Chamas Negras escrita por Benuzinha


Capítulo 11
De volta para casa


Notas iniciais do capítulo

Adivinhem quem ta relendo TLC pra não escrever nenhuma besteirinha hahaha
E que mangá maravilhoso, mds!!
Shiori te amooooo hahaha



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Conforme entrava no Santuário, Elisa sentiu um misto estranho de receio por voltar daquela maneira e uma sensação acolhedora de “volta ao lar”.

Ainda sentindo o corpo dolorido, resultado dos confrontos com Kazuaki e Aiacos, ela caminhou na direção de sua casa. Ainda seria “sua casa"?

Quando passava próximo ao hospital, Elisa viu uma figura caminhando justamente em sua direção. A pessoa se aproximou e Elisa começou a ensaiar mentalmente o que diria para justificar sua volta.

— Elisa! – gritou a mulher, ao mesmo tempo em que a pesquisadora também a reconhecia.

— Melina!

O alívio a inundou e Elisa quase correu na direção da amiga, abraçando-a com força.

— Minha querida, o que aconteceu? – Melina a fitou com preocupação.

— Foi uma longa história, Melina... você viu o Regulus? Eu preciso muito falar com ele.

— Bem... ele eu não sei, mas o Shion com certeza está na casa de Áries agora, por que não fala com ele?

— Shion... – Elisa hesitou.

— O senhor Shion é muito gentil, mesmo parecendo um pouco sério demais, não precisa ficar com medo.

— Não é medo, mas... – Elisa fez uma careta. – Bem, talvez um pouquinho.

— Eu vou com você, então! Não seja boba – ela riu. – Depois eu explico meu atraso pro Konstantinos.

— Vocês e o Shion são amigos? –Elisa olhou para a outra, curiosa, enquanto rumavam para a primeira das Doze Casas.

— Não, não, mas eu sempre morei no Santuário desde pequena. Você ainda não conheceu meus pais, eles trabalham na cozinha que abastece os cavaleiros. Eles sempre quiseram que eu trabalhasse lá também, mas eu nunca fui boa cozinheira – Melina confessou. – Meu dom sempre foi cuidar das pessoas, não dos alimentos. Então, o que eu estava mesmo dizendo? Ah, sim! O senhor Shion veio pra cá depois de conseguir a armadura de Áries e sempre foi muito gentil com todos. Inclusive o meu noivo. Ele foi colocado no grupo designado para a tropa do cavaleiro de Áries. Você sabe, não é? Que cada Cavaleiro de Ouro possui um grupo de soldados sob seu comando e...

Melina tagarelava agora alegremente, mas Elisa não se importava. Ouvir a amiga falando com tanta tranquilidade serviu para amenizar um pouco de sua ansiedade.

Shion estava parado na entrada da primeira casa. Elisa reparou que ele já as observava, muito sério. Muito sério. Foi difícil controlar a vontade de dar meia volta e Melina, como que sentindo o nervosismo da amiga, apertou seu braço em um gesto de encorajamento.

Subir as escadas sob o olhar implacável do Cavaleiro de Áries era bastante desconfortável, principalmente por ele não mostrar nenhuma emoção, fosse surpresa ou descontentamento por vê-la novamente ali.

Para sua sorte, Melina não parecia nem um pouco intimidada pela figura imponente do cavaleiro. Após se inclinarar em uma reverência respeitosa, ela se aproximou dele praticamente saltitando pelos degraus, enquanto Elisa a seguia logo atrás, bem mais contida.

— Senhor Shion, Elisa gostaria de falar com o Cavaleiro de Leão, Regulus.

— Entendo. – ele voltou o olhar para a pesquisadora – Regulus está em uma reunião com Sísifo. Eu poderia saber do que se trata?

— Eu... sim, claro. – ela hesitou, olhou para Melina e depois para Shion novamente.

— Bom, eu cumpri minha missão e preciso ir logo, antes que Konstantino me mate por me atrasar tanto – ela entendeu a mensagem silenciosa da amiga.

— Obrigada – Elisa a abraçou e se aproximou de Shion.

— Boa sorte – sussurrou a outra em seu ouvido antes de sair.

— Venha. – Shion a convidou.

Elisa observou o Cavaleiro de Áries entrar em sua casa e o seguiu. Após andar alguns metros, ele parou no meio do corredor e esperou em silêncio.

