Genderswap escrita por Ero Hime


Capítulo 6
O treino


Notas iniciais do capítulo

NEM SÓ DE DESAFIO DE DRABBLES VIVE O HOMEM! Preciso escrever mais de cem palavras as vezes antes de enlouquecer completamente. Já deram uma olhada na minha drabble para o desafio? NÃO? Corre lá, é um clichê fofíssimo entre Hinata nerd x Naruto badboy ♥
Agora, preciso surtar: GENDERSWAP RECEBEU UMA RECOMENDAÇÃO!!!!!!!!! DSKFJDSKFJSDKJFKSDJFKDSF EU TO MUITO AAAAAAAAA SEM PALAVRAS
Andy Swan, quer o mundo?????? EU TE DOU
Deixou elogios LINDOS que me deixaram muito feliz, eu só consigo agradecer e dedicar esse capítulo à você, meu anjinho
Sem mais delongas, espero que gostem! Essa fic vai ser curtinho, acho que dez capítulos, um pouco mais, por isso, não ter taaanta enrolação (e olha que eu curto uma enrolação hein) ♥



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Capítulo VI–

Encontrei ecos da sua voz dentro de mim, e pensei ser empatia.

Mas talvez possa ser algo mais.

 

Hinata andava roboticamente, com as mãos, postas na frente do corpo, de alguém muito envergonhado. Durante todo o trajeto, não tirou os olhos da ruela de pedra, e, a cada instante em que se lembrava do ocorrido, seu rosto queimava em tons escarlates. Naruto pareceu ser bastante compreensivo, não comentando nada sobre, mas Hinata sentia que ele a olhava de soslaio vez ou outra. Virando a esquina, tropeçou em uma lasca de pedra solta, o corpo pesado indo para frente em desequilíbrio. Graças ao reflexo rápido de Naruto, ela não deu de cara no chão.

— Uou, com calma. – as mãos pequenas fizeram uma força surpreendente para apoiar todo o peso do tronco, e Hinata, ainda mais encabulada, arrumou a postura no segundo seguinte, aprumando as roupas e sorrindo sem graça – Está tudo bem?

— S-sim, obrigada. – estava nervosa e acanhada, além de preocupada com o que seria de Naruto dali poucos instantes. Não sabia como sobreviveria até o almoço. Olhou para cima, avistando, inevitavelmente, a construção imperial que se erguia da casa dos Hyuuga. Engoliu em seco.

— E aí, temos um plano? – Naruto não parecia nem um pouco preocupado, os ombros relaxados e a expressão até mesmo ansiosa.

— A única coisa que consegui pensar foi o Henge no Justu. – falou timidamente. Se parasse para pensar, era realmente um plano terrível. Tinha zero conhecimentos do chakra de Naruto, e, mesmo sendo uma técnica pífia, nada garantiria que ela conseguia executá-la perfeitamente. Novamente, o Uzumaki não pareceu demonstrar inquietações com a execução do esquema. Arregalou os olhos pérola e abriu um sorriso gigantesco.

— Gwa, isso é incrível, Hinata! – Gwa? – Vai se transformar em quem? – perguntou, a medida que paravam próximos a entrada lateral por onde o loiro saíra.

— É necessário que alguns membros da família secundária fiquem no dojo durante os treinamentos, para, sabe, me proteger. – corou nas maçãs – Vou tentar me transformar em Kyou-san, ele geralmente nos acompanha, mas está afastado há algumas semanas por problemas de saúde. Só espero que Neji não se lembre disso. – murmurou a última frase, torcendo os dedos ansiosamente. Naruto assentiu freneticamente, com os olhos brilhando, e Hinata não entendia como ele conseguia ser sempre tão positivo e confiante.

— Você é muito inteligente, Hinata! – elogiou, tão crua e diretamente que foi impossível evitar uma falha nas batidas de seu coração.

— O-obrigada. – sussurrou, e, em seguida, respirou fundo, concentrando-se em sua próxima ação – Tudo bem, vamos tentar.

