Feelings From The Past escrita por CsiMillsOuat


Capítulo 1
Capítulo 1




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E mais uma vez sou acordada pelo irritante som do velho despertador que na minha opinião fica cada dia mais alto, pela visão que tenho da janela o dia será como os outros: frio e chuvoso. Coberta até o pescoço eu me chuto mentalmente por não ter ligado o aquecedor antes de me deitar, mas pudera eu estava tão cansada que nem fechei as cortinas. Tomei coragem para esticar meu braço direito até a mesa de cabeceira e alcançar meu celular, duas mensagens dos meus pais e quatro de Nigel. Oito meses se passaram desde minha saída da Runway e eu meio que cortei todos os laços, Nigel sempre liga para marcamos uma caminhada no central parque ou um café de dez minutos no Starbucks, com Emily já é diferente, aquela nojenta só está livre nos dias de academia, isso quando não me larga toda suada e volta correndo pra revista...

— Alo. – e falando em diabo

— Hoje é o aniversário da Emily e aquela cretina não quer comemorar! – contou indignado

— Bom dia pra você também Nigel. – ironizei ao sentar na cama

— E o pior é que eu queria muito sair pra beber hoje. – ele continuou me ignorando totalmente

— Eu vou falar com ela, dizer que está tudo pronto pra hoje...

— Isso! Talvez ela se renda pra não fazer desfeita, ou não, sei lá ela é mal educada...

— Eu vou desligar, tenho que entregar dois artigos se eu quiser sair mais cedo.

— Não esquece de falar com ela! – gritou antes de desligar.

Joguei o aparelho na cama e caminhava até o banheiro quando o maldito voltou a tocar, chamada de vídeo .

— Oi Emily, eu já ia... – comecei assim que a ruiva apareceu na tela do meu celular

— Não vai rolar! Eu preciso entregar o livro hoje, ou seja, ficar aqui até tarde. – me cortou e eu vi ela se sentar na própria mesa

— Você pode sair e depois voltar e pegar o livro... – deixei meu celular na pia enquanto me preparava para escovar meus dentes

— Você sabe que não é assim...

— Você pode dar um jeito, sei que pode.

— Eu deixaria com a assistente mas a idiota foi demitida. – contou revirando os olhos, eu fiz o mesmo

— Outra vez? – perguntei, não podia ser todas ruins

— É a sétima garota que passa por aqui desde a sua saída. – ela lembrou balançando a cabeça em negação

— Eu sinto muito. – disse depois de enxaguar minha boca e segurar o celular

— Eu sei... – vi a ruiva dar uma olhada rápida pra esquerda e depois voltar pra mim e dizer num tom mais baixo - preciso ir, acho que estou encrencada, tchau.

Suspirei cansada, voltei pro quarto e tirei meu pijama jogando-o em cima da cama. Após um banho rápido e já vestida para o trabalho eu deixei meu apartamento, faltando três andares para o estacionamento meu celular volta a tocar

— Ela vai entregar o livro.

— Eu tenho uma ideia.

— Qual a loucura da vez?

— A Miranda vai viajar hoje e só volta na semana que vem... – senti meu estomago se contrair com aquele nome – então você vem pra Runway...

— Espera! Oque?

— Não pira, ela não estará aqui!

— É melhor não arriscar...

— Está com medo?

— Medo? Eu deixei ela sozinha em Paris, acha que tenho medo dela?

— Acho não, eu sei que tem.

— Você é um idiota e eu não vou por meus pés ai! – desliguei antes de uma provável resposta. Que ideia mais ridícula.

[...]

— Adorei os últimos artigos, esse sobre a força feminina é de longe o seu melhor trabalho.

— Que bom que gostou... – sorri para meu chefe com aquela carinha de pidão

— E sim, você pode deixar mais cedo... – autorizou antes de deixar a sala

— Obrigado! - girei na cadeira em forma de comemoração.

[...]

O relógio marca três da tarde em ponto e meus olhos estão atentos a entrada do Starbucks. Abaixei meus olhos para meu café com canela e sorvi um pouco do liquido fervente, suspirando ao fim.

— Já pediu? – ouvi Nigel questionar antes de me puxar para um abraço caloroso

— Só um café, ainda não comi nada... – respondo e indico a cadeira da frente para que ele se sente – já quer pedir? Eu vou chamar o garçom...

— Não vai ser necessário, eu vou guardar espaço pra hoje a noite. – disse sorrindo

— Então vai rolar mesmo, vocês vão comemorar na Runway? – perguntei não acreditando nessa loucura

— Mas é obvio! E esperamos você lá.

— Eu já disse...

— Eu disse que você iria.

