Avatar:A Lenda dos Gêmeos/Livro 1-avatares escrita por Barilinho


Capítulo 4
Capítulo 4- Verdades de uma vida passada


Notas iniciais do capítulo

E como prometido....
Tadá!!
Aqui vem mais um capítulo quentinho, direto do forno. Realizei recentemente que traduzir curto faz você perder muito conteúdo, por isso os capítulos passarão a ser compridos mesmo. Ta bom... Nesse eu exagerei, mas teremos uma média por aí.
Espero que gostem, boa leitura.



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— Jinora, saiba que não são nem sete horas da manhã. Está muito cedo, a padaria não está aberta. Vamos procurar alguma outra coisa para fazer, e mais tarde viremos aqui.- O Sábio Wan comentou com Jinora, rispidamente. Ele deve ser daqueles que ficam de mal humor ao dormir mal.
— Muito bem Wan, tem razão. Eu vou cuidar do Paki, afinal um bisão de quase cem anos requer cuidados. Sábio Wan, o senhor consegue descobrir sozinho o que fazer. E Haru, acho que está na hora de você tomar uma atitude, e ir conversar com seu filho. Ele tem várias perguntas para lhe fazer.
E tenho mesmo. Tipo, como meu pai não me contou toda a história da minha mãe? Por que eu tenho que ouvir isso justo de uma pessoa que entrou na minha casa pela janela? Era desconcertante saber que ele sabia que eu tenho uma irmã gêmea e nunca fiquei sabendo. E não vá me dizer que era uma irmã de um outro casamento que meu pai nem ficou sabendo que a mulher sequer grávida estava, tratamos aqui de uma GÊMEA, do mesmo ventre, da mesma mãe. Ele me deve explicações, e vou cobrá-las.
Ao tentar abordar meu pai, um pensamento sobe a minha cabeça. Afinal de contas, a abandonada foi Lena, e não eu. Então de certa forma ela merece uma explicação mais do que eu. Mas eu não sei se ela sabe disso tudo, ou se ela terá maturidade de aceitar a história, ou talvez ela não esteja preparada emocionalmente para uma bomba dessas... São tantas variantes que não consigo me decidir. E vejam só, o gostosão da escola, tetracampeão da pró dobra, está se preocupando com uma menina que nem conhece. Essa parada de avatar nem começou, e já me sinto mais responsável.
Meu pai pede então para eu erguer do chão duas rochas para sentarmos, e assim fiz. Nos sentamos e ele começou a dizer:
— Luan, eu fui casado uma outra vez, com outra mulher.
— Ah, pai, é mesmo? Quase que eu não me dei conta disso! Depois de ontem, nem deu pra notar!
— Não filho, é sério isso. Ela era o amor da minha vida, e mesmo sendo o homem mais pobre da área, eu era o mais feliz em ter aquela moça em meus braços.
— Moça que, só pra gente não esquecer, você abandonou junto de uma filha recém nascida, levando contigo um outro menino recém nascido. Isso só está ficando mais deplorável.
— Olha aqui Luan! Eu nunca pedi o seu perdão pelo que fiz, mas você pelo menos deveria ouvir a história por completa antes de sair falando esse monte de bobeiras!
— Pois justamente papai. Eu acho injusto que eu ouça a história e Lena, que é a quem você verdadeiramente deve pedir desculpas não.
— MAS SUA MÃE MORREU!- Meu pai solta um grito agonizante, caindo em seguida em um choro incessante. Era realmente constrangedora a situação
Olha, a quantidade de notícias bomba que eu recebi nas últimas vinte e quatro horas, não estavam no planejamento. Minha mãe biológica morreu, e meu pai abandonou Lena. Não sei quanto mais meu coração pode aguentar, por isso vou procurar o que fazer antes que a coisa fique pior.
Saio para uma espécie de pátio que tem ali perto, uma praça aberta. Aproximando-me reconheço um oásis para o meu deserto emocional: Uma arena de pró dobra pública! Vou direto para a arena, sem hesitar.
