Chamas Negras escrita por Benuzinha


Capítulo 10
O resgate de Elisa


Notas iniciais do capítulo

Engraçado que eu não queria fazer um capítulo inteiro só para essa parte, mas acho que eu fiquei tão feliz que o Kagaho voltou a aparecer que esse pedaço acabou ficando gigantesco!



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O espectro de Baku adentrou o barco de guerra de seu superior com Elisa em suas costas. Os outros espectros sob o comando de Garuda olharam para ele com seus cenhos franzidos e sobrancelhas arqueadas, todos querendo entender porque ele carregava uma mulher inconsciente em seus ombros, contudo Kazuaki passou por todos com uma mal disfarçada expressão presunçosa, ignorando-os e seguindo direto até seu líder, que se encontrava sentado em uma cadeira alta, toda feita de uma madeira muito escura e belamente trabalhada no final da sala.

— O que é isso...? – Aiacos olhou para o corpo da mulher que seu subordinado colocara estendido no chão.

— É algo que acho que vai lhe interessar, senhor Aiacos. Eu estava andando pelo limite do Santuário, procurando algo para me distrair quando vi um pequeno grupo indo em direcão ao vilarejo e os pensamentos dessa mulher me chamaram a atenção – ele cutucou o tórax de Elisa com o pé.

— E o que seria? – Aiacos perguntou, entediado.

— Ela estava pensando no Kagaho, o espectro de Benu.

— O Kagaho? – de repente o assunto se tornara deveras importante.

— Sim. Ela estava sendo levada para fora do Santuário por uma amazona e um aprendiz de cavaleiro, dois insetos insignificantes que eu não tive problemas para eliminar - gabou-se o espectro.

— Não que isso seja algo para se vangloriar – desdenhou Violate de Behemoth, o braço direito de Aiacos.

— Eles pareciam muito precupados em levar a garota para o vilarejo – Kazuaki continuou, ignorando a interrupção – E com a segurança dela.

— Então ela deve ter alguma importância – Aiacos coçou o queixo, pensativo.

— E, no momeno que eu ataquei, ela pensou em Benu de um jeito como se esperasse... como se desejasse a presença dele ali.

— Entendo – ele se levantou - Leve-a para o quarto desocupado próximo ao seu. Eu irei ter com ela mais tarde. Enquanto isso, Violate venha comigo. Quero que vigie o que os cavaleiros estão fazendo em Jamir. Soube de uma atividade incomum de cavaleiros por ali.

— Sim, senhor. – Violate o seguiu.

Kazuaki fez o que Aiacos ordenou e Elisa foi colocada em um pequeno quarto na parte inferior da popa do navio. Assim que acordou, a jovem olhou em volta, confusa, sem fazer ideia de onde se encontrava. Apesar de a porta estar naturalmente trancada, ela não havia sido deixada livre para se mover dentro o cômodo. Havia uma pequena janela e a visão das estranhas pinturas feitas por Hades a fez correr até lá.

— Mas o que é isso? – exclamou ela – Esse lugar está flutuando!

Não havia ninguém ali para explicar o que estava acontecendo, no entanto, o fato de estar tão perto do temido Lost Canvas a fez perceber que estava no território do deus do mundo dos mortos.

Após algumas horas, quando Elisa já estava a ponto de gritar para que alguém, qualquer um, mesmo sendo um espetro, aparecesse, Kazuaki entrou. Ele trazia água e comida e aquilo a tranquilizou, já que ele não faria uma coisa dessas se pretendesse matá-la de imediato.

— Acordou, garota. – ele continuava parecendo tão mau quanto antes e Elisa sentiu um arrepio – Coma logo, eu vou trazer o mestre Aiacos – o homem abriu um sorriso maligno – Ele quer conversar com você.

O espectro saiu e Elisa se esforçou para comer alguma coisa, afinal não sabia se voltaria a ver um prato de comida tão cedo e queria ter energia para o caso de tentar escapar dali. Embora, se eles estavam mesmo no céu, fugir seria impossível. Esse Aiacos, pensou desanimada, certamente era alguém importante, já que aquele homem – se é que poderia ser chamado assim – o tratava com tamanha deferência.

A única coisa que não compreendia era o porquê de terem-na levado e, mais ainda, acomodado em um quarto sabe-se lá onde no céu. Aquilo definitivamente não fazia sentido.

