O trem entra numa curva, ao invés de seguir em frente, como se fosse virar com tudo. Sou jogado para o vidro enquanto tentava alcançar Justin. Sinto uma dor na cabeça e vejo que ficou um galo da batida. Ainda meio zonzo da batida e da alta velocidade, consigo segurar a mão dele e vou até Paul

Ele está encolhido no banco, com medo, parece que seus olhos vão chorar a qualquer momento. Eu tenho que conseguir a ajuda dele:

— Paul! Temos que parar o trem!

— ...

— Você é surdo, garoto!? —Pergunta Justin— Você se tornou um Patrulheiro pra que? Pra ficar se exibindo na rua? Viramos Patrulheiros, pois queremos enfrentar os nossos medos e defender essa cidade! Então não me venha com covardia e drama num momento crítico desses, só porque você não consegue aturar a pressão!

— Justin, acho que você tá meio exaltado!

— Se não fizermos nada, todos nós vamos morrer, então acho que tenho esse direito! —Diz ele com uma cara de pavor no rosto.

— Devemos ir ao centro de controle e tentar puxar a alavanca de emergência. Todo trem tem um, impossível esse não possuir —Digo.

— Tudo bem, desculpe —Diz Paul com as mãos trêmulas.

— Desculpe também, eu tô um pouco apavorado no momento...

—--

Na sala de comando, vemos uma alavanca bem no centro, perto do espelho do motorista. Todos nós usamos o Sincronizador para nos transformarmos. Paul consegue erguer as suas manoplas, acredito que ele queira usar a força dele com as luvas para poder parar o trem.

Parece funcionar a princípio. Acho que vai dar bom e... O bastão da alavanca parte ao meio, com as manoplas segurando o pedaço quebrado. O que vamos fazer!? Seria esse o meu fim? Não pode ser assim:

— Tive uma ideia, Tails, use a sua espada para rachar o meio do bastão e tente usá-la como parte da alavanca para poder parar o trem! —Diz Justin

Crio a minha mais nova arma, unindo a Espada de Luz e a Longa. Paul e Justin parecem um pouco surpresos. Miro a espada bem no meio e fico tentando encravar ela. Consigo! Então tento forçar a espada para baixo, porém a alavanca não quer ir para baixo. Forço mais um pouco e a espada se desfaz em luz, ficando só o toco com a estrela, que é a bainha da minha nova arma. 

Justin tira a sua espada da escuridão do seu casaco preto. Ele encrava ela e tenta forçar assim como eu. Parece que ele está conseguindo e... Deu! Ele conseguiu! De repente um tremor faz o trem balançar e vejo pela janela os freios voando para trás do veículo. Não sei o que vamos fazer...

Justin abaixa a cabeça, pensativo. Vejo que ele teve alguma ideia ruim... Ele se vira para mim:

— Só tem um jeito, o trem se move a partir de energia colocada nele mesmo e eu uso poderes elétricos, logo, eu consigo usar o meu corpo como para-raio, trazendo toda eletricidade para mim. O problema é que eu posso sobrecarregar e acabar... Queimando o meu corpo de tanta energia... —ele parece sério agora, como se o medo tomasse conta dele.

Justin levanta a cabeça e fica com os olhos sérios. Ele pega a sua espada e crava no piso do trem:

— Não faça isso! Você pode morrer! —Eu grito.

— É melhor do que todos aqui morrerem! —Então ele começa a sugar a eletricidade do trem.

A energia parece atravessar as correntes sanguíneas dele, pois é possível ver uma luz amarela percorrendo todas as veias dele. A eletricidade começa a sair pelos olhos dele, fazendo com que ele tenha olhos com faíscas amarelas. Uma enorme onda de raios em volta dele é criada, fazendo um círculo. O trem começa a desacelerar, até que ele para por completo. Vejo que Justin parece muito sobrecarregado, como se tivesse uma bomba junto dele, que explodiria ali mesmo.

Ele olha para trás, com ose fosse me olhar, e quebra o vidro do trem. O ReaDead aparece no teto do trem e começa a cavar buracos com os seus braços em forma de clávulas. Justin aponta a sua arma para frente aos trilhos e consigo enxergar o outro trem vindo em direção ao nosso. Ele consegue sugar a energia do outro trem, fazendo com que ele comece a desacelerar. O monstro chega cada vez mais perto. Consigo abrir as minhas asas e tento ir até a direção do bicho, mas Justin apenas faz um sinal de pare com a mão, depois volta para sugar a energia.

O trem para quase encostando na espada de Justin e o bicho vem cada vez mais perto da gente. Justin pula para o teto do trem e eu sigo ele. Vejo que a energia está realmente sobrecarregando ele, ele usa o poder dele para criar um dragão com eletricidade, que fica se enroscando no trem inteiro, perseguindo o monstro que tenta escapar do poder elétrico de Justin. O dragão consegue morder o ReaDead, criando uma enorme explosão, então todo o corpo dele vai para aquele exato ponto que foi mordido. Um buraco enorme é feito no teto do trem onde foi mordido pelo dragão. O monstro tenta pular dos trilhos para poder escapar, então Justin cria uma esfera elétrica com todo o poder que ele reserva, ao mesmo tempo que grita de dor por tirar todo o fardo do seu corpo. A esfera parece ter o tamanho de um prédio de dois andares, em que a esfera se segura na ponta da espada dele.

Justin joga a tal esfera no monstro bem na hora que ele pula. O ataque acerta em cheio o bicho, criando uma explosão muito forte, saindo fumaça por todo o canto. Então consigo ver a luz mostrando que ele ficou Desformado.

—--

— Por que quando tem algum problema na cidade é você e o Paul que eu vejo, Tails? —Pergunta Scott com uma cara não muito animada— Sabe, eu tava bem no ato de terminar a minha papelada e ir pra casa... —Então ele cerra os olhos, com ose estivesse irritado em ter mais um caso para arquivar.

Decido não retrucar, mas foi eu que quase morreu ali, não ele, graças ao Justin é que estamos salvos. Por falar nele, o coitado tá recebendo assistência médica, ele vai precisar de repouso depois de usar essa quantidade exorbitante de poder. A Patrulha chegou assim que soube do problema na ferroviária. Paul parece melhor agora que as coisas se acalmaram:

— Desculpa pelo dia corrido, eu não queria fazer você ficar mal —Explica Paul.

— Eu também não, desculpa se fui um completo idiota de vez em quando. É que a minha cabeça ainda continua tudo muito confuso e... —Respondo.

— Tudo bem, eu não deveria ter sido um canalha sobre a questão de responsabilidade, você é que tinha razão, no final das contas.

— Me diz, que poder foi aquele no trem?

— É a união da Espada da Luz com a Longa.

— Já deu um nome?

— Não...

— Que tal "Medidium"?

— Não. Prefiro... —Penso um pouco e...— "Potentis"?

— Gostei, vai aderir?

— Claro que sim! —Crio um sorriso no rosto, é tão bom ficar de bom com alguém.

—--

Depois de ter ido no parque, voltamos para a Pensão. Quase de noite já e vemos a Rose sair do estabelecimento um tanto chateada. Tento cumprimentar ela, mas parece que ela não pode ouvir. Acabo entrando na Pensão, pois não posso fazer nada por ela agora.

Dentro do local, vejo pela janela uma pessoa parada, olhando para a direção em que Rose saiu daqui. A pessoa continua caminhando. Pego o braço do Paul e digo:

— Tá na hora de mais investigação!