Genderswap escrita por Ero Hime


Capítulo 5
O banho


Notas iniciais do capítulo

OIOI GENTE! E aí, como estamos? Gostando da história? Ela é diferente do que eu escrevo atualmente, porque eu sempre imagino uma linha mais divertida, despojada, com acontecimentos bem banais, como vocês vão ver aqui. Espero que gostem! Obrigada pelos comentários, e, para aqueles que eu ainda não respondi, JURO JURADINHO que faço isso até amanhã ♥



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—Capítulo V–

Seu corpo não é um templo, é um parque de diversões. Aproveite o passeio.

 

Hinata caminhou o tempo todo sozinha. Naruto se despediu quando atingiram a encruzilhada que separava seus trajetos, mas, até o pequeno apartamento no conjunto habitacional, havia um pedaço considerável. Andou com as mãos nos bolsos, pensativa, retribuindo, as vezes um pouco tarde demais, os cumprimentos animados dos moradores da vila. Surpreendia-se cada vez mais em como Naruto era popular, afinal – todos sorriam para ele. Tão diferente de quando eram crianças.

O sol não tinha se posto ainda, todavia, sentia-se exausta. O treinamento com a Gondaime esgotou todas suas reservas de energia, e até mesmo o arrastar de pernas que executava pelas ruas de pedra se tornara uma tarefa árdua. Finalmente, avistou as janelas voltadas para a esquerda, igualmente fechadas, e soltou um suspiro involuntário. Tudo que queria era comer alguma coisa e dormir.

Entrou pela portaria, buscando o molho de chaves organizadas em uma argola com um sapo que a decorava – não conseguia deixar de sorrir todas as vezes em que as pegava. Abriu a porta, o cubículo bem organizado ficando todo a sua vista. Da maneira como tinha deixado, silencioso e intacto. Enquanto trancava a porta por dentro, não pode evitar de pensar em como era a sensação de voltar para uma casa onde não havia ninguém esperando. Sem bagunças, sem cobranças, apenas ela e os móveis mudos. Poderia se acostumar com aquela pacificidade. Despiu-se da jaqueta laranja e das sandálias, deixando-as cuidadosamente dobradas na soleira. Alongou os ombros, caminhando até os armários, a procura de algo minimamente comestível – não estava em posição de exigir um banquete –.

Por fim, encontrou dois pacotes de rámen que não tinham passado da validade, e um pouco de leite fresco que recebera pela manhã. Esquentou a sopa com um pouco de água e adicionou legumes murchos que jaziam, esquecidos, na gaveta de baixo. Feita a janta, sentou-se na única cadeira de madeira, agradecendo silenciosamente pela refeição e devorando-a em seguida. Não se importou com a língua queimada, tamanha sua fome. Quando terminou a tigela – que tinha um tamanho considerável, vale ressaltar –, bebeu um copo generoso de leite e recostou, satisfeita. Riu sozinha quando abriu o primeiro botão da calça, deixando que a barriga caísse sobre a barra.

Olhou a sua volta, decorando os detalhes. As paredes lisas eram neutras, e, fora o relógio exótico, não havia grandes enfeites. A cômoda ao lado da cama era a mobília mais adornada, com um despertador e um quadro. Hinata gostava de olhar para o pequeno Naruto, com a careta e as marcas de gato. Sorria, carinhosamente, lembrando-se de outro tempo. Parte de si tinha medo de que nunca mais seus corpos destrocassem – e estivessem fadados, inevitavelmente, a conviver um com o outro pelo resto de suas vidas. Aqueles pensamentos lhe tiraram o bom humor, e ela decidiu que era hora de dormir.

Lavou a louça suja e deixou secando. Tirou o pó da mesa e pendurou os guardanapos. Deixou a bandana sobre a pia, assim como a bolsa de kunais e shurikens. Despiu-se do cinto, admitindo que estava, sim, fedendo. Todavia, adiaria o temido banho para a manhã seguinte, e, feliz com sua própria maneira – covarde – de lidar com a situação, deixou o corpo cair, pesado, sobre o colchão. De barriga para cima, puxou a coberta sobre as pernas, a janela aberta ligeiramente e um fio de vento gelado entrando por ela. Encarou o teto. Mesmo cansada, sua cabeça estava de raciocínios, lógicos e fantasiosos. Estar naquele corpo era como uma bela roupa, emprestada – você se acostuma a usá-la, mas sabe que não é realmente sua, e nunca seria.

