The Baby Sitter escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 10
09. Você é o meu problema


Notas iniciais do capítulo

Oie bbs.

Mais um capítulo para os que me pediram postagens mais rápidas kkk
Me digam o que acharam.

Agora vamos ao que interessa!



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— Weasley, volte aqui! – Scorpius bradou.

A garota empurrou a porta de madeira e entrou no Três Vassouras as pressas. Malfoy a seguiu sem pestanejar.

A discussão continuou.

— Desculpe, mas a poção acabou!  – a ruiva gritou em resposta.

Ela crispou os lábios para não rir. Isso só aumentou a cólera do loiro.

— Ruiva!

Ele avançou na direção de Rose, mas foi impedido de chegar mais perto por James, que segurou rapidamente o seu braço. O pub estava bem cheio. Além da reunião de família de sempre, o time de quadribol da grifinória e alguns –muitos – outros alunos de Hogwarts bebiam e conversavam no local. Pelo menos até a discussão irromper o bar.

Albus se levantou e Zabini, que estava em outra mesa, fez o mesmo. Os dois vieram até o amigo.

— Malfoy, o que está acontecendo?! – O Potter mais velho do recinto indagou assustado.

— Pergunte a sua prima! – Malfoy apontou raivosamente. – Ela que anda espalhando os boatos de que eu sou impotente!

Ao ouvir a palavrinha quase mágica, o bar inteiro se voltou para a discussão, interessado. Até Madame Rosmerta, que viera dos fundos do pub aos escutar os gritos, decidida a pôr os baderneiros para fora, parou para prestar atenção.

Anthony soltou uma risadinha inconveniente.

— Tem certeza que você é uma grifinória, Weasley? – ele se direcionou a Rose, irônico. – Eu tô achando que o chapéu seletor te pôs na casa errada.

Rose rolou os olhos, mas sorriu de canto. Aquela situação era realmente divertida.

— Ele está sendo dramático. Nem era uma poção para impotência de verdade. – disse. – Eu roubei o kit de poções de amor que o Fred vende escondido, apliquei um feitiço para mudar de cor e coloquei um rótulo novo. Aliás, você gostou? – a ruiva encarou Malfoy com um sorriso sarcástico. – Acho que sou muito boa com essa coisa de publicidade.

Foi preciso um pouco mais de força para manter Scorpius parado, dada à fúria que ele estava sentindo. Fred Weasley II, que até então apenas assistia a confusão, encarou a prima perplexo.

— Então foi você que pegou minhas poções! – o garoto reclamou, inconformado. – Mas, como?

— Na verdade fui eu que peguei... – Hugo sorriu amarelo, próximo ao primo.

— Não é possível! – Fred exclamou. – Uma quadrilha dentro da minha própria família! – o garoto parecia verdadeiramente revoltado. – Rose, você sabe quantos galeões eu perdi essa semana por sua causa?!

— Ninguém liga, Fred. – Roxanne ralhou com o irmão. – Agora cale a boca.

James, que permanecia alerta, fitou a ruiva.

— Rosie, você realmente fez isso?

O olhar do primo era inquisitório. Rose sentiu-se envergonhada.

— Sim! – ela respondeu na retranca, de braços cruzados. – Mas fiz porque eu queria me vingar do que o Malfoy fez com o meu texto!

— Eu nem cheguei a te prejudicar de verdade! – Scorpius se defendeu.

— Eu quase fiquei fora do concurso por sua causa!

— Exatamente! Quase ficou fora não é ficar fora de fato!

— Você deveria me agradecer, Malfoy. – ela rebateu sarcástica. – Você tem um péssimo gosto para escolher pretendentes!

— Ah, disso eu tenho certeza, ruiva! – ele desdenhou, em plenos pulmões. – Disso eu tenho plena certeza!

A conotação implícita na frase fez a garota ter vontade de pular no pescoço do loiro e enforca-lo com as próprias mãos. E ela faria isso, se Dominique e Roxanne não tivessem levantado para segura-la.

Os cabelos vermelhos de Rose tomavam-lhe a face, mais revoltos do que o de costume.

— Você é um completo imbecil, Scorpius! – a ruiva cuspiu as palavras. – Um maldito estúpido!

Havia éons que Rose não o chamava pelo primeiro nome. Para o azar do loiro, da última vez que isso acontecera ela também o xingara, com a mesma intensidade.

