Calisto escrita por Odd Ellie


Capítulo 3
Capítulo 2 - Pessoas Ruins (Connor, Blake)




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“Coisas terríveis acontecem com boas pessoas todo dia. Consequencialmente eu não sou uma das pessoas boas, eu sou uma das coisas terríveis” - (Marianna Paige)

 

Connor

A agente da correcional demonstrou novamente como armar e desarmar o dispositivo que Connor carregaria pelo resto do turno em seu bolso. Era bem simples, puxar o pino para armar e apertar o botão azul para mandar um sinal para o guarda mais próximo e/ou apertar o botão vermelho para fazer eletricidade correr pelo corpo de quem estivesse programado. Connor realmente odiava o fato daquilo ser uma parte da sua rotina de trabalho. Ninguém tinha lhe informado sobre aquilo na faculdade de enfermagem.

Doutor Howard Phillips Hume o homem cujo corpo teria eletricidade correndo por seu corpo a níveis de dor excruciante para deixá-lo incapacitado se Connor acionasse o dispositivo não parecia estar incomodado como Connor estava por aquela parte da sua rotina, apenas lendo seu livro durante toda a reunião. Ele se perguntou o que seria necessário para incomodar um homem como aquele.

Ele tinha visto o homem algumas vezes desde que tinha começado como interno no Hospital Central Valhalliano mais cedo naquele ano, mas apenas dois dias antes ele tinha ganho acesso aos arquivos com a ficha criminal do sujeito e o que ele leu fez um frio correr por sua espinha, procedimentos médicos ilegais, múltiplos assassinatos, tortura. Sob circunstâncias normais Doutor Hume nunca teria sido permitido a continuar praticando medicina.

Mas Calisto precisava de médicos.

E enfermeiros e fisioterapeutas e certamente outros profissionais. Mas não tanto quanto precisava de médicos. A segunda maior lua de Júpiter nunca teria sido o local sonho de trabalho para um graduado em medicina, mas as coisas se tornaram bem piores após a rebelião do centro correcional 154 que acabou além de uma fuga massiva de prisioneiros com a execução de vinte funcionários da Federação, entre eles alguns enfermeiros e médicos. O que resultou nos poucos residentes que não eram ex prisioneiros mas sim que tinham ido para lá por escolha deixarem a lua para trás. Então eles começaram a colocar em serviço ex-prisioneiros formados nas áreas de saúde que tinham tido suas licenças revogadas. Mas nem isso foi o suficiente então acabou com pessoas como Doutor Hume, que passava parte de sua carga diária trabalhando no hospital e a outra parte em um dos centros correcionais. Havia um total de cinco funcionários do centro correcional rondando o hospital e checando os detentos que lá trabalhavam, mas cada detento recebia individualmente um funcionário para servir como sua sombra durante todo o seu turno de trabalho.

“...a não ser que ele esteja sob risco de morte você não pode deixá-lo sair desse prédio, como um incêndio ou um ataque terrorista, e no caso de algum evento como esse é seu dever permanecer ao lado dele até a chegada de um agente da Federação. Você será punido pela Federação como auxiliar na fuga de um prisioneiro se você falhar em cumprir esses deveres. Entendido ?” Olga a agente da federação terminou de dizer.

“Sim”

“Bom, isso conta como assinatura verbal, agora por favor passe seu pulso no scanner para confirmar a sua identidade”

Ele fez como instruído e os dois saíram da sala rumo a sua jornada de trabalho conjunta pelo resto daquele dia.

Doutor Hume originalmente era um geneticista mas em Calisto ele trabalhava principalmente na área de oncologia do hospital, e foi lá que ele e Connor passaram a maior parte da manhã, com seus deveres como enfermeiro sendo para aquela parte do hospital e quando Doutor Hume tinha que ir para uma parte diferente ele apenas esperava ao seu lado e quando o contrário acontecia Doutor Hume sentava no local mais próximo e começava a ler um livro que ele guardava no bolso do jaleco, o livro era antigo e parecia ter sido lido dezenas senão centenas de vezes.

Na almoço no refeitório do hospital eles se sentaram numa das mesas do canto, com Doutor Hume apenas comendo uma maçã e voltando para seu livro. Connor tentou virar a cabeça para ver a capa.

