Genderswap escrita por Ero Hime


Capítulo 9
A reunião


Notas iniciais do capítulo

DEPOIS DE UM BLOQUEIO TERRÍVEL E UMA PREGUIÇA DO CÃO, EU RETORNO
Penúltimo capítulo!!! Fico muito feliz que estejam gostando, espero que curtam a reta final! Obrigada por todos os comentários (que eu vergonhosamente vou responder aos poucos por falta de tempo) ♥
Sem mais delongas, aproveitem! ♥



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Capítulo IX–

 

Eu sinto suas dores.

 

Naruto não se atrasou naquela manhã – bem porque não tinha dormido. Passou a madrugada toda acordado, pensando na reunião que aconteceria em poucas horas. Era o motivo pelo qual ele e Hinata tinham concordado em manter aquela loucura, acima de tudo, e, sendo sincero, ele mal via a hora de pedirem ajuda e desfazerem a troca – ele precisava sentir seu corpo de novo, estava perigosamente perto de se acostumar a ter peitos.

Se olhou no pequeno espelho emoldurado, rezando para que Hinata não se importasse com as pequenas olheiras que se instauraram em sua pele branquíssima. Suspirou, cansado e frustrado – não ter dormido foi uma péssima ideia –.

Arrastou-se pelo corredor até a área dos banhos. Lavar o rosto ajudaria com a concentração. Apostava que Hiashi e os outros já estavam arrumados há muito tempo, planejando meticulosamente como se comportariam na frente dos líderes feudais. Um acordo de paz e de aliança beneficiaria Konoha com suprimentos e rotas alternativas para outros países. Era vital que fosse convincente o bastante para convencer que o clã Hyuuga era confiável.

Encontrou Hanabi nas termas, e a irmã – bem, a irmã de Hinata, não sua – fez sua habitual cara de surpresa quando se cruzaram.

— Onee, você está péssima. – Naruto resmungou, ignorando-a.

— Obrigada por me avisar. – não sabia se Hinata tinha crises de mau humor quando acordava. Provavelmente não – Vou precisar da sua ajuda para me trocar depois. Aquele monte de panos é impossível de enrolar. – continuou com a enxurrada de reclamações.

— Mas nós usamos yukatas desde pequenas. – a menor pontuou. Naruto engoliu em seco, se xingando mentalmente.

— Pois é, mas esse eu não alcanço para, hm, amarrar atrás. – Hanabi não pareceu engolir a desculpa, mas não comentou mais nada.

— Vai precisar da minha ajuda para bem mais que isso. – provocou. O garoto rolou os olhos, despindo-se com os olhos fechados e entrando rapidamente na água.

Ao menos o banho ajudou a relaxá-lo. Depois de quatro dias – quatro longos dias –, era quase um milagre que não estivesse estragado tudo com sua boca grande. Os deslizes de pronome foram os maiores de seus problemas, e nem mesmo Hiashi conseguiu tirá-lo do sério. Podia dizer, com orgulho, que tinha lidado bem com a situação. Ainda sentia falta do seu corpo, do seu chakra, e – quem diria – até mesmo da Kyuubi. Além dos membros menores – quase todos eram menores –, as sensações eram diferentes. Corava com facilidade, seu coração acelerava, tinha sempre a impressão de ver tudo mais nítido que o usual. Era enlouquecedor.

Suspirou, relaxado. Passou os dedos pela pele macia. Hinata sempre fora bonita para ele, mas, estando em seu corpo, ele percebia as nuances. Ela era extraordinária.

Seus pensamentos foram interrompidos por algo inusual. Abriu os olhos, assustado. Hanabi estava preparando suas roupas, alheia. Naruto sentiu uma fisgada. Fez uma careta, os olhos arregalando. Outra fisgada, mais dolorosa. O que estava acontecendo? Suas mãos foram para o abdômen, que contraía dolorosamente. Seu primeiro raciocínio é que tinha sido envenenado; ou sofrido um ataque invisível direto na barriga.

— Hanabi, socorro! – chamou. A mais nova se virou, preocupada. Correu para a borda do ofurô – Procura um ninja médico, acho que fui ferido- ferida! Acho que fui ferida! – gritou. Hanabi se inclinou, com as sobrancelhas unidas e o rosto desesperado.

— Onee, o que foi? O que está acontecendo?

— Minha barriga! Está dando pontadas horríveis! – fez uma careta quando repuxou mais uma vez. Pressionou os dedos sobre ela, ofegando.

