Metrô escrita por Gabaii, SasoSakuFanClub


Capítulo 1
Dois estranhos no metrô a meia noite


Notas iniciais do capítulo

Mini-fic, minha gente



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Metrô

SasoSaku

Por Gabbi-chan

 ::Ato I::

Dois estranhos num metrô a meia noite

                Apertou os dedos na alça da mochila quando viu um homem de capuz se aproximar. Eu deveria ter vindo de manhã, um dia sem facul não mata! Pensou a garota; a idéia de aquele homem ser um maníaco tarado ou um psicopata assassino começou a assombrá-la. Sakura na maioria das vezes não era tão medrosa, mas pegar um metrô a meia noite é pedir uma catástrofe. Desligou o mp4 e o escondeu no bolso do casaco xadres rosa e branco, estava frio demais naquele vagão para ela querer um assalto de arrancar o couro.

                Suas mãos começaram a suar e disfarçadamente as esfregou, não queria que o tal homem percebesse seu nervosismo.

                Mas Sakura, naquela altura, já estava a ponto de explodir. O tal homem, vestido com um jeans surrado, casaco com um capuz vermelho sobre a cabeça e Adidas estava... Adidas? Só poderia ser falsificado!Ou roubado. Sakura poderia até estar julgando demais o homem sem de fato conhecê-lo, mas o que alguém com um Adidas faria num metrô a quase uma da manhã?

                Olha quem fala! Repreendeu-se ao balançar timidamente os pés, também calçados com Adidas.Isso não é da minha conta,pensou, tentando em seguida pensar em alguma outra coisa para se distrair e não olhá-lo. Mas o tal homem, tendo todos os bancos vagos, resolvera sentar no banco a frente dela. Por que, meu Deus, por quê?

                Olhou para cima e fechou os olhos enquanto esfregava os braços tentando se aquecer. Sakura não precisava de mais problemas, já não bastava à briga com a avó, a tia, a prima... Tudo por causa de uma pessoa: Uchiha Sasuke, tudo por causa de um término de namoro que levaria sua família a fortuna. Bando de interesseiras, isso sim! Agora, muito provavelmente, sua prima Karin estaria se jogando pra cima de seu ex tentando ‘conquistá-lo’.

                Sakura reprimiu o riso ao pensar nisso; a única coisa que Sasuke queria era sexo e demorou para a Haruno perceber isso, e quando aconteceu, não deu em outra:Acabou tudo, Sasuke!Não sou uma putinha gratuita que você usa a hora que quiser e depois joga fora! Cansei de ser menosprezada, adeus! Depois disso, Sakura bateu a porta do apartamento de Sasuke e deu as costas para seu noivado. Sua família ficou furiosa, chamaram-na de tola, bobona. Diziam que uma oportunidade daquela não aparecia qualquer dia. Disseram que, se ela não voltasse, podia muito bem não voltar .

                Tudo bempensou,tudo bem, quando eu me formar elas vão ver com quantos paus se faz uma canoa!

                Mas estava claro que não estava tudo bem; Sakura fora para lá a procura de apoio e foi recebida com cinco pedras e cada dedo. Era nessas horas que ela sentia falta de sua mãe, ela com certeza iria abraçá-la e dizer-lhe que ele não era para ela, que a vida continuava e etc. Todavia, sua mãe não estava ali, nem ela nem seu pai, ambos haviam morrido num acidente em um elevador, por causa de uma pani no sistema, ocorreu um curto circuito que acabou por gerar um incêndio, sufocando seus pais e mais cinco pessoas naquele elevador que entrou em uma parada de emergência. Segundo a polícia, seus pais já estavam mortos quando o incêndio transformou o elevador em uma fornalha antes das cordas que o prendiam se partirem com o calor e levarem aquele cubículo de ferro incandescente direto ao chão. Porem, algo dizia a Sakura que as coisas não foram bem assim; e essa duvida a assombrava em seus pesadelos, onde ela se punha no lugar deles: a fumaça, os rostos desesperados contorcidos em caretas horrendas, gritando e definhando sua própria sanidade a sua volta, o metal esquentando, queimando sua pele e, por fim, a queda.

                Sakura sempre acordava antes da queda.