Para uma garota, você tem pensamentos demais”.

Hinata se sentou, assustada, olhando para todos os lados. – Quem está aí? – perguntou, em voz alta. O coração batia apressado, e ela agarrou os dedos contra o lençol, procurando pela voz.

Eu? Eu estou na sua cabeça”, uma risada quase canina ressoou, e Hinata, mais apavorada que antes, encolheu as pernas, os olhos tentando captar, no escuro, o autor. Estava sozinha, tinha certeza, e a porta estava fechada. A explicação mais lógica tinha sido dada pela voz – no entanto, acreditar nela significava estar um passo mais perto da insanidade. “Ora, deixe de drama. Eu estou na sua cabeça mesmo”.

Então, de repente, não estava mais no quarto. Piscou, e tudo estava morno. Seus pés descalços tocavam um chão úmido e pegajoso, e estava tudo escuro. Seus olhos tentavam se acostumar com a penumbra, mas eram atraídos pelo único fiapo de luz, que provinha do espaço a sua frente. Analisando debaixo para cima, avistou grandes grades de uma cela, com espaço suficiente para que passava andando entre elas. A luz, vindo de lugar nenhum, iluminava uma fechadura aberta, e uma abertura mínima se dispunha. Com medo, captou, por fim, uma criatura absurdamente grande – este foi o primeiro motivo que a fez gritar.

Foi um grito esganiçado, que ecoou naquele lugar infinito, mas também pareceu atingir seus ouvidos externos. A criatura, de dentro da cela, pareceu bufar. Não precisa gritar, garota. Se eu quisesse feri-la, já teria feito isso antes. Humanos idiotas”. Hinata queria acreditar que já tinha adormecido e aquele era um sonho muito estranho. “Não, você não está sonhando”.

Tudo bem, a criatura conseguia ler seus pensamentos.

Movida por uma coragem que ela, sinceramente, não sabia de onde tinha vindo, forçou sua própria visão a identificar as formas contorcidas do que quer que estivesse dentro da cela. Tal como uma ordem, a luz – vinda de lugar nenhum – aumentou a intensidade, iluminando quase todo aquele lado. Com um arfar, detectou o dono dos comentários cruamente sarcásticos. Deitado sobre as patas, realmente como um cachorro que descansa, estava uma raposa gigante. Laranja, como brasas, e pelugem extensa, o focinho apoiava-se contra os dedos longos e as unhas pontiagudas. Seus olhos eram amarelados e atentos, as orelhas para cima. O corpo parecia magro, quase esquelético. O mais assustador – e, de certa maneira, elucidador também – eram suas nove caudas. Uma após a outra, pousadas no fundo, amontoadas, com pontas pretas. Se em miniatura, seria um monstro quase simpático, mas, com quase três metros, Hinata não a chamaria de fofa.

— Você é a Kyuubi. – sussurrou o mais alto que sua voz, acuada pelo pânico, permitiu. A criatura assentiu humanamente, e, se fosse possível, Hinata apostava que ela rolaria os olhos.

Congratulações pela descoberta”, respondeu, entediada. Sua voz reverberava por todos os lados. Hinata tentou dar um passo, mas era difícil caminhar naquele chão pegajoso. Recuperou tudo que conhecia sobre a famosa raposa de nove caudas que destruiu Konoha dezesseis anos antes, sendo aprisionada no filho do quarto hokage – foi apenas recentemente que ela, e todos os outros, ficaram sabendo do parentesco entre Naruto e Namikaze Minato, embora a semelhança parecesse bem mais que uma feliz coincidência –. Hinata sabia que um monstro vivia aprisionado dentro de Naruto, mas nunca imaginaria que ela podia falar como um humano. “Sabe, é ofensivo você pensar que uma criação milenar poderosa seja irracional”.