Hm, Kyuubi-sama? Aquilo era esquisito. Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas gostaria de pedir que me ajudasse nisso. Sentia-se um pouco esquizofrênica ao falar com a própria cabeça, e, quando estava para perder a esperanças e concluir que tudo na noite anterior tinha sido uma alucinação, ouviu resmungos. Assustada, olhou em volta, mas estava apenas ela e Naruto, e ele, alheio, esperava. Engoliu em seco.

Garota audaciosa. Sua voz parecia sonolenta, de alguém que há pouco acordara. Não sabia se era bom ou ruim. A Kyuubi parecia quase amigável, mas Hinata não era sua hospedeira original. Que tipo de ajuda espera de mim?

Bem, eu não faço ideia de como fazer o jutsu. Nem que quisesse conseguiria mentir em seus próprios pensamentos desesperados. Pensei que poderia me dar algumas dicas, quem sabe? Não queria parecer insegura, mas foi inevitável. Mergulhada em sua mente, parecia que muito tempo se passava, mas Naruto nada tinha percebido, nem mesmo quando seus olhos se fecharam.

Hm. Inicialmente, foi sua única resposta, e Hinata engoliu em seco. Não criarei dificuldades. É o máximo que terá de mim agora.

Muito obrigada, Kyuubi-sama. Hinata agradeceu fervorosamente, posicionando, por fim, as mãos em selos. Inspirou profundamente, deixando que o ar percorresse seus pulmões e seus pontos de chakra abertos. Com esforço, era capaz de sentir o fluxo de energia passando por suas veias. Não conhecia seu poder, mas conseguia palpá-la, e, com uma ligeira fé cega e muitos pedidos de sorte aos deuses, mentalizou a imagem do Hyuuga da família secundária.

— Henge!

Internamente, não sentiu grandes mudanças, e pensou ter dado errado. No entanto, quando abriu os olhos, Naruto tinha se afastado da fumaça, tossindo e abanando. Hinata, agora ansiosa, fitou os próprios braços e pernas. Longos e esticados, com pequenas dobras na pele. Usava uma túnica branca, e olhava para Naruto do alto. Quando balançou a cabeça, sentiu o cabelo amarrado na base da nuca, e, levando a mão até a testa, sentiu a bandana que escondia o selo amaldiçoado.

— Deu certo! – Naruto comemorou, eufórico, e Hinata riu, agraciada. Experimentou um passo, e, depois de guiar o corpo desajeitado de Naruto por dois dias, foi fácil se adaptar – Uau, Hinata! Está parecidíssimo. – não havia nenhuma superfície espelhada, mas rezou para que estivesse mesmo – Seus olhos estão iguais aos meus! Você parece um pouco velha, mas está ótimo. – decidiu confiar na descrição minuciosa de Naruto, e assentiu, rindo um pouco.

— Eu realmente não sei quanto tempo vou conseguir ficar com essa transformação, então vamos nos apressar. – orientou, e Naruto assentiu, acompanhando-a até a porta.

Entraram em silêncio, desviando do batente baixo de madeira. Hinata prendeu a respiração quando seus olhos captaram o interior da casa. Seu coração apertou um pouco de saudade – era ótimo voltar para uma casa silenciosa no final do dia, contudo, ainda sentia falta da mansão, dos empregados –. Guiou Naruto pelo corredor escuro, desbocando no jardim do sul. Inspirou com força o ar úmido, sorrindo nostalgicamente. No entanto, o sentimento saudoso pouco durou. Deixou que Naruto se prostrasse ao seu lado e começaram a andar com rapidez, ela se curvando para explicar-lhe os últimos detalhes.

— Conseguiu ativar o Byakugan? – perguntou, com afobação.

— Não. – uma carranca se formou em seu rosto – Não tive tempo de treinar. Tinha um monte de papéis estranhos para eu ler, fiquei ocupado a noite inteira. – Hinata gemeu baixinho, lembrando-se dos relatórios que tinha de ler antes da reunião. Ignorou momentaneamente aquele problema, se concentrando na luta que Naruto teria dali poucos minutos.

