“Está pronta?” Concordei tentando tirar a fita que cobria minha visão, mas fui impedida por Sasuke. “Pare com isso, vai tirar a graça”, comentou.

Revirei os olhos e só sinalizei um “Ok”. Fui guiada pelo Uchiha até o carro e me acomodei ouvindo o mesmo entrar e ligar o automóvel.

“Fique aí quietinha até chegarmos”, mandou. Sem outra opção eu fiz o que me foi mandado. Tsc, parece até o Madara.

Senti sua mão acariciar minha bochecha levemente. Aparentemente, o jantar especial de Sasuke será na casa dele e não no restaurante como pensei.

Não demoramos muito para chegar, e assim que Sasuke estacionou, o mesmo me ajudou a sair.

Quando finalmente o Uchiha abriu a porta, a fita foi retirada. Primeiro, eu foquei naquele rosto lindo e sexy de Sasuke. Depois, minha visão foi tomada pela mesa onde estava nosso jantar, com direito a velas e rosas.

“Isso está lindo Sasuke”, comentei olhando para ele. Seus olhos estavam daquela forma de sempre, brincalhões.

Qual seu objetivo Uchiha? Tsc. Me aproximei dele, passando meus braços ao redor de seu pescoço e encostei meus lábios aos seus, mas não o beijei.

“Fico feliz que tenha gostado”, comentou olhando-me profundamente. Sorri, e então o beijei.

*----* Passado *-----*

O matei. Madara, querido, eu o matei. Matei nosso inimigo.

Não sei há quanto tempo estou encarando seu corpo desfalecido, mas tenho certeza que ainda não estou preparada para deixá-lo.

“Sakura!”, Sai gritava-me. O ignorei, assim como ele me ignorou quando o gritei. “Sakura, Madara está morto! Nós temos que ir”, meu querido lobo me puxava, tentando levantar-me.

Me soltei de seus puxões, e segurei o rosto de meu marido. Ele estava pálido, seus lábios que tanto beijei e fui retribuída, estavam arroxeados.

“Por quê? Meu amor…” sussurrei acariciando-o. “Por que me deixou?”.

“Sakura!”, tentou Sai novamente. “Deixe-me sozinha!”, gritei o encarando. Ele estava assustado, eu nunca tinha gritado com ele.

“Não vou deixá-la nunca mais!”, afirmou se ajoelhando ao meu lado. Sai me envolveu em seus braços, e eu chorei como há muito não fazia.

Algum tempo depois, Izuna chegou junto dos demais Uchihas. “Madara?...”, me olhou perdido.

“Madara!”, correu se jogando sobre o corpo do irmão. Ele tateava seu corpo desesperado, em busca de algo.

“Você não está morto, não está!”, Izuna gritou com o corpo sem vida. “Izuna”, o chamei. Ele me encarou irado.

“Você deveria tê-lo protegido”, acusou-me. Ele estava certo, eu deveria ter protegido meu marido. “Perdoe-me”.

*----* Presente *----*

“Então foi assim que os lobisomens surgiram”, Sasuke comentou impressionado. Sorri achando graça de sua expressão.

“O quê?”, me perguntou. “Sinto vontade de te beijar quando faz essa cara”, o respondi e sorri ainda mais ao ouvir seu coração acelerar.

Ele, apesar de estar corado, sorriu também. “Venha”, falou.

Me levantei e sentei em seu colo. Acariciei seu pescoço com uma mão, e o beijei em seu maxilar. Ele puxou meu rosto para cima, colando nossos lábios.

Os movimentos enlouquecidos, me lembrou da sede com que Madara me beijava. Nisto, ambos são extremamente parecidos.

Flashes de meus momentos com Madara se misturavam com minha realidade com Sasuke, mas no momento em que nos tornamos um, somente Sasuke me vinha à mente.

oOo

“Elas não falam nada desde que chegaram”, me contou Sai. “O que quer fazer? É impossível hipnotizá-las no momento.”

O que sugere? Perguntei a Shino. “Se não conseguimos fazê-las falar através da hipnose, talvez o outro método dê certo”.

“Sugere tortura então”, simplificou Mat. Shino somente acenou. Tsc. “É a única alternativa”, completou.

