Yo Quisiera escrita por wldorfgilmore


Capítulo 6
Capítulo 6




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Eram como pancadas nos ouvidos. Uma, duas, três e mais uma vez. O incômodo que sentia fizera Elisabeta remexer-se de um lado para o outro. Mas o despertar chegava conforme o zunido aumentava e se transformava em um som reconhecível.

Elisabeta abriu os olhos ligeiramente espantada com o barulho que escutava, e como ainda apresentava uma pequena dificuldade em enxergar o claro do dia, colocou a mão no rosto e examinou o quarto, procurando de onde vinha aquele som.

Constatou que batidas originavam-se da janela do quarto que dividia com Mariana. Estranhou, quem estaria batendo em sons ritmados naquela hora da manhã? Constatou que Mariana não estava no quarto, por sua ausência na cama.

Colocou o robe e aproximou-se da cortina devagar, abrindo uma pequena fresta para visualizar a causa daquele som. Ao reconhecer o rosto do sujeito, abriu toda a janela, encarando-o com uma expressão confusa.

Darcy fazia sinal do outro lado da janela para Elisabeta levantar o vidro, que o olhava com uma cara amassada.

Elisabeta levantou o vidro.

— Você dorme muito, Elisabeta. Estou há cerca de 15 minutos plantado na sua janela. – começou, sentando-se no parapeito da janela baixa, como se fosse sua própria casa. Elisabeta olhava-o desacreditada.

— Mas – riu, incrédula. -, o que faz aqui a essa hora da manhã? São...

— Já são 10 horas.

— Que seja... Ainda é cedo. O que faz aqui? – cruzou os braços.

— Não vai me dar bom dia? – questionou, sorrindo de maneira aberta.

Elisabeta ignorou a pergunta, mantendo-se sem trocar de posição, aguardando sua resposta.

— Bom, eu vim lhe trazer um convite de meu pai. - respondeu.

— Convite? - questionou com estranhamento, franzindo a testa. - Convite de que?

— Lorde Archiebald Williamson convidou-a para almoçar conosco. Charlotte comentou que nos encontramos e ele reclamou que você não anda aparecendo por lá para visitá-lo.

— Mas eu tive um jantar com Archie semana passada. – Elisabeta indagou, mas acabou sorrindo, Elisa adorava Lorde Williamson.

— Bom, palavras de meu pai. – achou graça.

— Mas você poderia ter mandado o cocheiro enviar o recado. – avaliou. - Não precisava se dar ao trabalho de vir até aqui.

— Não vim só pra isso. Também trouxe uma encomenda.

— Encomenda? De quem?

— De mim mesmo. – Darcy respondeu e Elisabeta revirou os olhos, contendo o sorriso. Darcy era inacreditável.

Darcy entregou uma caixa para Elisabeta, que o olhou curiosa. Observou a embalagem, e através do design, sabia do que se tratava.

— Pães? – olhou-o de maneira inexpressiva, avaliando o rosto de Darcy.

— Uma moça precisa de um café da manhã. - deu de ombros, de forma óbvia.

Elisabeta abriu a embalagem e sorriu quando viu o conteúdo da mesma.

— Bom, como eu não te conheço tão bem ainda. – começou, dando ênfase no ainda. – Eu escolhi pães de sabores distintos.

— Engraçado... – olhou-o no fundo dos olhos, estreitando um pouco.

— Hm? – seu sorriso se alargou, sabendo o que ela falaria.

— São os meus sabores preferidos. Que coincidência, não?

— Digamos que eu seja bom no que eu faço. – piscou pra Elisabeta, arrancando uma risada da moça.

Ao ouvir aquele som alto, tão familiar e quase esquecido, Darcy alargou o sorriso. Esquecera, inclusive, quando havia sorrido tão abertamente como naquele momento. Era como um déjà vú de todas as vezes que ouvira as risadas de Elisabeta em suas lembranças.

Elisabeta, por sua vez, ao ouvir o som espontâneo que projetou ao comentário de Darcy, logo se calou. Não queria oferecer tamanha intimidade a ele. Não ainda. Estava magoada e, por mais que quisesse, ainda se mantinha receosa para tal aproximação.