— Tudo bem, tudo bem. – tentou organizar os raciocínios – Eu não vou poder interferir, até mesmo porque vou precisar me esforçar para manter o jutsu. – guiou-o para um corredor que não conhecia, cruzando um pátio, e Naruto se esforçou para não se distrair com toda aquela decoração tradicional e sofisticada – Evite luta corpo a corpo. Neji gosta de tentar me imobilizar com as palmas de chakra, muitas vezes eu conseguia escapar, mas ele é melhor em taijutsu. – balançou a cabeça – Ele não costuma usar a defesa absoluta, mas fique atento. Use ataques rápidos, de longe, e vai ficar bem.

— Uhum, tudo bem. – Hinata duvidava que ele tivesse prestado atenção no que tinha dito, mas haviam terminado de cruzar o corredor e estavam diante de duas portas de correr e uma enorme sala.

— Lembre-se, é só um treino. Caso as coisas não deem certo, é só pedir para terminarem. – foi seu último conselho.

Arrumou a postura e se afastou de Naruto um bom palmo. Fitou suas costas. Ela teria colocado uma roupa diferente, e definitivamente seu cabelo estava embaraçado, mas não podia pensar naquilo. Assumiu a dianteira, abrindo as portas como se lembrava que faziam. Seu rosto lutava para manter uma máscara de seriedade, e, ao abrir passagem, encarou o dojo que tanto conhecia, com tatames e forro amadeirado. Neji já estava aprontando-se, enrolando faixas nas mãos, usando o uniforme de treinamento inteiramente preto. Encarou a porta, movendo o olhar de Hinata – que era Kyou – para Naruto – que era Hinata –, sem expressar reações.

— Saudações, Neji-sama. – sua voz era grave e percorreu toda a sala. Ele assentiu, sem retribuir, olhando diretamente para Naruto, que, pela primeira vez, desfez o sorriso e o substituiu por um semblante sério.

— Está atrasada, Hinata-sama. – sua voz não era repreensiva, mas fazia Naruto querer se desculpar instantaneamente.

— Sinto muito, Neji... – voltou-se para Hinata, que o olhava enquanto tomava seu posto no canto da sala e assentia – ...nii-san. – lembrou-se no último momento, e Neji não notou nenhuma hesitação. Tomou seu posto do lado esquerdo, esperando por ele.

Estava prestes a começar.

Vendo Hinata – agora em nova transformação – acomodar-se no canto do recinto, Naruto teve de respirar fundo. Desde o dia anterior vinha se preocupando com aquele treino – e, então, Hiashi a abordou em seu escritório, entregando a ele uma pilha de papéis repletos de informações confusas que foi obrigado a ler noite adentro. Iluminado por uma pequena lamparina no quarto, Naruto distraía-se pensando em todo aquele luxo que o rodeava, mas como não se sentia a vontade. Era inevitável, então, não pensar em Hinata, e na vida que ela levava.

Naquela manhã, o pequeno infortúnio fisiológico, bem, como poderia dizer – o deixara mais confortado. Quando se treinava com alguém como o Ero Sennin, acostumava-se com aquele tipo de assunto, mas Hinata era uma garota, e nunca soubera como funcionava, efetivamente, o corpo de um garoto. E, também, ele tinha leve tendência a acreditar que a Hyuuga era uma legítima princesa. Encontrá-la desesperada por ter tido uma ereção o fizera rir muito – mesmo sabendo que era errado, não pôde evitar –. Mas não era só o episódio engraçado. Hinata tinha uma presença agradável, pândega. Ele gostava de estar ao seu lado, mesmo naquela confusão.

Ainda que prestes a lutar com Hyuuga Neji, ele não tinha medo – porque Hinata estava ali, o observando, torcendo por ele.

— Vamos começar, Hinata-sama. – Neji fez uma pequena reverência, e, antes que Naruto pudesse processar alguma informação, ele avançou.