Posiciono-me na minha habitual posição, e me preparo para o combate, quando reparo que oponentes eu não tenho. Saio da arena, ergo três bonecos de terra maciça, movo eles para as posições da suposta equipe adversária, e vou para a minha posição preparar-me para o combate. Pego todos os cento e vinte e oito discos (oito em cada tubo, oito tubos por time) e encho os tubos.
Quando eu ergui os primeiros discos, pronto para empurrar o primeiro boneco para o "infinito e além", Jinora entra no campo adversário e me joga uma rajada de ar que me derruba pelos pés. Do chão, meio doído, ouço ela dizer:
— Me atinja se for capaz.
Me pegou de surpresa essa atitude. Eu tenho que jogar um disco de pedra na grandiosa mestra, ou numa senhora quase idosa, se preferir olhar por esse prisma. Ao me levantar, nem me estabilizado eu tinha ainda, e ela me empurra com um soco de ar, me roda com uma rajada duplo lado, e esticando os braços, e batendo palmas, uma onda de ar forte me põe no chão outra vez. Ao entender que ela não ia facilitar para mim, eu penso que ela só tinha levado a melhor porque eu estava despreparado. Se ela quer luta, ela terá luta. Agora é pra valer.
Me erguendo do chão, eu levanto dois discos no terreno dela (e mesmo que nas regras isso é proibido, mas como ela é uma dobradora de ar, e isso TAMBÉM está fora das regras, esse jogo não está tão regrado) e prendo seus pés, juntando os dois. Passo a controlar os discos com a mão esquerda, enquanto com a direita ergo um disco do meu campo, e com um soco cruzado eu faço o disco voar em direção ao peito dela, com intenção de derrubá-la.
Mas eu já deveria saber que, ela,como todos os dominadores de ar, sentem tudo a sua volta, e por isso desviam facilmente de tudo. Jinora se abaixou pra trás com força o suficiente para livrar um dos pés enquanto o disco destinado ao seu peito passava longe de seu alvo. Com um pé preso, ela o usa como base para rodar todos os outros três membros por uma vez e meia, e cria um mini furacão, com um destino... Eu.
O furacão chega com velocidade pra cima de mim, e eu ia rodopiar para todos lados, mas eu tinha me preparado com um contra ataque dessa vez. Ao sentir o vento perto de mim, peguei três discos rapidamente, empilhei-os debaixo de meus pés, e me arremessei pra cima. Lá de cima, domino um disco de cada tubo da arena. Não subi tão alto propositadamente, para voltar com o mortal central, coisa que apenas dominadores de terra podem fazer. Basicamente consiste em "contactar" um número indefinido de elementos dominados, e ao concluir qualquer salto com um mortal, batendo não só com os pés, mas também com os punhos fechados no chão, todos os elementos se centralizam com força no seu alvo. Eu tentei derrubar Jinora com um mortal central.
Os dezesseis discos foram voando relativamente rápido em sua direção, e eu já cantava vitória por dentro, mas ela estava preparada. Sempre esteve. Jinora nem hesitou ao criar uma bolha de ar que começou a repelir todos os meus discos, redirecionando-os para mim. Foi um massacre. Impiedosamente, eu recebi seis discos numa velocidade que eu nem consegui me defender, outros dois que me atingiram, mas que eu já pude me defender, e mais um que me atingiu no estômago. O resto todo eu pus no chão.
— Como você espera me atingir sendo tão previsível? Esqueceu que eu sinto tudo a minha volta? Comigo a coisa é mais difícil, verdade, mas você não está se permitindo vencer. Pesne fora da caixa Luan!- Foi a mensagem da Jinora no meio da poeira toda.
— Vocês dominadores de terra tem um monte de vantagem sobre nós, os demais elementos. Tente descobrir uma delas!- ao terminar essas frases encorajadoras, ela me empurra pra fora da arena.
Ela tem razão. O único elemento cujo sua matéria é uma extensão de seus dominadores é a terra. Os demais elementos são dominados pelas pessoas, enquanto o nosso é uma parte do nosso corpo, assim que, da mesma maneira que eu fecho minhas mãos sem esforços, também posso fechá-la em um buraco na terra. O problema é que a arena é feita de metal, e eu não conseguiria dobrar uma quantidade tão grande de metal nem a pau.