— Ahn? Onee, isso é sério? – Hanabi se levantou subitamente, desfazendo o rosto preocupado por um descrente – Você nunca foi do tipo dramático.

— O que? – perguntou, inconformado. A dor, que viera de repente, deixava suas pernas moles, mesmo na água quente.

— E você nunca esquece das suas regras também. – rolou os olhos, se afastando de volta para suas roupas. Naruto, nesse ponto, já estava fitando-a mais confuso do que nunca. Regras? Que diabos? – Não se preocupe, nós temos uma poção de ervas contra cólicas, vou pedir para pegarem para você. – saiu do banheiro, deixando o garoto sozinho, como se ele não estivesse sofrendo a pior dor de todas.

— Kami, isso são cólicas? – brandou, sozinho. Arfou, agora irritado. Já tinha levado jutsus, socos, kunais, chakra concentrado, basicamente todos os tipos de ataques que existiam no mundo ninja. Contudo, aquela era diferente de qualquer coisa. Vinha de dentro para fora, deixava seus tendões imobilizados, pareciam se embrenhar em seus músculos e ossos, impossibilitando qualquer movimento. Ele sequer podia ver da onde vinha.

Choramingou, afundando na água. Amaldiçoou que ou quem tivesse feito aquilo com eles – não sabia que precisaria enfrentar danos físicos, oras. Ele tinha acordado bem, o que era aquilo? Aquela dor horrível que surgia do nada? Ele preferia ter sido acertado por um rasengan bem no estômago.

Hanabi voltou, reclamando de algo sobre “drama” e “fracote”. Entregou um frasco sem cheiro, e Naruto engoliu sem pestanejar – qualquer coisa para aplacar aquilo. Foi obrigado pela garota menor a sair do banho para se secar, ou não daria tempo de se vestir. Com as pernas fracas, apoiou-se no banco de madeira, colocando as roupas de baixo.

— Ninguém me disse que eu ia passar por isso. – bufou sozinho. Hanabi, que estava perto, rolou os olhos.

— Você passa por isso todo mês e ainda não se acostumou?

Todo mês? — repetiu, incrédulo. Em seguida, soltou um lamuriar – Hinata, me desculpa. Você é uma heroína. – choramingou baixo. Tentou respirar fundo, sentindo mais repuxões. A poção pareceu estar fazendo efeito, porque ele conseguiu se por de pé sem gemer de dor.

Naruto não conseguia entender como aquilo surgia do nada, e sumia do nada. Ao menos, conseguiu voltar para o quarto sozinho – ele estava pensando seriamente em pedir para que os empregados o carregassem nos ombros –. O nervosismo voltou. Enquanto secava o cabelo – que era grande demais –, esperou Hanabi voltar com algumas caixas empilhadas nos braços – o que descobriu, posteriormente, ser maquiagem, e ele não ficou nem um pouco feliz com isso.

— Precisa mesmo de tudo isso? – perguntou novamente, ao se esquivar do quarto pincel que ela molhava e pintava em seu rosto. Não queria nem ver como estava ficando.

— Se você tivesse dormido certo para não criar essas olheiras terríveis, talvez. – retrucou, irritada. Naruto se calou, com medo. Por que todas as mulheres do clã Hyuuga eram tão assustadoras quando queriam?

Quando terminou, a garota o fez ficar de pé, seminu, para vestir o quimono. Como uma nova prova de fogo, ele ficou absurdamente parado, os olhos cerrados, não importava o que acontecesse. Quando o tecido escorreu por seu corpo, cobrindo cada milímetro perigosamente exposto de pele, Naruto só faltou suspirar alto, aliviado. Ergueu os braços e deixou que Hanabi amarrasse as tiras de uma maneira que ele nunca conseguiria.

Pareceram décadas até que estivesse tudo no lugar, mas foram apenas alguns minutos. Hanabi prendeu seu cabelo no alto, deixando o rosto a mostra.

— Acho que acabei. – sua voz estava satisfeita. Naruto abriu os olhos, piscando algumas vezes contra a luz, e se virou lentamente para olhar no espelho.

Uau.

Não havia palavras para descrever. O reflexo imitou sua boca entreaberta, e os cílios grandes e pesados também piscaram. Seu rosto não tinha um centímetro de imperfeição – não que tivesse antes –. As bochechas estavam artificialmente coradas, os lábios delineados e os olhos marcados. As duas pérolas brilharam de excitação. Naruto se sentiu estranho vestindo aquele corpo, porque ele queria que Hinata pudesse ver como estava magnífica.

