Blue Door - Odd Wings Volume 1 escrita por Mega Leon


Capítulo 1
Prólogo - Ser desintegrado é doloroso




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Continuo correndo da criatura que me persegue. Aquele homem azul e sem rosto, com algo que parece ser estrelas por todo o corpo, não apresenta quaisquer sinais de pele ou carne nele. Ele simplesmente apareceu e distorceu tudo ao meu redor, enquanto o medo corrói minha alma cada vez mais a cada segundo em que eu corro.

Meus pulmões arfam de dor e parecem estarem queimando em brasas. Já não sinto mais minhas pernas direito do tanto que corro. Entro em um beco escuro, mas não vejo nada além da porta de saída no fundo. Consigo chegar a porta, e coloco minha mão na maçaneta, o cara azulado parece não estar me seguindo mais. Consigo tomar um leve fôlego, muito embora seja inútil contra os meus pulmões ardendo em fogo. Giro a maçaneta, que, aparentemente está aberta. Sinto uma leve felicidade em meu corpo, abro a porta. E de frente ao meu ser, está ele, com uma aura autoritária e nervosa. Ele simplesmente mostra a palma de sua mão e me sinto desaparecer do mundo.

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Acordo rapidamente com leves dores no meu pulmão. Minha avó está com uma cara meio assustada e percebo que eu estava tendo um pesadelo, entretanto, não sinto ser pesadelos, é como se alguém quisesse me alertar de algo mostrando a realidade de outras pessoas naquele mesmo instante, só que o meu rosto, e corpo, estão inseridos no que seriam as "vitimas". Minha avó me dá um beijo na testa e deixa a bandeja do café na minha cama. Desde que esses sonhos surgiram, comecei a sentir leves dores onde as "vitimas" foram machucadas. Já faz duas semanas que não vou às aulas por culpa dessas dores, porém, hoje eu volto a estudar, finalmente. Meus amigos pediram pra trocar de Colégio durante esse tempo, então eu vou passar o meu dia sozinho hoje, pelo menos, nos horários de aula.

Aqui nessa cidade há pequenos morros, onde pessoas vivem neles, eles vão ficando cada vez mais baixinhos até chegar na praia, que fica uns dois morros da minha casa. A praia consiste em quase um quilômetro de água bem rasa, então, de vez em quando, aparece algum turista ou alguém tirando fotos de casamento aqui, já que dá pra ver o seu reflexo na água e tal. Eu amo isso nesta cidade, é muito lindo poder acordar e ver a praia da janela ao acordar. Eu e meus amigos costumamos nos encontrar lá pra nós divertir e jogar conversa fora, onde é a melhor parte do meu dia.

Acordo, faço a higiene, tomo o meu chá com sanduíche e vou pra praia encontrar os meus amigos. Como minhas aulas são de tarde, posso aproveitar toda a manhã com eles.
   —Você tem certeza que não quer ser um Guardião? Além de você ter um Médio bem mais formado, ainda irá receber por trabalhar nesse emprego! —disse Alyssa com um leve sorriso no rosto, todo dia ela tenta me convencer a me juntar aos Guardiões.
   —Alyssa, os ReaDead  já foram erradicados desse mundo inteiro. Nenhum Guardião tem poder suficiente de enfrentar qualquer outra ameaça. Sem contar que você fica patrulhando a cidade sem fazer absolutamente nada —falo um tanto cansado, enquanto chuto uma concha na areia, fazendo o coitado do caranguejo, que está junto da concha, sair correndo com medo.
   —Lá vêm você com essas histórias. Você não cansa de ser estraga prazeres, Tom? —disse Marcos com cara de deboche.
   —O problema não é esse, o fato é que não há motivo pra tudo isso, os Readead estão exterminados, é isso —falo com uma tonalidade indiferente, mas vejo a cara de discórdia dos meus amigos.