“Certo, não temos outra escolha”, comecei a sinalizar, tendo a atenção de todos. “Gaara, pode cuidar disso?”, o perguntei.

O ruivo concordou. “Nós cuidamos uns dos outros”, Kakashi tomou a palavra. “Qualquer um que ficar contra um de nós, estará contra todos.”

“Yeah!”, concordamos com o albino. De fato, isso é uma família.

oOo

Caminhei pela trilha de trás da mansão, até chegar no campo onde Sai treinava Naruto. O loiro estava com uma regata e uma calça moletom, completamente à vontade com o frio congelante.

O Uzumaki atacava Sai com toda vontade e raiva existente em si, mas não acertava sequer um golpe.

Sai, para finalizar a luta, tirou as mãos do bolso e deu uma rasteira no loiro. “Wow! Da próxima você consegue Naruto!”.

Sua torcida, composta de seus amigos, o encorajava. “Talvez no próximo milênio, quem sabe”, debochou o branquelo. “Não concorda Sakura?”.

Assim que me indagou, todos perceberam minha presença. Sorri para Naruto que estava com um bico nos lábios. “Não se preocupe, não é fácil ganhar de Sai”.

“Sério? Eu acho que é moleza”, comentou Temari, que vinha atrás de mim. Sai a encarou com um sorriso debochado.

“Tem certeza loirinha? Não quero te machucar”, disse com o mais puro sarcasmo. Eu suspirei caminhando até Naruto, ouvindo a resposta da Tema: “Por que não testamos?”.

“Naruto, venha comigo”, como o loirinho já está entendendo um pouco de Libras, utilizei os sinais para falar com ele.

“Eles não se gostam Sakura-chan?”, me perguntou. “Não muito”, respondi me lembrando do motivo. Sai e Temari não se dão desde que se conheceram, mas piorou com a morte do noivo da Sabuko No. Não sei direito o porque, ainda.

Fomos na direção de seus amigos, e ficamos ao lado de Shikamaru. Fiquei chateada ao não ver Sasuke ali, mas o mesmo estava na delegacia.

“Eles são muito rápidos!”, Shikamaru comentou empolgado, ao ver Temari e Sai trocando alguns golpes básicos. Achei graça de sua empolgação.

oOo

“Aqui está o almoço”, Mat disse abrindo as tampas das panelas. “Wow, que delícia”, Sai e Choji exclamaram juntos.

“Mat, pode chamar Gaara para comer?”, pedi a vendo corar. Sorri vendo Ino a encarar, ciúmes talvez?

“Tem certeza que podemos almoçar aqui Sakura-chan?”, Naruto me perguntou tímido. O abracei de lado e balancei a cabeça positivamente.

Ele e seus amigos sorriram se acomodando, e começaram a se servirem. Eu sentei na ponta da mesa e me servi com vinho.

“Sakura-san, é verdade que você e o Sasuke estão juntos?”, me engasguei com a pergunta repentina de Karui.

“Então,....sim”, a respondi e Ino traduziu. Me lembrei automaticamente do ‘pedido’ de Sasuke: “Agora estamos namorando, então use a aliança que está em cima da cômoda”.

O pedido mais romântico de todos, ironizei mentalmente. O restante do almoço seguiu com os amigos de Naruto e o próprio, se socializando, ainda mais no caso de Naruto, com minha família.

Quando Gaara chegou com Matsuri, o mesmo estava com um dos braços sobre os ombros da morena. Percebi o rosto corado de Mat, e também o triste de Ino.

“Triângulo amoroso, talvez?”, supôs Sai baixinho. Eu voto no Gaara esquecendo Ino, e tendo um recomeço com Mat, comentei com o branquelo pela nossa ligação.

“Sendo assim, eu posso ser o recomeço da loira?”, perguntou Sai com um sorriso malicioso. Sai…, comecei a dizer mas ele me interrompeu dizendo: “Está tudo bem coisa rosa.”

oOo

As visitas já tinham saído há um tempo. Agora, estávamos no porão, onde Shizune e Tsunade estavam sendo mantidas desde o ataque.

A loira, Tsunade, é a feiticeira responsável pelo ataque de Bee a Naruto, e Shizune a ajudou. Aparentemente, a morena é irmã do falecido marido da outra.