— Você poderia, por favor, parar com isso? – deixou escapar antes que pudesse impedir, e, ao se arrependeu, ouviu o ecoar de mais uma risada canina – Onde estamos, Kyuuba-sama? – perguntou, agora mais audivelmente. Ainda estava desconfiada, e com os membros ligeiramente paralisados, mas a maior parte do medo tinha se dissipado.

Onde você acha que estamos?”, devolveu, sem se mover um milímetro. Hinata, surpresa, tornou a olhar em volta. Não havia paredes ou limites, e, mesmo escuro, era quente. O chão úmido afundava entre seus dedos, e a cela parecia se estender até um infinito não visível.

— Na minha consciência? – chutou.

Quase. É na minha”, Hinata soltou uma exclamação, admitindo que fazia sentido. “Você pode chamar isso do centro concentrado do chakra de Naruto. Eu admito esta forma para poder me comunicar com o pirralho”. Ela tinha tantas perguntas! Era um tanto sinistro, e sentia-se mesmo como uma louca, mas sabia que era real.

— Espera! Por que falou comigo? Sabia que não era o Naruto? – as palavras simplesmente saltavam de sua boca, sem filtro. Parecia que aquele lugar a induzia a falar sem restrições.

Por favor, não me subestime. É claro que eu sabia. Soube desde o primeiro instante. Só estive esperando pelo melhor momento”, Hinata teve a impressão de que ela sorria sinistramente. Reprimindo um suspiro, teve vontade de se sentar. Era estranho estar dentro e fora de seu corpo ao mesmo tempo – não tinha noção se ainda estava sentada ou deitada. Sendo sincera, mal conseguia acreditar que aquele diálogo estava mesmo acontecendo.

— Você sabe alguma coisa sobre isso? Pode nos ajudar? – apontou para todo o corpo, e a raposa pareceu entender do que falava – afinal, ela lia todos seus pensamentos –.

Há alguns encantamentos que nem mesmo criaturas antigas como eu têm conhecimento. São feitos que o próprio universo pode controlar. Temo que deverão achar sua própria saída”, ela não parecia sentir em nada. Continuava deitada, tranquila, quase como se estivesse divertindo-se em demasiado com tudo aquilo. Hinata começou a ficar irritada, incomodada por saber que aquela presença vivia dentro de seu corpo, ciente de todas suas reflexões e movimentos.

— Vai me ajudar? – repetiu, por fim, com um quê genuinamente curioso. Não sabia lidar com o chakra desconhecimento que se concentrava ali, e a bijuu poderia orientá-la, ensiná-la como dominar parte daquele potencial.

Depende do quanto eu gostar de você, garota”, arreganhou seus dentes pontiagudos no que poderia ser um sorriso bastante agressivo. “O pirralho me conquistou pela insistência. Veremos se você é merecedora”.

De repente, Hinata estava novamente ciente do lado externo. Estava no quarto, as paredes em tom gema a cercando, a cama sob seu corpo e o cobertor caído do levantar súbito. Confusa, piscou várias vezes, focando e desfocando em suas mãos de dedos longos.

— Obrigada, Kyuubi-sama. – agradeceu, sentindo-se um pouco envergonhada por falar sozinha em voz alta.

Sabe, eu consigo ouvir seus pensamentos, não precisa falar”, Hinata quase achou que a nove caudas estava zombando com ela. Grunhindo, com o rosto corado, tornou a se deitar, agora suficientemente cansada para dormir em poucos instantes.

“Vamos precisar de toda a ajuda que puder nos dar”, foi a última coisa que pensou antes de dormir, e pode jurar ouvir uma risadinha feroz.

 

O despertador, previamente programado para tocar estridente muito antes dos primeiros raios solares despontarem, acordou Hinata. Quando abriu os olhos, encarando a janela ainda aberta, que exibia um céu azul escuro e cheio de nuvens, ela sentiu-se satisfeita por ter conseguido dormir o suficiente para renovar suas forças. Pôs-se de pé sem enrolar, alongando as juntas, sem preguiça. O ambiente todo estava mergulhado na meia-luz, e ela sentiu falta do Byakugan. Por fim, acendeu as luzes, como uma pessoa normal faria, e rumou, inevitavelmente, para o banheiro – seu bom humor já era.