Então eu crio uma estratégia. Vou destraí-la com um suposto ataque adoidado, ao passo que procurarei suas fraquezas. Ao encontrá-las, vou botar a Jinora pra comer terra.
Me levanto do chão arremessando um disco, e em seguida outro e mais outro e mais outro. Quando se acabaram os do meu campo, usei os do dela. Quando esses acabaram, comecei a reutilizar os já atirados, fazendo um ataque por trás. Pude reparar que Jinora não punha o calcanhar no chão, ela usava apenas a parte dianteira do pé.
Mover uma quantidade de metal para enterrá-la por completa eu não consigo, mas eu posso desnivelar o lugar onde ela pisa, fazendo com que ela toque o chão com toda a palma do pé, e, ao que tudo indica, ficar desequilibrada, e ser derrubada em seguida. Era um plano perfeito.
Enquanto eu atirava os discos, seja pela frente ou por trás, eu ia subindo um pouco do metal debaixo de seus pés, e ela estando ocupada desviando das pedras, não se dava conta que eu desnivelei o chão. E como o previsto, ela foi perdendo o equilíbrio. Já não desviava das pedras tão bem, algumas resvalavam em seu corpo. Então, no meio daquela poeirada toda, eu ergo quatro discos, cada um de uma direção e arremesso com muita força, justo enquanto eu desnivelava grotescamente o chão abaixo dela. Era seu fim.
Os discos se chocaram um com o outro, e dentre a poeira eu não vi nada. Passados alguns instantes, a nuvem de poeira abaixa de uma só vez, e lá está Jinora, sentada numa bola de ar gigante, com os escombros dos meus discos ali dentro. Ela sorri para o meu desapontamento, e me fala que eu pensei direito, a lógica estava correta, mas que eu deveria pensar um pouco mais além quando se tratava de uma mestra. O sábio Wan aparece ali ao lado, anunciando que a padaria já tinha aberto, e que o dia já estava rolando há algumas horas. Ele me atualizou, me interou que chegamos em Omashu já fazem três horas. Agora só devíamos procurar meu pai, e ir para a padaria do Bran.
Rodando pela cidade para procurar meu pai, reparei que a cidade era bem pobre. Quero dizer, eles levam um modo de vida muito simples, se locomovem com dominação pelas artérias da cidade, comprar e vender aqui é tudo uma questão de escambo, a vida aqui deve ser um tédio. Jinora aparenta estar super em casa com esse ambiente, e até reconhece algumas pessoas, mas eu não consigo. A primeira coisa que minha irmã tem que conhecer de mim é minha casa em Gaoling.
Ao encontrar meu pai, vemos ele sentado em uma esquina, no chão, com aquela cara de pensamentos culposos. Deve ser brabo pra ele. Nos dirigimos até o centro da cidade (uma espécie de vale, pois a cidade toda "desemboca" ali no centro, todas as vias arteriais dão lá), Paki está se alimentando a umas duas esquinas daqui, então não teremos que andar muito até nosso transporte. É alguma espécie de praça aquele lugar, e bem no centro da praça tem umas mesas e cadeiras, bem como de uma cafeteria normal. Um homem barrigudo e com um cavanhaque bem feito servia as mesas com bastante entusiasmo. Além das mesas a céu aberto, dentro da loja, que parecia mais uma delicatessen do que uma padaria, havia um enorme espaço onde lá também tinham mesas cheias. O estabelecimento estava bombando.
Nós quatro aguardamos que uma mesa se esvaziasse, e nos sentamos. Ao sentarmos, uma mulher muito simpática veio nos perguntar o que gostaríamos de comer essa manhã, nos oferecendo o cardápio daquele dia. Jinora escolheu um café da manhã para todos, e pediu para a moça que chamasse Bran, o dono do estabelecimento. A moça demonstrou um pouco de preocupação, pois Jinora não aparecia todo dia pra falar com alguém em específico. A monja a acalmou, dizendo-lhe que nada havia passado, só queria conversar com ele.
O homem de cavanhaque veio, e reconheceu Jinora no ato.
