Calisto escrita por Odd Ellie


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Trem Celestial (Lea, Kaylane e Andrômeda)


Notas iniciais do capítulo

N/A : Olá, então eu acabei recebendo mais fichas do que eu tinha previsto então por isso eu resolvi ao invés de ter todos os personagens aparecerem e terem escolhas em todos os capítulos, vai ter geralmente uns 2 ou 3 personagens foco por capítulo, assim caso alguém parar de ler a fic ou não responder com suas escolhas não vai empacar todas as outras narrativas. Eu to meio insegura sobre as escolhas dos primeiros dois povs, porque elas parecem quase insignificantes, mas na verdade se você ler até o final do terceiro pov você vai perceber que elas na verdade vão determinar muito em termos de localização e trama para os personagens principais, e até afetar as storylines de outros personagens com fichas que aparecem ao longo deste capítulo. De qualquer maneira obrigada por dar uma chance a Calisto.



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“A honra não consiste em não cair nunca, mas levantar cada vez que se cai.”
― Confúcio


 

Lea

Lea Byrne acordou com a sensação de que ela estava caindo.

Isso costumava acontecer muito quando ela era uma menina em Vênus, seu avô tinha lhe explicado uma vez que isso era conhecido como um espasmo hípnico, e a teoria vigente era que ele ocorria no momento entre o sono leve e sono profundo, pouco antes do estágio REM começar, e como se o seu cérebro estivesse lutando entre consciência e inconsciência ele manda um espasmo, as vezes você acorda, outras vezes não.

Ela tinha uma suspeita porque aquilo estava acontecendo, porque em uma das suas quatro folgas mensais seu corpo se recusava a deixá-la descansar como ela merecia. Por causa do encontro que ela aceitou ter mais tarde naquele dia, era um tanto tolo, ficar nervosa por algo assim ao ponto de ter problemas em dormir na noite que precedia só seria aceitável se ela fosse uma adolescente, mesmo se a última vez que ela teve um primeiro encontro tenha sido quando ela foi uma adolescente.

Ela conheceu o homem em questão no seu trabalho, ela era uma das balconistas do vagão restaurante do trem celestial que levava pessoas de Valhalla até Gipul e de volta. Ele pediu para tirar uma foto dela. Seu desconforto com aquele pedido deve ter ficado estampado em sua cara porque quase imediatamente ele disse :

“Sinto muito, esquece que eu disse”

“Porque você gostaria de uma foto de mim ?”

“Oh eu sou um fotógrafo, eu estou fazendo uma série sobre as vidas da força de trabalho de Calisto, e eu achei que você daria um tema interessante, sempre transitando entre as duas maiores cidades dessa lua, provavelmente milhares de pessoas viram seu rosto, um número razoável deve até ver todo dia quando eles vêm aqui para tomar café da manhã ou almoçar, mesmo que de uma maneira pequena a sua vida deve estar conectada a vida de tantas outras pessoas”

“Você faz soar bem mais poético do que é de verdade...eu não sabia que haviam empregos para fotografos aqui”

“Não tem realmente, meu emprego diário é bem menos divertido. Eu considero meus projetos importantes da sua própria maneira mas eu sei que ganhar dinheiro com eles não é realmente uma opção”

“Então qual é o apelo ?”

“Porque tem muita beleza e coisas que valem a pena serem registradas neste lugar, pessoas de fora não sabem ainda, mas eles vão um dia, e as pessoas que vão nascer aqui merecem ver um pouco da história e das pessoas que fizeram esse lugar”

Era uma opinião otimista ao ponto de ingenuidade, contra seu melhor julgamento Lea gostou disso. E quando ele voltou nos dias seguintes pra puxar conversa ela o entreteu. O pedido de encontro no dia anterior tinha sido uma surpresa, assim como sua resposta automática aceitando. Ou que ela não tivesse ligado para cancelar ainda.

Após concluir que ela não ia voltar a dormir ela abriu as janelas. Era cinco da manhã ainda mas o sol brilhava forte no céu como se fosse meio dia. Calisto usava o calendário e horários do meridiano de Greenwich para conduzir sua sociedade mas devido a sua órbita ao redor de Júpiter a lua passava por um total de oito dias de claridade e oito dias de escuridão no céu.

Ela ouviu uma batida na porta, quando ela abriu ela viu sua vizinha Joana do outro lado. Joana era talvez a única pessoa em Calisto que ela podia chamar sua amiga, no centro carcerário elas eram as únicas vindas de Vênus, e quando elas saíram para a sua surpresa ela continuou sendo isso, a ajudando a encontrar aquele lugar para viver e até seu emprego.