Neji era rápido e preciso. Naruto, assustado, teve tempo apenas de desviar de um golpe franco, saltando com demasiada força para o lado. Se mover e investir com aquele corpo era estranho, porque Hinata era leve, e todos seus membros eram menores. Se colocasse muita potência, acabaria trombando contra as paredes do dojo. Correu de costas, tentando manter o foco no garoto. Era difícil. Em um piscar de olhos, ele desapareceu, ressurgindo a sua frente com os braços estendidos. Naruto agiu por impulso, erguendo o braço esquerdo e interceptando um golpe. Se lembrou de algo que Hinata disse sobre palmas de chakra, e não esperou o contra-ataque para fugir, escorrendo pela tangente.

— Use mais suas pernas! – ouviu-o gritando. Não era o tom contido que costumava ouvir quando ele falava com Hinata. Era mais agressivo. Naruto não sabia o que fazer. Não tinha tido o mesmo treinamento que Hinata, não sabia como lutar daquela maneira deslumbrante. Bloqueou outro ataque, em uma confusão de fios – Está achando que é uma brincadeira? – Neji parecia pessoalmente ofendido, e Naruto não entendeu até conseguir focar em seu rosto.

Seus olhos já apresentavam as veias saltadas, inclusive no globo. A feição colérica combinava perfeitamente com sua posição hostil – apenas a procura de uma brecha para atacar –. Como “Hinata” ainda não tinha ativado seu Byakugan, Neji pensava que estava zombando dele. Desesperado, conseguiu erguer as mãos na frente do rosto apenas para poder se defender, e o impacto o fez escorregar para trás. Ofegante, parou por um instante, enquanto o outro Hyuuga o encarava. Naruto não pôde ver onde Hinata estava, mas certamente conseguia imaginar a faceta angustiada de seu rosto.

Estava frustrado. Queria tanto ativar o Byakugan. Mas não sabia nada sobre kekkei genkais!

Tentou mentalizar a voz de Hinata – sua própria voz, como se fossem em pensamento –. Imagina os olhos. Fecha eles, tenta sentir as correntes de energia que passam por ele. O Byakugan é como um portão. Uma cancela, todo o poder atrás dela, esperando ser libertado. Naruto tinha a porta e tinha um molho de chaves, mas ele não sabia como abrir a maçaneta. Não teria tempo para pensar. Em milésimos, Neji atacaria de novo – e Naruto queria vencer. Em mais uma tentativa desesperada, não pensou em conceitos, em técnicas ou em estratégicas. Canalizou apenas sua vontade de fazer – como fazia com todas as coisas.

Focou em seus olhos, fechando as pálpebras. Pensou como dois pequenos rasengans se formando, o chakra concentrado em globos, girando, emitindo brilho e faíscas. Mentalizando-os, ensaiou dois bushins, cada um prestes a atacar, e, no ápice, tornou a abrir o olhar.

Foi incrível.

O mundo tinha mudado de cor. O dia virou noite, e tudo, tudo, era escuro. Naruto se assustou, perdendo o fôlego, quando olhou contra a parede e avistou silhuetas de pessoas. Sua mente trabalhou rápido, percebendo que estava outros cômodos, através das divisões. Olhou para todos os lados, confuso e maravilhado. Nunca tinha tido tal experiência, e por muito pouco não parou e começou a tatear o rosto, sentindo as saliências das veias saltadas. Quando encontrou o que seria a figura de Neji, tomou um susto maior ainda. À sua frente, milhares de caminhos azuis, brilhante, forte. Mesclavam-se para todos os lados, indo e voltando em fluxos constantes. Havia uma quantidade proeminente nas mãos, e formavam uma figura caótica de pessoa. Naruto conseguia ver o rosto e seus membros, mas translúcidos, quase transparentes.

Atordoado com a quantidade de informações, tropeçou para trás em suas sandálias, caindo de bunda no tatame, enquanto Neji aproveitou a deixa para avançar sobre si. Percebeu que, então, tudo que disseram sobre o Byakugan não chegava nem perto do que ele realmente era – mais rápido do que jamais imaginou, conseguiu desviar, passando rente às suas pernas, avistando os pequenos pontos de chakra. Era como se todo o resto estivesse em câmera lenta. Passado o susto, um sorriso tomou conta de seu rosto.

