Tale as Old as Time escrita por SBFernanda


Capítulo 2
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Acabei vindo antes do que falei, não é mesmo? Mas qual a graça de dar um presente se a gente não fizer umas surpresas de vez em quando? E como essa história já está pronta, posso me dar esse luxo de postar antes!

Quero agradecer pelo carinho de cada um que leu essa história. Obrigada, ainda mais especial, para a presenteada, Nathy! Fico feliz que tenha gostado desse início e espero que a continuação esteja dentro de suas expectativas.

Findando minha falação, o segundo capítulo!



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Capítulo 2

 

Ele se sentia desconfortável. Todo o seu corpo parecia duro e dolorido. Tentou mexer a mão, para ver se ao menos aliviava um pouco, mas não conseguiu, parecia que algo a prendia daquela forma. Fez uma careta, ainda de olhos fechados, mas isso também doía. O que será que tinha acontecido para que sentisse tão mal?

Ouvia o “bip-bip” bem perto e foi com isso que percebeu onde estava. Abriu os olhos, mas teve que fechar novamente e piscar algumas vezes, pois havia uma luz branca e forte bem na direção de seus olhos. Com isso, ele se lembrou do que tinha acontecido.

Em um flash, reviu o farol na sua direção, o desespero que lhe acometeu naquele momento, fazendo seu coração falhar e sua mão girar o volante para qualquer lado, na esperança de sair da frente do veículo que vinha em sua direção. Mas algo dera errado, porque logo ele estava caindo.

Quando finalmente conseguiu adaptar a visão para a claridade, notou uma sombra avermelhada caminhando até seu lado. Sua mãe. Ela estava um pouco embaçada ainda, por conta da luz, mas pouco a pouco ganhava foco. Ela estava com os olhos inchados e o resto vermelho. Estava chorando.

― Oh, meu menino, meu menino! ― Naruto não esperava encontrar sua mãe tão carinhosa depois do que tinha feito. ― Você acordou! Tudo ficará bem.

Ele não conseguia responder, não conseguia pensar no que dizer. Deveria pedir desculpas? Provavelmente. Mas antes que pudesse abrir a boca para o fazer, a porta se abriu e seu pai entrou como um raio. Fazia tempo que Naruto não o via tão mal.

Minato estava descabelado, a roupa toda desalinhada e grandes olheiras embaixo dos olhos. Se aquilo não era um sinal de que as coisas não estavam bem, Naruto não imaginava o que mais poderia ser.

Atrás de Minato havia um homem bem mais velho, usando jaleco branco e uma expressão séria tomava seu rosto. O homem contornou seus pais e parou bem ao seu lado, notando que os olhos de Naruto o acompanhavam.

― Olá, Naruto. Pode falar?

O rapaz acenou com a cabeça, mesmo que não soubesse se a resposta era aquela mesmo, afinal, não tinha tentado ainda.

― Pode me responder falando, então?

―S-sim... ― A voz saiu mais baixa e rouca do que ele esperava. Sua garganta doera no processo. ― Estou com sede.

― Irei pedir que uma enfermeira traga gelo para que tome, tudo bem? E então vamos conversar um pouco. ― O médico se retirou e como ele tinha dado instruções aos pais do garoto que não conversassem com ele antes das perguntas médicas, os dois apenas o olhavam com dor no olhar.

― Desculpe... Sei que errei e...

­― Não diga nada, Naruto ― sua mãe o cortou, dando um pequeno e amoroso sorriso. ― Você está bem e precisa conversar com o médico antes de conversar com a gente, tudo bem? Poupe sua garganta.

Não demorou muito para que o médico retornasse com uma enfermeira junto. Ela ajudou Naruto com os cubos de gelo, instruindo que agora ele só poderia refrescar a garganta assim, por precaução. O médico anotava algo em sua prancheta, tranquilo em esperar, enquanto o rapaz terminava.

― Podemos agora? ― perguntou quando a enfermeira saiu do quarto. ― Sr. Namikaze, sabe que dia é hoje?

Apesar de carregar o nome do pai, Naruto sempre pedia que na escola usassem o nome de sua mãe, por gostar mais. Achou estranha a mudança, mas nada disse, apenas respondeu ao médico:

― Sábado? ― Em sua mente, o jogo tinha sido na noite anterior.

― Hoje é terça-feira, Sr. Namikaze. O senhor esteve desacordado nos últimos quatro dias.