“Oi, eu sinto muito, eu acordei você ?”

“Não, porque você está aqui ?”

“Minha filha está com uma febre, e eu sei que é seu dia folga mas eu estava pensando se daria pra você cobrir meu turno e eu cubro o seu próximo. Ou talvez você podia ficar com ela enquanto eu vou ?”

 

Escolha para Florrie :

A) Lea aceita trocar de turno com Joana e vai trabalhar no lugar dela.

B)Lea decide passar o dia cuidando da filha de Joana - *Escolhida

C)Ela diz que sente muito mas que infelizmente ela já tem um compromisso marcado para mais tarde e ela não pode se comprometer.

 




Kaylane

Kaylane passou seu pulso pela tela do guichê do trem celestial, indicando que 5 créditos tinham sido deduzidos de sua conta pela compra daquela passagem, a foto que apareceu na tela era uma de seu rosto, mas o nome que lá constava não lhe pertencia.

Ela se sentou em um dos assentos no meio do vagão, ao lado da janela, para poder ver Valhalla chegando cada vez mais perto. Ela cresceu lá, mesmo que não na superfície, aquele lugar era casa. Na Terra ou em Marte seria apenas uma cidade mediana, com pouco mais de cem mil habitantes, mas em Calisto era a metrópole do satélite.  Ela só tinha pego o trem celestial uma outra vez, partindo lá, e deixando para trás sua comunidade, seu pai, tudo que ela conhecia.

Ele raramente ia a superfície, ao contrário dela o rosto dele era conhecido, ele tinha sido um dos líderes da rebelião na centro correcional 154 quase quinze anos atrás que tinha acabado com a execução de vinte funcionários da Federação, e no único caso de fuga massiva em Calisto. Dos 372 prisioneiros que tinham escapado 350 tinham sido recapturados ou mortos, os outros vinte e dois tinham sumido, até alguns anos atrás muitos achavam que eles tinham conseguido escapar de Calisto, que eles estavam em uma nave em algum lugar da Federação. Isso até um posto da Federação explodir e o rosto de seu pai voltar a ser exibido não apenas nas telas de Calisto mas por toda a Federação, não apenas como um prisioneiro fugitivo mas como o líder de uma organização terrorista. Ela podia andar pelas ruas sem ter o perigo de encontrá-lo em pessoa, mas as vezes ele mandava seus subordinados e todos eles conheciam seu rosto, e certamente a estariam procurando. Uma voz em sua cabeça lhe diz que ela deve ser mesmo a garotinha tola que ele sempre disse que ela era por estar tomando esse risco.

“Esse lugar está ocupado ?” um jovem homem pergunta alguns pontos após ela embarcar.

“Não” Kaylane diz retirando sua bolsa do assento ao lado.

“Obrigada, eu tava achando que ia ter que passar a próxima hora em pé...eu estou bem excitado”

“O que ?”

“Não ! Eu não quis dizer isso de uma maneira sexual. Eu não sou um pervertido!” o rapaz disse com seu rosto corando e os olhos meio arregalados em mortificação.

Ele parecia como se ele quisesse se jogar da janela do trem.

“Okay…porque você está excitado então ?” ela disse tentando fazer ele se sentir melhor.

“Emprego novo. Muito bom emprego. Eu fui contratado como um dos mecânicos pro time de Blake Verlac e bem excitante”

“Quem ?”

“Blake Verlac, ela é uma piloto de planadores turbo, sabe aqueles que tem corridas na pista Valhalliana, elas passam no canal 3 nos sábados. Ela é nova mas ela é incrível, ela não é apenas a piloto ela fez o projeto das asas dela”

“Ela parece impressionante”

“Ela é, eu ainda não consigo acreditar que ela me escolheu”

Após isso o rapaz ficou quieto, e passou assim pela hora seguinte até que ele disse :

“Meu deus”

“O que ?”

“O que ?”

“Você disse meu deus”

“Hum, certo, você vê aquela moça em pé ali no canto com o sobretudo azul, a que entrou no ponto anterior ?”

“Sim”

“Eu acho que é a Mae Choi”

“Quem ?”

“Mae Choi. A atriz. A que foi condenada por matar aquele cantor. Como você não sabe dessas coisas ?”

“Eu não presto muita atenção a notícias da terra”

“Ela é de Marte na verdade. Eu sinto muito é que é meio estranho lá em Marte todo mundo estava falando sobre esse caso quando aconteceu, houve até uma petição online sobre não condenar ela que teve mais de dois milhões de assinaturas. Você é de onde ?”

