sequer se impunha diante do sogro e geralmente concedia ao homem o mesmo tratamento que recebia. O desinteresse.

Contudo, quando a idade certa chegou, o pai decidiu que o único descendentes dos Forster que sobrara, teria uma educação digna. O melhor que o dinheiro poderia pagar. E lá se foi o menino em direção a um mundo novo, nada simples. Repleto de hostilidade, falsidade, tradição. Onde um sobrenome valia mais do que a pessoa.

Entretanto, Liam que carregava consigo uma ampla facilidade de adaptação, um temperamento ativo, bem humorado. Uma particular habilidade para os esportes e inteligencia aguçada. Logo descobriu como tornar a adversidade em oportunidade. E a inesperada construção de boa amizade com alguns poucos rapazes o amparou nos anos mais complicados.

Entre esses poucos amigos estava Rupert Brooks, terceiro filho de um barão. Um rapaz tímido e inteligente que buscou em Liam o apoio necessário para a complicada vida acadêmica e na fase adulta um sócio empreendedor para seus planos de vida futura. Rupert não se dava bem com o irmão mais velho e sabia que no dia em que o pai morresse, a fortuna da família seria dilapidada rapidamente devido ao temperamento desregrado do primogênito. Então, encontrando em Forster um bom amigo e logo um ótimo companheiro descobriu que também poderiam ser sócios nos negócios se apoiando muito mais do que qualquer outra pessoa faria.

 

* * * *

 

Os olhos azuis e brilhantes liberavam faíscas de felicidade. Mia Wentworth adorava aquele mundo alegre das festas e da vida social desde pequena. Aos dezoito anos, com uma beleza suave e meiga que atraia olhares por onde fosse, tudo o que a única filha do visconde de Wentworth mais queria era poder participar sempre daqueles bailes e atividades que movimentavam a vida social da cidade.

Ver homens e mulheres bem nascidos, educados e elegantemente vestidos era uma delícia e fazia o jovem coração acelerar de felicidade. Dançar belas e harmoniosas melodias românticas a deixava corada de emoção. Aquele era o mundo perfeito que ela escolhera cultivar para sempre até o fim de seus dias e nada mais parecia importar além disso.

Só faltava encontrar o par perfeito para acompanhá-la nessa empreitada de felicidade e contentamento. E Mia já sabia como esse homem deveria ser: um perfeito cavalheiro. Um homem honrado. Um homem elegante e educado nas melhores escolas. Que pertencesse as melhores e mais tradicionais famílias da região ou de fora. Que pudesse lhe proporcionar uma vida de prazeres e tranquilidade.

O maior problema nessa busca era que todos os jovens que Mia conhecia pareciam preencher quase corretamente esses requisitos. Porém, nunca de forma completa era bem verdade. Sempre faltava algo, e esse fato lhe causava um certo descontentamento. Entretanto, a garota contava com pais carinhosos e compreensivos que lhe concediam todas as vontades e desejos, o que a tornara um pouco mimada, mas servira também como o apoio necessário para qualquer situação. Especialmente a espera serena pelo genro perfeito.

Agora, aos vinte anos, sua aparência ainda mostrava toda a leveza, meiguice e beleza que lhe caracterizavam desde pequena, porém, Mia já não se sentia tão tranquila na espera, ou busca, por um par ideal. Mesmo que ela fosse a joia dos Wentworth, que seus pais estivessem satisfeitos em contar com a presença constante da filha ao seu lado, pois o temperamento alegre, carinhoso e bem disposto da garota tornava o ambiente familiar extremamente agradável. Eles ansiavam, esperavam, adorariam contar com netos, além de desejar que sua amada garotinha encontrasse um protetor que a mantivesse feliz, satisfeita e bem cuidada depois que eles morressem.

 

* * * *

 

Aquele era o primeiro evento social da temporada. Um baile na residência do conde de Fielding. Mia e suas melhores amigas desde menina, Florence, Mary e as gêmeas Candence e Charlotte se fizeram presentes. Animadas como sempre as garotas conversavam alegremente em torno da pista de dança, já com seus cartões praticamente repletos de marcações.

Entre cochichos e risinhos, falavam sobre a música, o ambiente elegante e bem ornado. Sobre a elegância dos convidados e a cortesia dos anfitriões. Mia, num vestido rosa brilhava como uma estrela. E mesmo que suas amigas fossem belas, ela se destacava sempre por seu temperamento alegre, por seu sorriso contagiante e seus belíssimos olhos azuis. A jovem sabia que aquele era o lugar ideal para fazer novos conhecimentos e talvez encontrar finalmente seu futuro marido. Bem como o piquenique programado pelo esposa do conde de Fielding que se daria em quinze dias.

Entretanto, o assunto que o quinteto travava naquele momento dizia respeito ao recém firmado compromisso de Candence com Sir Rupert Brooks.

— Mamãe está muito satisfeita! - Charlotte comentou balançando o leque suave e educadamente perto da face. - Sir Brooks vem de uma família tradicional, e apesar de ser apenas um terceiro filho, ele sempre terá consigo a linhagem dos Brooks como herdeiro de um barão.

— Ah! - Mia suspirou emocionada – Como fico satisfeita por você querida Candence! Por sua felicidade! Sei que nutria sentimentos especiais por ele desde que éramos meninas.

Candence ruborizou ao ouvir falar tão abertamente de seus sentimentos antes de comentar:

— Quase não acreditei quando ele veio me visitar depois de nosso inusitado encontro na residência de Sir Bayron, por ocasião do Natal.

— Certamente que ele percebeu a beleza que você se tornou! - Mary comentou entre sorrisos.