Naruto não disse nada. Então algo sério tinha mesmo acontecido! Ele tinha ficado muito tempo desacordado.

― O que sente, Sr. Namikaze? ― perguntou o médico.

― Naruto. Por favor, me chame de Naruto ― pediu, ainda meio perdido em pensamentos. ― Estou confuso. Estou com dor nas minhas mãos, no meu rosto e um pouco nas minhas pernas.

― Certo. O acidente que sofreu foi grave, mas por sorte nada mais grave aconteceu. Você estava sem cinto de segurança e por isso foi o mais afetado. O colocamos nesse sono forçado para que parte de sua recuperação pudesse ser melhor aproveitada sem que sentisse mais dores, porém, agora tudo irá depender de fisioterapias. Os seus músculos das mãos e das pernas foram afetados por uma parte do carro que se soltou e o atingiu várias vezes, inclusive no rosto.

― No rosto?

― Sim, Naruto. Seu rosto sofreu alguns ferimentos mais graves, inclusive por parte de vidros. Porém, precisamos recuperar o movimento de algumas regiões antes de pensarmos em alguma cirurgia plástica.

― Cirurgia plástica? Quão grave foi isso?

― A pior parte pode ser tratada com fisioterapia, Naruto. ― Apesar de o médico já ter notado que a vaidade do rapaz era o que o preocupava, o tratava como tratava a seus netos, tentando dar uma lição do que realmente importava. Além do mais, sua função era dizer a verdade para aquele rapaz.

Kushina olhava para o filho esperando uma de suas crises e gritos, mas foi surpreendida quando isso não aconteceu. Naruto acenou com a cabeça, pensando sobre aquilo. Precisava que o médico saísse e lhe dessem um espelho para ver como estava realmente.

― Na semana que vem já poderá ir para a escola, mas precisará continuar com o medicamento e fazer a fisioterapia até que tudo seja recuperado. Após, podemos fazer a cirurgia. Até lá, recomendo que leve sua vida normal e se dedique aos exercícios que forem passados. Alguma pergunta?

― Quando ele receberá alta, doutor? ― perguntou Kushina no lugar do filho, notando que ele não iria dizer nada.

― Amanhã, se tudo correr bem. Hoje ele ficará em observação, mas amanhã cedo passo aqui para o examinar e dar a alta.

― Obrigado ­― agradeceu Minato, apertando a mão do médico.

Naruto estava preso em seus pensamentos e não se despediu, mas assim que a porta fechou, encontrou o olhar de sua mãe e determinado pediu:

― Quero um espelho.

― Querido, não precisa fazer isso agora, você precisa descansar...

― Me dê um espelho, por favor ― insistiu, a voz estava fria e dura.

Quem pegou o espelho, no entanto, foi Minato, que o colocou na frente do filho e fechou os olhos. Não queria ver sua reação, sabia que lhe doeria.

Os grandes olhos azuis de Naruto se arregalaram em surpresa e susto. De tudo o que poderia imaginar, não era isso o que esperava. Ele praticamente só tinha cicatrizes no rosto. A pele ainda estava vermelha por conta dos machucados, mas ele entendia a necessidade da cirurgia plástica. Um estrago sem proporções havia sido feito em seu rosto. Ele tinha virado um monstro, uma besta.

 

Todos sabiam o que tinha acontecido com Naruto após o jogo de basquete do intercolegial. Os professores explicavam a todos o motivo do sumiço do aluno e os que o admiravam, logo se solidarizavam. Os amigos que estiveram no mesmo carro que Naruto, pouco a pouco começaram a frequentar a aula. Todos foram levemente machucados, mas a verdade é que apenas Naruto tinha sofrido o pior.

O estado real de Naruto só foi divulgado quando o rapaz foi para casa. Um dos colegas do garoto o tinha visto chegando em casa com a ajuda de muletas, porque sua perna esquerda ainda doía, e chegou à escola no dia seguinte espalhando que o belo Naruto Uzumaki não existia mais. Todos ficaram intrigados e apenas alguns receberam a explicação completa.

Porém, na segunda-feira seguinte ele estava lá, pronto para matar qualquer curiosidade que pudesse haver. Ainda de muletas, Naruto entrava na escola de cabeça erguida, apesar de sentir vontade de esconder-se de todos. Vontade essa que só aumentou quando todos, sem qualquer exceção, olharam para seu rosto.