— Ontem, quando eu estava indo para Rodorio com Altair e Dédalo, um espectro nos atacou no meio da estrada. Como eu conhecia o Kagaho, eles me capturaram e mantiveram presa até essa manhã, quando ele foi me buscar. – ela despejou de uma só vez.

— O quê? – finalmente a expressão dele se alterou – Está dizendo que um espectro atacou o grupo que a levava até Rodorio?

— Sim – ela anuiu. – Ele disse que estava vigiando a movimentação dos cavaleiros.

— Eles também estão de olho em nós – murmurou ele para si mesmo e então se dirigiu a ela novamente. – E foi aquele seu amigo espectro quem a tirou de lá? – o cenho franzido dele a deixou mais nervosa.

— Sim... – ela tentou, sem muito sucesso, evitar que um tom acusatório encobrisse as palavras seguintes - Eles também não gostaram de saber que nós somos amigos. Mas me deixaram ir embora com ele.

— Parece que você é um imã para problemas – ele passou os dedos por entre os cabelos compridos. - Talvez seja melhor ir comigo até a Casa de Leão, é bom o Sísifo saber logo disso.

— Eu? – ela arregalou os olhos.

— Sim – pela primeira vez ele sorriu para ela. – Não precisa fazer essa cara de pânico. Vamos, é melhor para você contar a história uma vez só.

Elisa observou o cavaleiro se encaminhar para a saída do templo, a capa branca esvoaçando às suas costas e suspirou, seguindo-o.

Novamente, ali estava ela, subindo o interminável trajeto das Doze Casas. Dessa vez, pensou, nem tão interminável, já que iriam apenas até Leão.

— O grupo que a levava, eu imagino que...

— Infelizmente eu acho que eles não sobreviveram.

Ele não fez mais perguntas e Elisa se perguntou no que ele estaria pensando. O restante do caminho foi feito em um silêncio, de certa forma, tranquilo. No momento em que enfim chegaram à entrada da quinta casa, Shion estendeu a mão direita.

— Espere aqui um instante - disse ele.

Elisa parou, retorcendo as mãos em um gesto de ansiedade enquanto via o cavaleiro entrar.

— Sísifo, Regulus, desculpe interromper, mas preciso falar com vocês.

— Não tem problema, Shion – Sísifo respondeu com tranquilidade. – Entra.

Tio e sobrinho se entreolharam ao ver Shion gesticulando para alguém do lado de fora entrar também.

— Elisa! – Regulus exclamou ao vê-la, agradavelmente surpreso.

— Voltei. – ela ergueu a mão direita em uma saudação tímida.

— Espera. Você deveria estar em Rodorio – ele se aproximou, preocupado e a segurou pelos ombros. – Você está ferida! Aconteceu alguma coisa?

Elisa alternou o olhar entre ele e Sísifo, que por sua vez fitava Shion com uma interrogação em seu semblante.

— Elisa teve problemas no caminho até Rodorio – Shion se pronunciou. –Eu achei melhor trazê-la aqui para que pudesse explicar o que houve para todos nós.

— O que houve? – Regulus perguntou novamente.

Elisa contou tudo que aconteceu desde o momento em que Altair fora buscá-la em sua casa. Todos a escutavam com atenção e Elisa sentiu-se um pouco mais confiante. Sísifo com os braços cruzados, Shion meneando a cabeça ocasionalmente e Regulus lançando murmúrios de concordância e exasperação conforme a ouvia. Eles a tratavam como alguém que fazia parte do Santuário, como eles, não mais uma intrusa.

— Altair me mandou fugir e eu obedeci... – ela abaixou o olhar – Eu corri para a floresta e depois de um tempo ele me alcançou. Eu imagino que Altair também foi morta por ele...

— Altair e Dédalo estão mortos... – Sísifo cerrou os punhos – Maldito espectro.

— Você disse que ele leu seus pensamentos e descobriu sua ligação com o Kagaho – Shion comentou.

— Isso mesmo. Ele me seguiu pela floresta e me acertou. Eu desmaiei e, quando acordei, estava em um lugar que flutuava no céu. Um tipo de barco.

— Um barco... – foi Regulus quem falou, agora.

— Eu fui acomodada em uma cabine no navio e Kazuaki me disse que o líder dele, Aiacos, iria falar comigo.