Se ela antes achara Kazuaki assustador, Aiacos era definitivamente muito pior. Quando o espectro de Garuda entrou, o ar tornou-se imediatamente mais pesado e difícil de respirar.

Ele a observava com grande interesse e isso o fazia parecer ainda mais terrível.

— Parece uma simples humana qualquer. – Disse ele, por fim.

— Por que me trouxeram pra cá? – ela não aguentava mais esperar sem saber – Que lugar é esse?

— Cale-se – ele a cortou – Sou eu quem faz as perguntas aqui.

Diante daquela reação, ela apenas engoliu em seco.

— Mas já que está tão curiosa, eu vou lhe dizer. Esse lugar – ela girou o indicador – é o meu barco. Isso mesmo – continuou, diante da expressão estupefata dela – meu barco celeste de guerra, que eu vou usar para destruir os planos de Atena. E eu te trouxe aqui porque o meu subordinado, o Kazuaki, detectou um pensamento muito curioso em sua mente, que era o desejo de que um companheiro meu, veja bem, um espectro, aparecesse.

O coração de Elisa congelou. Ele estava falando do Kagaho, só podia ser. Era por isso que a haviam capturado.

— O que eu ainda não consegui compreender foi como você, uma mulher do Santuário, conhece aquele metido a lobo solitário do Benu.

Diante do silêncio apavorado da jovem, ele continuou:

— Você não parece uma guerreira, por acaso é uma dama de companhia de Atena?

— Não.

— Então o que você faz no Santuário, garota?

— Eu ajudo o médico que cuida dos cavaleiros feridos. – ela respondeu, tensa.

— Que gracinha. E o que a enfermeira do Santuário tem a ver com um espectro?

— Eu não sou uma enfermeira, sou uma pesquisadora. –respondeu ela, num impulso.

 - Não que isso me interesse, mas agora sua história faz menos sentido. Para que Atena precisa de uma “pesquisadora”? – Aiacos enfatizou a última palavra.

— Eu não sou daqui, eu vim da Bélgica para fazer minhas pesquisas e acabei me envolvendo na guerra sem querer.

— E o que o Kagaho tem a ver com isso tudo? Você já o conhecia antes?– ele agora parecia realmente confuso e Elisa hesitou.

— Eu... conheci o Kagaho quando destruíram a vila onde eu estava hospedada – ele apenas murmurou em concordância, esperando-a continuar. -E nós nos tornamos amigos.

A estrondosa gargalhada que Aiacos soltou a fez arregalar os olhos, sobressaltada.

— Mas que piada é essa? – ele continuava com aquela risada cruel – Você não pode estar falando da mesma pessoa que eu, Kazuaki deve ter se confundido.

Antes que ela pudesse pensar em uma resposta adequada, ele se aproximou a uma velocidade muito grande e parou a poucos centímetros.

— Não vou sequer tentar compreender o porquê de você achar que o Kagaho é seu amigo, mas lembre de uma coisa: não existe amizade em lados opostos de uma guerra. Se você foi acolhida no Santuário, só há duas opções. Ou você tem sua lealdade por Atena e usará o Kagaho para atingir o imperador Hades, ou você trairá Atena em nome dessa sua “amizade” com o Benu.

— Isso não é verdade! – exclamou ela, indignada.

— Não pense que pode me enganar com essa cara de boa moça. – ele estreitou o olhar.

O cosmo dele se elevou grandiosamente e a pressão causada por seu poder a empurrou até bater com força as costas na parede. O ar mais uma vez ficou denso e pesado e parecia que um planeta inteiro poderia desabar sobre ela.

— Isso é um aviso – ameaçou ele, antes de andar até a porta e parar. - Eu se fosse você, não confiaria tanto no Kagaho. Ele gosta de se fazer de diferenciado, mas não passa de um espectro como o resto de nós. A estrela maligna o escolheu. Faça algo que o desagrade e ele a reduzirá a cinzas, não se esqueça disso – e saiu, trancando-a novamente.