— É... Darcy. – mordeu o lábio. – Eu não sei o que dizer.

Elisabeta olhava-o sem jeito. Era muito mais fácil ignorá-lo, alfinetá-lo ou até gritar com ele. Apesar de Darcy sempre ser dado a gentilezas ou presenteá-la constantemente quando menores, as coisas eram diferentes agora.

— Não precisa dizer nada, Elisa. – chamou-a pelo apelido, que não foi passado despercebido por ela, logo tratando de fugir do encontro de seus olhos. – É uma forma de – pensou -, selar nossa trégua.

A moça continuou calada, encarando-o. Não havia palavras corretas para a sua mente confusa.

Eles ouviram um barulho de porta se abrir.

— Elisabeta, mamãe disse para acordar-se pois va... – começou Mariana em um tom alto, logo perdendo a fala. – Oh... É, oi Darcy.

— Bom dia, Mariana. – cumprimentou a menina.

— Desculpe interromper, eu... eu já vou.

— Não, não. – Darcy apressou-se. – Eu já estou de saída. – disse levantando da janela em que estava sentado. – Apesar de não ter chegado a entrar. – brincou.

Darcy virou para ir embora.

— Darcy... – Elisabeta chamou, fazendo-o olhá-la novamente.

Os cantos dos lábios de Elisabeta se transformaram em um sorriso tímido e receoso.

— Obrigada.

Darcy mordeu o lábio inferior e acenou com a cabeça devagar. Logo se virando novamente para tomar seu rumo.

Não havia se passado nem dois segundos que Darcy sumiu de sua vista, Mariana logo puxou Elisabeta para sentar-se na cama.

— O que foi isso? Me explica! O que foi isso, Elisabeta? Ande, fale! – Mariana falava rápido, sem dar chance para Elisabeta se pronunciar.

— Isso o que? – Elisabeta mordeu o lábio, fazendo-se de desentendida. 

— Elisabeta! Agora você vai me contar. Ontem mesmo já fingiu sono para fugir da conversa.

— Não há nada o que falar, Mariana. – levantou-se. - Archie me convidou para almoçar com eles. E... – encarou Mariana.

— E... – olhava para Elisabeta com expectativa.

— Darcy me trouxe o café da manhã. - Elisabeta tentou afastar o frio na barriga que se alojou.

— Como? – Mariana levantou-se e pegou os pães da mão de Elisabeta. Riu, boquiaberta.

— Feche a boca, Mariana. – bateu no queixo da irmã. – Não é nada demais.

— Elisabeta! Não me tome por uma boba. Primeiro: vocês dois criam aquele clima ao se encontrarem. Segundo: somem do nada. Terceiro: aparecem dançando juntos. E quarto: eu encontro Darcy na janela do nosso quarto. E com pães. Com pães. – gesticulava, mostrando a caixa para Elisabeta.

— Ele quer se reaproximar de mim.  – disse de uma vez.

— E porque não deixa? – respondeu de supetão.

Elisabeta fez uma careta para irmã, que continuou:

— Elisabeta, Darcy trouxe pães! – repetiu eufórica - Se um homem traz comida pra mim, a primeira coisa que eu faço é pedi-lo eu mesma em casamento.

Elisabeta riu do comentário da irmã.

— Não é tão simples.

— Claro que é. A amizade de vocês era bonita demais pra ser jogada fora. Eu entendo suas razões, apesar de nunca ter se aberto totalmente pra mim. – olhou-a compreensiva. – Mas eu lembro bem como vocês eram próximos. Além do mais... – olhou de soslaio para a irmã.

Elisabeta esperou Mariana terminar de falar.

— Além do mais, Darcy poderia ter trazido ele mesmo para você. Ele é um pão. – Elisabeta tentou não rir, mas a comparação de Mariana tornava impossível o seu querer. – E a forma com que vocês dançaram ontem, que Brandão me perdoe, mas ele poderia ter uma conversa com Darcy. – Mariana se abanou com as mãos, fazendo as bochechas de Elisabeta se avermelharem levemente.

— Foi tão... assim? – quis saber.

