Tale as Old as Time escrita por SBFernanda


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Olha eu aqui trazendo mais uma capítulo! Vamos aproveitar que a história tá pronta, não é mesmo? E a gente não pode torturar a aniversariante, né? Aniversário passou e ela merece a história completa!

Quero agradecer imensamente pelo carinho de cada um que tem lido e também comentado na história. É muito bom saber que, apesar de simples e rápida, é um entretenimento que tem deixado vocês felizes e empolgados também.

Nathy, obrigada por deixar comentários tão maravilhosos! Fico muito contente em saber que a história tem que agradado até aqui ♥

Enfim, espero que curtam mais esse!



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Capítulo 3

 

No dia seguinte, Hinata avisou a seu pai que chegaria um pouco mais tarde em casa, mesmo sabendo que ele provavelmente ainda não teria chegado quando ela o fizesse, mas Hanabi ficaria um período de tempo sozinha. Tinha explicado a situação e ele pediu que ela tomasse cuidado, afinal, a casa de Naruto era um pouco afastada da dela.

Com os professores já cientes de que Hinata seria a tutora de Naruto, a cada final de aula ela recebia o material do loiro e juntava tudo em uma pasta. Aquilo a deixou muito apreensiva, afinal de contas, tudo se tornava muito real.

Admirar alguém por sua beleza à distância era uma coisa. Bem diferente disso era estar com essa pessoa, ter de conviver com ele e o conhecer verdadeiramente. Apesar da fama de metido de Naruto, ela tinha uma fé cega que ele era uma boa pessoa. Tinha receio de descobrir o contrário da pior forma. E ela sabia que depois do que ele tinha passado, provavelmente não seria fácil para que ele confiasse nela.

Tudo mostrava um caminho difícil que ela não poderia desistir, afinal, tinha dado sua palavra de que o ajudaria. Todos os fatores a deixavam muito nervosa e ansiosa, tanto que quando o último sinal tocou, ela foi a única a ficar para trás na sala, não só por ter de falar com o professor, mas porque sentia seu coração acelerado.

Antes de sair da escola, despediu-se de Hanabi e mandou que ela fosse direto para cara, para não preocupar o pai depois.  Pegou o ônibus em frente a escola, tendo em mãos o endereço que Kushina tinha lhe dado no dia anterior. Nunca tinha ido até a casa do Uzumaki, mas já havia passado em frente algumas vezes e duas dela tinha visto o rapaz com algum amigo logo na frente. Acreditava ainda se lembrar da aparência da casa, apesar de ter a numeração.

O ponto de ônibus que soltou era algumas casas de distância e a cada passo que dava, sentia o coração martelar em seu peito. Ainda estava com o uniforme, a saia pregueada, a camisa social branca, sapatilha azul escura da cor da saia e meias brancas altas. Sentia-se deslocada em meio às pessoas bem arrumadas que passavam por ela. Alguma delas lhe lançavam olhares curiosos, afinal, ela nunca tinha sido vista na vizinhança.

Subiu os dois degraus da pequena varanda da entrada da casa. Era uma casa grande em um tom escuro de coral, quase avermelhado, com detalhes em madeira escura.  A entrada se dava por um caminho grande que dava acesso à garagem e, também, para a varanda lateral, com acesso à casa. Hinata teve que percorrer todo o caminho sozinha, com certo receio, apesar de saber que era o que devia fazer.

Tocou a campainha e não demorou a ser atendida por Kushina, que já estava à sua espera. 

― Querida, foi tudo bem em sua viagem até aqui? ― a mulher lhe perguntou, dando um abraço carinhoso e, em seguida, abrindo espaço para que ela entrasse.

Hinata confirmou, envergonhada e entrou, deixando as sapatilhas na soleira da porta antes que Kushina a fechasse. O olhar da Hyuuga seguiu para o grande cômodo que era a sala de estar. Havia, no centro, uma mesa de chá, com almofadas para que, pelo menos, seis pessoas pudessem se sentar. Muitas plantas e esculturas davam vida ao cômodo, assim como pinturas. Era clara, em tons pasteis e com madeira escura contrastando. Um belo lugar, sem dúvidas.

― Vou pedir que chamem Naruto. Vamos tomar um chá enquanto ele não desce? Já pedi que preparassem tudo. ― E, realmente, a mesa estava posta e uma fumaça subia da chaleira. Como Hinata recusaria se tudo já estava pronto? Ela confirmou e foi conduzida até a mesa, sentando-se em uma das almofadas, deixando a mochila ao lado.