Sua bexiga estava relativamente cheia, e ela tentou ignorar. Não poderia contar com ajuda, e ainda vestia a mesma roupa do dia seguinte, agora com o cheiro de suor mais proeminente. O cômdo de ladrilhos era pequeno e modesto – comparado ao grande banheiro da mansão principal –. A privada tinha uma tampa branca e a pia era soldada. Um armário pequeno estava em cima, e não havia uma banheira tradicional, mas um chuveiro moderno, instalado em uma divisória. Ao todo, era do tamanho ideal para uma pessoa por vez. Hinata buscou a toalha, estendida no varal improvisado acima da janela, e, com um suspiro, começou a se despir.

Tirou a camiseta preta de malha que servia de segunda pele, no fundo suspirando aliviada por se livrar dela. Cravou o olhar em um ponto específico da parede, não movendo-o dele em nenhum instante. Com um arrepio na espinha, baixou as calças sem cinto, agradecendo por perceber que usava uma roupa íntima grande o suficiente – era um calção antigo,a aparentemente com desenhos, mas ela não olhou para ter certeza –. Tinha muita ciência da maneira que os músculos se contraíam quando se abaixava, e era realmente estranho controlar um corpo maior e mais largo do que estava acostumada. Sentia falta da delicadeza de suas mãos e da altura mínima. Tudo que via eram mãos rígidas de treinar e braços com pelos claros.

Entrou na repartição, ligando o chuveiro. Estremeceu quando respingos de água fria atingiram suas costas, e água esquentando minimamente minutos depois, apenas. Como esperado, não conseguia molhar toda a extensão de uma vez, tendo que alternar entre esquerda e direta a todo momento, enquanto a brisa fria da madrugada causava contrastes nada agradáveis.

Encontrou sabonete e shampoo na prateleira de cima, na altura dos olhos. Engolindo em seco, pegou o sabonete, esfregando nas mãos para criar espuma. As partículas de poeira davam lugar a sensação de limpeza, e, no fim, estava grata por não ter que fazer aquilo em uma casa de banho. Com a barra perfumada, começou a esfregar a partir dos ombros, fechando os olhos com força.

Seus dedos tocavam a pele, os músculos e os tendões. Por onde passava, deixava uma trilha escorregadia de sabão. Depois dos trapézios largos, passou em cada um dos braços, percebendo os altos e baixos que os bíceps deixavam. Eram grandes bíceps. O antebraço era rijo, os tríceps eram duros. Hinata nunca pensou que estaria em uma situação como aquela – seu rosto atingia novos níveis de vermelho, sendo disfarçado pela água que deixava cair na nuca –. No peitoral, esfregou de um lado a outro, surpreendendo-se com a distância. Era como se cada milímetro daquele corpo fosse definido, endurecido. Fez uma linha pelo abdômen, ignorando-o por enquanto. Antes de ensaboar as pernas, tentou relaxar, fazendo um filete quente escorrer pela samba-canção molhada. Suspirou, aliviada, ainda de olhos fechados, por ter conseguido fazer xixi sem ter que encostar. Depois, passou o sabonete duas vezes nas pernas, para ter certeza de se livrar de cada resíduo. Os pelos das coxas embolaram entre seus dedos. Eram coxas fortes e fartas. As batatas eram resistentes. Subiu, de volta para a barriga, único lugar que restava. Agradeceu mentalmente, porque era incômodo ficar de olhos fechados, e a água começava a esfriar.

Passou cuidadosamente do peitoral a baixo, em linhas verticais. Foi impossível ignorar os gominhos sob seus dedos. O abdômen, era definitivamente, a parte mais definida do corpo. Fruto de um provável treinamento árduo, formava um mosaico regular de músculos saltados e intercalados. Rígido, Hinata não imaginava que as roupas laranjas escondiam aquilo. Era magro, mas, ainda assim, conseguia sentir a carne sem nem se esforçar. Seus pensamentos voaram, e, quando percebeu, seus dedos passeavam, sentindo, tocando, gravando.