                -Moça, você esta bem? – Sakura deu um pequeno pulo ao ouvir a voz do homem a sua frente, foi então que percebeu a pequena gotícula parada em sua bochecha. Com um movimento rápido, limpou a pequena lágrima e olhou inexpressiva para o homem.

                -Não é nada, eu estou bem – Abaixando a cabeça, Sakura sentiu as bochechas arderem. Droga! Rosnou em pensamento; lembrar da morte dos pais sempre a fazia chorar, por isso quase sempre não pensava nisso. Ela tinha agora que pensar em seu futuro, em sua carreira de médica. Graças aos céus, Sakura não precisava trabalhar: o dinheiro do seguro dos pais lhe sustentava. Claro que sua família não sabia disso, iriam atacá-la como hienas famintas, achavam que Sakura trabalhava numa lanchonete do Mcdonalds.

                Ótimo, agora ela estava novamente triste. Que se dane se ele for perigoso!Enraivada, Sakura pegou seu mp4 e colocou os fones de ouvido, sendo observada pelo moço a sua frente.

                Colocou num cover da música Teenagers, do My Chemical Romance, cantada pela banda Akatsuki. Coitados, pensou, Suas músicas estão tão podres que ele tem que se contentar com covers! Sakura ria internamente de si própria, lembrando que numa época já foi uma tiete da banda.

                -Desculpe, mas... Do que esta rindo?

                -Hã? – Suas bochechas arderam ainda mais quando seus olhos esmeraldinos encararam os avermelhados do homem; Sakura não tinha percebido que tinha rido.Ele deve me achar doida, num segundo eu choro e no outro eu rio. – Ah, não, não, é só que...

                Foi a primeira vez que Sakura olhou verdadeiramente para o rosto do homem. A pele de leite e os olhos de um vermelho rubi muito bonito, já os cabelos ela não pode ver, estavam escondidos pelo capuz, mas duas coisas Sakura percebeu:  uma, ele era incrivelmente bonito, duas, ele lhe demasiadamente familiar.

                 -É que... Eu só estava me lembrando de uma coisa engraçada da banda que ‘tô escutando – Sem jeito, Sakura tentou sorrir; já o rapaz dos olhos avermelhados arqueou as duas sobrancelhas. Ele acha que sou doida, concluiu – Só isso.

                -Han... – Ele fez enquanto analisava detalhadamente o rosto da Haruno, como se procurasse algum defeito, mas da distância que estava à única coisa que encontrou foi uma mísera espinha escondida entre os fios rosados que sobrepunha à testa bronzeada. Sakura era o que se podia chamar de exóticaincomum, com seus cabelos em um tom rosa claro, seus olhos de um verde forte, esmeraldino e, sua personalidade conflitante. Num segundo, feliz, noutro, triste. Num segundo calma, noutro, explosiva.

                Era uma caixinha de surpresas só esperando para ser aberta.

                Logo, os balanços do vagão tornaram-se os únicos sons depois deste pequeno diálogo. Fechando os olhos, Sakura deixou sua mente vagar pela música, à letra era um pouco depressiva, mas o gingado era excitante. Seus pés e sua cabeça batiam conforme o ritmo, descompassado e desleixado, mas era assim que Sakura gostava. Mesmo sendo uma aluna aplicada, seguidora de regras a risca, sua vida era simplesmente fora do ritmo fora da faculdade. Ela adorava sair dos parâmetros de nerd aspirante a neurologista que era. Lembrou-se de Naruto, seu grande companheiro na batalha contras as barreiras do tédio e das limitações estudantis.

                Segundos depois, estava cantarolando sem nem ao menos notar. Sua voz era baixa, mas se ressaltava sobre as alavancadas do vagão. Logo depois, a música acabou, e tomou o lugar desta Automatic, do Tokio Hotel.

                Ela agradecia internamente pela viagem até seu bairro ser longa, assim ela poderia desfrutar de um pouco de paz.

                Contudo, Sakura tinha se esquecido do homem a sua frente, que a observava intrigado. Não, Sasori não estava incomodado com a estranheza da Haruno, mas sim com o fato dela não se incomodar com ele ali, observando-a. Sentiu até uma ponta de inveja, pessoas normais podiam fazer coisas anormais que ninguém ligaria, mas ele não. Não uma pessoa pública. Sentiu a vontade de falar com ela, de saber seu nome, e, quem sabe, saber o que ela achava dele.