— Aiacos – Sísifo estreitou o olhar. – Um dos três juízes do inferno.

— Ele disse que era um barco de guerra que ele usaria para frustrar os planos de Atena – Elisa continuou. – E me fez perguntas sobre minha ligação com o Kagaho. Ele pareceu bastante incomodado com isso.

— Não me surpreende – Sísifo concordou com um meneio de cabeça. – Não há espaço para amizade na vida de um espectro.

— Então – continuou ela, ao vê-los aguardando em silêncio – ele me deixou esperando lá na cabine e, no dia seguinte ele voltou, trazendo o Kagaho. Eles discutiram e o Kagaho me tirou de lá. Eu tive a impressão que ele, o Aiacos, não queria se desentender com o Kagaho e por isso não faz nada comigo.

— Então ele trouxe você para cá?– Regulus indagou.

— Sim. Eu tentei dizer que não era uma boa ideia, mas ele insistiu em me trazer para cá – ela torceu as mãos, um pouco nervosa. – Disse que eu estaria mais segura aqui. Me desculpem.

— Não precisa se desculpar! – o jovem leão falou na mesma hora. – Nesse caso ele tinha mesmo razão. Não é Sísifo?

— Sim, é verdade. É melhor você continuar aqui, pelo menos por enquanto – ele andou pelo aposento, pensativo. – Um barco de guerra. Seria possível que eles já soubessem? Não, nesse caso já teriam feito alguma coisa.

Elisa observou o cavaleiro murmurar para si mesmo e esperou que a dispensassem para poderem discutir seus assuntos sigilosos com privacidade. Curiosamente, nenhum dos três pareceu inclinado a tomar esta atitude.

— Um barco de guerra... – Sísifo voltou-se para o sobrinho. - Regulus.

— Sim.

— Prepare seus soldados para ajudarem a cuidar do barco em Jamir. Precisamos continuar aguardando a volta de Dégel e Kardia de Bluegard, mas... Se Hades já está utilizando um navio de guerra, é perigoso deixar o nosso desprotegido.

— Pode deixar comigo – Regulus assentiu, os olhos brilhando em antecipação.

— Ele não comentou nada sobre o nosso navio, comentou? – ele perguntou para Elisa.

— Ah... – Elisa demorou um instante para entender que ele estava se dirigindo a ela. – Não, ele não disse nada. Nenhum deles.

— Foi o Aiacos que machucou você desse jeito? – Regulus olhou para ela, preocupado, enquanto Sísifo conversava alguma coisa com Shion.

— Não, isso foi devido à perseguição do espectro na floresta. A única coisa que o Aiacos fez foi me intimidar, ele me jogou contra a parede com a força de... como é mesmo que se chama, aquela energia?

— O cosmo.

— Isso mesmo! Foi bem assustador na verdade – ela franziu o cenho.

— Precisamos esperar o Dégel e o Kardia voltarem – Sísifo falava com Shion. – É melhor o Regulus ir para lá, pode ser que eles mandem algum espectro para tentar nos sabotar.

— Os Cavaleiros de Bronze liderados por Junkers que irão fazer o conserto do navio já estão a postos – Shion comentou.

— Ótimo. Não devemos perder mais tempo. Mande-os ao encontro daqueles que já estão em Jamir cuidando do navio. Regulus logo se juntará a eles.

— Certo. – Shion assentiu e, após um aceno de cabeça para os outros dois, se retirou.

— Regulus, tome conta de tudo lá – Sísifo falou para o sobrinho – Shion e eu continuaremos aqui com Atena, mas, se alguma coisa acontecer, eu irei ajudá-lo.

— Não se preocupe, eu vou tomar conta direitinho daquele barco.

— E você, Elisa, pode voltar a ficar aqui no Santuário. Será mais seguro, já que está na mira da tropa de Aiacos agora.

— Obrigada – agradeceu ela, aliviada.

Após dizer aquilo, Sísifo também saiu, deixando os dois sozinhos na casa de Leão.

— Poxa... – ela se deixou cair sobre uma cadeira. – Fiquei com medo de que seu tio não me deixasse ficar.

— Ele não faria isso – Regulus respondeu, despreocupado.

— Então, vocês também têm um navio de guerra. - ela o fitou com curiosidade.