Scorpius não se deixou abalar.

— Você vai me pagar por isso! – ele apontou na direção da garota. – E escute bem o que eu estou falando, ruiva, dessa vez não tem Albus que me impeça!

— Vou mesmo?! – ela o desafiou. – Você não pode me acusar de nada. Eu não menti, apenas me aproveitei do que a própria Bulstrode espalhou por Hogwarts inteira! – contou. – Ela mesma disse que você desmaiou na torre de Astronomia, quando... enfim... você sabe!

Quase o bar inteiro caiu na risada. O constrangimento fez o rosto de Scorpius adquirir uma intensidade absurda de vermelho. Ele se debateu ainda mais, sem sucesso, pois os garotos não permitiram que ele saísse do lugar.

Diferentemente dos outros, James não riu.

— Ele... desmaiou? – ele franziu a testa.

— Sim. – Rose confirmou, sem entender a dúvida do primo.

O Potter mais velho fitou Scorpius. Ele soltou o braço do loiro, devagar.

— Desde quando você anda desmaiando por aí, Malfoy? – perguntou.

O loiro engoliu a seco. Albus e Zabini trocaram olhares preocupados.

— Jay... – o irmão o chamou.

— Não, Al! – James o interrompeu, com o indicador estendido. – Deixe-o responder! – disse, decidido. – Vamos Malfoy, me diga, desde quando você anda desmaiando por aí?!

Scorpius abaixou a cabeça.

— Desde a névoa que a Weasley lançou, no jogo contra a lufa-lufa. – respondeu, em voz baixa.

James assentiu com a cabeça.

— Eu sabia! – exclamou. – Eu sabia que tinha alguma coisa errada!

— James, eu estou bem. – o loiro falou. – I-isso não é nada demais...

— Não queira me fazer de idiota, Scorpius! – James bradou. – Você pensa que eu não percebo quando você e o Albus desaparecem dos treinos misteriosamente?!

Albus e Scorpius abaixaram as cabeças, envergonhados.

— Agora eu sei o motivo. – o moreno continuou. – Você está doente.

James respirou fundo, pensativo. Rose então percebeu que falara demais, na hora errada. Mesmo que sua mente repetisse inúmeras vezes que não era problema dela se Malfoy fosse prejudicado ou não, algo dentro da garota a fez sentir-se mal.

Bonnie Corner, a goleira do time de quadribol da grifinória,  se ergueu do banco.

— Malfoy não pode permanecer no time nessas condições, Potter. – ela disse, séria.

O loiro entrou em desespero.

— Não James, por favor! – implorou. – Você não pode me tirar do time!

— Ele é melhor artilheiro do time, Corner. – Fred argumentou.

— E eu estou bem! – Scorpius reiterou.

— Não vamos conseguir outra pessoa a altura até o jogo contra a Corvinal. – a batedora baixinha comentou, ao lado da amiga.

— Ele não pode jogar desse jeito!

— Eu posso sim!

— Você não vê que está pondo a sua saúde em risco, Malfoy?! – Bonnie indagou. – Além de colocar o time todo em risco também?!

Vários integrantes do time começaram a falar ao mesmo tempo. Uma discussão estava prestes a se formar, em particular entre os artilheiros e a goleira, e, pela intensidade das vozes, algo de bom não sairia dali. Até porque, mesmo estando de fora, Zabini não soltara o braço de Scorpius.

Bonnie permanecia apoiada com as duas mãos na extensa mesa de madeira do bar, decidida. Uma veia saltava do pescoço do loiro, alterada, e ele fuzilava a Corner com o olhar nublado. A garota, no entanto, não abaixou o tom, muito menos a cabeça.

Rose sentiu que precisava fazer algo.

— Por que vocês não fazem uma votação? – a ruiva sugeriu, em voz alta, quase em um grito.

Isso foi o suficiente para fazer com que o time se calasse. Rose e Scorpius se encararam por um momento, de forma intensa. A menina ofegava, com os olhos azuis arregalados. O loiro podia jurar que a garota estava tentando ajuda-lo, ainda que aquela fosse uma ação totalmente fora do plano de todas as possibilidades de convívio entre os dois.

Albus também entendeu o que a prima queria fazer. Ele foi o primeiro a apoia-la.