“Daqui, nascida e criada”

“Oh certo, isso explica. Qual o seu nome ?”

Kaylane quase disse seu nome verdadeiro antes de se lembrar do que constava no ship em seu pulso.

“Amala”

“Prazer em conhecê-la Amala, eu sou Newton. Newt”

A moça com sobretudo azul naquele momento começou a andar na direção deles, quando ela passou por eles Newt parecia constipado por um momento. E só relaxou após ela passar pela porta a caminho do vagão mais pra frente.

“Você acha que ela ouviu o que eu estava dizendo ?”

“Talvez”

“Droga”

“Mas talvez ela apenas tenha ido ao vagão restaurante no final do trem comer alguma coisa”

“Oh certo, vocês tem esses aqui” ele disse, olhando para a cortina que separava os dois vagões “Eu poderia comer alguma coisa, você quer um café ? Eu pago”

“Não, obrigada”

“Por favor, eu acho que se a Srta Choi me ver chegando lá ela vai achar que eu estou seguindo ela, mas se eu for acompanhado de uma amiga não vai parecer tão estranho”

“Você não está indo para seguir ela ?”

“Não...tá okay talvez um pouco. Eu pensei que talvez eu poderia tirar uma selfie com ela e mandar pra minha irmã na terra, dizendo algo como : Ei você tem o espaço planetário todo da federação para explorar mas eu tirei uma foto com a sua atriz favorita então quem é o verdadeiro vencedor ? Obviamente seria ela, mas eu acho que faria ela sorrir”

 

Escolha para 50 tons de Violeta : Kaylane diz :

A) ”Eu sinto, eu não estou muito confortável com isso, se você quer ir, talvez você deveria ir sozinho”

B)”Okay, só espere um minuto eu tenho que ir no banheiro primeiro, eu te encontro logo”

C)”Claro, eu realmente preciso de um café” - *Escolhida






Andrômeda

Para Andrômeda Howlett era um pequeno prazer ver aqueles não nascidos em Calisto voando, um que era dividido pela maioria daqueles nascidos na menos prestigiosa lua de Júpiter. Em geral porque eles eram muito ruins nisso, cômicamente ruins.

Tecnicamente eles só podiam tirar suas botas com os pesos de titânio para simular a gravidade terrestre em seus domicílios ou em certas áreas designadas para atividades físicas em baixa gravidade que tinham estruturas apropriadas, mas era difícil ter uma semana em que ela não via pela janela de sua mesa um idiota no parque que cercava a biblioteca, fazendo precisamente isso, eles sempre pareciam um pouco como crianças enquanto eles faziam isso, primeiro só flutuando tentativamente apenas um pé acima do chão, mas logo já se animando e dando cambalhotas pelo ar, e se arriscando, subindo mais e mais no ar.

E aí eles entravam em pânico. Geralmente eles conseguiam pegar impulso pra voltar para o chão, a jovem mulher daquele dia, não conseguiu.

Era fisicamente impossível para alguém simplesmente voar acima daquela camada da atmosfera, mas parecia que eles todos esqueciam disso quando eles entravam em pânico. Embora naquele lugar específico havia o perigo adicional de ter os trilhos do trem celestial a cinquenta metros do chão bem perto dali ocasionalmente criando correntes de ar que dificultavam o vôo. Andrômeda olhou para o relógio, ainda faltavam uns dez minutos antes do trem das onze passar.

A garota estava atualmente uns seis metros acima do chão, dando cambalhotas que pareciam puxá-la em várias direções diferentes exceto aquela que ela queria ir, e ela tinha um olhar no seu rosto como se ela estivesse contemplando cada decisão ruim que acabou resultando que ela viesse a parar naquele momento, mas ela não estava gritando por ajuda ainda então Andrômeda concluiu que ela tinha tempo para terminar seu sanduíche antes de ir ao resgate. E depois que ela começou a gritar havia tempo para terminar de mastigar a última mordida antes de tirar suas botas.

Ela saiu do prédio, desarmou a estruturas que prendiam seus pés as botas, pegou impulso na estrutura de concreto e foi na direção da garota no ar. Cujo pânico não parecia nenhum pouco menor por ter alguém por perto, continuando se revirando pelo ar, até Andrômeda agarrar seus dois ombros e dizer :

“Para de gritar, para se mover você só está fazendo as coisas piores. Você vai acabar vomitando em você mesma e em mim você continuar se movendo assim”

A jovem mulher assentiu com a cabeça. Então Andromeda continuou :

“De onde você é ?”

