Oblivion escrita por Camélia Bardon


Capítulo 8
Capítulo 7, ano dois


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, tudo bem com vocês? Olha só quem retornou na madrugada ~abandonada xD

Pois é, hoje começamos o segundo ano dessa treta quilométrica que se chama Adrien e Louna! Hoje também vou dar um gostinho (e nos próximos tem mais, fiquem tranquilos) da Grande Família do Adrien. Eu os amo e vou protegê-los a qualquer custo, não nego. Boa leitura :3



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“Você vai envelhecer com graça?

Você vai deixar um caminho para rastrear?

Mas o esquecimento

Está chamando seu nome

Você sempre vai mais longe

Do que eu jamais poderei ir”

OBLIVION, Bastille



Um ano pode fazer uma diferença gigantesca na vida de alguém, ou não fazer diferença alguma. A rotina tende estatisticamente ⎻ por estatísticas minhas, obrigado ⎻ a ou permanecer estagnada ou desmoronar para dar lugar a uma pior que a anterior. Otimismo é para os iniciantes. É o que minha mãe diz.

E por falar em minha mãe, as reviravoltas que a vida deu no período de um ano foram, como diria Aimee, “dignas de uma história de superação em estilo narrativo do Rick Riordan”. Não faço ideia de quem seja, mas ela parece estar na onda desse cara. Encheu o quarto de um monte de livros ⎻ bem, pelo menos são livros e não pôsteres ⎻ e está se portando como qualquer adolescente de 13 anos que pensa ser culta. Com um detalhe: ensinei-a que ser inteligente não é equivalente a ser superior a alguém. Tudo corre bem sem maiores desastres.

Caleb está no último ano em Cedar Valley. Tem conversado comigo sobre qual carreira seguir. Digo a ele que sempre irão subestimá-lo por conta de sua cor, mas ele responde que “não nasceu no Texas à toa”. Para ele, não vejo jeito. Caleb Thomas é único. E está tão crescido… mamãe diz que ano que vem estará maior que eu (e, por mais que me recuse a acreditar, no fundo sei que ela tem razão).

Quanto à mamãe, de quem tanto falei e não falei ao mesmo tempo, disse há duas semanas que tinha uma surpresa para mim. Ela sabe que odeio surpresas, mas se insiste, deve ser algo bom, afinal de contas. Já hoje, ela se senta à mesa de jantar, depois de afivelar Daisy-Lynn à cadeirinha e ao babador.

— E a grande notícia? — me adianto, o que faz Franz rir em resposta.

— Sempre tão exato com os números — comenta ele, antes de mamãe erguer a mão pedindo um local de fala. Ele fica quieto. Ponto para os Abbott ou para os Thomas? Empate, provavelmente.

— É verdade que também não cooperei, querido. Serei breve antes que os números comecem a valsar diante dele — e lá vai a mamãe se juntar às piadas… — Lembra do que conversamos sobre a faculdade, meu amor?

Claro, mãe. Não me esqueço de nada.

— Qual parte? A da Aimee completar 16 anos primeiro ou a parte do não vou me formar antes dos 30?

Dito isso, Aimee revira os olhos cinzentos, mesmo que saiba que é brincadeira. Madeline, aproveitando-se da oportunidade, rouba um bolinho de carne do prato da irmã. E aí é a vez de Caleb revirar os olhos. Pobres filhos do meio...

— Ambos? — mamãe pisca, momentaneamente confusa. — Temos atualizações do seu caso, senhor Thomas. Já encontramos uma solução eficiente e precisávamos apenas de alguns dias para confirmar.

— Não tenho certeza de estar entendendo…

— Você nunca entende de primeira — Aimee ri com uma pontada de maldade.

— Não... entende — completa Daisy-Lynn, batendo uma mão na cadeirinha. Prefiro ignorar a primeira e sorrir para a segunda.

— Meninas — mamãe as censura. — Encontramos uma babá para Aimee, Madeline e Daisy-Lynn. Era essa a notícia.

A primeira reação é automaticamente piscar, para entender. Não faz sentido. Próxima reação: protestar.

— Mas nós não…

— Temos dinheiro para uma babá? Aí é que está a surpresa. Ela disse que não quer ser paga. É totalmente voluntário.

Voluntário? Que doideira é essa? Em pleno 2017 e alguém não quer ser pago?

— E… ela não é uma psicótica torturadora de crianças? — ergo uma sobrancelha, enrolando o macarrão.

— Não é. Eu mesma a entrevistei. E já trabalhei no estágio em psicologia, suficiente para entender que as motivações são de bom coração. Ela disse que não quer dinheiro, que tem de sobra e ficaria muito feliz em ajudar. Ela é adorável, você vai ver. E sabe o que isso significa, não sabe?

Ora essa, mãe. Claro que sei. Mas não sei se quero acreditar ou se é só uma pegadinha do universo me impedindo de estudá-lo mais a fundo.

Coloco o garfo de lado e apoio a cabeça nas costas da mão, bem como o cotovelo na mesa. Respiro fundo, ponderando o que poderia ser dito. Toda a mesa virou para mim com expectativa ⎻ com exceção de Daisy-Lynn, que ocupava-se de triturar seu bolinho de carne. Então, cansado de pensar, disparei:

— Bem. Por que não? Que venha a cavalaria, então.

E então, todos soltam seu suspiro de alívio. Mamãe exibe um sorriso orgulhoso, ao passo que Franz dá um tapinha amigável em minhas costas. Até mesmo Aimee, em todo o esplendor de seu mal-humor, dá uma piscadela para mim.

Rick Riordan ficaria feliz com a história da babá.