— Ilustríssima mestra Jinora! Que honra tê-la em meu estabelecimento! Pois a senhora não avisou a ninguém, se soubéssemos faríamos uma festa de boas vindas! Está hospedada aonde? Tem tudo que precisa? Se precisar, pode contar comigo, o padeiro Bran! Hoje o café é por conta da casa! Estou sempre a sua disposição mestra.- falou o homem em uma calorosa recepção.
— Muito obrigado Bran, me sinto lisonjeada, mas não vim para ficar. Temo que tenha que deixar a cidade ainda hoje. Você sabe, muitas coisas para.... NOXER! O que diabos você está fazendo aqui??- Jinora interrompeu sua resposta para dar uma bronca.
Noxer. Esse é o nome do menino de cabelos flamejantes que vi na transmissão. Ele que se veste como um guarda do ar, mas não tem o brasão da guarda no seu braço, tampouco anda com um rádio. Noxer então é o menino da minha idade que parece saber mais do que deveria. Essa bronca vai ser interessante. Se apenas Jinora sabia o que ia acontecer conosco, como esse pirralho ficou sabendo que íamos estar aqui?
— Mestra Jinora, que coincidência nos encontrarmos aqui!-disse Noxer meio encabulado.
— Sem historinhas mocinho! Vamos, eu quero ouvir uma explicação plausível para seu delito. Se você não me convencer, dessa vez você vai ficar em uma punição definitiva, pro resto da sua vida!
— Não Jinora, por favor, não faça isso comigo. Ontem a noite eu senti que devia sair de cidade república e vir para Omashu, pois minha missão de vida estaria aqui. Eu sei que isso soa ridículo, mas você precisa acreditar em mim!
Cara, isso realmente soa ridículo. A Jinora está mega ocupada com todo o tema da Lena, questões de avatar, ela lá vai ter tempo pra um conto de fadas desses?
Me enganei. Jinora aceita sua desculpa.
— Muito bem, conversaremos melhor sobre isso depois. Bran, me desculpe todo esse transtorno, mas como pode ver, é só eu ficar fora por uma noite que eles já arrumam um jeito de zoar tudo... Enfim. Bran, poderia chamar Izumi e sua filha aqui por favor? Temos todos uma conversa muito seria para ter, se nos permite.
— Pois sim mestra. Chamo-as em um instante. Acho que Izumi está preparando os pedidos de vocês, e trará as coisas. Aí eu peço para ele ficar aqui. Jane! Vem aqui! Tem pessoas querendo falar contigo!
A moça que atendeu pelo nome de Jane era alta, tinha os cabelos do mesmo tom que os meus, os olhos da mesma cor que os meus, e era muito parecida comigo, de uma maneira em geral. Vestia um vestido curto, que aparentava ser ainda mais curto com o tamanho de suas pernas. Saltitava como uma criança, mesmo não tendo o corpo de uma. Aparentava ser meiga e gentil, bem como Bran e a moça Izumi, seus supostos pais.
Quando "Jane" chegou, ela deu um beijo no rosto do pai, e perguntou o que era. Nesse meio tempo todo, eu não tirei os olhos dela. Ela era parecida demais comigo, uma semelhança imensurável. Quando nossos olhares se encontraram, ela rubeou um pouco, e ficou encabulada ao voltar ao diálogo com o pai, entendendo dele que o homem queria que ela se sentasse, e nada mais. Ela não desfixava os olhos de mim, nem eu dela.
—Bran, acho que faltarão lugares para todos nós, e você sempre foi habilidoso. Será que você poderia...? É que faz tantos anos desde que eu vi pela última vez...- Sábio Wan falou com Bran, pedindo que ele fizesse alguma coisa.
— Mas com toda certeza!- Bran bate o pé no chão, que ali na loja era de areia, e magicamente uma rocha de areia se forma. Depois, ele cruza os braços no tórax, fazendo um xis com os braços, e a rocha, que antes tinha muitos grãos de areia espalhados, se limpa e fica lisa como uma cadeira normal. O mesmo com a segunda. Ele é um dobrador de areia.
