Blue Door - Odd Wings Volume 1 escrita por Mega Leon


Capítulo 7
Capítulo 5 - Lugar Sem Dialética




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— Tails, eu morto de sono, tô muito a fim de ir não... — Diz Paul com os olhos já entreabertos.

— Tudo bem, não precisa vir se não quiser —Falo gentilmente, fechando os olhos, assim como o Scott.

— Você sabe que isso dá medo, né? Odeio quando o Scott fecha os olhos assim...

— ...Foi mal.

— Tudo bem —Então ele dá volta pra Pensão e eu continuo seguindo a silhueta estranha.

—--

A pessoa de capuz acompanha Rose até uma festa e então começa a caminhar mais rápido até a direção dela. A "Maria Chiquinha" pega a pessoa estranha pelo pulso e com a outra mão arranca o capuz longo e escuro, revelando ser a Luna, toda produzida para uma verdadeira festa.

As duas parecem estarem brigando, mas a Luna mostra o que parece ser uma carteira de identidade. A Rose percebe algo estranho e vem caminhando em minha direção. Espero que ela não me encontre...

— O que diabos você fazendo? Uma garota não pode mais ir a uma festa sozinha sem ter um cara pra acompanhar?

— ... —Abaixo a minha cabeça, tentando afogar a minha vergonha.

— Enfim, essa festa não pede identidade, então acho que essa sua cara de bebê não vai fazer diferença —Então ela dá um leve sorriso, mas se contém.

—--

Dentro da festa, percebo que é tudo muito escuro com luzes coloridas e um som muito alto. As músicas desse local são quase todas Pop e Funk, segundo a Rose. O som alto fica difícil de conversar, tento chamar a Luna para perto, todavia, ela não consegue acompanhar as minhas falas.

Com as duas dentro da festa, começamos a procurar um lugar para ficar e decidimos ir para o andar de cima, pois há um Barman "gostoso", segundo a Luna. Nesse andar de cima tem almofadas, o que faz eu adorar o local logo de cara, fico sentado e já me sinto bem mais relaxado. Luna vem para perto de mim:

— Você vai ficar a festa toda aí, sentado?

— Pretendo —Começo a soltar um leve sorriso, ach oque vale dar uma chance para ela, mesmo ela tendo todo esse preconceito sobre suas ideologias de vida.

Nem! Numa festa você tem que se soltar pra valer, Tails! —Então ela me puxa pelos dois braços e acabamos indo para a pista de dança do andar de baixo.

Ela começa a dançar puxando o meu braço direito e depois o esquerdo, enquanto faz balanços com o quadril, trazendo uma movimentação ao meu corpo também pela ligação dos braços. Se ela não tivesse uma mente tão fechada, poderíamos ser ótimos amigos, mas ela prefere piadas com oa do "Garfo, Faca e Colher"...

Enquanto dançamos, eu faço Luna dar um giro e percebo que a Rose está conversando com uma outra garota, então as duas vão para a saída da festa. Luna para o giro e também percebe o causo:

— Que tal seguirmos as duas?

— Por qual motivo?

— Nunca vi a Rose ficar com uma garota, vai que ela tem algum problema?

— A garota ou a Rose?

— Digamos que pode ser uma das duas mesmo —Acentua um "sim" mexendo a cabeça pra cima e para baixo, enquanto faz um sorriso malicioso. No que eu fui me meter?

—--

Na rua, acompanho a Luna de mãos dadas para não nos perder um do outro. Vejo que Rose está bem íntima da moça, porém, a conversa não parece ser acalorada no bom sentido...

— Qual é Bianca, eu tô ligada que você sabe por onde anda a Amanda. A menina desapareceu faz um mês, alguém tem que ter visto pra onde ela foi —Fala Rose com um certo aperto no coração, a princípio.

— Olha, fofa, eu não sei nem quem era ela direito, se você veio aqui procurando outra coisa que não seja um caso comigo, então pode esquecer... —Bianca saí de cena, nos empurrando da porta de entrada. Rose parece um pouco abatida com a mão tapando os olhos.

— Eu sou uma fracassada... —Então ela começa a chorar— Eu sou só uma mulher patética que não faz nada direito, desculpe Amanda... —Rose fica de joelhos no chão, ainda com a mão no rosto, se apoiando com a mão na parede. Eu vou até ela e a abraço, acho que ela percebe que sou eu e me aperta ainda mais.