Enquanto Elisa se recuperava do encontro desgastante com Aiacos, este ordenava a um de seus soldados que fosse atrás do espectro de Benu e o trouxesse o mais rápido possível. Infelizmente para a jovem pesquisadora, o espectro demorou até o início da manhã seguinte para voltar com Kagaho, que viera a muito contragosto descobrir por que havia sido chamado com tanta urgência.
          - O que aconteceu Aiacos, por que mandou o seu subordinado atrás de mim? – Kagaho entrou a passos largos no salão em que Aiacos estava, sem nenhum pudor de mostrar sua impaciência.
        - Eu tenho uma coisa aqui que quero que você veja – o outro respondeu e indicou o caminho até a sala onde Elisa estava. – Venha comigo.

Kagaho seguiu o companheiro, não sem antes revirar os olhos. Provavelmente era a mais nova maldade dele, como um cavaleiro pendurado por argolas presas em suas costas ou qualquer coisa do tipo.

No instante em que ele abriu a porta, Elisa, que dormira muito pouco aquela noite, arregalou os olhos ao ver Aiacos entrar novamente e, assim que Kagaho apareceu em sua linha de visão, ela se ergueu de um pulo. Estava prestes a soltar uma exclamação de alegria, mas se deteve, mantendo uma expressão apreensiva em seu rosto. Sua amizade com ele era tão mal vista ali quanto no Santuário, até pior. Além disso, bem lá no fundo, ela não tinha muita certeza de como ele agiria. A expressão em seu rosto era de quem havia visto um fantasma.
          - O que está acontecendo aqui? – a voz de Kagaho caiu vários graus ao compreender a cena diante de si.
          - Ouvi dizer que você estava ficando amigo dessa humana, é verdade isso Kagaho?
Elisa, por um momento, achou que ele negaria tudo.
           - E se for verdade? – ele respondeu com hostilidade.
         - Então é? – Aiacos olhou para o companheiro com interesse – E justamente essa mulher que tem uma ligação com o Santuário, não acha isso estranho?
          - Não sei por que – ele respondeu secamente.
          - Ela pode estar muito bem a serviço de Atena, usando você para chegar até Hades.
        - Isso é ridículo – Kagaho deu uma risada sem humor – Essa mulher não fazia ideia do que era a Guerra Santa, como acha que ela poderia estar envolvida nisso tudo?
           - Isso é o que você acha.
           - Ela não sabe sequer manipular o cosmo, tenho certeza que já sabe disso. 
— Podemos testar isso agora. Se eu usar meu ataque pra valer, ela não terá outra escolha a não ser revelar seu verdadeiro poder ou morrerá. 
           - Não se atreva– Kagaho se movimentou de modo a ficar entre ambos no momento em que Aiacos se moveu na direção dela.
           - Ela é mesmo tão importante para você, Benu?
Kagaho não respondeu, apenas encarou o outro com um olhar desafiador, o cosmo começando a arder.
           - Está bem, vou deixar que continue com seu brinquedinho. Mas esteja avisado, se essa garota aprontar alguma coisa, ela vai desejar ter morrido aqui hoje.

Ambos continuaram imóveis por mais um tempo, medindo-se, até que Aiacos finalmente saiu e os soldados curiosos que haviam permanecido no local também se afastaram após um olhar mal encarado de Kagaho.

O espectro de Benu então andou até Elisa, que continuava parada no mesmo lugar.

— Kagaho... – o nome dele escapou de seus lábios.

Em silêncio, ele se aproximou com a cara tão fechada que a jovem achou que iria brigar com ela também e no momento em que Elisa abria a boca para dizer alguma coisa, ele a abraçou. O calor que emanou dele naquele instante era muito mais próximo do que ela sentia quando estava com Regulus, não aquela onda sufocante que ele costumava manter. Sem poder evitar, Elisa soltou um doce suspiro de satisfação por estar nos braços dele, segura.

Para seu desapontamento, contudo, o contato não durou muito e ele logo a soltou e a segurou com firmeza pelo pulso, praticamente arrastando-a para fora dali.

— Vamos sair logo desse lugar – grunhiu ele.

Elisa assentiu, ainda bastante abalada e deixou que ele a rebocasse pelo navio. Os espectros que porventura estivessem pelo caminho eram imediatamene repelidos pela aura de violência que emanava de Kagaho, exceto um.

— Então você vai mesmo resgatá-la? – ele olhava para Kagaho com uma expressão de curiosidade que fazia jus a sua estrela.

— Não se meta, Baku. – rosnou ele.