Antes de se sentar, Kushina chamou uma senhora e pediu que ela chamasse Naruto. Em seguida, após sentar-se de frente para a Hyuuga, dando-lhe um sorriso, começou a servi-las.

― Peço que não se importe se ele for um pouco relutante nesse início. Como não teve uma boa experiência com a escola e até com o acidente em si, ele anda um pouco diferente do que era.

― Eu entendo ― Hinata respondeu e agradeceu pelo chá em seguida. Assoprou a bebida, dando um pequeno gole. ― A maioria das pessoas de quem sou ou fui tutora é assim no início, mesmo sem o trauma.

Kushina sorriu em seguida. Ela duvidava que alguma pessoa pudesse estar sendo como Naruto naqueles dias. Desde que se vira no espelho, ainda no hospital, o seu menino alegre tinha sumido e, por mais rígida que tentasse ser sempre, ela sentia o seu coração aos pedaços ao pensar que nada podia fazer ainda. Minato era outro que se sentia de mãos atadas. O dinheiro, naquele momento, de nada servia.

Kushina, para quebrar o silêncio, puxou assunto com Hinata sobre a escola e sobre a matéria que eles estudariam aquele dia. A Hyuuga se sentiu mais a vontade ao falar sobre o que tinha ido fazer ali e começou a falar animadamente. Nem mesmo notou quando Naruto desceu as escadas. Quando ele entrou no campo de visão da moça, imediatamente ela parou de falar e fixou seus olhos nele.

Ao contrário do que o loiro pensava, não era por conta de seus machucados, e sim porque ele mostrava o desagrado em ver a menina ali. Ela nem mesmo era sua amiga, o que fazia ali? Kushina havia comentado sobre aulas em casa, mas ele não pensou que fosse ser uma outra aluna que as fosse dar.

A ruiva olhou para trás e, tentando quebrar o clima constrangedor, sorriu para o filho, esticando o braço em sua direção e o chamou para se sentar ao seu lado. Mas Naruto não se mexeu.

― Filho, lembra que eu disse que alguém da sua escola viria lhe ajudar hoje? Então, por sorte, quando falei com a diretora ontem, a senhorita Hyuuga tinha acabado de ficar livre e pôde nos ajudar com isso. Ela estava me contando sobre o que vão estudar hoje.

― Não quero estudar com ela ― enfático, Naruto disse e se virou para sair.

Aquilo foi como um tapa para Hinata. Ele a tinha tratado bem no outro dia, não esperava aquela resposta, pelo menos não com tanto nojo em sua voz.

― Naruto, não foi assim que eu lhe eduquei ― Kushina disse, erguendo o tom de voz. ― Volte aqui agora mesmo. Você não vai tratar a senhorita Hyuuga dessa forma quando ela está aqui apenas para lhe ajudar.

― Me ajudar? Ela veio ver de perto a aberração pra depois contar pra todo mundo naquela escola do inferno!

― Não! ― antes que Kushina pudesse dizer alguma coisa, Hinata falou mais alto, cortando o pensamento dos dois Uzumakis, que a olharam surpresos. Naruto nunca a tinha visto falar um tom mais alto e Kushina notava o tom ultrajado na voz da menina.

Hinata se levantou de onde estava, caminhou até o loiro e o encarou, mesmo sendo muito mais baixa do que ele.

― A sua aparência não é o que importa aqui, Uzumaki. Como qualquer um dos meus tutelados, estou aqui para ajudá-lo a ter ou manter boas notas. No momento, você não pode ir para a escola, então, mesmo sendo do outro lado que moro, aqui estou para lhe ajudar. Não tenho nada a ver com o seu rosto estar ou não machucado. Poderia ser apenas a sua perna e eu estaria aqui da mesma forma. Nunca fui sua amiga e nem próxima de você, mas estou aqui para lhe ajudar. Não me importo se não quer, contanto que se esforce para isso. ― Ela respirou fundo, mas não desviou os olhos dos dele. ― Sempre imaginei que fosse muito melhor do que todos me diziam, mas se para você o que importa é unicamente a sua aparência e está disposto a me atacar por não me conhecer e pensar que sou como os outros, então, infelizmente, eu pensei errado. Manteremos uma relação muito curta, o suficiente para que suas notas sejam boas. De acordo?

Kushina deu um pequeno sorriso ao final do discurso da menina. Tinha pensado que ela era muito tímida e que seria atacada pelo filho, que não reagiria. Mas se enganara. Hinata era tímida, mas também muito decidida e não iria ficar quieta. Estava claro que seu filho também ficara surpreso com a reação da menina, já que a olhava com os olhos arregalados.