— Quem é Amanda? —Pergunto ao olhar para Luna. 

— A nossa amiga, nós e ela formávamos um trio inseparável, fomos amigas desde o primeiro ano do Fundamental, só que...

— Só que a nossa amiga desapareceu a um mês, pelos relatos, ela estava nessa festa com outras conhecidas nossas, porém, até o final da festa, ninguém mais viu ela e a pobre nunca mais voltou para casa —Completou Rose, parando de chorar agora.

— Rose, você é uma das pessoas mais poderosas que eu conheço e eu não falo só em poderes mágicos, você é muito empoderada, deveria ter orgulho da pessoa incrível que você é! —Falo com convicção.

— Desculpe se eu não sou uma boa amiga, é muito legal ter gente que nem você na volta, obrigada —Diz ela com uma cara triste.

— Tudo bem, isso significa que aquele ReaDead que tu capturaste era por causa disso?

— Parece que fui pega no pula —Rose fala dando um sorriso, finalmente— Sim, o monstro faz parte desse clube —Aponta ela para a logomarca da boate.

— Então há outros monstros aqui?

— Alguns, os que não são uma ameaça para ninguém frequentam bastante essas festas, digamos que conheço alguns —Fala ela com uma cara pensativa.

— Sabe, pessoas, eu tava aqui pensando —Fala Luna— Você por acaso não é sapatona, né? Sabe, eu fico preocupada com você, pois tem aquelas mulheres nojentas que ficam com outras mulheres sujas. É que você já tem toda essa coisa de empoderada e eu até aturo isso, mas, convenhamos, ninguém atura um sapato feminino —Diz ela ao começar a rir.

Rose fecha a cara e segue para dentro da festa, Luna fica com uma cara de desentendimento:

— O que eu falei de tão "errado" assim?

—--

De volta a boate, Rose continua a sua busca, eu decido tentar beber um pouco de água para me manter acordado. Peço ao Barman um copo de uma garrafa transparente atrás dele, acredito que seja água. Ele coloca o copo cheio daquele líquido na mesa, próxima a mim. Bebe tudo num gole só, então me vêm uma queimação na garganta, então o álcool chega ao meu cérebro, contudo, também não é só isso.

Percebo que pedi uma bebida alcoólica, mas ela tem mais do que isso. Começo a ver tudo estranho, como se fosse uma pintura que desmancha como areia ao vento. Um garçom passa por mim, perguntando se eu quero um dos bombons da bandeja. Pego um por educação e como ele. A princípio é muito saboroso, todavia... De novo não! O doce também contém elementos alucinógenos!

— O que foi que eu comi? —Pergunta para um garoto que esbarra em mim, mostrando o doce.

— Se chama Tumulto Timuri, ela não é só alucinógena, ela te mostra, como o próprio nome diz, aquilo que você teme mais, ou seja, ela vai fazer você ficar locão nos teus maiores medos, magrão.

— O QUE!? —O garoto me olha com cara de louco e segura a minha mão.

— Eu fico aqui com você, parece meio novato para isso —Então ele ri de mim e fica com um sorriso bobo no rosto— Eu me chamo Levvi, tenho uma biblioteca comunitária aqui perto, você deveria ir em algum momento —Ele pega um cartão do bolso do casaco e coloca no bolso da minha bermuda Jeans.

Começo a rir de leve para com ele do nada. Então Levvi some e tudo fica preto. Percebo que o céu é o espaço sideral, mas, com toda a certeza não é a Via Láctea. Então os meus pés ficam cheios de água. Eu vejo uma porta azul mais ao fundo e a minha Chave-Báculo está presa num colar em meu pescoço. Então a porta, que estava cada vez ficando mais longe de mim, forma um cone em tecido azul e estrelado. O cone vai subindo e dando forma a um ser gigante, azul e estrelado, com uma barba de monge ancestral, porém extremamente magro, com um traje e capuz totalmente azuis, inclusive a pele. Quando eu vejo os seus olhos, consigo ver outro eu, uma pessoa mais madura e com uma cara irritada, então ele grita comigo com todas as forças e eu grito de volta, me jogando no chão.