Os ReaDead são seres, segundo a Escola, de culto das trevas, eles surgem dos pensamentos ruins da humanidade, porém, tudo se devia ao fato de uma espécie de "Casulo-Deus-Mãe" que eles possuíam, ao qual gerava um monstro novo pra cada pensamento ou aura negativa existente no mundo. Depois de uma Guerra lá, os ReaDead foram extintos do Planeta e o Casulo foi explodido no Espaço. Depois de um tempo, um meteoro caiu na Terra, trazendo novos monstros da mesma raça, fazendo com quê sobrassem só doze integrantes dos Guardiões, que, ao erradicarem de vez esses demônios, eles refundaram os Guardiões no mundo, levando o papinho de quê se um meteorito caiu, outros poderiam vir.

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Já no Colégio, tenho aulas normais, exceto uma, "Treinamento Anti-Demônio", que consiste em dar dicas de como reagir aos ReaDead. Muito embora eu ache essa aula extremamente chata, é legal aprender um pouco de defesa pessoal, pelo menos os "valentões da Escola" não se garantem comigo. Esse treinamento se deve ao fato das inúmeras mortes por culpa da ingenuidade das pessoas para com os monstros, já que eles podem controlar a mente das pessoas, criar acontecimentos ou acidentes e, até mesmo, transformar pessoas em outros ReaDeads, mas tudo isso depende da Classe de cada um. Algum são monstros, outros são bruxas, entretanto, todos são considerados demônios, exceto os mais fortes, já que eles não possuem uma Classe certa, sendo somente Demônios. Nas aulas também entendemos como funciona a presença e uma aura de um demônio e, na verdade, é bem simples depois que você pega o jeito. Eles usam realidade aumentada pra nos ensinar tudo isso, muito embora todos já manjem do jogo depois da terceira vez.

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Já em casa, tiro a mochila das minhas costas, coloco em cima do sofá, tomo meu café e vou direto pra praia. Lá, meus amigos me esperam com sorrisos no rosto.
   —Queremos celebrar algo muito bom hoje! -diz Marcos com uma grande empolgação.
   —Mas isso é surpresa que vamos deixar pra mais tarde. —disse Alyssa com brilho nos olhos— Enquanto isso, vai se arrumando e nos encontra na Lancheria aqui do Bairro às nove da noite.

Já na Lancheria, eu peço um X-Salada, Alyssa pede um Bauru de Coraçãozinho e o Marcos pede um Cachorro Quente Especial da casa. Começamos a conversar do nosso dia, então todos nós vimos que não temos dinheiro para um refrigerante, logo, como a minha casa fica mais perto da Lancheria, me prontifiquei a ir de imediato na minha casa pegar dinheiro.

Depois de demorar pra achar a minha carteira, percebo que minha avó não está em casa e, ao sair dela, sinto um arrepio assustador. Chego na Lancheria e vejo que não há ninguém, nem mesmo os cozinheiros. A chapa ainda quente, borbulhando, é o único som que dá para se escutar. Me viro para a entrada assim que sinto uma presença, mas não é de um humano ou de um ReaDead, é uma presença muito mais pesada, como se fosse a morte, só que vestida de azul, sem rosto, com algo que parece estrelas pelo corpo todo e com uma chave na mão, a chave tem uma estrela na parte que pegamos para girá-la ao abrir algum cadeado ou porta, sei lá.

O homem de azul me mostra a palma de sua mão com a chave em destaque, onde a mesma se encontra flutuando no ar. Sinto alguns pedaços de mim se esvaindo pelos meus dedos e vejo que ele está me desintegrando aos poucos. O pavor toma conta de mim. Se ele não é um ReaDead, como vou enfrentá-lo?