Aquele fora o maior discurso que ele ouvira Hinata dando, mesmo estudando com ela há tanto tempo. Nunca imaginou que por trás da menina com voz baixa e belos olhos que nunca o encaravam por muito tempo, tinha uma moça que lhe diria algo assim, de forma tão decidida.

Ele esticou a mão para ela. Surpresa com a ação, Hinata demorou um pouco para entender que aquilo queria dizer que ele estava fazendo um acordo com ela. Apertou a mão dele e respirou fundo. Não tinha notado que estivera respirando lentamente desde então, aguardando aquele momento.

― Vamos estudar na varanda de trás. Não quero ser visto e lá os empregados vão menos ― ele anunciou, subindo as escadas para buscar seu material.

Hinata ficou exatamente onde estava, apenas o seguindo com o olhar. Ela suspirou quando ele sumiu de vista. Sentia-se fraca, tremendo. Não estava acostumada a confrontar ninguém, mas precisara. Naruto estava a julgando sem a conhecer, estava supondo o pior dela, quando nunca dera motivos para isso.

― Você foi maravilhosa, querida. Mostrou para ele que não é como os outros, ou, pelo menos, ganhou o benefício da dúvida. Com o tempo ele mostrará o verdadeiro Naruto ― Kushina sussurrou enquanto acariciava as costas da menina.

Fazia muito tempo que Hinata não tinha o carinho de uma mãe e mesmo aquele não sendo bem o carinho fraternal, tal ato, feito para lhe acalmar, fez com que a menina sentisse vontade de chorar. Mas não faria isso. Não iria demonstrar ter ficado abalada com o confronto e com o carinho de Kushina.

― Obrigada, senhora. Quero lhe dar minha palavra que nada do que acontecer aqui vai sair daqui por minha parte. Estou aqui para fazer o meu trabalho como tutora de Naruto.

― O que me lembra... O seu pagamento por isso...

― Não quero nada, senhora. Faço o trabalho de tutoria pela escola e eles me dão metade da bolsa.

― Sim, querida. Tsunade me disse que você fez a prova e não precisaria nem mesmo dar essas tutorias para merecer a bolsa. Mas como está fazendo fora da escola e precisa se locomover, pretendo pagar pelo menos para que não lhe prejudique essa locomoção. Não aceito negativa, ou mesmo depois desse confronto com Naruto, terei de lhe dispensar.

Talvez fosse o melhor a ser feito. Hinata iria embora, não precisaria enfrentar Naruto e nem pôr a prova tudo o que sempre pensara dele. Mas agora seus pensamentos sobre o Uzumaki estavam tão abalados que uma parte sua, a mesma que não lhe permitia fugir de um desafio, tinha esperanças de que ele viesse a se mostrar o que sempre esperara.

― Tudo bem, senhora. Agradeço por isso e prometo que Naruto irá se sair bem na escola no que depender de mim.

― Tenho certeza disso ― quem disse aquilo fora Naruto. A voz ainda estava com o tom rude. Ele tinha ouvido quase toda a conversa, tinha visto Hinata quase recuar quando soube que receberia. Aquela menina estranha queria ficar ali, apesar de tudo, e não era por dinheiro. Estava intrigado. ― Aluno após aluno, todos os que você dá aula, sempre acabam se saindo bem. Vamos ver se consegue fazer a sua magia comigo?

― Naruto! ― Kushina repreendeu o filho, por notar o sarcasmo em suas palavras.

― Eles são mais novos e o fato de eu ser mais velha costuma impor mais respeito neles, além do ambiente escolar. Não contamos com nenhum dos dois elementos aqui, Uzumaki, mas, nesse momento, para terminar a “escola do inferno”, como você disse, depende de mim, então, se fizer a sua parte, garanto que minha “magia” vai funcionar. Vamos começar?

Kushina levou a mão à boca para esconder o riso silencioso que dava. Ela e Minato tinham estado cheios de dedos com Naruto desde o acidente, mesmo esse não sendo o seu perfil como mãe ou mesmo pessoa, mas aquela menina o tratava como trataria o antigo Naruto. Era como se ela não visse o seu estado. E realmente era assim.

Hinata não ligava se Naruto estava com uma cabeça de elefante. Tinha se solidarizado por ele, mas isso não dava o direito a ele de tratar os outros de forma rude. Ela não aceitaria aquilo como algo normal.

Quando o rapaz indicou o caminho que ela deveria ir, Hinata voltou, pegou a mochila que tinha deixado ao lado de onde tinha sentado e seguiu para o caminho. Nem ela, nem Kushina viram quando ele sorriu de leve. Ser tratado de forma normal, sem olhares estranhos ou mesmo a pena que seus pais tinham, era bom.

