Sangue e Poder escrita por Berserker


Capítulo 4
Alucinações




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As férias de Louis acabaram, estava indo para escola, apesar de não ter nenhum motivo bom para estar lá, estava mais alegre por voltar as aulas e parecia mais disposto que os outros alunos.

Sua mochila estava mais leve, sem nenhum livro enorme de português, por isso andava rápido. Não queria encontrar com Steve logo no primeiro dia de aula.

Entrou na sala suspirando, havia apenas algumas garotas conversando no fundo da sala que nem perceberam Louis entrando. Sentou-se em seu lugar.

Pouco tempo depois, sentiu o mesmo ar pesado de seu quarto. Não conseguia respirar direito e desmaiou sobre sua mesa. Nesse curto período dormindo, sonhou com Johan. Ele estendia sua mão em forma de cumprimento para Louis. Johan mexeu a boca falando algo, mas Louis não conseguiu ouvir as palavras. Acordou com os gritos de felicidade de duas amigas se reencontrando e falando quanto estavam com saudade. O ar agora estava normal.

Cinco minutos depois que a aula começou, Steve apareceu na porta. O professor deixou ele entrar, pois ainda falava sobre o que fizera nas férias para alguns alunos que sentavam na frente. Passou pelos cantos da sala como de costume até seu lugar no fundo.

No tempo livre, Louis saía do refeitório e estava voltando para a sala de aula, onde pretendia continuar lendo, mas em um dos corredores, viu Steve segurando um garoto dois anos mais novo pelos ombros contra a parede.

—Isso não é certo! – Gritou o garoto, mas Steve apenas sorriu.

As palavras do menino ficaram ecoando pela cabeça de Louis. Segundos depois, Louis ficou sem visão. Era apenas tudo preto. Ele procurava para todos os lados alguma luz, até então que ouviu passos atrás dele.

—Quem está aí? – Perguntou Louis.

—Sou eu. – Louis escutou uma voz calma. Depois de algum tempo, percebeu que se tratava de Johan.

—Por que não consigo ver? – No instante que Louis disse isso, enxergou Johan vestido de terno, como sempre, mas o mundo em volta continuava preto.

—Vim te perguntar se posso fazer uso dos poderes, afinal o corpo é seu. – Johan disse isso calmamente enquanto caminhava até Louis. – Você quer usá-los, não é? Quer usá-los em Steve... poder se vingar de todas as vezes que ele tratou você e os outros alunos como lixo.

—Por que eu desejaria isso? – Louis abaixou a cabeça. – Você quer apenas fazer sua própria vontade e veio aqui para tentar me convencer.

—Eu sou sua segunda alma, eu sei o que você pensa. – A voz de Johan agora parecia mais rígida, porém com a mesma calma. – Sei o quanto odeia Steve e seus amigos. Sei que tem vontade de espanca-lo no chão. Sei que você...

—Mesmo se eu tiver vontade, mesmo que eu possa, por que deveria? –Louis interrompeu com a voz trêmula.

Johan agora estava de frente para Louis, tão perto que seus rostos quase se tocavam. Seus olhos mudavam de cor. O azul foi para violeta, vermelho, laranja, amarelo, verde e então ficaram pretos por alguns segundos, o que lembrou Louis dos olhos de Klaus, mas voltaram para azul.

De repente, duas mãos macias e geladas cobriram os olhos de Louis, paralisando seu corpo.

—Entendo, se realmente não quer, não há nada que posso fazer. – Louis então se lembrou que Johan era um assassino e que já matara outros usuários da espada Semper e não pouparia ele. Johan começou a caminhar para longe.

—Espere!

 Mas Johan não parou, Louis ouviu seus passos se afastando. Segundos depois, as duas mãos destamparam seus olhos, mas não adiantava nada, pois não havia nada para ver. Começou a chorar, ajoelhado no chão de um mundo sem vida, sem paisagem. Após isso, uma luz começou a brilhar muito distante de Louis. Ele achou que era Johan, mas quando se aproximou viu que era Steve dando socos continuamente no garoto mais novo.

