Genderswap escrita por Ero Hime


Capítulo 7
Os sinais


Notas iniciais do capítulo

ELA VOLTOU
SIM ELA VOLTOU
POSSO OUVIR UM AMÉM SENHORAS E SENHORES
Nossa eu estive em um bloqueio TERRÍVEL nesse capítulo, simplesmente empacou e não saía mais nada! Mas felizmente tudo resolvido, e agora só faltam mais três pra acabar :(
E eu gostaria de dedicar especialmente esse capítulo pro Jougan que DEIXOU UMA RECOMENDAÇÃO LINDA DEMAIS E AAAAAAAAAAA MUITO OBRIGADA DE CORAÇÃO SAKDJSKAJDS eu surtei demais quando vi surreal obrigada mesmooooo
Sem mais demoras ou autoras enrolando nas notas, vamos ao capítulo! Espero que gostem ♥
Sim, eu vou criar vergonha na cara e sim, eu vou atualizar as outras o mais rápido possível (promessa de dedinho)



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Capítulo VII–

São muitas as coincidências que me levam até você.

 

Hinata andou depressa, procurando chegar o quanto antes, de volta para o apartamento. O justu havia esgotado todas suas energias, e começara a ofegar, arrastando os pés pela calçada. Quando entrou, jogou-se na cama, de casaco e tudo. Estendeu os braços, respirando fundo e fitando o teto, acabando por sorrir, no final, que evoluiu para uma risada.

Lembrou-se de cada detalhe da luta excepcional de Naruto. Era um pouco triste pensar que nunca chegaria àquela habilidade, e jamais conseguiria derrotar Neji como ele tinha feito – mas não sentia-se realmente melancólica. Fora um espetáculo. Ele se movia com confiança, verdadeira confiança, que não se conquistava – nascia-se com ela –. E, quando ele conseguiu ativar o byakugan, foi intenso. Hinata não conseguia se lembrar de um só momento em que não estivesse usando o kekkei genkai, então não era capaz de imaginar como seria a experiência. Os traços se converteram em puro deslumbre. Se perguntou se estava começando a ficar louca – mesmo assistindo seu próprio rosto, conseguia enxergar Naruto por trás dele.

De repente, sentiu-se solitária. Queria poder conversar com alguém, e falar tudo que estava acumulando em sua garganta – desde àquela loucura, a troca de corpos, suas frustrações, suas vergonhas, o sentimento que continuava a crescer dentro de seu peito. Era sufocante. Sentiu saudade de Hanabi. Ela saberia o que dizer. Sua mente viajou, e pegou-se pensando se Naruto estaria representando-a bem para a irmã, se ela já tinha notado alguma mudança.

Suspirou, sentando-se no colchão. O silêncio, que tinha sido convenientemente confortável, agora parecia engolir seu corpo. Tudo estava da maneira que tinha deixado, desde as vasilhas a secar, até a cadeira ligeiramente torta, onde tinha deixado a jaqueta, pela manhã. Lembrou-se do episódio do banheiro, e corou. Eram tantas sensações! Nunca tinha experimentado aquelas coisas — era tão embaraçoso.

Seus olhos passearam pela cômoda, e pelo papel de parede neutro, e pelas janelas fechadas. Mesmo claro com o sol das onze horas, parecia angustiantemente vazio. Hinata não pôde deixar de se perguntar como Naruto aguentava, dia após dia, voltar para um quarto onde ninguém estava a sua espera.

Retirou a jaqueta, imersa em pensamentos, agora com a garganta fechada. Não devia ter ido por aquele caminho – estava tão feliz pelo resultado do treino mais cedo. Contudo, foi inevitável. O silêncio estava deixando-a insana. Como Naruto aguentava aquela atmosfera? Mesmo a cada dia exaustivo, a cada noite repleta de instruções rígidas e defeitos apontados, a cada vontade repentina e esmagadora de chorar, Hinata sempre esteve cercada de pessoas. Os funcionários que serviam à mansão Hyuuga, os membros da família secundária, os líderes. Neji. Hanabi. Seu pai. Pessoas, vozes, opiniões. O barulho incessante, e, por vezes, irritante, de vozes por todos os lados.

Mas, desde que aquela maluquice começou, Hinata sempre voltava para a quietude. Apenas ela, sozinha. Sem conselhos, sem alguém para conversar.

Aquilo era tão triste.

Naruto era um herói. Um símbolo de força, um ninja exemplar, que lutava por sua vila e protegia seus moradores. Alguém que se sacrificaria por eles. Pensar, de repente, que aquela era sua realidade, todos os dias, deixava seu coração apertado.