— Isso, vamos fazer uma votação! – concordou. – Quem quer que o Scorpius permaneça no time, levante a mão.

Ele, Fred e a batedora que defendera Malfoy, ergueram a mão.

— Ok, três votos... – Al contou. – Bom, agora quem acha que Scorpius deve sair do time, levante a mão, por favor.

Corner foi a primeira a erguer o braço. O outro batedor, Eddie Thomas, a acompanhou mudo, sentado na última cadeira da mesa. Bonnie encarou James com intensidade, em um embate silencioso. O capitão do time suspirou e levantou a mão direita.

Três votos. Um empate. Agora cabia ao próprio James decidir, sozinho. E, infelizmente, Scorpius já sabia a resposta.

— Eu estou fora, não é? – o loiro perguntou, sem esperanças.

Jay passou a mão pelos fios de cabelo revoltos. Ele não queria fazer aquilo, mas era necessário.

— Foi mal... mas sim, Scorpius, você está fora.

Malfoy poderia – e queria – debater, contudo, não insistiu. Não era do feitio do garoto implorar por nada. Ele apenas assentiu com a cabeça e deu alguns passos para trás. Seus olhos cinzentos se encontraram com o de Rose outra vez e, diferentemente do que ela imaginou, não foi raiva que a ruiva enxergou. O que a garota vira foi tristeza. Apenas tristeza.

Sem se despedir de ninguém, Scorpius Malfoy saiu do Três Vassouras, batendo a porta atrás de si com toda força.

 

 

...

 

 

Anthony e Albus pularam a cerca que dava acesso à casa dos gritos. Rose fez o mesmo, logo depois. Eles andaram um pouco mais, em linha reta.

Zabini esfregou as mãos, uma na outra.

— Eu não gosto desse lugar. – comentou, olhando para os lados.

— Não vamos embora até encontrar o Scorpius. – Albus disse, sério.

— Nós já o procuramos por Hogsmeade inteira. Ele deve ter voltado para o castelo.

— Não, eu acho que não.

Eles já deveriam estar em Hogwarts. Estava anoitecendo e o tempo seguia cada vez mais frio. Porém, indo de encontro ao clima do outono, o pulso de Rose amornou-se lentamente.

A garota parou de andar e olhou para os lados.

— Ele está por aqui. – falou.

Sem esperar que os meninos a acompanhassem, Rose seguiu em direção à casa abandonada. Ela empurrou a porta de velha de madeira e adentrou ao corredor principal. Anthony apareceu logo atrás dela. O sonserino agitou a varinha e um ponto de luz intenso brilhou no cômodo empoeirado. Ele apontou para a escada e, ágil, a ruiva subiu os degraus.

Dentro de um dos quartos, outra luz brilhava constante. Rose avançou em direção a fonte da iluminação. Sentado no chão e com a cabeça apoiada na parede da lareira inutilizada, Scorpius jazia solitário, de olhos fechados. O rosto do loiro estava manchado, como se ele tivesse constantemente passado as mãos sujas de poeira pelas bochechas brancas.

Ao lado do garoto, uma garrafa de whisky de fogo descansava, quase na metade. Rose se aproximou.

— Malfoy. – ela o chamou.

Ele não abriu os olhos de imediato.

— Você demorou muito para chegar até aqui. – falou.

O loiro ergueu o braço, evidenciando o cordão dourado em seu pulso.

— Achei que o seu rastreador funcionasse melhor.

— Nós temos que ir. – Rose não se deixou levar pela provocação. – Está anoitecendo.

— Eu não vou a lugar nenhum com você, Weasley. – ele decretou.

O garoto levantou a garrafa e bebeu um gole generoso de whisky. Ele fez uma careta e parte do conteúdo escorreu pelo seu queixo, por cima dos fios ralos da barba por fazer.

Albus empurrou a porta. A luz que pairava no quarto refletiu nos seus olhos verdes. Anthony revelou-se logo atrás do grifinório. Sua pele escura também brilhou sobre a iluminação.

Scorpius sorriu, sem real vontade.

— Ah, claro. Vocês vieram também! – desdenhou, fingindo surpresa. – Querem um pouquinho?!

Os dois se adiantaram até o amigo.

— Merda, cara, você tá bêbado. – o moreno disse, tentando ergue-lo para cima com dificuldade.

— Que diferença faz? – Scorpius deu de ombros. – Sóbrio eu permaneço inútil do mesmo jeito.