 

Durante o resto da semana, Hinata e Naruto só conversavam quando o assunto era sobre a matéria. Ela passava a matéria a ele, explicava tudo o que precisava e, em seguida, os dois faziam os trabalhos que tinham pra fazer. Sempre que ele tinha uma dúvida, o silêncio era quebrado e ela explicava com toda a calma e delicadeza do mundo.

Hinata não olhava para Naruto mais do que o necessário e não mostrava se forçar a aquilo, pelo contrário. Sempre que notava que a menina estava distraída com o dever, ele a observava pelo canto dos olhos. Ela era genuína e nunca perguntava nada sobre seus exames, o acidente ou se sentia dor.

No final do dia, Hinata se levantava, recolhendo o trabalho de Naruto para levar à escola no dia seguinte e se despedia gentilmente. Ele subia as escadas o mais rapidamente que podia e a observava pela janela do quarto. O ponto de ônibus era em frente à casa de Naruto e ele a olhava até que subisse no ônibus e fosse para casa.

Desde que Hinata começou a lhe dar aulas, mesmo sendo apenas alguns dias, ele podia ver a diferença no tratamento que recebia dela. Alguns amigos seus apareceram em sua casa e não pareciam saber nada, nem mesmo que ele estava tendo aulas em casa. Hinata não havia mesmo dito nada. A conversa com eles foi cansativa, pois todos perguntavam as mesmas coisas.

Porém, por mais que Naruto quisesse conhecer mais de Hinata na semana que se seguiu, ele não sabia como mudar a visão que ela fazia dele. Todas as vezes que ela o ouvira falar em casa havia sido de forma rude, até com sua mãe. Naruto não queria abrir-se para a menina e depois perceber que ela também o via como alguém que ele não era, que ela o julgasse por conta de sua aparência. Não tinha ideia do que fazer, não tinha ideia do que Hinata pensava de si, mas estava curioso.

Sua oportunidade surgiu no final da segunda semana de estudos. Hinata tinha se despedido um pouco mais tarde. Começava a escurecer e Kushina perguntou se a menina não queria pegar um táxi até sua casa, que ela pagaria. Mas Hinata negou, dizendo que estava tudo bem, já que o ônibus passava ali em frente, do outro lado da rua.

Naruto subiu as escadas para o quarto assim que ela saiu e, como sempre, a observou chegando ao outro lado da rua, sentando-se em um dos bancos livres do ponto de ônibus e tirar um livro da mochila. Às vezes ela ficava ouvindo música, outros ela lia. Hinata nunca ficava atoa enquanto esperava.

Porém, ao contrário de todos os dias, o ônibus não passou cinco minutos depois de sua chegada e Naruto observou dois homens se aproximando do ponto de ônibus. Ele ficou tenso, porque mesmo que houvessem outros bancos, os homens sentaram-se um a cada lado da Hyuuga. Podia não ser nada demais, mas ele se viu torcendo para o ônibus chegar e Hinata se ver livre da companhia. Ele percebia os ombros dela tensos também.

Um dos homens, o que estava à sua esquerda, tocou no longo cabelo de Hinata, cheirando. Ela se virou, falando alguma coisa. Naruto se levantou e pegou a muleta que ainda usava para o auxiliar, apesar de já estar bem melhor. Manteve o olhar no ponto de ônibus e viu Hinata se levantar. Mas o outro homem a puxou de volta, fazendo-a cair sentada no banco.

No mesmo instante, Naruto se apressou em sair do quarto e descer as escadas. A muleta agora mais o atrapalhava que ajudava, mas descia o mais rápido que podia.

― Naruto? O que está fazendo? Pode cair desse jeito! ― Kushina, que estava trocando algumas flores dos vasos, observou o filho quase correr escada à baixo.

― Chame a polícia. Chame alguém! Estão atacando a Hinata no ponto de ônibus. Estou indo lá. ― Ele nem mesmo deu tempo de Kushina processar o que ele havia dito, saiu apressado para fora de casa, deixando a porta aberta.

Naruto quase não usava a muleta mais, pois já tinha avistado os homens, mas não a Hyuuga. Eles a tinham rodeado. O sangue de Naruto ferveu e ele jogou a muleta no chão da calçada, atravessando a rua com raiva e rapidamente, a dor esquecida.

― Ei! ― gritou, apreensivo que se não chamasse a atenção de ninguém, algo pior acontecesse. Ainda havia movimento na rua, por que ninguém fazia nada? ― Deixem-na em paz!