— Se o mestre Aiacos não se opõe, não serei eu que farei isso. – Kazuaki sorriu de um jeito que Elisa achou bem assustador e ele se voltou para ela – Então seu desejo não era tão incompreensível assim.

Sabiamente, Kazuaki deu um passo para o lado, saindo do caminho de Kagaho, que o ultrapassou, não sem antes colocar Elisa a sua frente. Kazuaki sorriu diante daquele cuidado, seu colega claramente não confiava nele.

Contudo, o espectro de Baku falara a verdade ao dizer que não se opunha à saída dos dois. Seu líder demonstrara não ter interesse em se desentender com Kagaho, provavelmente pela forte ligação que este tinha com o imperador Hades. Por isso ele não havia matado aquela garota. Além disso, o comandante tinha preocupações maiores naquele momento, como impedir o avanço de Atena. E era apenas questão de tempo até que o próprio Kagaho percebesse que aquela história fantasiosa de amizade havia ido longe demais e ele mesmo desse um jeito nela. Ou, antes mesmo, ele talvez se descontrolasse – o que não era incomum – e a torrasse até desaparecer.

Enquanto esses pensamentos tranquilizavam o espectro de Baku, Kagaho chegava com Elisa à proa do navio.

— Você está bem? Está muito ferida? – perguntou ele, observando os arranhões e hematomas nela.

— Estou bem. – ela tremia um pouco, abraçando a si mesma diante da visão ao mesmo tempo espetacular e assustadora do mundo lá embaixo – Eu tentei fugir do espectro que me capturou e acabei de machucando no processo.

Ele não ficou muito feliz ao ouvir aquilo, mas meneou a cabeça e controlou o impulso de voltar lá e tirar satisfações com o responsável.

— Então vamos.

Sem aviso, ele a pegou no colo e, como um pássaro, jogou-se no ar, num mergulho impressionante na vastidão do céus.

— Ah, meu Deus! – Elisa gritou, fechando os olhos e agarrando-se a ele com mais força.

— Tem medo de altura? – o crápula parecia estar se divertindo!

— Não, mas... – ela ousou abrir os olhos – Pelos céus, Kagaho!

— Você não se diz tão destemida? – continuou ele. – Abra os olhos, aproveite a vista.

Com certo custo, Elisa abriu os olhos e vislumbrou novamente o mundo abaixo de ambos. Havia uma quantidade expressiva de nuvens naquele momento, mas ela conseguiu ver a cidade de Atenas, os vilarejos em volta e a montanha que levava ao Santuário, que era para onde se dirigiam agora.

O que ela não imaginava era que Kagaho fazia aquilo para distrai-la.. Ele sabia que ela estava abalada, principalmente pela forma como tremia em seus braços e usou seu cosmo para mantê-la aquecida. Seu cosmo... ele riu para si mesmo. A primeira vez que ele usara seu cosmo para aquecê-la na gruta fora para provar a si mesmo que ele podia usar suas chamas como quisesse, inclusive para proteger as pessoas. Tudo por causa do que o Cavaleiro de Touro dissera. Aquele homem, que agora estava morto, havia influenciado sua vida mais do que gostaria de admitir.
 - Kagaho...

— O quê? – ele despertou de seus devaneios.

— Não sei se é uma boa ideia me levar até o Santuário.

— Por quê?! – a irritação voltou a tonalizar sua voz.

— Eu tinha sido mandada embora de lá.

— Então foi isso... – agora a captura de Elisa fazia sentido. - O que aconteceu?

Ela hesitou.

— Por que te mandaram embora? – insistiu ele.

— É que... eles descobriram que eu estava me encontrando com você... – ela respondeu sem encará-lo.

— Foi aquele idiota, não foi? Eu sabia que devia ter acabado com ele!

O cosmo dele começou a incendiar e ele teve que se controlar para evitar que as chamas surgissem.

— Não! – ela temeu que ele decidisse ir atrás dele – Na verdade ele não falou nada sobre você, apenas questionou com um dos Cavaleiros de Ouro sobre minha lealdade a Atena. Mas eu tive que contar a eles a verdade.

Ele parou subitamente no ar e olhou para ela. Então, mudando completamente a rota, ele se dirigiu para um lugar que claramente não era o Santuário.