                Porem, ele não conseguia. Sua voz simplesmente não saia. Por enquanto, resolveu ficar apenas observando cada detalhe com veemência, na tentativa de guardar o máximo de informação possível. Sua vestimenta era algo bem casual, combinando com o cabelo de cor exótica: uma calça skiny, tênis adidas – branco com detalhes num roxo escuro – e uma blusa preta com um casaco xadrez branco e rosa por cima. Era só uma garota normal – algo intrigantemente raro em seu cotidiano; garotas não eram mais tão normais a seu ver desde que viraram suas fãs.

                Aliás, qualquer pessoa que não seja um fugitivo do hospício não escutaria o que ele produzia. Se nem ele mesmo gostava, por que diabos outras pessoas gostariam?

                Era algo que não entendia: a fanaticidade das fãs. Ele próprio admitia: Pain não cantava bem, tinha voz de criança com resfriado; Deidara não sabia inovar, Kisame não conseguia entrar no ritmo e ele... Estava tão farto de seu som ruim que nem se importava mais em escrever suas músicas – até por que, caso fizesse qualquer música a gravadora recusaria sem nem ao menos olhar a letra. Akatsuki era uma fraude escondida em uma máscara chamada modinha; tudo por causa da insanidade adolescente que deveria ouvir música que preste – algo como Beatles, AC/DC, Guns N’ Roses – e não um pop-pobre com um solinho de guitarra para chamar de rock e uma calça berrante justinha no corpo, tão justa que se podiam ver as juntas nos ossos. Sasori, definitivamente, não entendia aquilo.

                Se não fosse pelo dinheiro, não estaria mais na banda. Eu devia ter ido pra faculdade, pensou. O sonho adolescente acabou, na verdade, a Akatsuki acabou. Sasori sentia a banda se desfazendo aos poucos, cada um tão entretido com sua própria vida, com sua conta bancária, com seu próprio prazer e mesquinhez que só se encontravam durante os ensaios. Sasori não reconhecia nenhum deles agora.

                Ele só sabia que Kisame estava se drogando, Deidara estava assumindo sua homossexualidade e que Pain estava tentando namorar a Demi Lovato. Só.

                Um suspiro baixo escapou de seus lábios; sua vida estava despencando. Fama e fortuna não eram tão legais quanto imaginava.

I remember what you wore on the first Day

You came into my life

And I thought i would know Is good for something

                Era o celular de Sakura. Sasori conhecia aquela música: Two is Better Than One, Boys Like Girls e Taylor Swift. Era uma música boa em sua opinião, mesmo preferindo um rock pesado a uma música romântica usada de fundo para cenas de beijo de filmes românticos.

                -Alô? Hinata, por que me ligaste a essa hora mulher? – Obviamente, Sakura estava irritada. O seu momento de paz foi por água abaixo – Quê?... Akatsuki?!... Affe, pouco me interessa se eles ‘tão na cidade, vão tocar a mesma porcaria de sempre... Cuma? Desfazendo?Amém, uma notícia boa nessa semana... Baixista sumiu? E eu com isso Hina?Não gosto mais dessa banda, mas, se quiser, eu vou com você no show... Sabe que eles pioraram demais nos últimos anos... Cancelado? Não é pra menos!Aqueles marmanjos viraram um bando de frescos... Você soube? O guitarrista saiu do armário!É... Viva o Rick Martin...Eu sei...

                Sasori ouvia atentamente cada palavra pronunciada da Haruno. Ouvir aquelas críticas doía de certa forma, uma coisa é saber seus defeitos, outra é tê-los jogados na sua cara. Abaixou a cabeça tentando esconder o rosto, tudo o que precisava agora era que alguém o descobrisse.

                Ao fundo, começou a sentir um pequeno alvoroço que ia aumentando de volume conforme chegavam à estação. Estava com um mau pressentimento. Olhou pela janela tentando avistar a frente do metrô. Tudo indistinto graças à luz que brotava numa pequena tira na plataforma.

                Alto, alto demais.