Puxou kunais em sua perna, atirando-as como distração, e, quando ele as rebateu, investiu nos pontos do braço direito, que estavam ligeiramente menores que os da esquerda. Foi um chute vitorioso – Neji não bloqueou aquele ataque, mas sim desviou. Com rapidez, Naruto apoiou sobre as mãos e girou as pernas no ar, acertando-o de raspão na canela, causando um desequilíbrio. Tomando cuidado para não expor seus pontos abertos, refreou de uma série de ataques frontais, conseguindo segurar seu pulso e girando, passando sua perna no meio das dele em uma desordem de membros.

Surpreso, Neji não teve tempo de reagir, e caiu, pela primeira vez. Não esperava aquele tipo de ataque vindo de Hinata – ela geralmente usava ataques a médio e longo alcance, usando suas ferramentas, raramente partindo para ataque corpo a corpo, e menos ainda tocando-o para tal. Hinata era exímia em habilidades corporais, sobretudo quando ativava seu Byakugan, mas ele conhecia seu estilo, suas técnicas, e costumava bloqueá-las logo no começo. Aqueles pontos de chakra vibravam em uma confiança que ele nunca tinha visto-a usar. Eram movimentos grosseiros, pesados, mas surpreendentemente efetivos.

Hinata observou o degringolar da cena em questão de minutos – e no arrastar de cada um deles, seu coração se apertou dolorosamente. Neji era incisivo como uma faca, e nunca facilitava. Hinata viu quando Naruto parou, e esperando pelo pior. Foi então que bastou um fechar e abrir de olhos, e ali estava o Byakugan – ela quis comemorar junto com ele. Contemplou suas reações, o analisar estupefato, o contra-ataque rude. Ofegou silenciosamente quando Naruto chegou perto o suficiente para desferir um chute, e, em seguida, para agarrar seu pulso e derrubá-lo em uma rasteira.

O Uzumaki suava como se estivesse treinando o dia todo, mas menos de meia hora tinha se passado. Se afastou do corpo caído de Neji, enquanto tentava não sorrir. Ele se levantou, fitando-a com confusão e incredulidade.

— Bom trabalho, Hinata-sama. – murmurou, parecendo ter o orgulho ferido. Neji limpou suas vestes, e, por fim, decidiu abandonar o dojo – Até amanhã.

Não deu tempo para Naruto responder. Saiu, deixando a porta semiaberta, e, quando estavam definitivamente sozinhos, Hinata e Naruto correram para comemorar. Em um impulso, Hinata o puxou pelos ombros, afogando-o em um abraço. Naruto sufocou, e, tão rápido quanto antes, ela o soltou. Ele percebeu que Hinata estava respirando com dificuldade, e se sentiu culpado – provavelmente ela estava se esforçando para manter a transformação, por ele.

— Você conseguiu! Conseguiu ativar o Byakugan! – a voz grave de um homem de meia idade soou pelo cômodo, mas Naruto ainda conseguia perceber a animação genuína que somente Hinata tinha.

— Eu pensei que ele fosse acabar comigo! – exclamou, gesticulando nervosamente, todavia, estava contente por ter dado tudo certo.

— Bom, eu nunca consegui derrubá-lo com uma rasteira, então isso o afetou um pouco. – ela riu, mas não durou muito. Logo seu rosto se converteu novamente em uma careta séria – Conseguimos passar por dois desafios, e agora só precisamos nos preparar para a reunião, mas meu chakra está esgotado, e você não pode sair sem que ninguém te veja! – alertou, e Naruto ficou triste por terem que se separar.

— Quando vamos poder nos encontrar de novo? – era um tanto constrangedor admitir que tinha medo quando precisava agir sem Hinata. Parecia que ele apenas não era inteligente sem ela.