— Elisabeta, você mesma viu a cara da Susana depois que vocês voltaram. – lembrou. – E ela, que não é boba e nem nada, logo tratou de tirar Darcy de perto de você. – deu um tapinha no ombro de Elisabeta. - Claro, ela não quer perder aquele homem todo. Não julgo. – riu. - Inclusive faria o mesmo.

— Não seja tonta, Mariana. – revirou os olhos.

— Suponho que não seja a intenção. – ponderou. - Mas Elisabeta, vocês não são os mesmos adolescentes de quando ele foi pra Londres.

#

As horas passaram depressa, para a apreensão de Elisabeta. Estava nervosa, ansiosa e com os outros milhões sentimentos que brotavam dentro de si. Não entendia tamanho alvoroço, sempre almoçava ou jantava na fazenda Ouro Verde a convite de Charlotte e Lorde Williamson. Sabia que a diferença estava na presença de Darcy na mansão, e ficava repetindo a si mesma em diálogos internos acerca daquilo deveria ser um fato insignificante. Mas sabia que não era. E constatou quando trocou de vestido três vezes naquela tarde, mesmo não sendo dada a aprovação de terceiros. Ainda e por causa dessa constatação, optou por um simples: verde musgo, com sua capa vermelha. Mesmo que a ansiedade reclamasse a troca do vestido mais uma vez por um mais pomposo, não iria dar esse gosto a Darcy, por mais que ele não pudesse ler sua mente para saber o motivo por qual queria se arrumar.

— Elisabeta. – Lorde Archiebald chamou-a pelo nome quando a menina cruzou a porta, sem cerimônias.

— Archie. – A menina o abraçou, sendo acalentada por os braços quentes e seguros do homem. – Estou sabendo que o senhor anda dizendo por aí que não venho visita-lo.

— Ora, e não vem mesmo. Gostaria de sua presença diariamente. Sou um senhor de idade, preciso de companhias agradáveis como a sua.

— Companhias agradáveis como a minha? – enrrugou a testa e fingiu ciúmes.

— Exclusivamente a sua. – O homem beijou-lhe a testa.

Lorde Archiebald era um fã incondicional de Elisabeta. E não escondia isso de ninguém. E Elisabeta o tinha como um padrinho desde que conhecera Darcy. Com a presença constante da menina na fazenda por conta a amizade com seu filho, o Lorde turrão, como muitos o conheciam, desenvolvera um afeto incomum e paternal por a pequena Elisa.

— Eu disse para esperar você para colocarmos a mesa, porém Susana reclamou de fome e tivemos que começar o almoço. – estreitou os olhos. – Mas eu esperei você.

Elisabeta sorriu, às vezes não acreditava que era capaz de sentir um afeto tão grande por alguém que não fosse de sua família sanguínea. Elisabeta abraçou o lorde de lado e foram em direção à sala de jantar.

— Ora, se não é a bela Elisabeta. – Susana começou. Mostrava um sorriso exagerado – e um tanto falso - nos lábios. Elisabeta se permitiu apenas acenar, lutando contra a sua vontade de ignorar totalmente os dizeres da suposta namorada de Darcy.

— Minha amiga! Já imaginava que não viria pela demora. – disse Charlotte, sorrindo pela presença de Elisabeta.

— Tive um contratempo. – Mentiu. Nunca falaria que se atrasara por dificuldade em escolher suas vestes. E nem o motivo disso.

— Pois que bom que resolveu e conseguiu se juntar a nós neste almoço. – intrometeu-se Darcy, encarando Elisabeta de maneira profunda. Darcy havia percebido que quando o fazia, a moça corava. - Lorde Williamson fez sua comida preferida, inclusive.

— Soube pelo cheiro. – concluiu. – Ele me mima em demasiado. Ainda bem que não reclama quando abuso. - brincou, olhando para o Lorde.

— Você nunca abusa, minha filha. – Lorde disse. – Sabe que aqui é seu lar.

Susana encarava Elisabeta com desdém. Perguntava-se o motivo pelo qual todos ali pareciam idolatra-la, em sua concepção, a moça até agora não demonstrara nenhum atrativo para tal admiração ou veneração. Sem contar que, mesmo depois do interrogatório que fizera a Darcy depois da festa, ainda não arrancara a real natureza da relação de Darcy com Elisabeta.