— Fascinante! Muito bem, é muito bom ver isso mais uma vez na vida. Uma grande lástima que os dobradores de areia estejam acabando no mundo... Ainda bem que todos eles estão em segurança. Sem mais delongas, farei as apresentações.- O sábio Wan retoma a oratória- Bran, Jane, conheçam esses dois maravilhosos cavalheiros, Haru e seu filho Luan. Feitas as apresentações, eu acho que podemos começar.
Um silêncio fica no ar por alguns instantes, até que Izumi chega com nosso café da manhã. Estamos realmente com fome, e atacamos com bastante garra. Izumi se senta, pergunta ao marido do que se trata, e fica sem resposta. Até que, Jinora decide quebrar o silêncio:
— Bom Jane, você bem sabe que você fez aniversário de treze anos faz pouco tempo. Curiosamente, Luan faz aniversário na mesma data que você, e vocês tem uma semelhança assustadora. Eu acho que isso é mais do que uma mera coincidência, não?
"Pois bem, eu começo. Antes de eu dar o meu pronunciamento ontem, eu já sabia quem era o avatar, pois eu tinha entrado em contato com os sábios da terra para obter tal informação. Quando terminei o discurso, eu me retirei para fazer uma projeção astral para o mundo espiritual, e depois de treze anos inteiros procurando por Korra sem sucesso, ela apareceu pra mim ontem. Ela me disse que os sábios da terra não tinham a identidade completa do avatar, que eles sabiam de apenas um dos dois avatares que temos. São dois, ela explica, porque são gêmeos, e o mundo precisava de bastante poder para lidar com os atuais problemas, por isso ela reencarnou em gêmeos, um casal de irmãos. Haru, agora é a sua hora de se explicar para seus filhos.
Todos nós nos voltamos para meu pai. Agora a história faria alguma espécie de sentido, ele é o único que sabe da história por completo. Meu pai estava chorando quando começou a falar, e entre soluços ele disse:
— Lena, minha filha, você está viva! E olha como se parece a sua mãe! Já é uma moça grande, uma menina formada, que linda que você está!
"Eu entendo a confusão de todos vocês, acredito que ninguém entende a minha emoção, e julgam meus atos para o mal, me condenando por completo. Bom, aqui vai a história.
"Eu vivia em Ba Sin Se, no anel superior. Minha família era responsável pelo banco regente na cidade, e íamos muito bem. Eu gostava de passear por toda a cidade sozinho, para poder pensar um pouco sobre a vida, e também para me distanciar da minha família. Eu tinha duas irmãs abaixo e dois irmãos acima, e por ser o sanduíche, era alvo de zoação por baixo e por cima. Então eu buscava distância deles.
" Do nada, o banco anunciou falência da noite pro dia. Foi um susto para a sociedade toda, e minha família afundou em dívidas por isso. Nessa brincadeira, os agentes Dai Li que tinham conta conosco, em vez de preservar a lei e nos proteger, eles eram quem mais nos ameaçava. Os Dai Li mataram o irmão acima de mim na frente da minha mãe. Meu irmão mais velho saiu da cidade antes mesmo de falirmos, foi morar com a namorada em uma outra cidade. As meninas? Bom, elas foram pegas pelos agentes, que antes de matá-las nas catacumbas, eles se "divertiram" com elas, e nos mandaram os corpos com mensagens do tipo "meu dinheiro de volta" ou "a que se faz, a que se NÃO paga" entre outras. Eu fiquei aterrorizado com tudo isso, e uma noite fuji de casa. Chorando muito por tudo que havia passado na minha vida, me lembrei que, enquanto passeava, vi uma moça linda, muito gentil com todos que conversava, e que radiava uma boa aura. A primeira coisa que eu fiz foi ir para lá, e comecei a chorar no chão do jardim dela, no anel intermediário. Ela ouviu meu choro, e veio me consolar, sem muito sucesso. Eu chorava todos os dias, e Surin, como se chamava, me acolhia todos os dias. A bondade dela me impressionava muito.