— Você oque?! – gritei e no momento seguinte me encolhi ao notar os olhares sobre mim

— E ela ficou bem contente, então não ferra seis! – ele me repreendeu

— Eu vou matar você. – afirmei um tanto irritada pela situação em que fui colocar

— Ela não vai estar lá. – ele contou em um tom cúmplice

— Eu não...

— Serio Andy, pra cima de mim? – ele deu um sorriso zombeteiro – Logo eu que estava lá?

— Eu não sei do que você está falando. – sacudi a cabeça e voltei minha atenção para meu café, agora, não tão quente

— Eu preciso ir, te esperamos as oito – beijou minha testa – me liga que eu libero sua entrada.

Soltei o ar ao ver ele passar pela porta.

 

[...]

 

“É só entrar.” – a voz em minha mente sussurrou “Não é difícil.” – voltou a dizer, agora um pouco mais alta “Mova-se!” – gritou, mas ainda sim, eu não me mexi “Ótimo então ficaremos aqui, como uma estátua?” – questionou irritada “Isso é um sim?” – sacudi minha cabeça, como se para calar o meu eu interior “Porque definitivamente isso parece um sim.” – suspirei comigo mesmo. Quando finalmente descido atravessar a rua em direção ao grande prédio o bendito do meu celular começa a tocar, reviro os olhos para o nome no remetente.

— Oque? – atendi já imaginando o motivo da ligação

— Se continuar parada ai eu chamo a policia. – ameaçou

— Eu já estou indo. – disse sem nem me dar o trabalho de procura-lo em uma das muitas janelas do prédio

— Ótimo, porque você esta me assustando. – escutei o som da linha e percebi que o puto tinha desligado na minha cara

Mudanças. Eu odeio mudanças. Mas há males que vem para o bem. Minha saída/fugida da Runway foi um mal que, no fim, veio para o bem. Eu diria que até as paredes novas da Elias-Clark foi uma boa mudança, as grandes e — provavelmente caríssimas — obras de artes fizeram deste hall um lugar, eu diria... Mais jovem?

— Que porra é essa? – exclamei parando em frente a catraca, que bom, agora já não era uma catraca e sim uma portinhola idêntica a que Miranda usava, em falar nela...

— Ela entra direto. – pulei no lugar ao ouvir a voz de Emily atrás de mim – Ela usa aquele elevador. – segui na direção em que ela apontou e revirei os olhos para a futilidade - Eu também acho um absurdo, mas oque Miranda quer Miranda tem.

— Como vai a terceira idade? – mudei de assunto puxando a ruiva para um abraço apertado – já sente dores nas costas?

— Você gosta do seu rosto? – ouvi ela perguntar em um tom ameaçador

— Feliz aniversário magrela. – apertei mais o abraço – te desejo toda Paris.

— Obrigada Andy. – ficamos abraçadas por mais alguns segundos antes de entrarmos no elevador

— Até que enfim, achei que teria que buscar as duas... – vi Nigel sair do escritório e vir ao nosso encontro – Seu telefone tocou e... – ele ia dizendo mas Emily correu pra sua mesa antes que o mesmo terminasse oque quer que fosse – Odeio quando ela faz isso. – declarou sacudindo a cabeça

— Ela é a Emily, já devia ter se acostumado. – ri da sua indignação

— Deixa pra lá. – segurou no meu braço e me puxou pelo corredor – Como foi?

— Oque? – encarei seu rosto

— Voltar depois de tudo. – explicou

— Achei que seria pior, mas a sensação foi... – comecei após um tempo – Como se eu nunca tivesse ido...

— Entendi. – ele disse assim que chegamos ao pequeno escritório das assistentes.

Girei meus olhos pelo ambiente parando na porta central, esta que se encontrava fechada para curiosos. Senti meu coração acelerar com lembranças antigas e quase imediatamente sacudi a cabeça na intenção de espantar qualquer uma delas.

— Então... – Nigel voltou da pequena cozinha conjugada que havia ali, segurando duas garravas de vinho branco – Prontas pra encher a cara garotas? – olhei para Emily que, por incrível que pareça estava tão animada quanto Nigel, e segurei uma das taças que me foi servida, puxei Emily para mais perto fazendo com que formássemos uma pequena rodinha

— Um brinde a nossa magrela. – segurei a mão de Nigel evitando que ele bebesse

— Que no ano que vem, estejamos de folga. – Nigel desejou fazendo nós duas rir

— E que eu consiga arranjar um homem descente. – mais risadas foram ouvidas

— E que seja bom de cama! – acrescentei. As taças foram ao ar e o brinde foi dado selando o início daquela noite desastrosa...

 


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