— Sóbrio eu não preciso carregar essa sua bunda loira para outro lugar. – Anthony rebateu, com um pouco de graça.

— Eu sou impotente, esqueceu? Não precisa se preocupar com os riscos.

Zabini riu. Rose esfregou o rosto sardento e deu as costas aos garotos. A última coisa que ela queria era presenciar aquela cena. Principalmente por saber que fora ela que causara tal dano.

A ruiva ergueu a postura.

— Temos que nos adiantar, antes que o Filch tranque os portões. – avisou.

— Nós podemos voltar pelo salgueiro lutador. – Zabini lembrou.

— Ele não vai conseguir subir nesse estado. – Rose retrucou. – A passagem é muito apertada.

— Se formos pelo portão principal vai demorar muito mais tempo.

— É o único jeito.

— Weasley, vamos levar uma detenção desse jeito!

Rose suspirou pesarosa antes de se virar novamente rumo aos garotos.

— Não. – negou. – Eu vou levar uma detenção desse jeito, não vocês.  – disse, decidida. – Vocês dois sobem pelo Salgueiro Lutador. Eu vou com o Malfoy pelo portão principal.

— Rose... – Albus se manifestou.

— Não tem discussão, Al. – ela o interrompeu, com o dedo em riste. – É minha responsabilidade.

Um riso depreciativo ecoou pelo cômodo. Já de pé, Malfoy prendeu a boca da garrafa entre dois dedos da mão esquerda e tentou bater palma, com dificuldade.

— Palmas para a ruiva! – zombou com a voz particularmente grave. – Rose Granger-Weasley, aquela que é dotada de excelente bravura!

Scorpius bateu mais algumas palmas, solitárias.

— Como sempre, ela salva o dia e se sacrifica pelos amigos. – prosseguiu, dramático. – Um brinde!

Ele içou o whisky de fogo, que se agitou com o movimento descoordenado do garoto. Rose se direcionou ao loiro.

— Qual o seu problema, Malfoy?! – exclamou, aos nervos.

— Você é o meu problema, ruiva! – ele bradou. – Você é o meu problema!

A frase gélida causou certo impacto em Rose. Um bolo indigesto se prendeu em sua garganta, porém ela não quis demonstrar. Scorpius, no entanto, se deixou largar na tábua de madeira atrás de si. O seu semblante mudou subitamente. Ele parecia triste outra vez.

A voz do garoto saiu quase como um lamento.

— Você... você sempre me obriga a escolher... – continuou a falar. – Sempre me obriga a escolher... e...

A voz de Malfoy minguou, aparentemente sem estímulo. Albus fitou Zabini e o sonserino assentiu com a cabeça, entendendo o recado. Ele se adiantou até o loiro e tomou a garrafa de whisky de fogo das suas mãos.

— Isso fica aqui. – avisou.

Scorpius fez cara feia, mas não disse nada. Anthony jogou a garrafa em cima do estofado polvoroso no chão, antes de passar o braço do amigo pelo pescoço, apoiando-o.

— Eu levo o Scorp, Weasley. – decretou. – Vá com o Potter pelo Salgueiro. Nós nos encontramos em breve.

Sem dar espaço para que Rose argumentasse, Anthony segurou o loiro pelas costas e o empurrou para fora do cômodo, devagar. Scorpius não relutou, até porque não estava sob nenhuma condição para isso.

Uma vez sozinhos, Rose encarou o primo. O seu rosto estava visivelmente confuso.

— O que ele quis dizer com isso, Al? – indagou.

Albus desviou o olhar.

— Não vale mais a pena voltar a esse assunto, Rosie.

Ele apertou os ombros da prima com carinho e a puxou em direção ao corredor. Assim que Rose passou pelo batente quase destruído da porta, Albus apontou a varinha para a bola de luz suspensa no quarto.

— Nox.

E a casa dos gritos se banhou na escuridão outra vez.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?!
Me contem aqui nos comentários! Eles são muito importantes para a evolução da história! (e podem ajudar a postagens mais rápidas ;] )

Para quem não conhece ainda, eu tenho uma página onde posto os links das histórias, alguns spoilers de vez em quando, umas novidades também... Dá uma chegadinha lá!
==> https://www.facebook.com/Mrs-Ridgeway-1018726461593381/

Beijos!