Sakura tinha razão – o yukata combinou perfeitamente. Como um copo de leite invertido, a pele alva se destacava com os detalhes em dourado. Respirou fundo. Se não conseguisse convencê-los com seu discurso, talvez conseguisse pela aparência.

— Me espera aqui, eu vou me trocar e já descemos. – Hanabi pediu, saindo do cômodo. Naruto ficou na mesma posição, dentro do armário, respirando fundo e torcendo para aquelas dores terríveis não voltarem de repente, de novo.

A manhã avançou, e a menor voltou, também vestida com um yukata. O cabelo estava meio desgrenhado, e Naruto se lembrou de Hiashi comentando ocasionalmente que Hanabi não poderia ir – não que algo ou alguém pudesse parar aquela garota. No fundo, ele estava feliz por não ter que fazer isso sozinho. Saíram do cômodo juntas, descendo pelo corredor. Hiashi, imponente, esperava por elas, com o rosto sério e os ombros para trás.

— Estamos atrasados. – eles não estavam. Naruto reprimiu uma careta.

A comitiva atravessou o jardim, rumo a calçada. Iriam a pé. Não era longe, mas Naruto desconfiava que o patriarca estivesse buscando por uma boa impressão. Quando saíram pelos portões principais, o Uzumaki parou, surpreso.

Hinata o esperava. Naruto nunca tinha visto seus cabelos tão penteados, ou aquela roupa – provavelmente ela tinha comprado para ele. Era uma versão mais elegante das suas próprias vestes, em tons laranjas e pretos. Ponderou ser uma roupa feita sob medida. Engoliu em seco. Claro que ela conseguiria fazer tudo sozinha.

— Naruto. – Hiashi assentiu minimamente com a cabeça. Hinata retribuiu com uma reverência respeitosa.

— Senhor Hyuuga. – retribuiu – Hanabi. – Naruto notou uma falha em sua voz, que ninguém mais notou – Hinata. – seus olhos fixaram-se nos dele, e ambos sorriram – Se me permitirem, gostaria de acompanhá-los até a reunião.

— Hm. – Hiashi pareceu pensar, e Naruto interveio.

— Senhor, com todo o respeito, acredito que seja bom Naruto ir conosco, afinal, nós dois vamos falar na assembleia. – nem acreditou que conseguiu soar como a verdadeira Hinata. Por fim, Hiashi deu de ombros, voltando para frente com Hanabi e alguns empregados que iam junto dele. Naruto ficou alguns metros para trás, junto de Hinata. Andavam lado a lado, discretos.

— Que bom que deu tudo certo. – Hinata se inclinou, falando baixo.

— Eu nem consigo acreditar! – Naruto retribuiu, no mesmo tom – Quer dizer, eu nunca conseguiria me vestir assim sozinho. – apontou para si mesmo, e ela riu. O garoto percebeu que fazia tempo que não ouvia a própria risada.

— Vai dar tudo certo. – ele também sentiu muita falta da tranquilidade que Hinata passava. Não era a voz, era o que ela dizia.

Continuaram andando. A rua estava parcialmente movimentada, e Hiashi mantinha uma boa distância. Um conseguia sentir a tensão do outro, e tentavam se acalmar mutuamente. Aquele era o grande dia, tudo que estavam esperando.

Passaram por um grupo de ninjas, usando bandanas e uniforme. Naruto não os conhecia de rosto, mas percebeu que o encaravam. Se perguntou se tinha algo fora do lugar, ou a maquiagem estava borrada. Se aproximaram, ainda encarando-o, e, quando cruzaram, o Uzumaki escutou assovios. Parou, incrédulo.

Se virou, e os ninjas davam risinhos, apontando para ele. Espera, estavam cantando ele?

— Qual foi? – gritou, a voz fina um tanto estridente – Qual foi, estão querendo briga? É isso? Perderam alguma coisa aqui? – avançou, sem se importar com o quimono arrastando. Os ninjas, assustados, se viraram e andaram mais rápido, enquanto Naruto investia contra eles, irritado.

— Naruto! Naruto, calma! – Hinata o puxou pelo braço, e, sendo mais forte, conseguiu contê-lo. Entrelaçou seus cotovelos.

— Calma? – repetiu, cético. Ficava ainda pior com a voz aguda – Aqueles idiotas assoviaram para mim! Para você! – a irritação tomou conta dele, e estava tentado a ir atrás dele e nocauteá-los. Hinata revirou os olhos, como se achasse graça.

— Não liga para isso, vamos. – arrastou-o, e Naruto a seguiu, mesmo a contragosto, igual a uma criança emburrada.