Ele a levou até um uma colina isolada, onde havia uma relva verde e alta em que algumas ovelhas pastavam calmamente. Ele a colocou no chão, se afastou alguns passos e virou de costas para ela. Naquele momento, Elisa teve seus pensamentos invadidos pelas palavras de Aiacos. “Faça algo que o desagrade e ele a reduzirá a cinzas...”. Ela olhou em volta, apreensiva e teve um pequeno sobressalto quando ele, ainda sem se virar, decidiu falar alguma coisa.

— O que aconteceu afinal, Elisa?

Longe da explosão que ela esperava, a voz dele soou bastante controlada. Aiacos estava errado, pensou ela, observando o esforço que ele fazia para se conter, contrariando a violência de sua estrela maligna.

— Na tarde de ontem, quando eu estava no hospital, o Regulus...

Elisa contou tudo o que aconteceu, inclusive o momento em que decidiram não investigar a presença de Kagaho na floresta e a parte em que resolveram mandá-la para Rodorio.

— E então eles a mandaram para fora do Santuário, são realmente magnânimos esses cavaleiros de Atena – a voz dele estava encharcada de sarcasmo.

— Bom... imagino que poderia ter sido condenada a coisa pior, como a morte por exemplo. Além disso, aconteceu mais uma coisa.

— O quê? – ele finalmente se virou para ela.

— Eu não sei exatamente o que deu em mim, mas... eu jurei lealdade a Atena.

Ele não moveu um músculo, apenas continuou encarando-a com aqueles olhos de tom violeta.

— Considerando sua situação como humana, faz todo sentido – comentou ele, por fim, seco. – Acho que agora estamos oficialmente em lados opostos.

— Isso não muda nada – ela sacudiu a cabeça - Não muda o que eu sinto por você.

Ele ergueu as sobrancelhas e ela se arrependeu imediatamente de ter dito aquilo. Do jeito que falara, aquilo parecera uma declaração de amor. E o pior é que ela não sabia se aquilo estava assim tão longe da verdade. Afinal, o que ela realmente sentia pelo espectro de Benu?

Ele se aproximou e lançou aquele olhar arrogante para ela:

— Eu vou te deixar no Santuário, não importa o que esse cavaleiro de Sagitário diga. E tenho certeza que eles terão o bom senso de te aceitar de volta.

— Também espero – ela suspirou.

— Vamos logo – ele a pegou no colo com facilidade e logo ganhou novamente os céus.

— Kagaho... - ela desviou o olhar para o mundo lá embaixo. – Sinto muito, eu acabei causando problemas para você.

— Não precisa se desculpar – retrucou ele, calmamente.

— E obrigada por me salvar outra vez.

— Insista caso queiram te mandar embora novamente – ele respondeu com a voz ainda mais calma, ignorando deliberadamente seu agradecimento. - Eu não confio no Aiacos, você não estará segura fora do Santuário.

— Sim, eu... farei o possível.

— Chegamos. – ele anunciou no momento em que seus pés tocavam o solo, algum tempo depois.

— Fique no Santuário. – ele falou mais uma vez, olhando-a com intensidade.

— Não depende só de mim – ela devolveu o olhar.

Pela expressão em seu rosto, a resposta dela claramente não o satisfez. No entanto, antes que Elisa pudesse dizer mais alguma coisa, ele já havia partido em meio a uma forte rajada de vento.

Assim que chegou a uma distância considerável do Santuário, Kagaho finalmente pôde dar vazão à sua raiva, numa explosão de chamas tão intensas que, se não estivesse no ar, teria causado um estrago sem precedentes.

— Maldito Aiacos – vociferou ele. – Com que ele pensa que está brincando?

Além disso, uma pergunta inconveniente insistia em rodear seus pensamentos. Qual era a lógica de proteger aquela mulher se, no final das contas, caso Hades vencesse, ela seria morta de qualquer maneira?


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Notas finais do capítulo

Que dilema, hein, Kagaho! Hahaha
E a Elisa vai voltar para o Santuário, mal deu pra sentir saudades, mas já estou doida para ela reencontrar o Regulus *-*
Além disso, fiquei tão na dúvida de como escrever o nome da Violate hahaha mas como tava assim Saint Seiya Wiki, foi o que ficou kkkk
Ps: como eu escrevo no word no cel e no notebook, td hora as palavras ficam saindo da formatação e se juntando, que raivinha kkkkk



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