“Linguagem e Mente de Noam Chomsky. Uma das grandes obras de linguística do século vinte” Doutor Hume disse respondendo a pergunta que Connor ainda não tinha feito.

“Hum”

“O que foi esse hum garoto ?”

O garoto da sentença incomodou Connor mas ele decidiu deixar passar.

“Nada”

“Você é um terrível mentiroso”

“Não foi nada, realmente. Eu apenas não entendo o apelo de ler algo tão antigo”

“As pessoas ainda lêem Shakespeare e ele viveu mais de mil anos atrás”

“Isso é diferente”

“Porque?”

“Porque a obra dele é exclusivamente fictícia, é sobre personagens e narrativas e natureza humana essas coisas não mudam realmente. Mas linguística do jeito que eu fui ensinado é o estudo científico da linguagem humana e uma obra com um caráter científico certamente vai estar desatualizada depois de tanto tempo”

Doutor Hume sorriu com a sua resposta e parecia estar prestes a oferecer um contra-argumento quando seu rosto fechou. Ele estava olhando para algo atrás de Connor. Seguindo a direção do olhar Connor encontrou a Doutora Meera Wither.

Ele raramente a via, e só sabia realmente quem ela era porque sua amiga Grace era uma das enfermeiras do centro cirúrgico. Doutora Wither raramente era vista fora do centro cirúrgico, passando suas horas livres bem longe de outras pessoas, ele não se lembrava de ter visto ela no refeitório antes.

Doutor Hume se levantou, Connor achou que ele iria até Doutora Wither mas ao invés disso ele andou na direção da porta do refeitório.

“Ei eu ainda estou comendo” Connor disse.

Doutor Hume o ignorou e continuou andando.

Connor pegou o iogurte que ele esperava comer como sobremesa e foi atrás dele deixando o resto de sua comida para trás.

“Relaxe garoto eu não vou fugir”

“Eu não sou um garoto”

“Certo, então relaxe garota, o núcleo da mensagem ainda é a mesmo”

“Isso não é o que eu quis dizer, eu sou um homem, não um garoto”

“Justo”

“Porque você fugiu quando você viu a Doutora Wither ?”

“Eu não fugi, eu só não queria ficar no mesmo cômodo que aquela coisa”

“Ex namorada ?”

“Nada tão juvenil...eu sei que você leu a minha ficha, e eu sei o que você deve pensar de mim, e eu sei que você provavelmente não vai acreditar em mim mas tudo que eu fiz, foi feito por um motivo e foi porque eu queria dar algo para humanidade. Aquela mulher lá arruinou isso, ela arruinou minha pesquisa, e minha família e minha vida, tudo pra tirar alguns anos miseráveis da sentença dela. E antes disso ela fez por dinheiro, só dinheiro. Ela é uma carniceira. A maioria das pessoas são uma mistura de bom e ruim, mas as vezes tem alguns casos algumas vezes tem algumas pessoas que são apenas ruins, completamente até o centro de quem eles são. Ela é uma dessas”

“Isso é...intenso”

“Sim é. Também é merecido nesse caso”

“Certo, vamos ao banheiro”

“Você não sabe como ir sozinho ?”

“Eles disseram para eu não ficar longe de você”

“Eu não vou fugir, você pode ir no banheiro em paz”

Connor olhou um pouco desconfiado mas fez o que ele disse.

“Só espere por mim na porta, certo ?”

“Certo”

Enquanto ele estava no banheiro houve um comunicado no interfone dizendo para todos os médicos e enfermeiros desocupados se dirigirem ao pronto-socorro. Todos eles.

Quando ele saiu do banheiro Doutor Hume não estava mais encostado na parede em frente a porta do banheiro, ele não estava em lugar nenhum.

Merda. Merda. Merda.

Connor correu para o pronto socorro na esperança de encontrá-lo lá, ele também puxou o pino do dispositivo que ele carregava em seu bolso para caso ele não estivesse lá quando Connor chegasse. Ele também apertou o botão azul para informar um agente da federação sobre a situação, mas o botão parecia estar emperrado.

Doutor Hume estava no pronto-socorro.

“O que aconteceu ?” Connor perguntou.

“Houve um acidente, um grande”

“Grande como ?”

“Como um trem caindo do céu. Literalmente”

“Merda”

“Sim, nós temos que ir pra fazer a triagem no local, eu acho que tem mais uma ambulância vindo agora da ala oeste”

“Você não pode”

“O que ?”