― E quem pensa que é pra mandar em alguma coisa? ― um deles falou, o que tinha cheirado o cabelo de Hinata. Eles criaram uma barreira entre Naruto, que chegava agora à calçada, e Hinata. Assim que viram o rosto do rapaz, deram um passo para o lado, horrorizados.

― Deixem a menina em paz ― ele falou novamente, desta vez mais firme. ― Venha, Hinata!

Ela realmente foi, passando pelo lado de um dos homens, mas antes que pudesse chegar mais perto de Naruto, o homem recuperou-se do choque e a puxou novamente.

― Você namora esse feioso, bonitinha?

― Me solta! ― repetiu Hinata mais uma vez. Tinha perdido a conta de quantas vezes tinha dito aquilo, mas agora apenas um lhe segurava. Puxou o braço e se soltou, tentando se afastar.

― Solta ela, cacete! ― gritou Naruto, se aproximando. Ele não hesitaria em entrar em uma briga, mas sabia que apanharia em seu estado atual.

Hinata o olhou alarmada, sabendo o mesmo que ele e pedindo com o olhar que não fizesse isso. Ele esticou a mão e ela segurou a dele. Naruto a puxou e o homem fez o mesmo, apenas pelo gosto de ver o garoto apanhando um pouco.

Mas antes que qualquer um pudesse agir, uma Kushina muito irritada atravessou a rua, o celular na mão, claramente ligado na câmera.

― Continuem mesmo. Além da polícia estar chegando daqui a pouco para ver o circo que estão armando, terei mais provas de que estão assediando uma menor.

Os homens trocaram olhares. Eram duas mulheres e um garoto. Eles dariam conta, exceto que a ruiva não parecia estar blefando, provavelmente a polícia chegaria em breve. Além do mais, a gritaria tinha chamado atenção de mais algumas pessoas que tinham se fingido de alheias até então. Sem dizer nada, eles se afastaram.

No mesmo instante, Naruto puxou Hinata para um abraço. Ela estava assustada, os olhos arregalados e a respiração rápida. Além do mais, estava com os cabelos bagunçados e parecia suada. O nervoso provavelmente fizera aquilo, além dos homens lhe puxando e tocando.

A Hyuuga se deixou confortar pelo rapaz, o que acabou causando-lhe algumas lágrimas sem que notasse.

― Vamos lhe levar em casa, tudo bem? Minato logo estará chegando em casa e vamos todos lhe deixar em casa hoje. Sem discussões ― disse Kushina, passando a mão pelo cabelo de Hinata, arrumando-a e confortando-a.

Tudo o que ela fez foi acenar afirmando, não conseguiu nem mesmo agradecer naquele momento. Demorou até que ela se afastasse de Naruto e o ajudasse a atravessar a rua, pois agora, com o sangue mais frio, ele sentira o que seu ato impensado lhe causara: a dor retornara.

Ao chegar à casa do Uzumaki, Kushina lhe serviu uma água com açúcar para a acalmar e Naruto continuou ao seu lado, olhando em seu rosto, com medo de ver o trauma que aquilo causara.

― Estou bem ― garantiu, por fim. ― Seu rosto diz muito do que está pensando, Naruto. E você acha que vou surtar a qualquer momento, mas não vou. ― Ela desviou o olhar, sentindo o rosto corar ao sentir o olhar dele ainda em si. ― Muito obrigada ― sussurrou e só depois o olhou. ― Se não tivesse aparecido, não sei se aquelas pessoas iam me ajudar e não sei o que poderia ter acontecido ali. Muito obrigada!

― Não tem que agradecer. Não sei porque ninguém que passava não fez nada... ― Ele suspirou, frustrado, passando as mãos pelo cabelo.

― Eu sempre soube que você tinha um belo coração. Você poderia ter ignorado também, afinal, não tem nada com você. Mas resolveu me ajudar. Muito obrigada, de verdade.

Um belo coração. Hinata não se referia a sua beleza, mas ao seu coração, a algo que ninguém tinha falado ainda. E aquilo lhe tocara, pois ela disse que sempre soube, mesmo sem o conhecer. Ela tinha lhe dado mais uma chance para que ele não fosse o babaca que estava sendo nas últimas semanas.


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Notas finais do capítulo

Só gostaria de lembrar que, como é uma releitura, apenas os elementos principais de "A Bela e a Fera" é que irão estar presentes, e muitas das vezes será preciso certa atenção para percebê-los.

Outra coisa é que é uma shortfic, por isso o ritmo dela é um pouco mais rápido que se seria se fosse uma long (a passagem de tempo nesse capítulo). Enfim, espero que mesmo assim tenham curtido.

Até o próximo!



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