Suspirou, dobrando as roupas na beirada da cama. Passou a mão pelo cabelo, esperando que chegasse até as costas, mas desapareceu bem antes dos ombros. Era estranho. Ela também sentia falta de seu próprio corpo. Suas reações, sua pele. Se orgulhava de não ter uma personalidade explosiva, porém estava começando a ficar realmente furiosa. Quem resolveu jogar aquela maldição nela? Neles? O que estava querendo? Seria uma lição estúpida do universo? O que eles tinham que aprender?

E se ficassem daquele jeito para sempre?

Frustrada, voltou a se deitar, dessa vez abraçada a um dos travesseiros. Imaginou que parecia ridícula, com aquele corpo grande demais, e uma careta emburrada. Pretendia continuar daquela maneira até a hora do almoço, mas, com um estrondo, sua porta foi aberta abruptamente. Não teve tempo para reagir, e um furacão de fios rosas entrou em sua linha de visão.

— O que é que você está fazendo? – exclamou, chocada. Hinata embolou-se, projetando como a cena poderia estar bizarra, ainda mais quando metade de seu corpo escapava para fora das bordas, grande demais.

Sakura fechou a porta com um estalo, ainda fitando-a com espanto. A Hyuuga virou-se para ficar em pé, tentando assentar o cabelo e as roupas amassadas, com vergonha.

— Sakura-san! O que faz aqui? – perguntou, confusa e ligeiramente histérica.

— Eu vim trazer um recado da Tsunade. O que você estava fazendo? – retrucou, gesticulando com suas luvas pretas. O cabelo parecia mais curto do que antes, mas seus olhos verdes eram vívidos e perspicazes. Hinata sentiu um aperto incômodo quando se lembrou de que era por aquela garota que Naruto era apaixonado – Deitado desse jeito, no meio do dia.

— Eu estava, hm, cansado. – gaguejou, não convincente – O que a hokage-sama quer?

— Hokage-sama? Naruto, você está bem? – ela se inclinou, parecendo verdadeiramente preocupada. Hinata engoliu em seco, com medo de ser descoberta, então assentiu rapidamente com a cabeça.

— C-Claro, claro. Totalmente bem. – sorriu amarelo, mantendo os olhos para baixo.

— Tudo bem. – arrastou as duas palavras – A Tsunade quer que você passe no escritório dela, amanhã, para conferir os últimos relatórios antes da reunião com os líderes.

— A-Amanhã, domingo, certo? – se bateu internamente, com as mãos tremendo um pouco.

— Sim, é domingo. Olha, Naruto, está mesmo tudo bem? – insistiu, se aproximando um passo, com a testa vincada. Hinata gelou, rezando para que as gotículas de suor frio não estivessem visíveis – Eu sei que peguei pesado com você ontem, me desculpa. – admitiu, com um suspiro, desarmando Hinata – Não é como se você tivesse alguma obrigação de retribuir os sentimentos da Hinata, e cobrar isso de você foi injusto, mesmo que ela seja minha amiga, e eu me importe com ela. – tagarelou, e a outra sentiu a boca entreabrir a cada palavra – O que eu quero dizer é que eu me importo com você também, e eu consigo entender o porquê. – esticou o braço, tocando o seu em um carinho rápido. Em seguida, a fitou complacente, dando as costas e saindo em seguida, deixando uma Hinata confusa para trás.

Precisou respirar fundo uma ou duas vezes, e acalmar as batidas desenfreadas. Novamente sozinha, tentou entender o que Sakura tinha dito. O lisonjeio não deixou que pensasse tão claramente – era estranho ouvir elogios daqueles, tão diretamente. Contudo, não foi o que a deixou mais pensativa.

Era hora do almoço, mas sentia o estômago embrulhado. Não conseguiu voltar a se deitar, porque o cômodo único pareceu pequeno – e sufocante – demais. Nunca sofreu com problemas respiratórios, mas, de repente, precisava estar em um lugar aberto e fresco. Tomada por uma coragem estranha, passou as pernas pela janela aberta, saindo no parapeito – se perguntou como os ninjas que ali viviam conseguiam fazer aquilo todas as vezes, porque era muito incômodo –, e correu pela beirada do telhado, pulando para o poste e iniciando uma corrida. Já tinha um local em mente.

Konoha era pequena demais, de modo que a grande muralha de montanhas podia ser vista desde o ponto mais baixo. Enquanto corria pelos telhados, Hinata observou os cinco monumentos dos hokages se erguerem, imponentes.