De repente, sinto um tremor no chão e o homem sem rosto caí no chão, deixando cair a chave. Saio correndo da Lancheria e roubo a chave caída. Sinto alguém me pegar pelo braço e vejo que é Alyssa num traje de Garçonete todo verde, segurando uma espécie de Marreta bem grande, de mesma cor. Ela me puxa para correr com ela e eu a sigo.
   —Eu estava esperando os Lanches chegarem para eu te contar a novidade, fui aceita no programa de Guardiões, agora sou oficialmente uma Guardiã! —diz ela gentilmente com o seu rosto iluminado de orgulho, fazendo com que eu me sinta mais confortável com a situação— Ein, Tom, quem sabe, depois que a gente resolver tudo isso, não podemos ser nós três, Guardiões? Imagina que máximo que iria ser!
   —Como assim nós três? —digo com uma leve curiosidade.
   —Hora, o Marcos também passou nos testes, ele é mais forte do que eu e está esperando o cara azulão numa emboscada. Ele apareceu pra nós assim que você saiu, onde conseguimos fugir assim que sentimos a presença dele, mas parece que ele não ligou muito para nós —seus olhos iluminados sempre me passam segurança, acho que tudo pode ser resolvido sim e, depois, podemos ser nós três, os Guardiões mais fortes de todos!

O cara de azul aparece na nossa frente e ergue a palma da mão na nossa frente de novo, como um "sinal de pare", ou algo do tipo, todavia, Marcos aparece com garras bem grotescas no lugar de suas mãos, fazendo um corte de baixo pra cima e, logo após, um corte da direita para a esquerda. O ser esquisito parece desestabilizado, como se fosse um holograma perdendo o contato. Alyssa acerta ele com a sua Marreta e ele voa para uma parada de ônibus, que desmorona em cima do ser.

Corremos até o Centro da cidade. Lá, Marcos e Alyssa me acompanham até chegarmos no coração da cidade, um lugar que é quase como um Shopping a céu aberto. Marcos, vestindo uma espécie de roupa de motoqueiro, vai pra cima de algo que não visualizo muito bem. Chego mais perto  vejo o homem azul retirando uma barra de ferro de mesma cor da palma da mão dele e a cravando no tórax de Marcos. A transformação de Marcos se desfaz, mas o bastão continua lá, então o bastão brilha e dá um choque nele, fazendo-o cair no chão.
   —Nós não temos escolha agora, tome! —ela me dá um Sincronizador, que é uma espécie de um mini-bastão retangular com uma joia em forma de círculo na ponta de cima, eles ervem para transformar uma pessoa em Guardião— Você vai ter que usar isso, Tom. Boa sorte.

Ela vai pra frente de mim, encarando o homem azul e segurando bem firme a sua Marreta Gigante. Eu pressiono o botão oval que tem no Sincronizador e me vejo transformar num traje de jogador de futebol, em cores azul e preto. Ganho uma luva de metal na minha mão esquerda, então, a chave saí do meu bolso e levita no ar, aumentando de tamanho até se transformar num báculo. Pego o báculo com a minha luva de metal e tento arriscar um golpe. Mesmo o Sincronizador que a Alyssa me deu seja pra defesa do cidadão, ou seja, ela serve apenas pra quem não é oficialmente um Guardião a ter alguma defesa, ainda é bem complicado tentar formar um ataque.

O homem de azul surge pelas minhas costas e a Alyssa se toca na hora. Vai pra frente dele, enquanto ela me empurra para trás, onde quase caio no chão, mas o meu ataque ainda continua carregando. O cara misterioso ergue a palma da mão dele e distorce o rosto dela, fazendo a transformação se desfazer também, deixando claro que ela morreu.

Consigo fazer uma esfera de luz com o báculo e jogo com toda a minha força pra cima dele. Sobrando só nós dois naquele lugar totalmente vazio. O ataque acerta em cheio, causando um tremendo estrondo no lugar e rachando o chão do lugar. O ser parece muito desestabilizado, mas também se recompõe muito rápido. Ele agora de um azul mais claro, parece quase da cor preta, como tinta azul de caneta, no entanto, a aura dele ficou muito mais pesada. Dá pra sentir a morte e o medo em cima de mim!

Ele ergue a palma da mão e, facilmente, me tira o báculo, então ele aponta a parte da estrela pra mim e começo a me desintegrar... Será esse o meu castigo por querer continuar aqui? Será que é isso que deveria ser a minha vida!? Não sei, mas sei que ser desintegrado é doloroso, talvez, como a própria morte.


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