— Primeiro as cólicas, depois sendo cantado na rua. Ninguém disse que ia ser assim. – resmungou, mais para si mesmo, mas Hinata ficou chocada.

— Cólicas? Ah, me desculpe! Eu esqueci totalmente de te falar sobre isso! – gesticulou, corando – Sério, me desculpe. Não era para, sabe, acontecer essa semana. – Naruto também enrubesceu, envergonhado.

— Está tudo bem! – adiantou-se, quebrando o clima tenso – A Hanabi me ajudou bastante. – tranquilizou-a, segurando sua mão. Elas se encaixavam muito bem. Hinata respirou fundo, apertando a manga do casaco.

— Ela é ótima mesmo. – falhou – Sinto falta dela. – confidenciou. Naruto baixou os olhos, apertando seus dedos mais firmemente.

— Eu sei. Nós vamos resolver isso logo, eu te prometo. – ele não quebraria aquela promessa.

O prédio da hokage estava se aproximando. Hiashi e os que o acompanhavam diminuíram o passo, e pareceu que o homem dava instruções. Por fim, entraram juntos pela porta principal, subindo o lance de escadas circular que dava acessa à sala principal, onde as reuniões aconteciam. Naruto sentiu um formigamento, e não soube identificar dor de ansiedade. Hinata, ao seu lado, tentava manter a pose despreocupada que ele sempre teve, mas ele conseguia perceber o quanto estava nervosa.

Entraram sem bater, recepcionados por Shizune. Naruto e Hinata respiraram fundo. A sala estava cheia. Homens vestindo ternos e roupas formais, com poses desconfiadas. A maioria era de meia idade, com cabelos e barbas longas, esbranquiçados. Pareciam rústicos, contudo, ainda impunham a presença necessária para um líder feudal.

— Senhor Hyuuga Hiashi, acompanhado de suas filhas, Hinata e Hanabi, e Uzumaki Naruto. – Shizune fez uma reverência e prostrou-se ao lado da velha loira, que se levantou para indicar seus lugares

— Sejam bem-vindos. Esta reunião se encontra oficialmente aberta.

Uma bolha impermeável envolveu-os. Naruto sentou-se ao lado de Hiashi, que parecia mais sério do que nunca. Hinata teve de sentar ao lado de Tsunade, do outro lado da mesa. Os líderes acompanhavam cada movimento como águias prestes a atacar. Naruto se lembrava detalhadamente de cada rosto, nome e ocupação – se perguntou se era seu próprio esforço ou a memória incrivelmente afiada do corpo em que estava. Provavelmente a segunda opção.

— Senhores, eu serei franca. – Tsunade falou séria. Naruto tinha certeza que ela bebera saquê antes de começar a assembleia – Konoha se mostrou próspera nos últimos anos, em que nossas relações foram cortadas. Crescemos como nação, como território, fizemos alianças poderosas. Somos confiáveis e estáveis, e, com o acordo de hoje, poderemos ampliar os domínios feudais e estabelecer uma correspondência amigável e proveitosa para ambos os lados. – seu discurso era prático e direto. E convincente. Naruto mal ouvira duas palavras e já estava convicto. Fitou, de soslaio, os rostos dos líderes. Alguns se inclinaram, outros não.

— Ainda temos alguns pontos, hokage-sama. – um deles, com voz de trovão, se pronunciou – Por exemplo, não sabemos se podemos confiar plenamente no clã Hyuuga. Sabemos da sua, digamos, antecedência. – apontou para Hiashi, que mal piscou, ao contrário de Naruto, que teve o estômago retorcido.

— Certamente, e é por isso que o chefe do clã, Hiashi, e as futuras herdeiras estão presentes hoje. – apontou para elas – A nova geração vai garantir a paz do futuro, senhores. Como podem ver, Uzumaki Naruto também está presente, como solicitado. Ele é o herói de nossa vila. – sua voz escondeu uma pontada de orgulho, e Naruto teve de se segurar para não demonstrar nada.

— Ah, sim. – outro falou – Ouvimos falar muito sobre o jovem Naruto. Gostaríamos de ouvir os jovens.

Chegara a hora. Hiashi não pareceu muito satisfeito quando Tsunade apontou primeiro para Naruto – que, no caso, era Hinata, mas ele não sabia –, todavia, Naruto – no corpo de Hinata, mas ele também não sabia – respirou aliviado. Mesmo ansioso pela garota, sabia que ela se sairia bem.

