Metrô escrita por Gabaii, SasoSakuFanClub


Capítulo 3
Impressões ocultas - Sasori


Notas iniciais do capítulo

video da música :

http://www.youtube.com/watch?v=txlXcJDtDwM

uma segunda versão, a do Glee ( eu gosto mais dessa ;x)

http://www.youtube.com/watch?v=cGZU5Z1GpBM&feature=related



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/76583/chapter/3

::Ato III::

Impressões ocultas – Sasori

              Sabem o que o padeiro disse para o Jonh Lenon?

             O sonho acabou.

             Eu sei, a piada é péssima, mas eu tive que dizer isso. Sabem por quê? Por que estou nervoso. Isso mesmo, nervoso. Não aquele nervosismo a lá primeiro beijo, ou aquele que você sente quando vai apresentar uma peça de teatro onde você é o Romeu da Julieta, e nem àquela que temos quando pulamos de pára-quedas ou fazemos rapel. Isso aqui revirando entre o meu fígado e o meu pâncreas vem de algo muito maior do que isso: a emoção – desespero, humilhação, agonia, estresse, ansiedade, medo... – de perder seu emprego.

             Tudo bem, por justa causa, eu fugi. Ainda sim, fui meio inconseqüente. Não tenho faculdade, só sei tocar e cantar.

             Talvez eu fique com meu pai na oficina. Ele faz marionetes e bonecas, não dá muito dinheiro, mas nada faltou a mim e a minha mãe. Imagino no que eles estão pensando agora, eles nunca quiseram que eu me tornasse cantor. Queriam que seu Sasori-do-cabelinho-vermelho-kawai tivesse um futuro longe de madeira e serras. E eu segui? Claro que não! Eu tinha dezesseis anos, era virgem – informação demais, eu sei – e queria fazer sucesso, pegar a mulherada, encher os bolsos de grana e tomar amarulas numa jacuzi em mansões em Miami. Eu queria curtir minha adolescência adoidado como qualquer outro adolescente influenciável.

             Mas eu não sou mais um adolescente.

             Agora, cá estou em um prédio desconhecido, sentado na soleira da porta de uma desconhecida de cabelos rosa – estranho – e que, ironicamente ou milagrosamente, aparenta odiar o meu trabalho. Tudo bem, nem eu gosto do que faço, mas era mais fácil quando parecia que todos gostavam. Essa garota, Sakura – sei por que abri a mochila dela (eu nunca disse que era um bom moço) e peguei um caderno grosso que tinha dentro. Dez matérias, com nome dela e nomeado de ‘Anatomia’, putz, ela está fazendo medicina! – disse tudo o que eu sabia que era verdade e que não tinha decência de dizer, tudo naquele curto telefonema. A parte triste é que sei que aquilo não era nem a ponta do iceberg.

             Queria que tudo fosse como antes. Como quando eu tinha meus dezesseis anos e ia até o centro comunitário do bairro dar aula de violão, andar de skate, usar a cidade como parque de diversões praticando parkour, ajudando meu pai na oficina... Céus, naquela época eu era tão... inocente – não nesse sentido -, eu era tão sonhador, tão despreocupado... Sinto falta das teorias conspiratórias sobre guerra e paz de Pain, sinto falta de quando Deidara roubava biribinhas da loja perto da escola e as estourava debaixo da toga das freiras do colégio, sinto falta do Kisame protestando em frente ao sushibar e chorando quando o Nemo aparentava ter morrido naquela sacola de plástico, do maníaco religioso do Hidan, das formas mirabolantes que Kakuzo tentava para arranjar alguma grana. Sinto falta de Konan e Yahiko que ficaram para trás, que tentam contado conosco até hoje e nós os ignoramos, sinto falta dos biscoitos da minha avó, de improvisar na garagem, de escrever músicas sentado no telhado de madrugada...

             Era tudo tão perfeito naquela época... E eu só queria ser famoso nela.

             E olha só o que eu consegui.

             Eu sei, isso tudo é uma grande e fedorenta merda.

             Sakura estava parada do lado de fora do elevador. Ele a encarava, mas nenhum som saia de ambos. Pareciam petrificadas no lugar, como tinha acontecido na estação de metro uma hora antes. Os olhos focalizados, em sincronia perfeita, nem ao menos uma ousada e leve tremida das pálpebras. Eram, por meros segundos, duas estátuas construídas apenas para se olharem. Nada pensavam, apenas se fitavam.