"Um dia, os agentes Dai Li vieram a casa de Surin acusando seus pais de abrigar um fugitivo da lei, no caso eu. Ele negou veementemente, e estava a ponto de ser levado para o julgamento, e de lá para a prisão. Eu não podia ficar parado assistindo aqueles monstros destruírem mais uma família, como eles fizeram com a minha. Tomei a decisão mais corajosa da minha vida, e a mais burra também. Esperei em cima da entrada da casa, e quando o primeiro agente saiu, eu taquei com toda força uma pedra na cabeça dele. O segundo agente saiu para ver o que tinha acontecido, e eu taquei outro balaço na cara dele. Dois agentes Dai Li desmaiados por um menino de dezesseis anos, não dominador.
"Além de bravura, fiz isso pela paixão que eu sentia por Surin. Isso conquistou o coração da moça, e ficamos juntos por muito tempo. Pra casa eu não podia voltar, porque meus pais se mudaram para algum lugar mais barato, não sei aonde, então tudo que eu tinha era minha amada Surin. Eu arranjei um trabalho por lá, aluguei um quarto por lá também, e visitava Surin todas as noites, por três meses. Quando eles se mudaram pro anel inferior, por causa do Dai Li, eu fui junto para ajudar. Me estabeleci lá também, sempre de olho em Surin.
" Até que o grande dia chegou. Eu pedi a mão de Surin em casamento, e ela aceitou. Seus pais ficaram super felizes, foi uma alegria só. Nos casamos, e começamos a viver juntos do outro lado do mesmo anel, pois meu trabalho era longe da casa de seus pais, e nós só procurávamos um pouco de privacidade e comodidade. Era tudo maravilhoso naquela nova vida.
"A vida nos foi muito generosa, e depois de seis meses do nosso casamento, Surin estava grávida, e de gêmeos! Não podíamos nos conter de tanta alegria. Mesmo que a gravidez não tenha sido fácil para sua mãe, ela se contemplava em um dia poder segurar os dois bebês em seu colo, e chamá-los pelo seus nomes. Íamos aos exames de rotina, fazíamos tudo que os médicos nos diziam, até nos avisaram que nasceria um casal. Tudo ia muito bem.
"Lá pelo sexto mês, a crise do reino começou. Foi justo no tempo do incêndio no palácio do fogo, onde a rainha e as duas princesas morreram. Foi trágico, economicamente falando. A nação do fogo cortou laços comerciais com todas as nações, e como corte de gastos eu fui demitido. Surin não trabalhava por seu estado físico, e começamos a passar por momentos de aperto. Era realmente complicado passar conforto para minha esposa estando com tantos problemas assim. E o inevitável aconteceu: A comida começou a faltar. Por mais que eu me esforçasse, a crise estava muito forte. Deixamos os exames, as visitas aos médicos, os tratamentos que exigissem um gasto maior... Tudo foi posto de lado.
"Bem perto do nascimento, a situação ficou crítica, e Surin começou a passar muito mal. Eu estava desesperado, mas ela me acalmava dizendo, que quando estamos rodeados por pessoas que nos amam, não há o que temer. E naquela mesma noite, a bolsa estourou.
"Não tínhamos dinheiro para chamar um carro, nem para sequer ir a algum hospital normal, então Surin optou por fazer o parto em casa. Ela chamou uma amiga dela, que foi a parteira, junto com suas duas filhas. O parto foi muito complexo, Surin gritava muito e não havia nada que eu pudesse fazer. Quando a amiga de Surin saiu do quarto, ela me disse que a situação era delicada, e que não sabia quem, mas um dos três morreria, e os outros dois não teriam muita saúde. Eu comecei a chorar, só pelo fato de ter mais uma morte na minha família. Ouvi por Surin chamando meu nome de dentro do quarto e entrei. Ela me disse para eu não me preocupar, que tudo daria certo, que ela estava disposta a abrir mão de sua vida para deixar seus dois filhos vivos, unicamente porque eu cuidaria deles, e assim eles estariam em boas mãos. Surin sinalizou a sua amiga que seguisse com o parto, e que ela partiria no lugar dos gêmeos.