De repente, parou. Sentiu repuxões e fisgadas incômodas, e, assustada, tateou a prateleira para deixar o sabonete. Deixou o resto do sabão sair e desligou, ainda de olhos fechados. Parada, as gotículas escorriam para o chão. O incômodo continuou, e Hinata ficou apavorada. Teria de abrir os olhos. Respirando fundo, abriu um, deixando que se acostumasse com a luz, e depois o outro. Enxergou seus braços erguidos à sua frente, e os ladrilhos molhados. Não entendia porque seu abdômen doía tanto, como se estirasse.

Finalmente, olhou para baixo, devagar, como que câmera lenta. A primeira captação foi dos pés grandes, as pernas, a samba-canção grudada nas coxas. A barriga. E, então, ali estava. O motivo de todo seu desconforto.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Com um gemido, Hinata percebeu o volume proeminente em sua peça. Quer dizer, era impossível não perceber. Ela tinha tido instruções de anatomia básica nas aulas preparatórias obrigatórias para kunoichis – que poderiam, eventualmente, quererem se tornar ninjas médicas –. Sabia o que aquilo significava. Mas, ao mesmo tempo, suas bochechas queimavam tanto que pensou estar tendo um ataque. O ar começou a faltar, enquanto ela encarava, paralisada, a ereção.

O que tinha causado aquilo? Ela não tinha nem ideia dos gatilhos que ativariam aquilo! Nunca esteve no corpo de um homem antes, e, mesmo que ouvisse falar, nem em seus sonhos mais tórridos pensou em ter contato com aquele tipo de coisa, ao menos não antes do casamento. Não sabia o que fazer. Seria impossível sair com aquilo. Era incômodo, quase doloroso, se mexer, e o menor movimento fazia o membro se tornar mais pronunciado. Saltava pelo tecido fino, voltado para a esquerda, e, se não fosse pelo elástico, talvez atingisse sua linha V.

Hinata começou a hiperventilar, tentando pensar racionalmente em meio à vergonha e a mortificação. Não tinha como chamar ajuda, não tinha como sair dali. O vento começava a ficar mais e mais gelado, e o céu já estava mais claro. Logo seria hora de encontrar Naruto para o treinamento com Neji, e o que ela faria? Com a garganta fechada e o cuidado de um ninja que lida com uma bomba armada, estendeu minimamente o braço para fora, tentando puxar a toalha, mas a perna fisgou na parte interna, e um som abafado escapou de sua garganta. A surpresa lhe fez parar novamente, descrente de que aquele gemido tinha saído dela.

Não soube quantos minutos se passaram. Continuou parado, como estátua, tentando encontrar soluções e tentando evitar o choro. A ereção não diminuiu, mesmo pensando em coisas aleatórias. Implorou por ajuda em sua cabeça, mas apenas o silêncio se fez presente. Àquela altura, já estava parcialmente seca. Para se mover, teria que tocar – mais, segurar, com as duas mãos, para que não repuxasse mais.

E, claro, nenhuma situação é tão ruim que não possa piorar.

Ouviu batidas na porta.

— Naruto? – era sua própria voz.

Desesperada, moveu a cabeça. Naruto estava ali. Eram para se encontrar na mansão Hyuuga apenas – por outro lado, quando olhou pela janela, era possível distinguir as cores alaranjadas que pintavam o céu. Estava atrasada, e era compreensível que Naruto viesse procurá-la em sua própria casa.

— Naruto? – ouviu de novo, mais alto. Se conseguia ouvir dali, dos fundos, provavelmente o resto do corredor também, e as pessoas começariam a comentar. Gemeu, agora desgostosa, tentando encontrar aflitamente uma solução para seu problema. Quando pensava em se mexer, sentia o membro, esticando-se, e não sabia se a umidade que escorria do lado interno de suas coxas eram gotículas de água do banho. Parte de sua mente, uma parte muito pequena e ignorável, pensou que era consideravelmente grande – Eu vou entrar! – ouviu, abafado, e barulhos da tranca se movendo.