             Num impasse, as pernas de Sakura não aquentaram e ela caiu de joelhos. Uma guinada no peito atingiu-lhe – só aí a Haruno percebeu que não respirava há algum tempo.

             -Hei! – Sasori aproximou-se arrastando os joelhos no chão – O que aconteceu, garota?

             -O que você acha que aconteceu, cara? – E que toda a educação vá privada abaixo. Sakura estava louca para esmurrar até a morte o primeiro que vier – Eu quase fui devorada por aqueles loucos!

             Sasori arqueou uma das sobrancelhas - Eu não pedi pra você fazer isso, então não me culpe!

             Tudo bem, tudo bem, ela não tinha ouvido isso.

             Sejamos honestos, ela tinha ouvido. Sasori deveria saber pela cara dela que qualquer mexidinha a nitroglicerina explodiria.

             -Como é que é? Quem você pensa que é seu rockeirinho de merda? Eu te fiz um favor tá legal? Então o mínimo, o MÍNIMO que você poderia fazer era agradecer! E você fez isso? Claro que não! Eu sou Sasori no Danna ou Sasori Akasuna, a merda que vier primeiro! Eu sou o fodão, o fodelão, o comelão de um astro teen imbecil e retardado de um monte de adolescentes neuróticas e sonhadoras! Eu não posso ao menos agradecer a uma moça inocente que se arrisca pra salvar o seu couro fedido!Por quê? Por que eu sou foda! Apenas por isso! Quer saber de uma coisa, sai daqui agora! Nem ouse olhar pra minha cara! E me faça um favor: se mate!

             Sakura agarrou sua mochila e tirou as chaves. Tudo o que Sasori conseguia fazer era olhá-la amedrontado e a idéia de que ela sacaria uma Glock e meteria uma bala na sua testa não lhe fugia da mente.

             A raiva era tanta, o estresse era tanto, o cansaço e as lágrimas que boiavam em seus olhos... Tudo tão repentino, ela não estava preparada pra isso. Primeiro Sasuke, depois sua família, Karin, a saudade dos pais que martelava em seu peito... e agora isso?! Ora bolas, ele não era tapete pra agüentar tantos pés sobre ela. Numa hora ela colocaria tudo pra fora. E a culpa era toda de Sasori. Ele tinha que ter se enfiado na vida dela justo naquele momento?!

             Claro que sim; sua sorte sempre lhe fazia favores.

             Antes que Sakura pudesse colocar a bendita chave na fechadura – já que a tremedeira em suas mãos a fez errar o alvo uma dezena de vezes – Sasori já tinha assimilado toda a mensagem que Sakura lhe dissera. Tinha seu fundo de verdade. Ele devia ao menos agradecer. Claro que a parte dos insultos ele iria revidar. Mais tarde, mas iria revidar.

             Sakura abriu a porta e pôs um pé para dentro, mas parou ao ouvir Sasori.

             -Obrigado – ele disse. Sakura continuou parada. – E... Desculpe, você esta certa... Eu... Desculpe.

             Sakura continuou parada.

             -Erm... Eu não devia ter te metido nessa e... Talvez... Talvez eu lhe deva algumas explicações...

             Os ombros de Sakura relaxaram, mas ela continuou parada.

             -O que mais quer que eu diga? – murmurou o baixista.

             Sakura largou a maçaneta da porta e entrou cambaleando pela escuridão do apartamento enquanto Sasori a observava – Entra – ela disse e, hesitantemente, Sasori obedeceu. Logo Sakura ascendeu à luz e Sasori fechou a porta atrás de si. Por um longo momento, Sasori apenas observou o apartamento da garota, não era luxuoso como o seu, mas tinha um quê de aconchegante e familiar. Tinha o cheiro da casa dos seus pais.

              A Haruno andou poucos passos e desabou – no sentido mais literal da palavra – no sofá, ignorando completamente a presença do Akasuna.

             -Então...?

             -Desculpe se não sou uma boa anfitriã – disse a rosada gesticulando com a mão – Sinta-se a vontade.