Quando chegou, sentou-se no meio de duas rochas, na beirada, e suas pernas ficaram suspensas. Imediatamente, uma brisa bagunçou seu cabelo, e ela inspirou, aliviada. Embora estivesse no meio da tarde, o sol mal ultrapassava as nuvens, e não incomodava seus olhos. Sim, aquele lugar era perfeito. Não sabia porque pensou nele, inicialmente – apenas sentiu um forte impulso de estar ali, no alto, longe de tudo. O vento era fresco, e as centenas de pontos em movimento fascinavam-na.

Demorou para perceber que estava sob a cabeça do Yondaime Hokage – que ironia engraçada –. Há pouco que o segredo da paternidade do Quarto ficou conhecido pelos civis, embora alguns clãs especulassem, e, naturalmente, Hinata cresceu com as histórias. O sacrifício de Namikaze Minato e Uzumaki Kushina, que, para salvar a vila da terrível raposa de nove-caudas, aprisionou a besta dentro de seu único filho, morrendo logo em seguida a seu nascimento. Ela já tinha imaginado qual seria o parentesco entre os sobrenomes da heroína e de Naruto, mas ela, e todo o clã, foram proibidos de comentar sobre o assunto.

Depois do ataque, os boatos correram, e a verdade veio a tona. É claro que, a essa altura, Naruto já era um herói para Konoha, e o fato dele ser filho do Yondaime o tornava ainda mais mártir. Uma nobre missão que carregava em seus ombros, seguindo os passos do pai – e, claro, a semelhança física também não o deixava negar.

Ainda assim, Hinata achava toda a situação um tanto deprimente.

Nunca tinha parado para pensar, de fato, o que aquilo tinha significado para Naruto. Crescer na escuridão, sem saber porque seus pais não estavam em casa quando ele voltava da escola. Todos sabiam sobre os grandes heróis que lutaram na noite do ataque da bijuu, e muitos ninjas morreram naquela noite – mas era diferente quando não se sabia, ao menos, o nome deles. A cada novo pensamento, ela ficava mais e mais triste. Uma infância solitária, tendo que enfrentar todos seus medos sozinho, sem ter alguém para lhe amparar verdadeiramente. Sem saber o que era amor.

Amor.

Hinata suspirou, ruborizando, ao se lembrar da confissão trágica. No momento, nada mais importava, a não ser ajudar Naruto. Salvá-lo. Ela não chegou a pensar, nem por um instante, o quão insana soaria.

Quando Naruto a dispensou – da maneira mais envergonhada e gentil possível –, ela ficou triste, pensando que ele realmente não via ela daquele jeito. Contudo, semanas depois, vivendo aquela experiência louca, ela se deu conta de que talvez, só talvez, Naruto apenas não soubesse como retribuir seus sentimentos.

Não sabia o que apertava mais seu coração.

Perdida em devaneios e com o corpo encolhido da melhor maneira que pôde, não ouviu passos se aproximando – certamente se fosse um inimigo, ela já estaria morta –. Deu um sobressalto quando a pessoa se sentou ao seu lado, olhando para o lado com o rosto mais vermelho.

— Quer me matar de susto? – dramatizou, levando a mão por cima da jaqueta, ouvindo a risada familiar.

— Foi mal. – Naruto se acomodou com os braços para trás, aparentando estar relaxado como ela nunca conseguiu – O que veio fazer aqui?

— Precisava de ar. – soltou uma lufada, como se confirmasse.

— Como soube? – perguntou, ainda olhando para o horizonte.

— Como soube o que? – replicou, confusa.

— Que esse é meu lugar. Sempre que eu preciso pensar, venho direto para cá. – Hinata se virou, surpresa, e o sol fraco iluminava seu rosto. Ele também a fitou, e, quando seus olhos se encontraram, ela sentiu algo indescritível – Coincidência, não é? Acho que temos uma ligação. – a empurrou com os ombros, causando uma pequena fricção. Falava com tranquilidade, natural, enquanto ela queimava, desviando rapidamente para algum ponto abaixo.

Ficava realmente difícil superar quando ele agia daquela maneira, lhe dando esperanças.

— M-Mas e você, o que faz aqui? – desconversou, gaguejando um pouco.

— Não sei, acho que só precisava ficar um pouco sozinho. – respondeu, sincero – É estranho ficar rodeado de gente o tempo todo. Não me leve a mal, eu estou achando o máximo. – se apressou para completar – Só é estranho.