— Sim, estava escondido em Jamir esse tempo todo. Só que ele não sai do lugar.

— O quê?! - ela arregalou os olhos castanhos.

— Por isso Atena enviou dois Cavaleiros de Ouro para Bluegard para descobrirem um modo de fazer o barco funcionar. Também está bastante danificado e por isso Junkers e seus companheiros vão consertá-lo.

— E onde fica esse lugar, Bluegard? - ele não conseguiu evitar perguntar.

— Na Sibéria. No Império Russo.

— Uau! É bem longe.

—Por isso eles estão demorando um pouco. É uma missão bem difícil - ele abaixou o tom de voz, num sussurro conspiratório. - Sabe, parece que eles vão ter que encontrar Poseidon.

— Mais um deus - ela respondeu no mesmo tom.

— Sim. E ele também é bem perigoso.

— E você acha que eles vão conseguir? - perguntou ela, preocupada.

— Ah, tenho certeza que sim. Dégel e Kardia são bem poderosos. Além disso, Dégel foi treinado lá!

— Na Sibéria? – ela não disfarçou a surpresa. - Mas lá é tão longe.

— Os cavaleiros vão para várias partes do mundo para treinar e receber suas armaduras – Regulus explicava tudo com a paciência de um verdadeiro professor e Elisa pensou que ele daria um ótimo mestre quando fosse mais velho.

— Mas você não foi para outro lugar, não é? – ela tentou evitar sua sede por respostas, mas era uma batalha difícil.

— Não, eu treinei aqui mesmo.

— Com seu tio – completou ela.

— Isso mesmo – ele sorriu e se levantou. – Vamos?

Não foi preciso que ele dissesse mais para que Elisa compreendesse; ele a levaria de volta para casa. Então, ainda era “sua casa” afinal.

No instante em que começaram a longa descida pela colina, Elisa sentiu o cansaço tomá-la como uma forte onda.

— E onde fica esse lugar chamado Jamir? – perguntou, na tentativa de espantar um pouco da exaustão.

— No Himalia, num local bem isolado – para sua sorte, ele parecia não se importar com o interrogatório.

— Nossa, também é tão longe. – ela tentou disfarçar um bocejo, sem muito sucesso.

— Você deve estar muito cansada – observou ele.

— Um pouco – ela bocejou novamente – Eu quase não dormi a noite passada, mesmo tendo ficado num quarto relativamente confortável. Regulus?

— Sim?

— Será que Aiacos vai mandar atacarem o barco?– ela perguntou, preocupada.

— Se mandar, eu estarei lá para lutar com eles. – Regulus respondeu sem hesitar.

Ela olhou para ele com ainda mais preocupação. Não gostava da ideia de vê-lo enfrentando o terrível espectro de Garuda.

— Eu não sei quanto tempo vou ficar longe – dessa vez foi ele que a fitou com intensidade. – Tenta se manter em segurança, tá?

— Vou ficar bem quietinha aqui no Santuário. – ela juntou as duas mãos em um sinal de promessa.

— Espero – ele riu e deu um tapinha em seu ombro que quase a derrubou pela escadaria entre a casa de Câncer e a casa de Gêmeos. – Ai, me desculpa! – ele a segurou, desengonçado.

— Tudo bem, tudo bem – ela se reequilibrou com a ajuda dele. – Você está acostumado demais a só lidar com gente forte.

— É verdade – ele bagunçou os próprios cabelos. – Sabe, eu fiquei bem surpreso quando Shion apareceu com você.

— Poxa, eu tenho que admitir que morri de medo de falar com ele – ela fez uma careta. – Eu tinha encontrado a Melina e ela me disse que não sabia onde você estava, mas que o Shion estava na casa de Áries e que eu podia falar com ele. Mas ele é tão sério.

— É porque você ainda não o conhece bem – ele riu. – Mas foi bem corajosa de ir falar com ele mesmo assim.

— É porque você não viu as minhas pernas tremendo – ela riu, o som de sua risada ecoando pela casa de Gêmeos.

Quando chegaram enfim à casa de Elisa, a jovem praticamente não se aguentava mais em pé.

— Obrigada, Regulus – ela olhou para ele com carinho.

— Não foi nada – ele sorriu. – Quer que eu traga algo para você comer? Não tinha nada na minha casa que eu pudesse te oferecer.