"Mas de três longas horas se passaram depois disso, e a amiga me chama. Ela me mostra, enrolados em dois lenços, meus dois filhos, e me explicou que a menina havia nascido antes do menino, por questão de dois minutos. Surin estava a ponto de morrer, e pediu que a amiga posicionasse os gêmeos em seus braços. Ela olha para mim, e diz: "Que linda família nós temos Haru. Eu não poderia ser mais feliz. Olha para a menina, ela tem cara de Lena, não tem? Pois então, ela será Lena, e o meu menino será Luan. Sinto que eles serão grandes pessoas, e farão a diferença no mundo. Adeus Haru, cuide bem dos dois". Surin deu seu último suspiro, e com um sorriso no rosto, se foi."
Meu pai estava visivelmente emocionado. Todos estávamos. Lena e Izumi choravam, Jinora se desconcertou com a história. E assumo, eu também me emocionei, afinal é a história da minha mãe.
Meu pai segue:
—Depois que Surin faleceu, sua amiga me amparou por muito tempo, me ajudando com vocês dois, Lena (apontando para a "atual Jane") e do Luan (apontando para mim). Ela me dizia os cuidados importantes para ter com recém nascidos, e me ajudou com bastante coisa. Mas o destino queria me desafiar, e a situação financeira do anel inferior foi ficando pior. Doenças começaram a aparecer, e a amiga de Surin ficou de cama, ao mesmo tempo que minha filha Lena ficou. Lena, minha filha, você passava muito mal, vomitava muito, e estava perdendo a cor normal, ficando diferenciada. Eu não sabia mais o que fazer.
" Ouvindo dois caras conversando na rua, eu descobri que em quinze dias um doutor de Omashu viria para Ba Sin Se tratar dos enfermos. Mas eu não tinha quinze dias para esperar. Eu tinha que ir para Omashu tratar da minha filha. A viagem seria demorada, por isso entrei em dívidas para alugar um carro e viajar o mais rápido possível, levando dois bebês e todo o equipamento necessário. Em um dia e meio cheguei a Omashu, e Lena estava péssima. Cheguei de noite, expliquei minha situação para os guardas, e depois de um tempo eles me deixaram entrar. Buscava a casa do doutor, no meio da noite, sem muito sucesso.
"Do nada, Lena começou a convulsionar e vomitar, e tentei chamar por ajuda, sem sucesso. Era o fim, minha filha morreria ali. Lena parou de vomitar, e de respirar também. Luan chorava horrores, como se estivesse lamentando a morte da irmã. Em desespero, sem conseguir ver o corpo da minha filha, como a carregaria? Era demais para mim. Então eu deixei seu corpo na porta da padaria aqui, na esperança que no dia seguinte alguém se ocupasse de enterrá-la. Saí de Omashu numa torrente de lágrimas, peguei o carro de volta para Ba Sin Se. Quando voltei, encontrei com Nora pelo anel inferior, e mesmo que eu não tinha mais esperanças de felicidade na minha vida, mas ela se apaixonou por mim, disse que assumiria tudo, e que eu poderia ser feliz outra vez. Nos mudamos para Gaoling, nos casamos, comecei a trabalhar e a vida seguiu. Duas vezes vim aqui para procurar alguma criança enterrada, mas nunca encontrei. E coragem de voltar ao lugar aonde eu deixei o corpo dela eu não tinha, e ficava por isso. Deixei a a filha morta de lado, e segui minha vida."
Cara, meu pai teve uma história muito triste! E eu estava julgando ele antes como um homem sem caráter nem amor! Jinora estava certa, há que ouvir tudo antes de julgar. Ela realiza que minha ficha caiu e me pisca o olho. Agora Bran se levanta e fala:
— Então, se estamos nesse momento verdade, eu conto a outra parte. Naquela mesma noite, eu fiquei na padaria até mais tarde com minha mulher prepararando as massas do dia seguinte, como todas as noites dos nossos cinco primeiros anos. Quando saímos, vimos uma menina chorando muito, em um dos bancos de trás. Quando chegamos, e não vimos ninguém por lá, eu queria levá-la para a polícia, mas Izumi disse que viu uma luz forte vindo da menina, e que sentia que tínhamos que ficar com ela para criá-la. Eu aceitei, afinal ainda não tínhamos filhos e queríamos muito um. Lena, ou como a chamamos, Jane, veio e realmente encheu a casa de luz, sempre contente e com um sorriso no rosto. Me desculpe filha, se você descobriu isso por meio de outras pessoas, e não nós, seus pais. Você não é nossa filha, você foi encontrada na cafeteria, mas te amamos mais do qualquer coisa no mundo, bem como imaginamos que Nora ame ao Luan."