—--

— Quando eu ouvi falarem que os Patrulheiros estavam aqui, eu não imaginei que seriam tão patéticos como você —Fala uma voz feminina e madura.

Uma mulher gorda me olha como se quisesse me matar e eu acho que é isso mesmo. Ela faz com que eu volte a mim e a festa, mas tudo ainda parece um monte de areia prestes a sair voando com o vento.

— O doce que você comeu não permite que use o Sincronizador, logo, eu estou livre para desaparecer com você também, assim como eu desapareci com o corpo lindinho da Amanda. Aquela idiota disse que era minha amiga, mas na primeira oportunidade, ela quase me Desformou e eu tive que lutar de volta, é uma pena que a patricinha não está mais aqui pra contar a versão dela.

Não sei direito do que ela está falando, porém, acredito que pelo fato dela querer me matar, ela já está confessando os podres dela. Eu acabo vomitando no piso e isso a deixa com muita raiva. A garota vira um ReaDead em forma de um diamante rosa e tenta me acertar um soco perto do coração. Quanto mais ela se aproxima, mais eu sinto menos alucinado e então o meu corpo se move sozinho. A chave saí do meu bolso, ficando na minha frente e formando o modo Báculo. O meu corpo se mexe para pegar ele. Sinto os meus olhos arderem um pouco, mas acredito que não seja da droga ou do álcool.

O Báculo cria asas nas minhas costas e forma um escudo que me protege do soco dessa garota, que consegue ultrapassar a minha defesa, mas não chega a perfurar as asas. Como a mão dela ficou presa nas minhas penas, eu jogo ela para a esquerda e transformo o Báculo na Espada Potentis, rapidamente. Logo, eu crio um Canhão de Luz poderoso que a joga contra o mini-bar.

Com o estouro de copos e garrafas, os outros frequentadores percebem a movimentação, fazendo-os saírem correndo da boate gritando "os Patrulheiros estão aqui, vamos dar o fora!", Rose e Luna são as únicas que ficam na pista de baixo, pelo que dá pra ver do grande vão no centro da pista que estou.

A garota diamante me joga para o térreo com toda a força. O impacto faz a minha cabeça começar a doer. Então começo a enxergar o homem velho e azul ao mesmo tempo que enxergo a garota rosa.

"Faça isso! Faça isso agora!" — Grita ele.

Aponto a minha espada para cima, segurando co mas duas mãos, Luna consegue usar os seus poderes envolvendo plantas e cria uma corrente para aprisioná-la. Então eu faço um movimento de cima à baixo com a minha arma, criando um golpe sonoro de luz, ou seja, eu consigo ver o corte em formato de luz, pois ele adquiriu uma forma como se fosse uma lâmina dobrada. O golpe vai rapidamente para ela, todavia, a explosão parece ter sido só um enfeite, já que não fez nenhum arranhão nela:

— Tails, os ReaDeads daqui estão num nível além da sua imaginação, n/ao é o seu poder lindo e com Glitter que vai resolver alguma coisa! —Diz Rose, focada na garota.

Rose então cria um triângulo muito maior do que os que eu já vi ela criar, deixando a sua lâmina original quase invisível ao tom de rosa do poder dela. Luna diz que não pode aguentar mais e Rose acerto o chão com sua Alabarda usando toda sua força. O impacto atinge a menina diamante com uma onda rosa e grande. Então Rose corre até a garota rosa e começa a balançar a sua Alabarda. Luna desfaz as correntes. O monstro acerta um soco na Rose, causando uma explosão enorme, contudo, não vejo ela saindo da fumaça.

Quando a ReaDead iria fazer um sorriso. Vejo que alguém pula sobre a mão dela. É rose! Ela usa a sua Alabarda como... Como... Como uma Broca! Estou pasmo, a arma dela pode virar uma Broca! A arma dela acerta em cheio o monstro, então Rose pula dele e deixa a lâmina da Alabarda grande novamente. Luna prepara uma esfera de energia natural e joga no ar. Rose pula e acerta a esfera com a sua arma, criando um super impacto no monstro e derrotando-a.

—--

Na espera da bronca de Scott, Rose, Luna e eu ficamos onde estávamos antes de eu "estragar a festa", disseres da Luna. Eu expliquei a situação para Rose e ela começa a se sentir aliviada que conseguiu dar um fim ao caso da amiga dela, mas ainda fica em dúvida se a Amanda seria capaz de ser uma pessoa ruim ao entregar a tal "garota diamante":

— A melhor parte é saber que você, Rose, não confraterniza com outras mulheres, isso sim seria o cúmulo —Tanta Luna, falhadamente, fazer uma piada.