— Não se preocupe, eu estou tão cansada que agora só vou conseguir dormir – ela o tranquilizou. – Depois eu procuro alguma coisa com Melina.

— Então está bem. – ele assentiu. – Eu vou reunir os soldados que irão comigo, é provável que a gente vá essa tarde mesmo.

— Cuide-se, tá?

— Pode deixar.

Com o coração um pouco apertado por ver o amigo a caminho de mais uma batalha, Elisa entrou em casa, o cheiro familiar das paredes de madeira trazendo-lhe uma sensação muito bem-vinda e, em poucos minutos, já dormia pesadamente em sua cama.

No início da noite, a jovem pesquisadora acordou assustada, sem saber muito bem onde estava. Aos poucos, foi reconhecendo a cama, a pequena mesa onde fazia seus estudos e a janela que permanecera aberta, mostrando a noite estrelada que cobria o Santuário. Foi quando notou que havia algo no peitoril.

Um embrulho contendo uma travessa de barro com Gemista fez a garota abrir um belo sorriso. Os pimentões vermelhos, amarelos e verdes, recheados com arroz, pareciam deliciosos e foi nesse instante que ela viu um bilhete.

“Do cardápio de hoje, sinta-se comendo como uma amazona. Sua amiga, Melina.”

Seu sorriso se alargou ainda mais. A comida estava deliciosa e Elisa viu que os pais dela eram realmente bons cozinheiros. Depois de comer aquela refeição que viera praticamente do céu, ela decidiu sair um pouco de casa, já que ainda era cedo para tentar voltar a dormir. A lua estava cheia e muito brilhante no céu sem nuvens e havia uma certa movimentação, o que a fez pensar que provavelmente os guerreiros estavam bastante ocupados com os preparativos da guerra.

Ao longe, ela viu o Cavaleiro de Áries na entrada da sua própria casa e pensou no que Melina dissera, sobre ele ser uma pessoa gentil e amável com todos. Bem, pensou, ele nunca fora rude com ela, apenas a tratava com certa frieza, certo distanciamento. O que, se parasse para pensar, não era algo tão incompreensível assim.

Com um suspiro, ela pensou em visitar Melina no dia seguinte. Não se sentia confortável de voltar ao hospital e correr o risco de encontrar Petros lá. O que era covarde de sua parte, ela sabia, mas...

— Elisa.

A voz calma a tirou de suas divagações com a mesma eficiência que um tiro de canhão. Shion estava parado agora a poucos passos, sem sequer ofegar, mesmo estando tão longe dali poucos instantes antes.

— Shion – ela conseguiu se recuperar.

— Eu fui até a trilha onde o espectro atacou vocês. E encontrei isso lá.

A moça olhou para o rolo de papéis que ele estendeu e seus olhos se arregalaram. Eram as anotações que ela deixara cair quando fugira de Kazuaki. Além disso, ele segurava também uma tigelinha vazia, que era onde ela estava carregando a salamandra, que certamente escapara para a floresta. Assim como ela tentara fazer, pensou.

— Obrigada – ela agradeceu um pouco sem jeito.

— E também tenho uma notícia que creio que vai te interessar. – ele continuou.

— O quê? – ela sentiu o coração dar um salto.

— Dédalo está vivo.

— Dédalo? – ela olhou para ele sem poder acreditar.

— Ele estava caído alguns metros dentro da floresta. Eu imagino que ele tentado ir atrás de você para te ajudar, mesmo ferido, mas acabou perdendo os sentidos no caminho. Ele ainda não acordou, mas está respirando e Konstantinos está cuidado dele.

— Que notícia maravilhosa – os olhos dela se encheram de lágrimas.

Ele não falou nada sobre Altair e Elisa imaginou que isso significava que a amazona estava realmente morta. Então outro pensamento cruzou sua mente. Agora ela tinha um bom motivo para voltar ao hospital.


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Notas finais do capítulo

"A gemista é uma comida muito comum na Grécia. O prato consiste em um pimentão ou tomate recheado, com arroz, batatas ou carnes cozidas."
Fonte: https://www.queroviajarmais.com/comidas-tipicas-restaurantes-atenas-grecia/#ixzz5PPo8nP6e

Com uma amiga como a Melina, fome a Elisa não vai passar enquanto o Regulus estiver fora hehehe



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