Paralisou, aterrorizada. Por sorte, a porta do banheiro estava fechada, e ela não deixaria que Naruto a visse naquela situação. Tudo bem, era seu corpo, mas a circunstância embaraçosa fora causada por ela — o que ele pensaria, que era uma bastarda pervertida? –.

— Hinata? – chamou, agora mais baixo, e mais audível, por estar mais perto. Os passos se aproximaram até pararem no corredor, e Hinata sabia que ele estava logo atrás da porta. Engoliu em seco, tensa – Hinata, está aí dentro?

— Não entra aqui! – grasnou, o tom histérico não combinando em nada com a voz máscula.

— O que? Por que? Está ferida? – retrucou, agora alerta.

— Não! Não é isso. – complementou, falando rápido e enrolado. Choramingou, encolhendo o corpo.

— Hinata, o que está acontecendo? Eu posso ajudar! – Naruto insistiu, falando com o mesmo tom calmo que ela mesma costumava usar. Ficou dividida. Certamente Naruto saberia o que fazer, contudo, em contrapartida, seria muito constrangedor.

— É que... – parou, lutando contra as palavras – Ai, é muito vergonhoso. – balbuciou.

— Hinata, o que quer que seja, é meu corpo, eu posso ajudar. – repetiu, tentando convencê-la. Por fim, a garota respirou fundo, o rosto em brasas.

— Tudo bem, pode entrar.

A porta foi aberta no mesmo instante, e Naruto entrou, com seu corpo. Usava roupas parecidas com as de ontem – que, provavelmente, ele encontrou entre seus uniformes –, e o cabelo estava preso embaixo. Hinata não gostava de usar o cabelo em rabo de cavalo, muito menos um rabo baixo, mas não tinha tempo para se importar com aquilo. Ele parou, encarando-a com os olhos lilases atentos. Esquadrinhou todo o local, parando sobre ela, desnuda, com a roupa íntima ainda colada.

— Ok, o que aconte- UOU! – exclamou, de repente, surpreso, quando sua visão captou a proeminência nas regiões. Hinata fechou os olhos com força, retraída, e, quando menos esperava, uma gargalhada alta e divertida preencheu o ambiente – No que você estava pensando, Hinata? – zombou, parecendo mais aliviado.

— Não tem graça! – ela retrucou, com um pranteio. Cobriu o rosto com as mãos, os ombros tão encolhidos que quase encostavam em suas orelhas – Está doendo! – àquela altura, não tinha mais o luxo de se preocupar com sua dignidade, só queria se livrar daquele incômodo. Não acreditava que homens passavam mesmo por aquilo.

— Tudo bem, tudo bem, calma. Olha, fica calma. – repetiu, se aproximando e tocando em seu braço. O tato macio a vez se assustar – Abra os olhos. – ele pediu, e Hinata obedeceu, baixando as mãos devagar e abrindo-os. Naruto estava realmente perto – Isso é normal com, hm, caras. – ele parecia mais acanhado em ter que explicar do que com a situação em si – Acontece quando ficamos excitados. – levou a mão até a nuca, parecendo querer rir, e Hinata ficou entre fechar a cara e olhá-lo incrédula. Ela não estava pensando em nenhum teor sexual. Bom, poderia ter se distraído um pouco enquanto se ensaboava, mas foi só. Quando ficava impressionada com alguma coisa naquele sentido, o máximo que sentia era um calor forte, e não um membro ganhando vida! – Você pode tentar, não sei, brochar. – seu olhar indignado e confuso o fez completar a frase rapidamente – Pensar em coisas nojentas, horripilantes, como sua avó usando roupa íntima.

— Que horror! – ela exclamou na mesma hora. Naruto disfarçou a risada com uma tosse.

— É a maneira mais fácil. – deu de ombros, e Hinata lamuriou, tornando a fechar os olhos. Fez sua mente passar as imagens mais nojentas que conseguiria imaginar, sexuais e não-sexuais. Era difícil, porque não tinha, digamos, muita bagagem. Ficou bons minutos tentando, com caretas, mas, no fim, tornou a abrir os olhos, bufando quando viu que ainda estava lá.