“Então, você está dizendo que Uzumaki Naruto é a reencarnação de Hashirama, o responsável pela morte de Madara Uchiha”, Kakashi quebrou o silêncio instaurado depois que a mulher terminou de falar.

“Isso é insano”, murmurou Shino. Eu nada dizia, só permaneci ali, parada. Minha mente era um completo vazio.

“Eu sei que ele é!”, afirmou Tsunade. Gaara descobriu que ela é neta de Hashirama.

Naruto? Não, não, não, NÃO! Não pode ser. Minha cabeça começou a doer, eu levei minhas mãos até ela, mas não passava. NÃO!

“Sakura! Se acalma!”, consegui ouvir Kakashi dizer, mas sua voz estava distante.

Sasuke! Ele e Naruto são amigos! Ele vai matar Sasuke! Hashirama vai matar Madara de novo!

Eu tinha que sair dali, então sai esbarrando em Sai e Kakashi, em direção a porta, mas fui parada.

“Sakura, eu vou atrás de Sasuke. Você não está em condições de sair daqui”, Kakashi me falou. Minha cabeça doeu ainda mais e eu gritei, ou o mais próximo disso, e desmaiei.

*-----* Passado *----*

“Esse  maldito Senju  está….”, começou perguntando Izuna. “Morto”, completei.

“Então, vencemos?” Algum Uchiha qualquer perguntou. “Ambos os líderes da guerra estão mortos. Ninguém venceu, a guerra simplesmente, acabou”, Shisui o respondeu.

Me levantei e caminhei até o corpo de Senju Hashirama. Peguei sua espada, que estava ao lado de seu corpo e cortei sua cabeça.

O silêncio se instaurou naquele campo de batalha. Eu levantei o rosto daquele ser que me tirou meu amor, e disse: “Aqui está o líder de nossos inimigos, ele está morto.”

A atenção de todos estava em mim. Encarei os rostos mais próximos, mas como tinham muitos, só encarei alguns. Em especial, Kakashi e Izuna.

“Mais não se enganem!”, continuei dizendo. “Assim como nós perdemos nosso líder e desejamos vingança”, pausei a fala ao ouvir seus urros de lamento. Ouviu Madara? Ninguém aceita sua morte.

“Eles também desejam”, continuei. “A guerra acabou, mas permaneçam atentos às disputas de vingança”.

O Clã Uchiha começou a bater em seus armamentos. Apesar de ser um clã com poderes sobrenaturais, ele ainda sabiam as artes da espada, lança, e demais armas.

Caminhei até Izuna, e o entreguei a cabeça de Hashirama. “Me perdoe irmão”, pedi uma última vez.

“Sinto muito, mas não consigo”, foi sua resposta. “Entendo, adeus caçula”.

E sai dali, sendo seguida de meus lobos. Agora, minha única família.

*-----* Presente *-----*

Acordei subitamente. Minha cabeça ainda doía um pouco e eu estava um pouco zonza.

“Aqui, tome isso que vai ajudar”, ouvi a voz de Izuna. Mas espera, Izuna não deveria estar aqui.

“Imagino que esteja se perguntando o porque estou aqui, certo?”, voltou a falar. Consegui finalmente focalizar seu rosto, e percebi que ele estava sério.

“Sabe, quando você falou sobre Sasuke, eu o observei por alguns dias. Até falei com ele, sabia?”, não o respondi, mas peguei o remédio que ele segurava.

“Eles não são iguais, mas se parecem um pouco. Eu não sabia como lidar com esse sentimento, eu não sou forte como você”, ele me ajudou a deitar novamente e deitou comigo, pousando sua cabeça em meu peito.

“Por isso, quando pediu para ir com Tenten para Áustria, eu fui sem pensar.” Terminou de dizer, e eu comecei a acariciar seus cabelos.

Quando senti minha roupa começar a molhar, meu coração se aqueceu e meus olhos se encheram de lágrimas.

“Me perdoe irmã, me perdoe por não estar aqui com você. Sei que seu coração está em conflito desde que conheceu Sasuke.”

“Eu o perdoo, caçula.” Sinalizei o chamando pelo antigo apelido que lhe dei.