             -Han... – ele olha em volta, meio perdido. Sakura parecia realmente não se importar com ele ali, algo que não era mais estranho do que o fato dela ter se acalmado em questão de segundos. Ah, foda-se! Pensou antes de tirar os tênis e jogá-los para qualquer canto da sala e cair na poltrona próxima ao sofá onde Sakura estava. Ela estava com o rosto virado para ele e de olhos fechados, seu braço pendia desleixado do sofá.

             -Você arranjou toda essa confusão por quê? – Sakura continuava de olhos fechados, sua voz saiu tão mansa e calma que ela nem se parecia com a garota que entrou no apartamento minutos antes. Porem seus músculos ainda estavam rígidos, por isso pegou o controle do som e ligou. Dream on do Aerosmith começou a tocar – Queria chamar atenção pra sua banda?

             -Não – ele disse fechando os olhos rubis. A música era uma de suas prediletas, Agora eu sei por que ela não gosta da minha música! – Eu não tenho mais banda, eu saí. Vão ter que rebolar sem mim.

             Sakura abriu os olhos e o encarou, mas Sasori continuava concentrado na música.

             -Por que saiu? – ela questionou fazendo Sasori suspirar.

             -Não agüentava mais... Eles não são mais os mesmos cara com quem toquei anos atrás...  Todo o prazer de ser músico foi pro esgoto, os meus antigos ‘brothers’ estão se moldando a modernidade e... Todo o estilo mudou. Eu não gosto dele, e não gosto que meus fãs gostem...

             -Não são seus fãs... – Sakura disse – Não aqueles do começo do grupo, são novos fãs... Quer apostar que a maioria das suas tietes no primeiro ano de sucesso detestam seu som?

Every time that I look in the mirror

Toda vez em que eu me olho no espelho

All these lines on my face getting clearer

Estas linhas no meu rosto se enaltecem

The past is gone

O passado se foi,

It went by like dusk to dawn

Passou como do nascer ao pôr do sol

Isn't that the way everybody's got their dues in life to pay

Não é assim que todos pagamos nossas dívidas?

             -Não... eu sei que deve ser verdade – ele riu – Mas... você seria uma delas? Quero dizer, você tem uma opinião forte sobre isso...

             Sakura virou o rosto sentindo-o enrubecer – Talvez... E o que vai fazer agora, man?

             Sasori deu de ombros. Ele não tinha pensado nessa parte ainda, na verdade, sua fuga não fora de caso pensado.

             -‘Tô ferrado – ele disse –Os caras da banda devem estar putos comigo.

             -Você fugiu, acho que eles tem direito... não é? – murmurou Sakura, estava começando a ficar com sono – O negoço ‘tava tão ruim assim?

             -Você nem imagina... Eu briguei com o empresário, Deidara deu piti, Kisame teve um surto de overdose...Estava o inferno lá e quando eu vi, já estava na estação de metrô comprando uma passagem pre lugar nenhum...

             -Você só queria um tempo, não é? – Sakura direcionou os olhos a ele, que também a fitava. Perderam-se um nos olhos do outro por longos minutos, cada um tentando devastar a alma do outro sorrateiramente, vendo cada frecha que poderia existir, cada sentimento e lembrança. O sentimento nostálgico, a alegria que não lhes visitava há algum tempo, o embalo da música, com seu gingado e letras profundos. Naquele momento, eles perceberam que eram, de fato, iguais nas sensações e sentimentos. Talvez a sorte fizera um favor aos dois ao coloca-lo no mesmo vagão de metrô.

             Essa garota é... Incrivel!

             -Sim... exatamente...

             Sakura deu um sorriso fraco.

             -Eu também – fechando os olhos, a Haruno deixou-se vagar pela música que se repetia sem que os dois percebessem. Ela não conseguiu dormir, pois todo os acontecimentos dos últimos dias começaram a lhe assombrar. No fim, a imagem dos olhos rubis de Sasori lhe vieram a mente: ela se lembrou que ainda queria descobrir o recheio deles.

             Não era só isso, ela passou tudo o que tinha contecido. Ela lhe devia desculpas.

             -Sasori...?

             -Hum? – o Akasuna estava quase a cochilar naquela poltrona, mas alouvir a voz da Haruno, mesmo sendo baixa e mansa, alertou-se.