— Não sei. – mordeu o lábio – Talvez depois do almoço, se você tiver sorte. – Naruto assentiu, sabendo que tinha que voltar para a casa principal – Eu preciso ir. – falou, urgente. Ele se despediu, e Hinata voltava pelo mesmo caminho, quando parou e se virou, sorrindo – Parabéns pela vitória, Naruto-kun.

Ele não pode evitar de sorrir – largamente.

A observou ir embora pelo corredor, e, sozinho, não teve outra opção a não ser ir pelo mesmo caminho que Neji tinha saído. A casa estava toda clara, e ele olhava para todos os lados, reparando em detalhes novos que nunca tinha visto. Passou por alguns funcionários, acenando com a cabeça, e, quando pensou estar perdido, encontrou-se no hall principal, com as escadas que subiam para seu quarto. Respirou fundo, a caminho, mas ouviu, do escritório:

— Hinata?

Naruto resmungou sozinho, arrumando a postura e entrando na primeira porta, em vez de passar reto. Lá estava Hiashi, com toda pompa e circunstância, analisando os papéis intermináveis em sua mesinha de madeira. Não se dignou a erguer os olhos para fitar a filha.

— Sim, meu pai. – engoliu em seco, prostrando as mãos como lembrava que Hinata fazia.

— Terminou de treinar com Neji?

— Sim, meu pai. Consegui vencê-lo. – deixou a animação escapar em sua voz, e Hiashi a fitou, finalmente, com as sobrancelhas arqueadas.

— O objetivo não é vencê-lo, e sim se tornar mais forte e útil. – sua voz era cortante e desinteressada. Naruto deixou os ombros morrerem, com a garganta subitamente apertada – De qualquer maneira, gostaria de saber se já terminou de analisar os relatórios que lhe pedi para ler. – voltou a atentar-se em seus afazeres.

— Ainda não, meu pai. – murmurou, pensando na pilha que deixou ao lado da cama. Hiashi fez um som de desaprovação com a língua.

— Espero que termine ainda hoje, pela manhã. Depois te enviarei as novas informações que recebemos sobre os líderes feudais. Não quero que me faça passar vergonha. – a maneira crua com que ele falava deixava Naruto incomodado – É só isso.

— Sim, meu pai. – Naruto repetiu, como ela o ensinara, e saiu em silêncio.

No corredor, caminhou como em marcha fúnebre até seu quarto, fechando a porta ao passar. Com o sol, ele se tornava grande e arejado. Com uma careta, sentou novamente na cama, cruzando as pernas e os braços. Hiashi era mesmo um desgraçado insensível, como ele sempre achava. Sua presença sugava a vitalidade das pessoas, e ele nem ao menos olhava nos olhos da própria filha ao falar. Estava sempre colocando-a para baixo, menosprezando suas conquistas, exigindo mais. Naruto não se surpreendeu por Hinata ter uma personalidade tão introspectiva e uma autoestima tão baixa – dois dias morando com ele e já se sentia uma lixo.

Sentiu-se mal por Hinata. Imaginou quantas vezes ela não foi desprezada, subjugada. Era só uma criança, sendo cobrada de maneiras absurdas. Hinata não era Neji, e nem tinha que sê-lo – ela era um gênio a sua própria maneira. Que consequências teriam refletido nela? Tudo que ela sabia fazer era ser gentil e atenciosa com as pessoas. Além de triste, começou a ficar com raiva. Hinata merecia mais.

Com um bufar, puxou o restante dos papéis, tentando se concentrar – Naruto odiava trabalho de escritório –. Correu os olhos pelas fileiras intermináveis. Nomes, características, informações confidenciais sobre armamento. Havia de tudo ali. Pelo que parecia, o clã Hyuuga tinha interesse específico em um dos líderes feudais, que comandava a costa leste do país do fogo. Ele viria acompanhado de dois secretários, que também tinham suas informações ali explicitadas.

Distraído, não ouviu a porta ser aberta.