— Luna, fecha a boca! —Grita eu e Rose ao mesmo tempo, já sem paciência.

— Você acha mesmo legal falar essas coisas? Quantas vezes eu preciso me matar dizendo que isso que você faz não é normal!? —Grita Rose para com Luna.

— Mas eu pensei que... —Tenta falar Luna com um sorriso disfarçado de vergonha.

— Pensou errado, linda —Rebate Rose.

— ...

— Sabe aquele cara que você queria ficar? —Diz Rose.

— O Barman? —Fala Luna.

— É, o Barman! Ele disse que prefere garotas mais puritanas e você ficou rindo com ele por uns quarenta e cinco minutos!

— Mas foi engraçado, significa que ele gosta de flocos de neve e baunilha!

— Significa que ele não gosta de pessoas negras, Luna!

— ... —Ela parece pasma agora, como se tivessem dito tudo aquilo que ela não queria ouvir.

— Você só não quer entender a realidade que já devia ter notado a muito tempo, como mulher e como uma pessoa negra! Por que é tão difícil pra você aceitar quem você é?

— Pelo mesmo motivo que a maioria dos Supermercados de Lacrimae só vendeu Shampoo para cabelos lisos e para quedas! Eu nunca vou achar normal duas pessoas do mesmo sexo namorando, nosso Deus não criou o Homem para o Homem!

Pra mim chega! —Rose se levanta e dá um tapa na cara de Luna— Será que não pode te colocar no lugar dos outros um único minuto, sua ingrata insensível! Que diferença tem entre as tuas ações e a dos ReaDeads que derrotamos todos os dias? —Diz Rose com uma lágrima escorrendo de vergonha, sinto o meu sangue ferver também, mas de pena dela.

— Luna... Vivemos somente uma vida, essa vida! Se você quer acreditar que desperdiçar toda essa experiência maravilhosa que se chama vida se resguardando para algo que nem tens como ter total certeza que é real, isso é um problema seu, porém, você precisa aceitar e respeitar os outros. Principalmente você! —Digo antes que a Rose continue a gritar.

— Mas o Pai-Celeste diz que deveríamos matar pessoas assim, pois elas sujam as nossas terras e devem ser tratados que nem os ReaDeads, se não pior, que é por causa deles que temos tanto pecado no mundo. Eu achava que era muito liberal... —Tenta ela se defender.

— Se a sua religião necessita que você rejeito, humilho e mate alguém, que religião é essa? Que Deus é esse? Deus ser apara ser alguém bondoso e que ama a todos, sem preconceito algum —Fala Rose, mais calma.

— ...

— Repense isso e, por favor, pare de ir nesses cultos, eles não fazem bem para a cabeça, se quiser, procure outro que não deseje que você mate pessoas, de preferência —Digo.

— Vou tentar... — Responde Luna.

—--

— Duas vezes no mesmo dia, Tails? —Fala Scott.

— Tecnicamente, já são cinco e meia da manhã, logo, como passou da meia-noite, é o meu primeiro do dia —Scott arfa entre os dentes, eu acho, e sai de perto de mim.

— Você vai ficar bem Luna?

— Ainda pensando o caso do Barman lá...

— Você vai ficar bem.

— Eu sou tão feia assim, a minha pele é tão feia assim?

— Bem...

— Claro que não —Me interrompe uma Patrulheira negra, assim como a Luna— Ter a sua cor de pele não é nenhum problema e nenhum pecado, pecado são aqueles que te odeiam por algo que não controla, que é a melanina. Você deveria amar essa pele, esse cabelo e esse corpo incríveis que você possui. Nunca fique de cabeça baixa por causa disso, pois nós somos maravilhosas também!

Luna e a Patrulheira continuam conversando. Rose está discutindo com Scott e eu decido voltar para casa já que o dia está raiando e eu não dormi nada. Toco o meu bolso e vejo o cartão da biblioteca. Seja o que for, vou passar lá mais tarde. Talvez eu possa achar pistas de onde está a terceira e última espada para completar o meu trio.


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