Muitas pessoas mostraram surpresa, outras tantas mostraram horror. Naruto tentou identificar seus amigos naquele meio, mas até mesmo eles estavam o olhando de forma esquisita. Tomou então a decisão de ir ao banheiro. Quem sabe, dando um tempo para as pessoas se acostumarem com a novidade, tudo melhorava?

Mas ele se enganou. A cada passo que dava, mais cochichos ouvia. Todos falavam dele e todos comentavam o quanto ele tinha deixado de ser bonito, o quão horrível estava.

Quando ele sumiu da vista de todos, entrando no banheiro, Kiba se aproximou de Hinata, com os olhos arregalados de surpresa.

― Você viu isso? Quando disseram que ele tinha ficado em estado grave eu não achei que o cara tinha ficado com a cara toda ferrada.

― Kiba! ― Hinata repreendeu o amigo, negando com a cabeça.

― Qual é, Hina?! Vai dizer que ele continua o galã de sempre? Todas as meninas fizeram cara de... horror.

― É um estado temporário, Kiba. Tenho certeza que ele fará uma cirurgia plástica quando puder. E mesmo que não seja, ninguém tem nada a ver com isso. As pessoas merecem respeito.

O amigo bufou, revirando os olhos e encostando-se na porta do armário dela.

― Hinata, eu já sei que você tem um precipício por ele, mas vamos ser sinceros aqui, tudo bem? Ele não respeitava ninguém. Era um metido, vaidoso e só se importava consigo. Já bem diz o ditado “aqui se faz, aqui se paga”.

― Pare de falar isso! Ninguém merece quase morrer ― novamente ela o repreendeu e, em seguida, o empurro para o lado, para que conseguisse abrir o armário. ― E pare de falar dele. Ele nunca implicou com você para que ficasse com essa cisma.

― Nunca fez nada para impedir, tampouco.

Ela não tinha argumento para aquilo. Ao contrário de Hinata, que sempre era buscada por todos da turma para ter ajuda, para ser dupla ou mesmo por ser bonita, Kiba era zoado por ser “estranho”. Era apenas um garoto que não tinha nenhum interesse em comum com os demais garotos.

Suspirando e desistindo de convencer o amigo a parar com o assunto, afinal, toda a escola só falava daquilo, Hinata seguiu em direção à sala onde teria a primeira aula, realmente tocada pelo que tinha acontecido. Naruto tinha vários defeitos, mas ela não acreditava que ele merecia ter toda a sua autoestima lhe tirada em um erro. Mas o que ela sabia sobre os ensinamentos da vida, afinal? 

 

Ninguém viu Naruto durantes as aulas, nem mesmo no intervalo. Logo, começaram a comentar que ele tinha ido embora e entre as risadas, o horror e os inúmeros comentários, todos sabiam que ele não tinha aguentado os olhares. Os mais maldosos logo diziam que era melhor assim, pois iria tirar a concentração de todos com aquela aparência. Nem mesmo os que viviam atrás do rapaz pareciam capazes de querer enfrentar esse momento com ele. Poucos eram os amigos de verdade que tentavam defendê-lo dos demais.

Ao final da aula, Hinata foi entregar o relatório dos seus últimos alunos. A avaliação da diretora era o que determinava se eles continuariam tendo aula de reforço com ela, mas ela os julgava aptos a continuarem sozinhos. Eventualmente, se suas notas caíssem, voltariam. Se surpreendeu, porém, ao ver a mãe de Naruto ali.

Hinata já a tinha visto em alguns jogos de basquete na escola. Eles eram bem parecidos em alguns traços e também na maneira escandalosa. Kushina Uzumaki poderia ser da alta sociedade, mas isso não a impedia de ser espontânea em um jogo de basquete de seu filho.

A Hyuuga se sentou ao lado da mulher na cadeira, sabendo que demoraria um pouco mais ali, pois só seria atendida depois da mulher. Kushina olhou para ela e sorriu, mas seus olhos mostravam preocupação.

― A senhora é mãe do Naruto, certo? ― ela se ouviu perguntando antes mesmo de pensar se o deveria fazer. ― Desculpe pergunta, é que ele sumiu depois da entrada. Ele está bem?