                -Como é, Hinata? Eu não ‘tô te ouvindo, tem muito barulho por aqui... – Sakura colocou o indicador no ouvido livre tentando abafar o som enquanto seus olhos fitavam o homem a sua frente, agora de pé tentando olhar a plataforma pela janela. Ele parecia cada vez mais familiar, aquele porte físico, os olhos rubi...  – Espera, você disse... Me... Metrô? - Sasori, aflito, virou-se subitamente para Sakura. Os olhos arregalados e a boca entreaberta delatavam sua perplexidade. Levantou-se, surpresa, deixando o celular cair esquecido no chão - Você é...! – Sakura tentou dizer alguma coisa, mas nesse instante seus olhos foram cegados por um onde de flashes.

                -Merda! – Praguejou Sasori, agarrando o pulso de Sakura e a puxando pelo vagão. Sakura estava ficando cada vez mais aturdida; os barulhos e as luzes a sua volta estavam cada vez mais altos, mais irritantes, mais cegantes, insuportáveis. Era isso o que ele enfrentava? Um inferno sonoro e luminoso de estourar a cabeça? Sakura não suportaria isso.

                -Ali!De casaco vermelho!

                 Fechou os olhos e deixou-se ser guiada pelas mãos do baixista, não havia mais motivos para ter medo, Sakura tinha certeza de que ele não lhe faria mal algum. Tentou apenas se concentrar na mão dele em seu pulso e na mochila que carregava. No último vagão, Sakura tropeçou, forçando-se a abrir os olhos. Estava fora do metrô agora, vendo a multidão de luzes piscastes e gritos eufóricos dos paparazzi nos primeiros vagões.

                -Olha, eu sou quem pensa que sou – Ele disse, enquanto a levava para qualquer lugar da plataforma – Mas preciso da sua ajuda pra sair daqui, se não eles vão me devorar vivo.

                Sakura, nesse instante, estancou no lugar. Sasori parou também ao senti-la parada. As poucas pessoas do vagão começaram a murmurar, desesperadas para saber o que estava acontecendo.

                Os olhos esmeraldinos de Sakura chocaram-se brutalmente com os de Sasori, numa intensidade absurda, como se os dois corpos fossem duas estátuas construídas uma de frente para a outra, com seus olhos alinhados perfeitamente. Intenso, avassalador. Algo maior do que palavras.

                -Tire o casaco – Ela ordenou, sem tirar os olhos dele. Os segundos eram preciosos – Fuja enquanto eu os distraio.

                As palavras ecoaram e sua cabeça. Ela iria mesmo fazer isso?Se arriscar dessa forma?

                -Ande logo! – Sakura desvencilhou-se do pulso de Sasori e começou a tirar o próprio casaco, nem ela própria acreditava que faria isso. Sasori a imitou, meio atônico. Era inacreditável que ela se arriscaria dessa forma. Claro que poderia haver segundas intenções, mas Sasori negava-se a pensar nelas.

                Trocaram os casacos e Sakura colocou o dela. Não esperava que Sasori fizesse o mesmo. E não fez.

                E seguida, jogou sua mochila nas mãos dele.

                -No bolso da frente tem uma chave, o endereço ‘tá no chaveiro – Sakura rapidamente jogou o capuz sobre a cabeça. Ela podia sentir a adrenalina pulsando em suas têmporas. Deu uma ultima olhada nos olhos rubis de Sasori. Uma textura líquida parecia cobrir-lhe perante o brilho que reluzia, dando-lhe a impressão de gotas de sangue; gotas estas que estavam recheadas de algo que Sakura não sabia definir. Gratidão? Admiração? Curiosidade? Ela desejou que o tempo parasse, só para poder tentar descobrir qual era o recheio dos olhos de Sasori.

                -Obrigado – Ele disse baixinho, como se fosse um segredo e depois, com um meio sorriso de quem se sentia culpado, desejou-lhe boa sorte. Sakura retribuiu o sorriso e depois, ao ouvirem algum grito de alerta de algum paparazzi, arregalou os olhos e virou-se , dispondo-se a correr para o outro lado da fria plataforma.

                Sasori rumou para o outro lado, sentindo o cheiro adocicado que emanava do casaco da garota, agora pendurado sobre seu ombro.

                Der repente, veio-lhe uma vontade tremenda de escrever uma música.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Primeira fanfic com o casal - com no máximo tres caps, mas posso encurtar para dois =Po que acharam?