Uma Casa de Estrelas escrita por Lyn Black


Capítulo 30
ressurreição


Notas iniciais do capítulo

gente! isso se passa tipo uma semana depois do conto onde a cissy e o lucius esbarram com o régulus (capt 27, causa e efeito)
espero que gostem!
magipsykhe = psicoterapeuta do mundo mágico



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ressurreição - trigésimo capítulo

uma casa de estrelas, por lyn black

 

Narcisa coloca seus saltos altos, um batom roxo e disfarçada com uma antiga capa preta dos rituais Black, dá uma volta para espairecer pela Travessa do Tranco. Entardece, mas ela precisa continuar andando, não? Quem sabe encontrará sua criança perdida em algum lugar e poderá sair daquele pesadelo. Então Cissy atravessa vielas mal-cheirosas e sem iluminação, a varinha para a frente, rígida na mão, e uma adaga sagrada na cintura, sem caminho traçado. 

Ela percorre aquelas ruas através da noite, e já está zonza quando o Sol expulsa sua família do céu, mas mantém a coluna ereta e segue. Lucius notará sua ausência daqui a semanas, provavelmente, já que agora ela não está nem um pouco apta a "carregar um novo herdeiro". Maldito homem com quem ela foi casada, ela odeia o desapontamento de Lucius quando ela sangra vinho de sua vagina ao pensar no futuro daquela criança se o Lorde de seu marido prosperar. 

Já é novo dia, e Narcisa afunda-se ainda mais dentro do capuz quando decide dar razão a fome e comer algo no Beco Diagonal, antes de voltar para sua peregrinação. A tonteira, porém, e a azia no seu estômago fazem-na balançar o corpo, quase como bêbada. 

Alguns olhares por debaixo de chapéus de homens do Ministérios correm pela sua forma, acusadores e desejosos ao mesmo tempo, e Cissy quer vomitar nos sapatos caros de cada um deles. Uma Malfoy, ela não tem nem mais fé, e tem que se escorar numa cadeira quando o zumbido em sua cabeça cresce. 

Uma voz chama-a, suavemente, da cadeira onde ela havia se apoiado, mas a mente de Narcisa apenas roda, roda e roda. Ela não chega a sentir seu corpo desintegrar-se quando desfalece no chão, sangue visivelmente empapando seu vestido preto. 

Quando acorda numa maca branca, com uma medibruxa fazendo vários encantamentos no seu corpo, sente a ruína de perder sua primeira filha. Vê a dor que a dilacerou finalmente estampar seu rosto. Está cercada de desconhecidos, alguns possivelmente irão reconhecê-la e Cissy quer sumir. Ela nem sabe como foi parar ali!, Lucius explicitou como eles não iriam para hospitais a não ser em urgência máxima, mas seu marido não a vê há dias...

A mulher com o dobro da sua idade que está analisando o resultado dos feitiços - várias marcas coloridas pelo seu corpo e até o ritmar de seu coração -, rapidamente percebe que Cissy volta a lucidez. Sorri complacente.

— Você é bem sortuda de ter sido encontrada por nossa melhor estagiária - Pousa a mão na sua canela, sorrindo para Narcisa -, se ela não tivesse sido rápida o bastante com os encantamentos, a senhorita dificilmente poderia ainda carregar alguma criança.  

Malfoy engole em seco, e não sabe se ama ou odeia a menina, provavelmente da sua idade, que a acudiu. Não sabe se o destino que quase abraçou-a teria sido sua final benção, ou razão para ser assassinada pelo amado marido num surto de raiva. Sua voz está rouca quando fala:

— Se puder transmitir meus agradecimentos, gostaria de recompensar a Senhorita... - espera que a doutora complete a frase com o sobrenome da estagiária. 

A medibruxa desvia os olhos. 

— Bem, ela insiste em ser chamada apenas de Andrômeda, mas de qualquer modo, posso pedir para que ela passe aqui mais tarde e vocês podem se conhecer. 

Malfoy engole em seco. 

— Creio que eu ainda tenho de preencher minha ficha de entrada? 

Por um segundo, Medibruxa Carla Winker, segundo o broche identificador, parece se preocupar em ler quem é a mulher que está atendendo. Com olhos não tão certos, responde:

— Ficha já preenchida, Sra. Narcisa. 

Cissy ergue uma sobrancelha. 

— Sra. Malfoy, minha querida - complementa, orgulho entranhando-se por suas veias. 

A medibruxa mostra um vinco nas sobrancelhas, mas depois deixa um murmúrio de entendimento escapar, rabiscando algo no papel que segura, sem dúvidas, sua ficha. 

— Bem, pelo seu quadro recomendo ficar em observação pelas próximas horas, e evitar aparatação pelas próximas três lunações. Segundo os exames, a perda de sangue decorreu de alguma latência dum aparente aborto espontâneo. Algum medibruxo particular atendeu-a, suponho?

Cissy assente com um gesto da cabeça.

— Tomei duas poções na manhã seguinte, mas depois... - o vazio finalizou a frase. 

Winker sorri bondosa para Narcisa, causando um profundo desconforto na garota. 

— É bem comum entre as bruxas, fique tranquila. - comenta - Eu sugeriria, por experiência própria, conversar com algum magiopsykhe ou medibruxa, mas essa decisão é só sua. 

A Malfoy sente-se encolher na maca branca, tão branca quanto os narcisos que fizeram seu nome, um dia. 

— Vou pensar, doutora - concede por educação. 

Olhando novamente o prontuário, a doutora prepara-se para mais uma questão:

— Deseja que acionemos seu contato de emergência para vir buscá-la mais tarde? 

A loira coça a cabeça, ainda sentindo-se entorpecida. 

— Receio que meu marido esteja ocupado, mas se puderem, contatem meu primo Régulus Black. Não haverá problemas com ele não ser ainda de maior, certo?

A voz imperativa de uma Malfoy, num trono de privilégios, gelam o ambiente, mas a medibruxa lança um pequeno sorriso para a jovem.

— Farei o possível, porém, Narcisa, sinto que você levantará daqui sozinha. Até breve, querida, tente descansar. 

A medibruxa retira-se agilmente do ambiente, deixando Cissy solta em suas ideias. Sua irmã mais velha, a irmã traidora quem deveria desprezar, salvara-a e amaldiçoara-a ao mesmo tempo, e ela não conseguia cuspir nenhum agradecimento. Se Andrômeda não houvesse ido embora, ela bem nem estaria aqui, numa vida feita de sucessões de emergências, correndo de fim a fim.

Cissy fecha os olhos... Andrômeda sempre fora a irmã do meio, trazendo a morte antes da ressurreição. E ela, a flor, era encarregada de encerrar e recomeçar o ciclo, voltando a vida com mais um talho no seu coração, e outra mascará nos seus olhos. As mãos da morte haviam a carregado até aquela morte, agora ela tinha de levantar-se sozinha.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

que tal, menenas? eu sei que baixei a frequência de postagem (é aquilo, se eu sobreviver a esse 3o ano, nada me segura), mas espero que ainda tenha alguém por aqui! beijooos não se esqueçam de mim



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