Hinata se levantou, com todos os olhares para ela. Sabia de cor e salteado as palavras que teria de dizer, e tentou se lembrar de como Naruto agiria. Ele sorriria, e convenceria a todos com seu carisma. Ele era impulsivo, agitado, e os faria rir, e confiar ele. Ela nunca conseguiria ser como Naruto, mas o observava há anos, e tinha aprendido a ser perseverante como ele. Ajudaria seu clã, e ajudaria Konoha.

— Senhores. – pigarreou – Por muito tempo, eu me senti só. – respirou fundo, tentando não olhar para seu reflexo, do outro lado da mesa, especialmente para os olhos perolados – Eu cresci sozinho. Eu lutei, e batalhei sozinho. – todos ficaram no mais absoluto silêncio. Hinata foi ganhando coragem a cada palavra, ciente do peso que elas traziam – E, quando eu não via mais esperança, Konoha me acolheu. A vila me acolheu, as pessoas que moram aqui me acolheram. Eu me tornei parte deles, eu participei da sua história. Konoha é minha casa. E eu confio nela. – voltou-se propositalmente para seu pai. Naruto a fitava, pasmo. Todos prestavam atenção em suas palavras – Nós temos os melhores índices de desenvolvimento do lado oeste do país do fogo. Temos estrutura e compromisso, e acredito que já tenhamos provado nossa lealdade. Eu sou a maior evidência disso. Eu lutei por esta vila, porque acredito no que ela pode trazer. Podemos melhorar a vida de outras pessoas, pessoas como eu, que estão sozinhas, que precisam ser acolhidas. Sim, há interesses econômicos, mas, muito além disso, nós queremos ajudar outras nações. É o meu desejo, o desejo que eu quero realizar no futuro. Konoha tem muito a proporcionar, assim como fez a mim. Eu peço que se dediquem e pensem a respeito. Caso tenham dúvidas ou desconfianças, depositem um voto de fé na hokage-sama – apontou para Tsunade – e nos clãs que nos protegem. – sorriu para seu pai, que o fitou, confuso. Desviou rapidamente – Eu prometo que não irão se arrepender. Eu nunca volto atrás com a minha palavra. Obrigado por nos ouvirem, e por estarem aqui, considerando.

Sentou-se, não sentindo seus pés. Ninguém falou nada por muito tempo, e Hinata ficou com medo de ter exagerado. Se deixou levar no meio, fazendo com que as palavras saltassem por sua boca. Era o que ela queria dizer. O que queria mostrar a eles, e, sobretudo, mostrar a Naruto.

Pensou muito em como faria aquele discurso. Antes de tudo acontecer, seu pai tinha preparado informações essenciais para serem apresentadas, e ela as repetiria, como uma boa filha e futura herdeira. No entanto, depois da troca, ela percebeu que tinha que soar como Naruto, e não fazia ideia de como fazer aquilo. Decidiu, então, falar suas impressões. O que ela via, o que sentia. Era tudo verdade – Naruto cresceu sozinho, e a vila o acolheu. Pouco a pouco, sim. Mas ela evoluiu com o tempo, e percebeu seus erros. Pessoas erram, porque são humanas. Ela amava sua vila, e sabia de todo o potencial que tinham a oferecer para as pessoas que moravam do outro lado das linhas territoriais, linhas estas que seriam abolidas, caso o acordo com os líderes feudais acontecesse. Tecnologia de ponta seria disponibilizada, e a vida de milhares de civis seria melhorada.

Continuou fitando suas mãos. Lembrou, por acaso, de como gostava de admirá-la, e sonhar em como seria segurá-la firme. Abriu e fechou os dedos, pensativa. Não tinha mais medo da troca não poder ser desfeita. Sua missão estava cumprida.

— Naruto-san, sua contribuição foi imensurável. Obrigado. – um dos líderes se pronunciou primeiro. Vários concordaram. Hinata, emocionada, assentiu.

Tsunade, ao seu lado, tocou seu braço de leve. Hinata a fitou, e ela parecia orgulhosa. Torceu para que Naruto estivesse vendo aquilo.

E ele estava. E também sentia orgulho.

Era sua vez.

— Não me envergonhe. – Hiashi inclinou-se para sussurrar asperamente em seu ouvido. Naruto cerrou os punhos, com um calor crescente tomando seu peito. Ele provaria para aquele velho que estava errado; que Hinata era alguém de quem ele tinha que se envaidecer.

Se levantou, chamando atenção, e os pequenos burburinhos cessaram, esperando para que a herdeira dos Hyuuga começasse. O Uzumaki respirou fundo. Ele conseguiria se sair tão bem quanto Hinata?


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