“As regras dizem que você só pode sair caso você esteja sob risco de vida esse não é o caso”

Novamente ele viu aquele brilho de fúria nos olhos do médico, o mesmo que só tinha aparecido ao falar de Meera Wither.

“Um trem caiu seu imbecil, você realmente acha que essa é a hora pra ligar para protocolos da Federação ?”

Doutor Hume não esperou a resposta de Connor, ele saiu pelas portas da emergência.

 

Escolhas para Marian :

A) Ir com Doutor Hume para a ambulância - *Escolhida

B) Ir achar um agente da federação e lhe informar que Doutor Hume partiu

C) Usar o botão em seu bolso para incapacitar Doutor Hume





Blake

O menino estava atrasado.

Gabriel, seu melhor amigo e mecânico chefe da sua equipe tinha apontado que chamar o novo empregado como o menino era um pouco hipócrita considerando que Newt era apenas uns dois anos mais novo do que ela. Blake tinha considerado não chamá-lo assim, mas que se dane, o tipo de pessoa que achava que chegar atrasado para o primeiro dia de trabalho era algo aceitável era um menino. Ela não disse isso no entanto, chamar atenção a falta de responsabilidade alheia seria o sujo estar falando mal lavado.

Depois que o relógio marcou quinze minutos de atraso ela decidiu que ela não ia esperar. Seu plano era fazer um agrado pra ele inicialmente, ela tinha reservado a pista pelas próximas três horas e ela pretendia deixar ele usar uma das asas de reserva se ele desejasse e usar um dos circuitos leves por dentro, ser o tipo de chefe que Asuka tinha sido pra ela, o tipo que inspira. Mas que se dane, ela decidiu, ele já estava quinze minutos atrasado e provavelmente demoraria semanas até ela ter outra chance de ter um treino solo na pista.

Ela vestiu a segunda pele no vestiário feminino enquanto Gabriel a aguardava na oficina da pista para ajudá-la a acoplar as asas as suas costas e aos seus braços e mãos, mas aí ela viu no topo das escadas que davam acesso a pista alguém que já estava usando a segunda pele, e já com as asas acopladas assim como os óculos protetores. E mesmo daquele ângulo ela sabia quem ele era devido a equipe desnecessariamente grande que ele carregava consigo.

“Ei imbecil !” ela gritou e começou a subir as escadas.

O homem se virou lentamente na sua direção, quase como se ele não soubesse que ele era o imbecil a quem Blake estava se referindo. O nome dele era Anthony e não havia nenhuma pessoa naquela lua que Blake odiasse e desprezasse mais do que ele.

“Bom dia Srta Verlac, como eu posso ajudá-la hoje ?”

“Você pode sair dessas asas, a pista é minha pelas próximas horas”

“A sua mamãe não te ensinou como dividir ?” Anthony disse.

Ela não tinha, ela não tinha estado lá para fazer isso. Mas de jeito nenhum ela iria dividir essa informação com Anthony.

“É minha hora” ela disse para ele “Parem de tirar as botas dele” ela disse para as garotas da equipe de Anthony que estavam no processo de destravar suas botas para simulação de gravidade terrestre e colocar as botas de corrida.

“Ignorem ela meninas. Vamos Blakey, eu até deixo você programar o formato da pista, por favor ?”

Ela podia sentir as outras cinco garotas que cercavam Anthony a julgando, especialmente as duas que só tinham começado umas duas semanas antes. Ela entendia o porque, nenhuma delas o conhecia realmente provavelmente, pelo que ela tinha reparado Anthony nunca mantinha uma garota em sua equipe por mais de dois meses. E elas sempre eram garotas, elas eram sempre jovens, e elas eram sempre bonitas.

Em teoria eles deveriam ser amigos, e quando eles se conheceram ela achou que eles seriam amigos, (e por algumas horas bem idiotas ela preferia esquecer ela achou que ele poderia até ser mais do que isso). Afinal eles eram alguns dos poucos pilotos que não tinham nascido em Calisto originalmente. Haviam muitos engenheiros e mecânicos que eram ex-prisioneiros, mas pilotos se houvessem dez eram muitos. Lhe doía admitir isso mas havia um certo nível de verdade no que diziam a respeito de pessoas nascidas e criadas em Calisto serem bem melhores em voar, ela adorava voar, realmente ela via como sua verdadeira vocação e ao longo do último ano ela havia se tornado muito boa nisso, ela tinha a velocidade, o equipamento e a paixão, mas as vezes ela ainda acabava trombando nas paredes da em curvas e ela sabia que se o design da pista fosse fortemente espiralado não havia nenhuma chance dela acabar entre os três primeiros, só de não perder feio.