— Está tudo bem. – o tranquilizou, entendendo exatamente o que queria dizer – Sempre tem membros da família secundária, em todo lugar. E eu fico pouco sozinha, também. – encolheu o corpo, se desculpando silenciosamente.

— É esquisito para você voltar para meu quarto e não ter ninguém? – agora o par de olhos lilases a encaravam, e Hinata engoliu em seco, um tanto assustada. Era como uma ligação bizarra e extraordinária.

— Era nisso que eu estava pensando mais cedo. – murmurou, deixando a voz se perder. Continuou a abraçar os joelhos, deixando que o silêncio os envolvesse.

Deveria ser duas ou três horas. Não tinha almoçado nada, tampouco sentia fome. Sentada ao lado de Naruto, sentia-se em paz – de um jeito ou outro, ele era o único que a entendia, no momento. Nunca, em sua vida, imaginou que estariam naquela situação.

— Você acha que vamos ficar assim para sempre? – ele falou, por fim. Hinata não respondeu, nem ergueu a cabeça.

— Para sempre é muito tempo. – murmurou algo que ouvia Hanabi falar o tempo todo. Ele riu, inabalável.

— É bizarro, e definitivamente estranho em alguns momentos. Mas acho que eu me acostumei. – deu de ombros, chamando sua atenção. E, quando se encararam de novo, ele sorriu brilhante – E é realmente legal estar com você.

Hinata se permitiu afundar nas íris azuis sinceras antes de deixar que aquelas palavras desestabilizassem suas estruturas. Se estivesse em seu corpo, definitivamente teria desfalecido, mas naquele, tudo que pôde sentir foram os olhos umedecerem. Encarou as próprias mãos, não querendo que Naruto visse como estava patética, quase chorando por conta de uma frase. Já estava decidido, antes mesmo que pudesse fazer algo a respeito – continuaria perdidamente apaixonada por ele, não importava o que acontecesse.

— A-As coisas vão dar certo... – sussurrou, impulsionada por um sopro de coragem. Levou sua mão até a dele, e a escondeu completamente. Surpreso, ele sorriu mais largo, e, mesmo sendo seu rosto, Hinata conseguiu identificar o sorriso típico dele.

— Com certeza vão. – confirmou, acenando com a cabeça. Hinata sentia-se mais calma. Os problemas de antes pareceram ínfimos.

Ela se lembrou de algo importante, agora de cabeça fria.

— Sakura-chan disse que a hokage-sama quer se encontrar comigo amanhã. – ele franziu as sobrancelhas elegantes de uma maneira engraçada.

— Amanhã, domingo? – Hinata não pôde deixar de rir, porque a coincidência era realmente impressionante.

— Isso, amanhã domingo. Ela disse que é para rever os últimos relatórios antes da reunião. – fez uma careta.

— Ah, trabalho de escritório! – seu rosto se iluminou de compreensão – Não é nada demais, pode ficar tranquila. A vovó vai mostrar algumas informações, quais líderes são os mais importantes, essas coisas. – deu de ombros.

— Ok. – concordou, um tanto incerta – Espero que ela não perceba nada. Faltam só mais dois dias. – olhou para o horizonte.

— É só agirmos como viemos fazendo. Sei que você consegue. – assentiu, firme. Ela sorriu, como imaginou como ele sorriria. No entanto, o clima foi quebrado por sua barriga, roncando loucamente. Envergonhada, apertou-a, e Naruto gargalhou, pondo-se, finalmente, de pé.

— Está com fome? Vem, vamos almoçar! Acredite, esse corpo precisa de muito rámen!

Hinata pegou sua mão estendida, apertando seus dedos, enquanto ele a colocava para cima – certamente, de muitas maneiras possíveis.

 

O domingo acordou preguiçoso, mas isso não impediu Hinata de acordar atrasada. Ficou até tarde pensando nas palavras de Naruto – e nos sorrisos de Naruto, e no jeito de Naruto, e nos olhos de Naruto, porque era realmente difícil ter que encará-lo em cada reflexo –, e, quando finalmente conseguiu dormir, não ouviu o primeiro despertador. Foi desperta por barulhos na janela, e, escorrendo para fora, tropeçou em três móveis diferentes antes de conseguir achar sua jaqueta e disparar pela janela.

O dia de descanso deixava a vila pacata, e Hinata conseguiu chegar, resfolegante, pouco depois do horário combinado. Apoiou nos joelhos, respirando fundo. Aprumou a postura e subiu a escadaria externa, desacostumada com todas as pessoas que a cumprimentavam – claro, ela era Naruto, e Naruto era popular.