—Pare, eu não quero ver isso! – Louis se virou para trás e o que viu foi ele mesmo. “Um reflexo? Mas está vestindo roupas diferentes...”, pensou Louis. Começou a se movimentar para ver se era mesmo um reflexo. Não foi imitado, o outro Louis apenas ficou encarando-o e depois de algum tempo apontou para frente. “Ele está me vendo? ”, pensou Louis olhando para onde aquilo apontava. Era outro reflexo, também com roupas diferentes. Apontava para outro Louis também com roupas diferentes, agora à esquerda, que apontava para frente. Outro reflexo, mas dessa vez sem cores, preto e branco. Louis estava preso em um quadrado por quatro versões dele.

—O que vocês são? – Louis se virava, não querendo ver os reflexos, mas para todos os lados havia um.

—Somos seus pensamentos fora de sua mente – O Louis sem cor respondeu. – Você nos vê assim. Esse mundo é sua mente, sua imaginação, você vê o que quer aqui.

—Então Johan não é real? Era apenas minha imaginação?

—Johan é real. Ele também faz parte de sua mente, ele também pode mandar aqui. Johan que nos mandou.

—E por que ele mandou vocês?

—Ele quer ter certeza sobre o que você quer. – Houve uma pausa e então todos os Louis começaram a falar juntos. – E então, o que você quer, Louis?

—Eu não sei! Porque eu tenho que saber? – Louis agora soluçava em prantos novamente. – Por que tem que ser comigo? Depois que li o Sanguis, depois que usei Semper, minha vida só piorou... onde está a solução dos meus problemas?!

—Estou aqui. – Era a voz de Johan. – Se você quer mesmo a solução de seus problemas, basta apenas aceitar minha ajuda.

—Você aceita, Louis? – Os reflexos falaram e o sem cor esticou a mão para fora do “espelho” em forma de cumprimento.

Louis se lembrou de Steve batendo nos alunos mais fracos. Se lembrou de quão injusto era aquilo. De repente, sentiu uma tremenda vontade de vingança, como da vez com Jason.

—Aceito. – Disse Louis agora com a voz firme. Enxugou as lágrimas do rosto e apertou a mão do reflexo sem cor.

Nesse instante, o mundo começou a tomar forma. Estava na escola novamente, no corredor onde Steve batia no garoto.

—DESGRAÇADO! – Gritou Louis com uma raiva que nunca sentira antes. Sua voz foi ouvida até mesmo pelos alunos que no refeitório, que foram se aproximando pouco a pouco.

Como da vez com Jason, sentiu seu cabelo arrepiando e uma calma imensa. Depois que Louis viu todos aqueles alunos em volta dele, fez uma expressão de desprezo, como o amigo de Steve. Ouvia os alunos cochichando: “É Louis, aquele garoto que sempre apanha”, “Vai apanhar de novo”, “Aquele grito foi ele? ”

—O que foi Louis? Quer apanhar na frente de todos? – Disse Steve soltando o garoto mais novo. – Ou será que criou coragem para apanhar pelos outros? Seu merda!

—Cala a porra da boca. – Disse Louis em voz baixa.

—Desculpe eu não ouvi. Fale mais alto. Para todos ouv...

—Cala a porra da boca! – Repetiu Louis, agora mais alto.

Steve sorriu. Louis sentiu algo diferente passando em seu sangue.

Steve correu em direção de Louis e acertou um soco em sua cara. Louis pareceu nem sentir o golpe. Estava ficando mais pálido. Empurrou Steve com a mão esquerda e acertou um soco com a direita em seu rosto. Quando o grandalhão estava no chão, Louis subiu em seu peito e começou a bater em sua cara. Louis continuava com uma expressão fria, mesmo enquanto espancava Steve. Alguns alunos começaram a se virar para não ver aquela cena. A mão pálida de Louis agora estava vermelha do sangue do aluno mais velho.

Depois que Steve estava desacordado, Louis se levantou e saiu andando com um leve sorriso, mas o olhar ainda frio, como se nada tivesse acontecido. Os alunos olhavam para ele, assustados, como se estivessem vendo um monstro.

Minutos depois Louis pegou sua mochila e foi para casa, sem pedir autorização para ninguém. Quando chegou, foi para seu quarto. Estava cansado, deitou e dormiu até ouvir alguém batendo em sua porta da frente.

“Quem é? Hoje não é dia de limpeza...”, pensou Louis.


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Notas finais do capítulo

Estou passando o tempo da história muito rápido, mas depois desse capítulo isso vai mudar, eu acho...
Espero que tenha se divertido. :)
—Berserker