 

No dia seguinte, mamãe deixa avisado que a tal babá chegaria por volta das 8h, logo enquanto estivesse dirigindo até Cedar Valley, então não era para “se assustar com a nova presença em casa”. Maddie e Aimee parecem aceitar muito bem a ideia de receberem uma estranha em casa, o que me leva a pensar que talvez já a conheçam. Pela primeira vez, Daisy-Lynn está em casa a essa hora do dia, já que com uma babá creches eram desnecessárias.

Basicamente, a normal casa-da-mãe-Joana iria conseguir virar mais do avesso do que o esperado. E aguardávamos por isso como se não fosse nada.

Aimee e Maddie já estão brincando com Daisy-Lynn quando saio com a caminhonete moribunda para levar Caleb. Vamos escutando uma rádio qualquer, com ele na primeira voz e comigo batucando o volante e servindo de segunda voz ocasional.

Talvez esteja indo num ritmo mais rápido por ainda não ter certeza do que esperar. Talvez ainda não confie no “ela não é uma psicótica”. No entanto, quando me aproximo de casa e vejo um carro familiar, meu medo apenas troca de nome.

Não qualquer carro, parado na minha garagem. O Carro.

 

Abro a porta já querendo correr pela casa inteira, mas quem me recepciona é Maddie. Seu cabelo está preso numa trança diferente, e seu sorriso sem dentes me encanta como sempre. Posso escutar o desenho ligado na televisão da sala, e já abaixo na sua altura para podermos conversar.

— E aí, tampinha? Tá pronta?

— Sim! Você viu? — ela dá uma volta em torno do próprio corpo, para me mostrar a trança.

— Foi a primeira coisa que notei. Aimee quem fez?

— Tá doido? Ela fazendo isso? — foi o que pensei… — Você tem que conhecer ela, Adrien. Ela é incrível.

Bem depois de dizer isso, Madeline voltou correndo para a sala, provavelmente para colocar os sapatos. É o que eu penso, pelo menos. Então parto para pendurar as chaves no gancho da porta. Mas quando retorna, está arrastando gentilmente pela mão a tão falada babá.

— Essa é a Louna. E esse é o nosso irmão mais velho. Não o chato, o legal — Maddie explica, num tom profissional. O que me faria sorrir, normalmente, mas no momento só consigo encará-la.

Eu já a conheço, tampinha, é o que quero dizer. E há um ano não a vejo. E simplesmente ela aparece dentro da minha casa. Quero gritar e exigir explicações, no entanto sua expressão me transmite a curiosidade de uma criança perdida. Como é possível que ela esteja indiferente a mim? Ou é uma ótima atriz ou não faz ideia do que está acontecendo. A primeira opção me é mais lógica, no entanto mais dolorosa.

— Então você é o irmão legal? — indaga ela, no tom doce que conhecia bem, misturado a um outro, novo. Cauteloso. — Adrien, não é?

— É — pigarreei, trocando o peso dos pés. Maddie alternava o olhar entre nós dois como uma partida de tênis. — Prazer em conhecê-la, Louna.

Meu tom não sai convincente, porque ela ergue uma sobrancelha. Tento avaliar sua expressão novamente, porém ela só abre outro sorriso, receosa. Em seguida, voltou para a sala para verificar Aimee. Madeline me encarou, esperta como era.

— Não gostou dela?

— Não! Gostei, claro que gostei — novamente, abaixei na altura dela. — Só estou… vendo como andam as coisas.

— Que desculpa esfarrapada. Eu vou pra escola.

Crianças... é tudo mais fácil pra elas. Eu também queria correr para a escola agora. Teoricamente, era o que eu deveria fazer. Mas por nunca ter sido uma opção, eu não sabia como sequer fazer isso. Permaneço atônito, buscando algo para prender aquele tanto de cabelo.

— Querem uma carona? — a escuto perguntar. Tenho que me sentar para respirar fundo.

— Naquele carrão? Mas é claro que sim — Aimee ri, com uma pontada de maldade. — Sem ofensa, Adrien, seu carro é velho e não impressiona nem um pouco — completa ela, erguendo o tom da voz.

— Eu sei — respondo, rindo de desgosto.

— Então vamos, que a hora de vocês já está apertada — Louna gira a chave d’O Carro entre os dedos, abrindo um sorriso para as duas pivetes. Elas parecem amá-la. Também, era inevitável. Então, ela se volta para mim: — Fica de olho na Daisy enquanto não volto, tá bom?

Assim. Como se estivesse no comando da minha própria casa.

— Claro — resmungo. E me arrependo imediatamente, pela cara que ela devolve. Então, corrijo. — Claro, sem problemas. Se divirtam no caminho — e lá vai o sorriso amarelo.

Louna aguarda as meninas recuperarem as bolsas e lancheiras, brincando com o chaveiro d’O Carro, enquanto ligo o notebook no balcão da cozinha para começar a trabalhar e ir atrás de matrículas. Tento evitar encará-la para não assustá-la mais do que já deve estar, mas ela apenas volta o olhar para mim como quem diz “na volta a gente conversa”. Me sinto uma criança que fez birra e irritou a mãe. Se bem que era ela quem deveria estar envergonhada.

Depois de um ano sem ter notícias, eu acreditava que todas elas seriam despejadas dentro de uma hora. E não sabia se estava preparado para isso.


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Notas finais do capítulo

Qualquer dificuldade de adaptação ou qualquer pedido de "me situa aqui, tia Camélia" responderei com gosto KKKKKKKKKKK obrigada pela paciência de sempre, garela. Amo vocês ♥



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