Todos se viram para Lena. Ela é a única que tem que esboçar alguma coisa agora, um choro, uma reclamação, uma deixa, uma pergunta... Não sei. Ela não me parece estar preparando nenhum discurso, mas ela tem algo para dizer. Lena pigarreia, toma um pouco dágua e diz:
— Papai Haru, eu entendi perfeitamente você, e acho que na sua situação eu faria o mesmo. Não posso dizer que não lamento ter conhecido minha família biológica antes, mas agora que estamos em contato, com certeza teremos vários momentos juntos. E eu agradeço a minha mãe Surin, que com certeza zelou por mim de algum lugar, e me direcionou para a melhor casa do mundo, onde eu tive os melhores pais do mundo, que me deram todo o amor que eu poderia ter recebido, e com certeza sou a menina mais feliz do mundo. De fato, é um prazer te conhecer Luan, meu irmão menor. Creio já ter sentido coisas suas, e imagino que você também já sentiu coisas minhas. Vai saber, coisa de gêmeos. E estou orgulhosa de representar minha nação como avatar, ao lado de meu irmão Luan. Aprenderemos os elementos todos em ordem, nos encargaremos de cuidar do mundo assim como Korra e seus antecessores fizeram. Jinora, tem mais alguma coisa de avatar que eu deveria saber?
—M-m-inha que-querida, vo-vo-você tem cer-certeza que está t-tu-tudo bem? Eu acho que é informação demais pra você, e você ainda não associou tudo...-Izumi comenta com a filha.
Ela tem razão. É impossível alguém receber essa quantidade absurda de informação sobre sua própria vida sem enlouquecer. Como a cereja do bolo, ela assumiu na moral que ela era o avatar. Ah cara, ou ela não entendeu lhufas, ou a capacidade emocional dela é do tamanho de uma colher. Ela não pode ser tão controlada assim, pelo menos não mais que eu.
— Sim mamãe, estou bem. Só quero começar já o treino. Sabe, o papai Haru disse que a mamãe Surin dizia que quando estamos rodeados por pessoas que nos amam, não devemos temer, então por que eu temeria, por que eu não estaria bem? Acabo de descobrir um irmão gêmeo, nada melhor pode me acontecer. A propósito, papai Haru, o senhor se incomoda se eu te chamar só de Haru? Porque papai pra mim sempre só haverá um, o papai Bran.
— Claro querida, sem problemas. Me chame do que quiser. Só queria te abraçar, posso?
— Claro! Luan, vem, vamos fazer um abraço coletivo de família!
Eu não sou muito de abraços e tal, mas foi o primeiro pedido da minha irmã mais velha, fora que ela me emocionou demais, e estou meio mole hoje. Vou lá, abraço eles e todos batem palmas.
Jinora pega as mãos de Lena, pede para ela fechar os olhos e esvaziar a cabeça, e ela repete na Lena o mesmo procedimento que fez comigo na varanda em Gaoling. Lena sente tudo aquilo que eu senti, sei disso. Ela pega minha mão, agarra com força e diz para todos:
—Dêem as boas vindas aos mais novos avatares, Lena e Luan!
Todos nos aplaudem, e esse foi o último momento tranquilo que eu me lembro na minha vida.
Porque o que aconteceu em seguida, deu início a nossa jornada avatar, e nossas vidas nunca mais foram as mesmas.


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Notas finais do capítulo

O próximo não tem data marcada, pois estou meio enrolado com as novas provas, mas não pretendo demorar. E por tudo que é mais sagrado, comentem cara!!
É sacrificante saber que gente pacas lê a fic, e ninguém comenta nada!



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