— Costuma vir aqui com frequência, Elisabeta? – perguntou Susana, após todos estarem instalados à mesa.

Elisabeta encarou, perguntando-se a intenção da pergunta.

— Sim. – respondeu simplesmente. Examinando Susana, sabia que ela não dava um ponto sem um nó bem apertado.

— Elisabeta vem aqui desde que se entende por gente. – disse Lorde Williamson, sem perceber os olhares que os outros trocavam na mesa. – Principalmente quando Darcy morava conosco.

O olhar de Susana examinou Darcy e Elisabeta, que fingiam prestar atenção na comida.

— Eu fico tão feliz de vocês terem se reencontrado. – direcionou o olhar ao par, mas logo voltou a Susana. - Elisabeta e Darcy sempre foram unha e carne. Inclusive, Susana, se quiser saber sobre como Darcy era antigamente, pode perguntar pra Elisabeta. Ela sabe tudo dele. Não se desgrudavam.

— Claro que vou perguntar. Estou curiosa. Vou adorar saber sobre a infância do meu futuro noivo. – Susana completou. Em uma tentativa de alfinetar Elisabeta.

Darcy encarou Susana com a testa franzida, mas antes de abrir a boca, seu pai continuou:

— Elisabeta é quase da família, Susana. Já até cheguei a achar que seria de fato. – achou graça, despertando a atenção dos presentes.

— Por quê? – Susana quis saber.

— Eu até estranhei quando Darcy informou que iria trazer uma moça para casa. – disse, sem pretensão alguma. – Sempre achei que Darcy se casaria com Elisabeta.

Elisabeta e Darcy tossiram ao mesmo tempo o suco que tomavam.

#

— Não me disse que tinha uma noiva antes de me pedir em namoro. – Susana gritava no quarto, andando de um lado pro outro.

— Não seja ridícula, Susana. Eu não tenho noiva. Aquilo foi só um comentário de meu pai acerca da relação próxima que tinha com Elisabeta. - explicou, começando a alterar-se. Odiava qualquer demonstração de ciúmes.

— Tão próxima que seus parentes a tratam como um membro da família. Magnifico. – ironizou.

A cena que se seguiu após o comentário de Lorde Williamson apresentou uma Susana largando os talheres e levantando-se da mesa, Lorde Williamson dando-se conta da gafe que cometera, Elisabeta um tanto encabulada, mas no fundo divertindo-se com a expressão de Susana e um Darcy indo atrás de namorada, a contragosto, já que Charlotte o repreendera por ficar.

— Eu só subi para tentar explicar a confusão que meu pai causou, mas se vai usar de ironias ao invés de conversar como pessoas adultas que somos, não irei discutir mais nada. – mostrava um tom incisivo.

— Agora eu sou a irônica? Claro, Darcy... Claro, falas comigo como se eu fosse a culpada por esta discussão. – Susana riu, quase histérica. – Você não era assim em Londres. Este lugar te transforma em outro!

Darcy respirou fundo. Contar até dez não adiantaria mais. Em um movimento, retirou-se do quarto e bateu a porta, ouvindo um grito de Susana logo em seguida.

Darcy mal virou o corredor e deu de cara com Elisabeta, trombando-a na esquina entre as partes.

— Oh, desculpe. – disseram ao mesmo tempo, quando os corpos se encontraram.

Ao se olharem, um sorriso envergonhado escapou os lábios dos dois.

— Elisabeta, desculpe por aquilo... Aquilo que meu pai disse. – Darcy tratou de começar, contido. - Ou por qualquer coisa que tenha escutado aqui.

— É, ela gritou bastante. – constatou, fazendo uma careta.

— Susana é um tanto histérica mesmo. – ele cerrou os dentes.

— Um tanto? – ela apertou os lábios. Olhava para Darcy como quem tinha mais uma lista de adjetivos a falar.

— Um pouco a mais. – riu. Sabia que Elisabeta segurava-se bastante para não falar. A conhecia como a palma da mão e os trejeitos não mudaram com o tempo.

Darcy se encostou na parede do corredor, não arriscaria continuar seu percurso já que Elisabeta estava ali na sua frente, cedendo a uma conversa inesperada. Não sabia quando e nem o motivo para tal, mas desde que vira Elisabeta novamente, reconquistar a amizade que tinham virou seu objetivo primordial.

