Blue Door - Odd Wings Volume 1 escrita por Mega Leon


Capítulo 2
Capítulo 0 - O báculo




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Meu corpo... Inteiro... DÓI!

Não consigo entender direito o que está acontecendo ao meu redor. Meu corpo não me obedece. É horrível estar paralisado, sentindo tanta dor por todo o corpo, como se fosse um fogo, que queima e rasga todo o seu ser. Percebo então que está tudo escuro, não vejo nada ao meu redor e isso me aterroriza por completo, pois estou cego e paralítico aqui, sem ajuda, sem saber onde estou e nenhuma ideia do que está acontecendo.

A escuridão me cega com força, não consigo abrir os meus olhos... Mas sinto que estou sendo capaz de mexer os meus dedos das mãos. O fogo que me percorre parece finalmente achar um lugar e são os meus olhos. Meus olhos queimam como se fosse pegar fogo de verdade. Finalmente posso agir com o meu corpo, logo, fico em posição fetal com a dor e com as minhas mãos nos olhos, que parecem fechados ainda. Não sai nenhum som da minha garganta e minha boca não abre, fazendo com que minha dor se torne um grito sem melodia.

Então, o som saí de minha boca e garganta, um grito que quase me ensurdece. Com toda dor, começam a sair... Lágrimas! Lágrimas dos meus olhos! Elas me ajudam a abrir os olhos aos poucos, como se houvesse uma luz cegadora que não me permitia enxergar nada. Imediante sinto o chão molhado, pingos de água gelada atingem a minha pele, resfriando o calor no meu corpo, mas me arranhando com muita força, como se ela fosse uma lâmina em forma de água, gelando o meu corpo, com sede de sangue frio do inverno. Muito embora eu esteja assustado no momento, ainda não consigo ver nada por causa do quando de água que está caindo do céu, acredito que se chama chuva esse fenômeno natural.

Minha cabeça parece meio confusa, parece que não sei o nome que se dá a várias coisas ao meu redor. Com o tempo a chuva começa a cessar, mostrando um prédio antigo, que de imediato vejo a logo e está escrito "Mercado Público de Lacrimae". Uma moça estranha de preto se aproxima de mim:

— Garoto, você está perdido? —Ela me pergunta com os olhos um tanto enfeitiçados— Eu posso levá-lo parta um lugar seguro, cheio de comida e...

Então uma lança, que apenas possui lâmina grande de um lado do bastão, acerta ela na costela com a parte do cabo, jogando-a contra a parede do Mercado. Uma outra menina aparece, com duas "chiquinhas" lisas e um comprimento que vaia té os joelhos, formando uma pequena onda nas pontas do cabelo, além de ter uma franja entre as duas presas de cabelo. A garota segura a sua lança com a mão, gira ela, se agacha, centraliza a lança para o chão e acerta o chão com bastante força. O poder da lança cria uma onda rosa choque que vai até a outra menina com muita pressão e força. A onda acerte em cheio a menina e cria uma pequena explosão de terra, granito e cimento. A garota das chiquinhas se movimenta como se estivesse dançando com elegância, enquanto os seus cabelos esvoaçam pela noite estrelada daqui:

— Com a minha Alabarda, eu irei acabar com isso aqui! —Então ela balança a lâmina, levanta  sua arma para cima e bate no pulso, em que possui um bracelete metálico.

O som começa a me fazer ir pro chão, assim como a outra menina, porém, a garota da lança, digo, Alabarda, não está sentindo o mínimo de som estrondoso da sua arma. Então ela pula até a menina e a lâmina vira um triângulo rosa choque que fica se mexendo como se fosse algo líquido, então, a garota das chiquinhas faz um corte de cima da esquerda para baixo da direita dela. O líquido contínua ali, como uma lâmina de gancho, fazendo um estrondo, enquanto uma luz começa a sair da menina e sua verdadeira forma aparece. Ela é um humanoide com asas de morcego na cabeça e na cintura. Sua forma some e ela vira dois arcos de luz com algo dentro de uma bolha de luz, rodeada pelos dois arcos:

— Você precisa de ajuda? —Me pergunta a garota da Alabarda— Perguntei se precisa de ajuda!

— Por que? —Ela olha para mim de cima a baixo, acabo olhando também e vejo que minhas roupas estão todas rasgadas, só estou com uma calça preta rasgada, uma camiseta azul escura furada e um tênis de futebol surrado— Ah, sim... —Fiquei com vergonha de mim mesmo agora.

—Qual o seu nome, rapaz?

— Meu... Nome?

— Sim, foi isso que perguntei —Diz ela com uma cara irritada.

Não pensei sobre o meu nome, quem eu sou!? Eu... Uma luz aparece clara em minha cabeça:

— Meu nome é Tails, Tails Ratio!

— Ótimo, é um bom começo. Me chamo Rose, Rose Euismod. Não precisa sentir medo, faço parte da Patrulha Real, ou seja, eu sou algo parecido com uma guarda especial que enfrenta seres como esse que você viu hoje.

— E que seres seriam esses? —Rose faz uma cara estranha.

— Tava só zuando você, mas parece que não tens ideia mesmo de onde está, não? —Ela parece preocupada— O quê aquela ReaDead fez com você?

— O quê seria um "ReaDead"?