“Terra...o que isso tem haver ?”

“Vocês tem lagos e piscinas na Terra, vocês nadam neles. Se mover no ar não é tão diferente assim de nadar em princípio, não tem nada te puxando pra cima, na verdade lentamente iria de puxar pra baixo se você permitisse, nossa gravidade aqui é apenas um nono em comparação a da Terra mas ela existe. Mas você pode escolher uma direção e se mover, é mais fácil quando você tem uma estrutura sólida pra pegar impulso, mas você pode usar a força das suas mãos e das suas pernas para se mover”

“Não é tão simples. Tem uma corrente de ar me puxando eu posso sentir”

“Não tem, é apenas sua imaginação. Respire, não olhe pra cima, não olhe pra baixo. Olhe pra mim, eu cresci nesse lugar, eu sei o que eu estou fazendo”

“Certo”

“Bom, eu vou te soltar agora e você vai tentar ficar parada enquanto eu te mostro como fazer...certo muito bem, você sabe nadar de bruços ?”

“Sim”

“Bom, geralmente é bom usar as suas pernas também, mas dado os seus problemas de equilíbrio, talvez só focar nos braços por enquanto seja melhor”

E aí ela demonstrou, bem lentamente se movendo até o prédio e depois voltando para a garota.

“Pronta pra tentar ?”

A garota assentiu com a cabeça. E começou a fazer os movimentos expansivos com os braços que lentamente a levaram até o prédio.

“Okay agora é só descer usando a parede pra te impulsionar pra baixo”

E ela fez, pegando tanto impulso no concreto que se Andrômeda achou que talvez ela fosse se estabacar no chão. Ela não o fez, o que causou uma pequena pontada de decepção para Andrômeda.

Andrômeda calçou as botas e andou na direção da garota.

“Até você aprender a se mover em baixa gravidade, mantenha as suas botas nos seus pés. A Federação tem um monte de regras idiotas, mas essa existe por um motivo”

“Eles deviam ter nos ensinado como fazer na prisão, eles sabiam que nós teríamos que viver aqui, mas não, as botas lá eram travadas só podendo tirar quando nós tomávamos banho”  

“Sim, eles provavelmente deveriam. Eles não vão, mas eles deveriam”

“Obrigada por me ajudar, você é muito gentil”

“Não realmente, eu apenas não queria ver você vomitar”

“Eu estou agradecida de qualquer maneira. Qual o seu nome ?”

“Andrômeda”

“Trix. Eu. Meu nome. Eu só saí dois atrás, você provavelmente já notou isso. Você provavelmente deve estar tendo a pior impressão de mim, geralmente eu sou bem mais calma do que isso”

“Sim eu suspeitei que você era nova. De qualquer maneira tchau, tente não ser carregada pelo vento”

“Onde você está indo ?”

“Trabalho” ela disse apontando para o prédio.

“Oh certo. O que é esse lugar ?”

“Uma biblioteca”

“Eu achei que todo mundo usasse apenas a biblioteca digital”

“Uns quinze anos atrás alguns tecnófobos disseram que a Federação não estava provendo eles com meios de acesso a cultura e lazer, e depois de muita reclamação esse lugar foi feito e agora graças a isso eu tenho um emprego. Satisfeita ou você tem mais alguma pergunta ?”

“Apenas mais uma o que é esse barulho ?”

“O trem celestial vindo de Gipul, passa de hora em hora em cima” Andrômeda disse apontando para a estrutura de metal no céu.

“É sempre tão alto assim ?”

Andromeda ia dizer que sim automaticamente, mas percebeu isso não era verdade, estava mais alto que o normal, ela olhou para o céu e viu que a estrutura gigantesca de metal parecia estar vibrando, e antes que ela retornasse seus olhos para Trix ela viu o trem passando, ela viu a fumaça e o fogo cortando o céu e aí caindo, caindo, caindo, caindo.

 

Escolha para CherryBomb : O trem cai perto da entrada do parque, a biblioteca não é atingida mas elas podem ver os vagões, e o fogo e a fumaça e ouvir as pessoas gritando, uma voz clara pedindo por ajuda. Andrômeda vê Trix se movendo na direção do desastre. Ela então :

A) Corre na direção oposta ao desastre - *Escolhida

B)Tenta segurar Trix e a para de ir

C)Também corre com Trix na direção do desastre


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são sempre apreciados.