— Sem falar em suas inúmeras qualidades! Acredito, e sei que estou certa, de que sir Brooks não quis dar chances para o azar. - Mia emendou segurando as mãos da amiga.

Novos suspiros foram ouvidos. Sorrisos satisfeitos ecoaram entre os rostos rosados e bonitos.

— E o melhor! - Charlotte exclamou aproximando-se de Mia – Ele garantiu que virá esta noite... - de repente os olhos castanhos da jovem foram cobertos por uma leve sombra.

Diante do comentário da irmã, Candence também pareceu constrangida. Porém, o mal estar durou segundos. Elas não conseguiam guardar segredos por muito tempo.

— Sei que posso falar claramente com você Mia... pois jamais julgaria meu futuro noivo.

Mia encarou a amiga a espera do que viria. Era óbvio que Sir Rupert era digno de referências, sempre fora um cavalheiro bem educado além de bem nascido. Como muito bem fora salientado pelas irmãs Behn.

— Ele trará o sócio. - Mary disse de repente ao notar a indecisão da amiga em falar.

Florence cobriu a boca com a mão antes de se pronunciar:

— Mal posso crer que sir Brooks fará isso!

Charlotte ainda acrescentou observando Florence:

— Papai acredita que o barão certamente não aprova tal amizade.

Mary se inclinou baixando a voz para falar:

— Eu soube que sir Rupert e o pai já travaram algumas discussões por causa desse assunto.

Mia, perdida encarou as amigas sem compreender o que estava acontecendo.

— Você não sabe! - Candence falou ainda em tom de cochicho – Esteve fora nos últimos meses. Sir Brooks trouxe o sócio em sua última visita, e o levou à nossa casa. Lembra-se, nós o conhecíamos apenas de nome.

— O que há de errado com esse senhor? - Mia perguntou diretamente. Pelo modo como as amigas falam havia mesmo algo de muito errado. Ninguém falaria daquela forma de alguém sem motivos.

— Ele é da América! - Charlotte exclamou.

Mia compreendeu parcialmente a situação. Os americanos não eram considerados pessoas de comportamento adequado. Mas especialmente, não possuíam linhagem, honra ou educação adequadas para ser sócio de um inglês, especialmente do filho de um barão.

— Ele é... como direi... a aparência dele é diferente. - Florence comentou baixinho.

Mia acreditou ter compreendido o que as amigas queriam dizer.

— Certamente ele não se porta como um cavalheiro. Como esperar tal atitude de uma pessoa que está tão abaixo de nossas tradições? Mas me surpreende que alguém, sócio do filho de um barão não saiba se vestir de modo adequado a posição que ocupa. Não importando qual seja sua ascendência.

Quatro pares de olhos se fixaram no rosto rosado e tranquilo de Mia. A jovem não compreendera a extensão do comentário e da preocupação das amigas.

— Minha querida amiga... - começou Candence – se esse fosse o problema! O senhor Forster se veste muito bem, e se porta de maneira adequada. Nada tenho a dizer em contrário.

— Exceto talvez por ser falante demais. - interviu Charlotte com um discreto rubor nas faces enquanto Mary balançava a cabeça em discordância.

— Ele mal fala! - Florence contestou.

— Mas suas falas sempre me parecem dúbias e irônicas... - Charlotte voltou ao ataque.

— Isso não é falar demais. - Mary veio em socorro a Florence.

— Deus! Estou em cólicas! Digam-me logo qual é o problema com esse senhor!

Um leve movimento vindo da ponta do salão atraiu a atenção do grupo e interrompeu a conversa antes que Mia pudesse falar.

— Eles chegaram. - Florence, a mais alta do grupo, falou segurando a mão de Mia – Agora você saberá de que estamos falando.

O primeiro a surgir no campo de visão de Mia foi Sir Brooks, com seus cabelos ruivos, pele sardenta e porte altivo. Logo ao lado dele, praticamente da mesma altura, um homem diferente de todos os que Mia tivera a oportunidade de conhecer surgiu. Era tão alto e tão elegante quanto Brooks, mas no restante era totalmente diferente. A pele tinha um tom bronzeado como se estivesse habituado ao sol, os cabelos escuros e lisos caíam soltos até o peito, muito mais compridos do que se consideraria minimamente adequado. Era robusto e encorpado, suas roupas se ajustavam ao braços e ao tronco com precisão milimétrica. Olhos pequenos e estreitos demonstravam inteligência e vivacidade e esclareciam sem precisar de perguntas, que ele era filho de mundos distintos.

Mia não soube dizer de imediato como aquela visão a perturbou. Mas, com certeza a imagem masculina não a agradava, exatamente como acontecera com suas amigas. E mentalmente a jovem criticou sir Brooks por manter uma amizade tão íntima com alguém tão diferente dele.

O homem, o tal senhor Forster, fingindo não se incomodar com os olhares direcionados a si, caminhava tranquilamente entre as pessoas. Ereto, passos firmes, queixo erguido, parecia estar acima de todos os outros mesmo que sua aparência física e sua linhagem gritassem o contrário. Ficava claro que estava acostumado a ser observado pelo modo como deslizava pelo salão ao lado do amigo e sócio. Sir Brooks, futuro noivo de Candence Behn.

Mia estava embasbacada. Totalmente estupefata. E não conseguia desviar o olhar daquele ser inusitado que vinha na direção do grupo onde ela se encontrava.

 


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo sem muitas emoções, mas espero que gostem e que acompanhem. BJO, espero pela opinião de vcs. Estava com saudades de tudo por aqui.



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