             -Desculpe por aquilo no corredor... Acho que eu descontei em você a minha raiva... Bem, as coisas não foram muito faceis pra mim também, mas pelo menos você é menos impulsivo do que eu...

Yeah, I know nobody knows

Sim, eu sei que ninguém sabe

Where it comes and where it goes.

De onde viemos e para onde vamos

 I know it's everybody's sin

Sei que é a sina de todos nós

You got to lose to know how to win

É necessário perder para saber como vencer

             -Tudo bem, acho que nós dois fomos um pouco idiotas não é?

             -É, acho que sim – ela riu – Sabe, eu não sou uma pessoa muito normal. Acho que você percebeu isso pela cor do meu cabelo – risos – Por isso não se espante com minhas estranhices, as vezes eu dou esses ataques de fúria pra desabafar. Deve ser por que eu quero dar pinta de forte, mas acabo não aguentando e esses ultimos dias não foram o que eu poderia chamar de bons...

             -Se não se importa, o que aconteceu?

             Bom, ele tinha dito tudo aquilo a ela, talvez ela lhe devesse mesmo contar tudo a ele. Não que Sakura fosse alguem que desabafava seus problemas com estranhos, era apenas uma troca de informação.

             -Num resumo rápido, terminei um namoro/noivado e briguei com as minhas tias. Acredite, é pior do que pensa. Elas queria que eu ficasse com ele só por que ele é riquinho, como se eu realmente me importasse com a quantidade de ferraris que ele tem na garage. Ele era um idiota, e nem todo vinho do mundo me faria ficar com ele mais.

             Interessante, ela parece não ser do tipo que engole sapo. Com certeza ela e Deidara na mesma sala causaria uma baita confusão.

             Queria saber mais sobre o que ela achava da minha banda... digo, ex-banda. Talvez Sakura pudesse me ajudar , não sei como, mas talvez... Só talvez...

             Não sei, devo estar ficando meio bêbado por causa do sono e do cansaço...

             - Sing with me, sing for the years, sing for the laughter and sing for the tears - Cante comigo, cante pelos anos, cante pelo riso e também pelas lágrimas. Sasori saiu de seus devaneios quando ouviu a voz da Haruno sobressaindo-se ao som da música, fazendo um sorriso tímido brotar de seus lábios. Logo começou a cantar também.

Sing with me, if it's just for today,

Cante comigo,mesmo que só por hoje,

Maybe tomorrow the good Lord will take you away

Pode ser que amanha o Senhor o leve

Dream on, dream on, dream on

Sonhe, sonhe, sonhe

             -Você não deveria desistir Sasori – disse Sakura inconscientemente, ela não mais sentia seu corpo, estava embalada pelo som – Eu gosto das suas músicas e carreira a solo não é tão ruim...

Dream yourself a dream come true.

 Sonhe até que se realize

Dream on, dream on, dream on,

Sonhe, sonhe, sonhe,

And dream until your dream comes true

Sonhe até que se realize

             -Por uma fã – ele disse, num estado não muito diferente do dela – Talvez eu continue... Talvez esse sonho ainda não tenha acabado...

Sing with me, sing for the years,

Cante comigo, cante pelos anos,

Sing for the laughter and sing for the tears,

Cante pelo riso e também pelas lágrimas,

Sing with me, if it's just for today,

Cante comigo, mesmo que só por hoje,

Maybe tomorrow the good Lord will take you away

Pode ser que amanha o Senhor o leve.

             Na certa, nenhum dos dois imaginaria que era tão iguais mesmo sendo tão diferentes em quesito personalidade. Era estranho e ao mesmo tempo excitante. No fim das contas, pegar aquele metrô não foi má ideia, para os dois.

             Antes que a última frase fosse cantada, ambos já haviam desfalecido e entrado no mundo de Morfeu, cada um com seu proprio sonho, cada um idealizando seu próprio futuro, com seus desejos e novas esperanças. O passado era passado, e estava na hora de começar algo novo. Juntos? Só a sorte dirá, mas ambos desejavam ardentemente que fosse...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

eu não gostei de como ficou .-. acho que forçei demais... bom, é isso, estou planejando colocar um ultimo e pequeno cap pra colocar ' felizes para sempre' ou algo assim >D mas só faço se vocês quiserem :) enquanto eu não decido eu vou deixar a fic como não terminada, okas?E eis a pergunta: review? xD