— Não consigo! – reclamou, encostando na parede. O ladrilho gelado arrepiou sua pele.

— Bom, tem outro jeito... – Naruto falou sugestivamente, e ela esperou – Você pode, hm, se aliviar. – Hinata não entendeu de primeiro o que ele queria dizer – Pensar nas coisas que você estava pensando antes – ela o fuzilou – ou não, calma! Se aliviar. – ergueu as sobrancelhas, e uma faísca de entendimento cruzou Hinata, que reagiu imediatamente.

— O QUE? – gritou – Eu não vou fazer isso! – protestou, ofegante. Naruto estava se divertindo, tentando acalmá-la.

— Hinata, calma! – falou, pela décima vez – Olha, nós temos que ir, lembra? Neji? Não podemos levantar suspeitas! Eu sei o quanto pode doer, e incomodar, sem falar que é quase impossível andar e chama a atenção! – listou. Hinata piou, querendo enfiar a cabeça em um buraco para sempre. Depois do que pareceu ser uma eternidade, ela emitiu alguns sons inteligíveis.

— Tudo bem, eu posso tentar. Mas você sai! – exigiu, e Naruto, concordando, deu as costas, permitindo-se um sorriso inconformado enquanto fechava a porta.

Novamente sozinha, Hinata começou a entrar em desespero. Nunca tinha masturbado nem seu próprio corpo, e agora teria que fazer isso naquele! Não tinha a menor ideia de como fazer aquilo. Lembrou do que Naruto disse, sobre os pensamentos, e sabia que precisaria tocar. Desejou estar em uma missão suicida, mas, com os braços rijos, levou os dedos até o membro, por cima do tecido.

A menor pressão já lhe causou arrepios, e sua garganta se fechou. Era estranho, retesado. Tornou a fechar os olhos, lembrando-se do processo anterior. Visualizou cada momento, enquanto passava o sabonete pelos braços, trapézio e peitoral. Enquanto isso, seus dedos brincavam por cima da samba-canção, e os toques eram correspondidos por impulsos elétricos que percorriam toda sua coluna. Foi inevitável, e um som esganiçado atravessou sua boca, reverberando. Mordeu os lábios, e quase parou. Mas tinha que se apressar, ou Neji e os empregados desconfiariam. Voltou a imaginar aquele corpo, vislumbrando seus detalhes, principalmente o abdômen definido, e como era agradável de se tocar. A mão espalmada era grande o suficiente para cobrir quase toda a extensão, esfregando-a sem habilidade, causando atrito. Ofegou, percebendo como era bom, e aumentou a velocidade. Não durou muito – sentiu fisgadas dolorosas e, em um ápice, relaxou, como se todo o corpo agisse sozinho. Parou de se sentir incomodada, e o membro voltou para seu estado normal.

Dividida entre a vergonha e a perplexidade, tentou regularizar a respiração. Tornou a ligar o chuveiro, deixando que a água gelada percorresse suas costas e lavasse, sobretudo, suas pernas. A região, outrora quente, esfriou também. Quando sentiu que estava controlada, desligou, tremendo. Buscou a toalha com rapidez, secando o cabelo primeiro e tirando o excesso dos braços. Mantendo os olhos para frente, secou as pernas e enrolou na cintura. Com o cuidado de pinças, retirou a roupa íntima molhada, substituindo-a por outra seca e limpa, tudo isso com a toalha enrolada, tampando-a de qualquer visão desconfortável.

Saiu do banheiro, e o cômodo estava parcialmente iluminado. Encontrou Naruto esperando na cadeira, e seu rosto tinha as bochechas coradas – ela não soube porquê. De qualquer maneira, não conseguiu encará-lo, tomada pela humilhação absoluta. Fitou seus próprios pés, segurando as mãos na frente do corpo.

— Essa foi a coisa mais embaraçosa de toda a minha vida, e eu apreciaria se não contasse a ninguém. – murmurou, balançando a cabeça timidamente.

Naruto deixou uma risada escapar, assentindo. Esperou que Hinata se trocasse com as roupas pretas e laranjas, e saíram, juntos, pouco tempo depois, rumo à mansão Hyuuga.


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