— Como assim você não sabe o que é um ReaDead!? —Nego com a minha cabeça— Aí, Deuses, olha... Tails, ReaDead são seres perigosos com poderes malignos e mágicos, então usamos poderes mágicos também para combatê-los. Eles são responsáveis por vários problemas no nosso planeta, por isso devemos puni-los sem piedade —Ela faz um sorriso singelo, enquanto mostra o músculo do seu braço que, até então, parecia um pouco magro minutos atrás.

— Então, o que faremos? —Pergunto sem entender nada.

— Irei te levar pra um conhecido meu, ele tem uma pensão e uma loja de relógios, você vai curtir.

—--

Enquanto caminhamos, percebo que esta cidade não se parece com nada familiar meu, sei lá, é tudo tão estranho, a calçada é feita de peças em preto e branco, como se fossem pixels e as lojas, apartamentos, tem uma estética antiga e moderna ao mesmo tempo, com uma cor bem destacada, quase como se fosse neon, entretanto, ainda assim, possuí uma estética bem parecida com o final do século XIX.

Rose me leva até uma rua que possui uma calçada desenhada em ondas azuis e vermelhas. Segundo ela, é sobre a história da grande Guerra, no qual os ReaDead evoluíram muito rápido, principalmente com a radiação que o Governo estava investindo na época, que era glorificado por toda a nação, no final, metade da população humana morreu e os ReaDead se tornaram maioria, por isso, o Governo fez a estratégia de realocar todos os monstros num espaço só e jogar uma bomba naquele lugar, o planeta Terra quase saiu da sua órbita e deixou um buraco lotado de radiação negativa, que faz mal aos monstros, entretanto, foi por aí que souberam como enfrentar "fogo com fogo". Desde então, os Patrulheiros Reais foram feitos para proteger a humanidade desse bichos

Chegamos perto do que parece ser mesmo uma relojoaria e em cima tem um casal discutindo num dos quartos. Rose toca a campainha duas vezes até ser atendida. Um senhor aparece pela fresta da porta:

— Qual o motivo agora? Vai deixar outro aleijado comigo? —Disse o homem em tom de fúria, abaixei a cabeça com vergonha— Vamos, o gato comeu a sua língua, menina?

— Não, é que eu preciso que arranje um quarto pro meu amigo Tails —Falou ela com constrangimento— Olha, desculpe se eu venho lhe pedir ajuda, mas você sabe a divida que tem comigo!

— Não ouse falar disso na frente de mendigos!

Então os dois entram no estabelecimento, não consigo ouvir nada com clareza, todavia, parece que ele discuti bastante com ela. Enquanto isso eu olho os meus bolsos para tentar achar alguma coisa e encontro uma chave em amarelo dourado com a ponta em forma anelar, portando uma estrela em seu centro e asas de anjo na ponta externa do círculo. Não sei o que é ou de onde vem, mas me parece muito interessante. Rose saí de supetão do lugar:

— Ele concordou que você fique, agora vá para o seu quarto, daqui a pouco trago roupas novas. As lojas aqui costumam fechar só daqui duas horas, dá tempo suficiente.

— Não precisa fazer tudo isso se não puder, não quero trazer incomodações —Acho que estou sendo muito abusado para com ela.

— Tudo bem, é o meu trabalho de qualquer jeito, queremos extinguir os números de mendigos desse país os tirando das ruas, sem contar que todos merecem um recomeço, todos que são humanos, obviamente.

— Mas será que até os ReaDead não merecem uma nova chance também? — Parece que fiz uma pergunta indecente.

— Não, depois de tudo de ruim que fizeram na história, eles não merecem o mínimo de perdão —Ela está um tanto abalada.

— Desculpe, não quis ser rude, nem dada —Abaixo a minha cabeça, com vergonha.

—Tudo bem, agora vamos que já está tarde, te vejo daqui a pouco.

—--

No quarto eu tento ver mais sobre a chave. Me deito na cama e fico vislumbrando-a sob a luz, o que poderia ser isso? Jogo ela para cima e fico pegando ela para assim poder me distrair dos pensamentos.

Quem sou eu? Qual o meu propósito? De onde eu venho? Não lembro de nenhum detalhe, apenas de inúmeras perseguições embaralhadas, quando tento lembrar de algo, só me vejo correndo de algo, ou alguém...

Quem diabos sou eu, caramba!?

Com a minha excitação, a chave parece me responder e cria um báculo de mesmo formato, só que muito maior e comprido, em que, a parte serrilhada da chave, que serve para abrir portas, está bem menor, mostrando mais o bastão dele. Fico analisando o artefato, a princípio, poderia ser uma arma, mas duvido um pouco que seja. O proprietário escancara a minha porta com tanta força que o báculo se desfaz e volta a ser uma chave:

— O que diabos você fazendo, moleque? —Não sei o motivo, mas estou vermelho de vergonha.

— Nada...

— Ótimo, a sua amiguinha trouxe as suas roupas, além disso, na hora do jantar, toma um banho e se arruma pra comer, se você se atrasar, vai ficar sem comida, fedelho.

Ele sai batendo a porta. Eu não entendo o por quê de tudo isto estar acontecendo comigo, contudo, eu quero muito descobrir e, mesmo que ninguém me apoie, eu irei até o fundo disso. Eu vou conhecer o meu passado obscuro, custe o que custar!


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