Bateu antes de entrar no escritório da Gondaime, embaraçada por ter se atrasada. Hinata nunca se atrasava para nada. Caminhou com a cabeça baixa, e a mulher estava atrás de umo pilha assustadora de papéis, bebendo distraidamente algo que Hinata imaginou não ser chá.

— Bom dia, hokage-sama. – cumprimentou, formal, mas assim que ela ergueu os olhos, analisando-a, ela se corrigiu rapidamente: – Quer dizer, vovó Tsunade. – sorriu amarelo, coçando a nuca, e percebendo depois que aquilo era algo que Naruto também faria.

— Eu estava começando a ficar preocupada com você, mas você está atrasado, então está tudo bem. – a Hyuuga foi pega de surpresa pelas palavras. Se aproximou, sentando na cadeira de frente para a escrivaninha – Leu os relatórios?

— Com certeza. – assentiu enfaticamente, e a hokage a fitou com as sobrancelhas arqueadas, claramente não acreditando.

— Tudo bem, então. – deu de ombros – Eu espero que já tenha pensado em um discurso. Os líderes requisitaram muito sua presença. – Hinata não respondeu de imediato, olhando para as mãos e as apertando. Tinha esquecido completamente de que precisaria fazer um discurso, tanto ela quanto o próprio Naruto, os representantes dos clãs interessados. O nervosismo voltou com força para seu estômago – O que foi? – Tsunade se virou com a cadeira, o fitando – Não me diga que está preocupado com a Hyuuga de novo.

Hinata se esqueceu, momentaneamente, da agitação, caindo os ombros de espanto. Encarou a hokage verdadeiramente assombrada, se perguntando do que ela falava. Sua confusão pareceu esperada, porque a mulher continuava a encará-la com velada preocupação. Seu coração – ela rezou para que não notasse – batia descontroladamente.

— C-Como assim? – gaguejou, sem querer.

— Ora, pirralho. – a Gondaime suspirou – Você está me incomodando com isso a semana inteira. Eu já te disse para esquecer esse assunto, e deixar Hiashi de lado. Hinata é forte, e sabe lidar com o pai. Você se preocupa com ela e fica mais cabeça de vento. É por isso que não está se concentrando?

Hinata abriu e fechou a boca várias vezes, pensando em como a cena pareceria engraçada. Não conseguia formar uma frase, e lutou – lutou mesmo! – para não deixar as bochechas corarem, ou para não hiperventilar. Sentiu fortes impulsos de desmaiar, a pressão baixando e as mãos tremendo. Em suma, prestes a desfalecer.

Não sabia se agradecia por ter o coração forte, ou por aquele corpo ter coração forte. Com a garganta fechada, torceu para que não estivesse tão ruim a ponto da hokage perceber que algo estava claramente errado. Contudo, era como se seus pensamentos apenas não se importassem com nada que não fossem aquelas palavras. Como ela conseguiria lidar? Como poderia superar?

Desde o começo, ela aprendeu a lidar sozinha. A suportar sozinha, porque sabia que, mais cedo ou mais tarde, as coisas melhorariam. Gentileza e força. Não estava acostumada com pessoas se preocupando com ela, tampouco com elogios – de modo que, ao receber ambos em uma só frase, não pôde evitar. Era simplesmente inacreditável.

Ela era quem era, e não se importava em não receber de volta. Estava feliz amando Naruto a distância, torcendo por seu sucesso, incentivando-o, apoiando-o. Ela não queria nada de volta. Ficaria ao seu lado, lhe dando todo seu amor e almejando sua felicidade. É claro que também sonhava com um possível dia onde ele a notaria, porém não era algo que efetivamente esperava se tornar realidade.

Mas se tornou.

Naruto se preocupou. Se preocupou com ela. Se preocupou a ponto de incomodar a própria Gondaime, de atrapalhar seus afazeres como herói da vila. Queria poder se sentir culpada, mas tudo que passava por sua mente eram fogos de artifício. Quer dizer, o quão apaixonada ela estaria parecendo naquele momento?

Sorriu, como Hinata, mesmo no corpo de Naruto. Agradeceu, de certa maneira, que aquela loucura tivesse acontecido entre eles. Se não, nunca teria descoberto sobre aquelas coisas, e nunca se sentiria tão feliz e, mesmo que nada desse certo – a reunião, os conselheiros, os líderes, a troca –, não importaria.


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