Em um piscar de olhos estávamos de volta a cena do banquete. Gakupo me servia uma taça de vinho. Mas aquilo não fazia sentido… eu o tinha matado minutos atrás. Como ele podia estar ali de pé, com um sorriso no rosto, me servindo vinho?! Mas pensando bem, nada naquela noite insana fazia sentido.

— Algo errado, querida? — Meiko perguntou gentilmente, sentada ao meu lado. Certamente havia muita coisa de errado naquela noite interminável, mas achei melhor não dizer isso a ela.
— Não é nada — menti — Acho que só estou um pouco cansada.
— Talvez você não esteja acostumada a beber tanto vinho — Kaito ponderou — Que tal descansar um pouco? Temos um quarto desocupado, você pode usar se quiser.

É aqui. Essa era a cena que Meiko havia dito que eu tinha errado. E por eu ter cometido um pequeno erro, eles tiveram um "Bad End" e eu fui arrastada junto com eles.

Mas… será que aquilo tinha acontecido mesmo? Tudo aquilo parecia tão surreal… talvez fosse efeito do vinho e eu estivesse apenas imaginando coisas. Por que decidiram usar vinho de verdade na peça afinal?

Olhei de soslaio para os gêmeos, que cantavam uma canção desafinada enquanto dançavam de forma desengonçada, embora parecessem muito felizes. Eles não paravam de rodopiar desajeitadamente no meio do palco, mas pude perceber quando Len olhou para o relógio por uma fração de segundo, enquanto Rin olhava para um canto da parede, onde deveria estar apenas a última fileira da plateia. Segui o olhar dela e percebi que havia uma porta lá que eu não me lembrava de fazer parte do cenário.

— Tem razão. Acho que vou descansar um pouco, obrigada — respondi, lançando um rápido olhar para o relógio. Os ponteiros ainda estavam se movendo, isso era um bom sinal. Mas eu não podia me dar ao luxo de tirar sequer um cochilo dessa vez.

Agora sim eu sabia o que deveria fazer. Precisava encontrar a última página do script e terminar com aquela peça maluca de uma vez por todas, não apenas para que eu pudesse sair dali, mas também para salvar todos os outros. Eu era a protagonista da história afinal, então nada mais justo do que salvar a todos, não é?

Segui na direção que deveria levar ao quarto de hóspedes e dei a volta por trás do cenário, seguindo a direção que levaria até a porta misteriosa que não deveria estar ali. Encontrei uma escadaria estreita que levava até uma espécie de porão. Levei as mãos à boca horrorizada ao ver que dentro dele haviam vários caixões. Caminhei a passos hesitantes na direção do mais próximo e me ajoelhei devagar diante dele. Respirei fundo, tentando reunir coragem para abrir a tampa e arregalei os olhos ao ver seu conteúdo.