― Ah! ― Kushina suspirou. Avaliou a menina. Seria era uma das pessoas que ficaram falando de seu filho? Ela parecia genuinamente preocupada. ― Naruto não se sentiu bem na escola, querida. A situação é complicada e ele é um garoto teimoso e vaidoso. Espero conseguir resolver esse problema agora. Mas obrigada pela preocupação.

― Caso precise de algo... ― O que ela poderia oferece àquela mulher? Mais do que isso, o que ela poderia oferecer ao filho dela? Ao notar que não podia fazer nada, desviou o olhar, completamente sem graça.

Kushina a achou fofa. Parecia preocupada e realmente disposta a ajudar. Ficou olhando para o rosto corado por um tempo e só parou porque a diretora apareceu na porta.

― Ah, senhorita Hyuuga, não poderei a atender agora, então pode me dizer apenas o seu parecer? Pode deixar o relatório com Shizune e mais tarde eu analiso tudo com calma.

― Acho que podemos liberá-los, diretora ― respondeu Hinata, se levantando e caminhando até a mesa de Shizune, a secretária da diretora. ― Caso as notas caiam novamente, podemos voltar com as tutorias. Mas, pelo o que notei, eles pegaram o ritmo.

― Ótimo, querida. Logo formaremos mais uma turma de tutoria para você ― Tsunade sabia que Hinata nunca aceitaria a bolsa, se não pudesse fazer nada em troca, mesmo merecendo.

― Obrigada. Até mais. ― Ela não pretendia demorar mais, sabia que Kushina estava ansiosa para resolver as coisas. ― Foi um prazer conhecê-la, senhora ― disse para a ruiva.

― Espere, querida! ― Kushina a chamou, olhando da moça para a diretora. ― Tsunade, essa mocinha dá tutorias?

― Sim, para os mais novos.

― Bem, e será que não poderia abrir uma exceção e ser tutora de alguém de sua classe?

― Não sei se eu estaria preparada, senhora... ― Hinata já sabia o que ela pediria. Por que dissera aquilo? Por que se oferecera? Porque achava que não havia nada que pudesse fazer!

― Onde quer chegar? ― foi Tsunade quem perguntou.

― Meu filho não quer voltar para a escola enquanto não fizer a cirurgia. Ele se sentiu constrangido com todos os alunos o olhando como se ele fosse uma aberração e por mais que Naruto seja um exagerado, acho que podemos evitar essa situação se ele continuar tendo boas notas em casa.

― Não quer conversar isso em minha sala? ― Tsunade estava disposta a negociar, afinal, tinha ouvido os cochichos sobre Naruto e não estava de acordo com a reação dos demais alunos.

― Não. Preciso que essa mocinha saiba o que acontece, para que ela também possa decidir. Gostaria de propor que ela seja a tutora de Naruto, todos os dias depois da aula. Pelo o que entendi, a turma dela foi liberada e ela está livre. Mas, como irei tomar o tempo dela, também receberá para isso. Os professores podem passar trabalhos e testes e ela o auxilia e faz essa ponte. O que me dizem? Não quero que meu filho perca o ano, mas com a fisioterapia que é necessária e a situação aqui na escola, acredito que seja uma boa solução, não acha?

Tsunade não sabia como reagir. Em poucos segundos, Kushina tinha levantado uma questão e a sua resolução. E ela sabia que a ruiva tinha razão, não só pela situação constrangedora do jovem, mas porque ele provavelmente faltaria muitas aulas para ir à fisioterapia.

― O que diz, senhorita Hyuuga? Afinal, a senhorita seria a tutora.

Kushina olhou para ela. Havia esperança e um pedido silencioso naqueles olhos azuis. Olhos como os de Naruto.

― Sim, claro. Será um prazer, senhora.

Não havia mais volta. Ela iria ver e falar com Naruto todos os dias dali pra frente. Ela tinha concordado com aquilo. Só de pensar, seu coração acelerou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Queria apenas esclarecer que usei da liberdade literária para ser mais "fácil" essa situação da tutoria. Obviamente, na vida real seria bem diferente. Queria deixar claro, também, que a situação constrangedora do Naruto não foi aceita com facilidade, mas eu realmente não quis entrar, nessa história, nessa vertente dessa forma, ela será tratada de outro modo, focando no próprio protagonista, que, como eu falei nesse capítulo, possui os próprios preconceitos.

Enfim, espero que tenha ficado claro e que tenham apreciado.



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