— Pode falar. – disse Darcy.

— Falar o que? – questionou.

— Seu olhos apresentam um brilho audaz, sua boca esta articulada de modo a fechar-se para impedir que você solte palavras que não deve dizer. – Examinou Darcy, analisando cada parte do rosto de Elisabeta.

Elisabeta sentiu, novamente, naquele mesmo dia, seu rosto queimar ao ver Darcy fita-la. Mas ouvi-lo apresentar-lhe suas expressões, piorara o calor em mil vezes.

Mordeu o lábio e soltou rapidamente.

— Bom, vocês não combinam. – constatou, falando rapidamente a frase.

Darcy franziu o cenho. Elisabeta o surpreendia, não esperava essa constatação.

— Sério – continuou -, não que eu me interesse por isso. Mas não consigo observar vocês juntos, por mais que estejam juntos. – explicou-se. – Não que eu te conheça tanto agora, depois de formar-se homem. Não, também, que eu fique avaliando sua relação com Susana. E tamb...

Darcy a interrompeu, rindo do desespero de Elisabeta ao tentar explicar-se. Elisabeta odiava sua sinceridade absurda, costumava falar demais e não deixar seus pensamentos guardados em sua mente. Mesmo quando era mais apropriado, como naquele momento.

— Calma... É sua opinião, não te julgo por isso. – Darcy pegou as mãos de Elisabeta, que relutou um pouco para relaxar, um brilho iluminava o rosto do rapaz. – E já que é dada a opiniões. Como sempre fora, aliás...

O canto da boca de Darcy se elevou e ele continuou:

— Quero lhe fazer uma pergunta.

Ainda segurando as mãos de Elisabeta, Darcy, por instinto, se aproximou mais de Elisabeta.

— Qual? – respondeu Elisabeta, contraindo sua mandíbula, receosa com a proximidade de Darcy.

— Com quem eu combino? – Darcy encarou os olhos de Elisabeta de forma profunda. Seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma respiração levemente desregular. Elisabeta o encarava de volta, como se Darcy a tivesse prendido dentro do seu olhar.

Darcy procurava no fundo dos olhos de Elisabeta a resposta pra todas as suas dúvidas, mas ali, só conseguia enxergar mais perguntas sem respostas. Ou, desconfiava ele, que essas novas perguntas fossem suas respostas. Sempre havia ficado próximo a Elisabeta. Os abraços e carinhos sempre foram constantes. Mas aqueles segundos pareciam traduzir tudo que sentia por Elisabeta de forma intensificada. Não sabia o que estava fazendo e nem porque acabara de perguntar aquilo, mas seus instintos pareciam ganhar qualquer guerra depois de reencontrar Elisabeta.

Os lábios de Elisabeta se abriram quando Darcy se aproximou mais de seu corpo. Sentia sua respiração entrecortada quando a respiração de Darcy bateu em seu rosto, seu peito subia e descia com uma frequência cada vez maior. Um frio em seu ventre, diferente de todos que já sentira, começava a tomar forma. E quando sentiu a mão de Darcy subir por a suas costas e encontrar seu pescoço, de súbito, Elisabeta empurrou-o devagar pra trás.

— Eu... eu vou procurar Charlotte. – disse Elisabeta com a fala irregular, desaparecendo segundos depois do olhar de Darcy.

Darcy manteve-se na parede, perdido em pensamentos. Quase beijara Elisabeta, quase beijara sua ex-melhor amiga. Ilusionava, agora, os lábios de Elisabeta nos seus. Balançou a cabeça, tirando da sua imaginação a concretização daquele beijo.

Fechou os olhos, tentando voltar para si. Respirou uma, duas, três vezes, passando as mãos no cabelo. Estava nervoso, não sabia o que estava acontecendo. Não entendia os seus sentimentos aflorados desde que chegara ao Vale do Café. Tentou constatar, de imediato, fugindo de qualquer outra explicação: só poderia ser isso. Só poderia ser saudade. Não queria nomear de qualquer outra forma àquela vontade – ou sentimento - que parecia querer pular pra fora de si. E ir direto pra Elisabeta.


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