— Onee, está ocupada? – assustou-se quando Hanabi entrou, mas se recompôs, balançando a cabeça – Por que está lendo isso aqui dentro? Você adora ficar nos jardins. – comentou, jogando-se ao seu lado, com o cabelo caindo pelo rosto. Naruto suou um pouco frio, principalmente com aquelas pérolas astutas o encarando.

— Estava me sentindo indisposta, resolvi ficar por aqui. – pensou rápido na desculpa, orgulhoso por usar todos os gêneros corretamente. Hanabi deu de ombros, aceitando.

— Papai também está me matando com esses relatórios chatos. – resmungou.

— Pensei que só Hin- quer dizer, só eu fosse na reunião. – corrigiu-se rapidamente.

— Sim, mas você conhece ele. Ainda quer que eu esteja por dentro de todos os chefões. – rolou os olhos – E, sabe, um dia eu posso ser a líder do clã. – Naruto conhecia os boatos sobre Hiashi querer que Hanabi fosse a próxima sucessora, não Hinata. Aquilo o irritou mais ainda.

— E você, o que acha sobre isso? – perguntou, como quem não queria nada. Hanabi lhe olhou estranha.

— Onee, você já sabe o que eu penso. Você é a pessoa mais forte dessa família. – Naruto não pôde deixar de sorrir um pouco – Papai fica falando essas coisas, mas sei que no fundo ele sabe também, e espera muita coisa de você. Só não faz bem para o ego dele se enganar, igual aconteceu com o idiota do Naruto. – deu de ombros, e ele se empertigou, prestando total atenção.

— É mesmo? Como? – perguntou, tentando agir como Hinata agiria, mas era realmente difícil se concentrar.

— Você sabe, ele apostava que o Naruto nunca ia conseguir derrotar aqueles caras maus, mas ele conseguiu, e virou o herói da vila. – rolou os olhos novamente, e Naruto percebeu que era uma mania. Reprimiu o desejo de sorrir vitorioso – No fundo, acho que ele sentiu ciúmes de quando você brigou com ele para defender o Uzumaki. Você nunca tinha gritado com o papai antes, lembra?

Naruto não respondeu, surpreso, com a boca entreaberta. Aquilo o pegou desprevenido. Hinata já tinha enfrentado o próprio pai para defendê-lo? Parecia um sonho. Parte de si ficou mal por ter causado aquilo, porém, outra parte, uma parte grande e teimosa, explodiu de um sentimento que ele não conhecia, se apertando. Nunca soubera de ninguém que o tinha defendido antes, não daquela maneira. Quando pensava na Hyuuga, tudo que preenchia sua mente eram imagens daquela garota quase submissa, mas não de um jeito ruim – Naruto era péssimo para se expressar, mas lhe faltavam palavras para exteriorizar.

Sempre que parava para pensar em como a afeição de Hinata por ele pareciam grandes, sentia vontade de se bater – ele havia sido um grandessíssimo idiota.

— Onee? Está tudo bem? – Hanabi chamou sua atenção de novo – Você ficou com cara de besta de repente.

— Hm, oi, estou bem. – apressou-se, balançando a cabeça. De repente, sentiu-se angustiado para falar com Hinata. Mesmo que ela estivesse em seu corpo, mesmo que, quando a fitasse, enxergasse apenas seu reflexo. Não era a fisionomia, era quem estava dentro dela. Não era a voz, era o que ela dizia. Hinata tinha desenvolvido uma maneira única de fazê-lo sentir sua falta.

— Nós podemos ir nos jardins? – a menor chamou, e Naruto assentiu, juntando os relatórios estúpidos que tinha que ler, agora definitivamente esquecidos.

Seguiu Hanabi de volta pelos corredores, naquela casa grande demais, e vazia demais. Perdido em pensamentos, sua vontade era de conseguir voltar no tempo, apenas para aproveitar os poucos momentos que tinha passado com ela, quando as coisas ainda eram normais. Não sabia se conseguiriam desfazer aquela troca absurda, mas, de certa forma, seu medo deixou de ser aquele – agora, temia não conseguir retribuir Hinata o suficiente.


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Notas finais do capítulo

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