Alguns até achavam que ela deveria se sentir grata a ele, afinal ele era o responsável por Asuka ter se machucado e ter aberto a vaga para Blake se tornar a piloto de sua equipe. Ele disse que era um acidente, mas isso era besteira Blake sabia, e ele nem tinha ido para a cadeia por isso, com a pessoa que realmente recebeu a culpa sendo sua mecânica chefe, ele só recebeu dois meses de suspensão das corridas, mas agora ele estava voando de novo e Asuka ainda estava em fisioterapia pra conseguir voltar a andar depois de ter a espinha fraturada. Seu ódio por ele era pessoal e era grande. “Não”

Ele flutuou na direção dela, colocando uma mão na cintura dela.

“Você tem certeza que você não quer reconsiderar a sua posição?”

“O que você pensa que você está fazendo ?”

Ele sorriu e aí ele fechou o punho da mão que não estava na cintura dela ativando assim os motores das asas. Seu toque antes leve na cintura dela agora a estava segurança e ela se deu conta do que ia acontecer apenas um segundo antes de acontecer. Ele estava voando para cima bem rápido e ele estava carregando ela junto com ele.

Não era incomum Blake gritar durante uma decolagem, mas geralmente era por animação, nunca antes por medo. Voar não era para ser assim.

Ela estava usando suas botas de simulação de gravidade, se ele deixasse ela cair seria a última coisa que ela faria. Ela olha para o rosto de Anthony, ele tem um sorriso em seus lábios.

“Sabe eu nunca tinha considerado você como a minha décima terceira Srta Verlac, eu nunca tive uma ruiva antes, isso traria um pouco de variedade a lista eu acho” ele disse como um sussurro no ouvido dela. O vento estava muito forte naquela altura ao ponto dela não ter certeza se ela tinha ouvido direito o que tinha sido dito.

“Me coloca no chão, agora”

“Você vai ser mais amigável se eu te levar para o chão? Porque se não...merda”

A expressão no rosto dele mudou, Blake seguiu o olhar e ela viu lá no horizonte, ela podia ver fumaça vindo do chão, e onde sempre havia a linha metálica do trem celestial cortando o horizonte. A linha estava quebrada no meio, quase todos os vagões pareciam ter despencado, exceto por um ou dois ainda pendurados nos trilhos, ela se perguntou se ainda havia alguém lá.

Anthony a levou até o pé das escadas e disse :

“Foi apenas uma pequena brincadeira Srta Verlac, por favor não fique irritada”

“Vá pro inferno”

 

Escolha para Alice Swann :

A) Ela vai até a secretária da pista fazer uma ocorrência oficial do que Anthony acabou de fazer com ela para ver se consegue suspendê-lo

B) Ir até a oficina, dizer pra Gabriel acoplar suas asas e ajudar ele a acoplar as reservas e dizer que eles tem que voar até o acidente pra ver se ainda tem pessoas no último vagão - *Escolhida

C)  Vai até a oficina e diz pra ele acoplar suas asas e lhe conta o que viu, diz para ele ir ver se tem mais alguns pilotos na sala de descanso ou na cantina e lhes contar para pegar suas asas porque talvez eles sejam necessárias.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são sempre apreciados.

E mais uma coisa, uma das minhas escritoras favoritas aqui do nyah e uma das minhas pessoas favoritas no mundo começou uma fanfic interativa de fantasia chamada "O Príncipe Perdido" que vai ter um sistema de interação similar a essa com escolhas a serem feitas para aqueles que mandarem os perfis (a mulher vive pra me copiar foi a mesma coisa quando eu comecei minha coleção de aus de asoiaf, lol só brincando bby caso você leia isso). Eu já to montando minha ficha pra fic dela e seria muito legal ver algumas pessoas daqui lá também. Aqui o endereço da fic caso alguém tenha interesse : https://fanfiction.com.br/historia/765927/O_Principe_Perdido/