Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 52
Capítulo Bônus - No words needed




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/52

Capítulo Bônus - No words needed

 

CAMILLA SCHMIDT

Hogwarts, Sexto Ano

Dormitório da Sonserina 



Pisquei, senti o ar escapar suavemente pela minha boca enquanto a minha cabeça se apoiava no travesseiro macio. Aquele ambiente não me era familiar, minha pulsação estava acelerada por conta da crescente ansiedade, mas somente o fato de ele estar ali tornava tudo mais tranquilo.

— Você nunca fez isso antes. — Draco constatou com um sorriso surpreso.

Para meu alívio ele não tinha me julgado, na verdade o loiro se afastou um pouco, me dando espaço.

Mordi meus lábios, sabia que aquela seria uma noite longa mas não estava preparada para ter esse tipo de conversa com ele. Minha relação com Draco ainda era muito recente para que eu soubesse o que fazer exatamente, tudo entre nós parecia ser muito complicado, muito frágil.

Me sentei na cama ficando de frente para ele, tentei não corar com o fato de que ele estava com o peitoral desnudo e que a minha camisa branca estava desabotoada com o meu sutiã preto à mostra.

— Não tem problema se você não quiser agora.

Um sorriso tímido surgiu nos meus lábios, novamente eu amava a forma como Draco estava tentando ao máximo respeitar o meu espaço. E que inferno, como eu poderia resistir a esse garoto na minha frente dessa forma?

Não hesitei quando juntei meus lábios nos dele pela milésima vez naquela noite, eu tinha a sensação de que cada beijo me atingia com um misto de sentimentos diferentes. Era como se a boca dele na minha tornasse tudo mais atrativo. Ele era meu melhor amigo de infância, a família dele me odiava, o pai dele era um homem mau e mesmo assim nada disso conseguia me manter longe dele.

Senti uma série de arrepios enquanto a mão de Draco traçava um caminho pelas minhas costas, podia sentir minha pele esquentar por onde ele tinha passado a ponta de seus dedos até parar na minha bunda. Um suspiro foi reprimido pelos meus lábios enquanto suas mãos me apalpavam com força, senti-me na necessidade de puxar seus cabelos enquanto o beijava com força.

Pude sentir ele sorrir, não um sorriso de achar algo engraçado, e sim um riso de pura malícia.

Meu coração falhou uma batida, eu estava ansiosa para ver esse lado dele.

Suas mãos me seguraram pela cintura me colocando em seu colo, por um breve momento eu pude ver seus olhos brilharem em excitação. Antes que eu pudesse perceber suas mãos trabalhavam em desabotoar a minha camisa agilmente.

— O que foi? — ele riu soprado enquanto terminava de tirar minha camisa.

Olhei para ele com um sorriso tímido, tentando conter a vontade de dar risada.

— Você espera que eu fale algo clichê? Tipo “eu vou fazer essa ser a melhor transa q-”

Não consegui evitar rir, novamente lá estava ele fazendo com que aquele momento fosse algo leve para mim.

— Céus, calado você é um poeta Malfoy.

Ele estreitou os olhos, ao mesmo tempo em que conversávamos suas mãos me acariciavam e ameaçavam abrir meu sutiã.

— Ou será que eu devo falar-

— Malfoy.

— Sim?

Acho que essa foi a troca de olhares mais intensa que nós tivemos até então, ficamos alguns momentos parados apenas se olhando. Draco sorriu de forma ladina, e eu não conseguia evitar sorrir de volta para ele. 

Fiquei tão perdida nos seus olhos cinza que acabei emoldurando o rosto dele com as minhas mãos. Ele era lindo, eu poderia passar horas observando seu sorriso. Poderia passar horas beijando aquela boca sem parar. 

Não demorou muito para que eu o beijasse novamente, dessa vez o meu corpo fazia pressão contra o dele, eu estava no comando.

Segurei seu rosto com uma mão enquanto a outra se ocupava em desabotoar a calça dele, já as minhas pernas o apertava contra mim. Cada toque das nossas línguas era quente e excitante me fazendo querer cada vez mais.

Parei de beijá-lo e segui fazendo uma trilha de beijos lentos pela região do maxilar até seu pescoço. Arfei contra sua pele ao sentir as mãos dele apertar a minha bunda com força novamente, como troco eu deixei um chupão em sua pele pálida certa de que ficaria uma marca bem grande.

Cansado de esperar, ele puxou minha saia e o sutiã logo em seguida. Como reflexo me senti na necessidade de cobrir meus seios, mas não o fiz. Eu queria aquilo, queria que ele me visse.

— Você é linda. — ele sussurrou acariciando o meu rosto, sua outra mão descia sutilmente pelo meu corpo, desenhando lentamente o formato dos meus seios e por fim o meu mamilo.

Os lábios de Draco se esticaram preguiçosamente em um sorriso conforme eu fechava os meus olhos e arqueava meu corpo devido seu toque. Eu queria que aquele momento durasse para sempre, queria que sempre fosse assim, ele me tocando daquele jeito. Ele distribuiu beijos por todo o meu corpo, começando pelos meus lábios descendo do meu pescoço para meu peito chegando na parte interna das minhas coxas.

Naquele momento eu só conseguia me sentir submissa aos seus toques e mordidas que me tiravam do sério, apenas fechava os olhos e me permiti sentir aquele momento que eu jamais imaginei que um dia aconteceria.

Meus batimentos cardíacos aceleraram quando eu percebi que ele tinha retirado a minha calcinha, mal tive tempo de raciocinar quando joguei a cabeça para trás gemendo alto.

Sentia a língua dele passear por toda a extensão da minha intimidade, a forma como ele brincava com os meus pontos de prazer do jeito certo me enlouquecia. Novamente me vi arqueando meu corpo, o que apenas facilitava o trabalho dele, deixando-me mais próxima de seus lábios.

— Draco. — resmunguei manhosa quando ele parou antes da hora.

O loiro riu me olhando com o olhar repleto de malícia, o que me causou uma série de arrepios.

— Você tem certeza de que ainda quer? Eu estou dando o meu melhor para me controlar. — disse mordendo o lábio.

  Estava tão tomada pelo prazer que mal conseguia pensar em quão fofa aquela atitude tinha sido.

— Eu vou ter que implorar pra você me foder? — perguntei em tom de brincadeira e ele riu como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir.

— Você que manda amor.  — disse dando uma piscadela, tornando a me beijar.

Aquele era um beijo intenso e lento, cada toque de língua era sôfrego e não parecia ser o suficiente para saciar a minha vontade de ter ele. Comecei a movimentar minha cintura em um rebolado lento por baixo dele, quase sorri ao perceber que ele gemeu com o ato, soltando um palavrão baixinho. Senti seu pau duro por baixo do pouco tecido que trajava, então optei por intensificar o rebolado até que ele decidisse tomar uma atitude.

Impaciente Draco me deitou na cama, tirou a boxer preta e me olhou nos olhos de forma breve porém intensa. Eu podia ver suas orbes brilhando de luxúria, podia ver o quanto ele queria e desejava aquilo. Isso só me fazia desejá-lo mais.

Não me lembro em que exato momento Draco me penetrou, porque antes disso ele usou os dedos para estimular meu clitoris tentando evitar que eu sentisse tanta dor e me focasse no prazer. Enquanto eu sentia ele me preencher, embora eu me questionasse se todo aquele tamanho não fosse demais, minhas mãos foram de encontro com suas costas desnudas. Finquei minhas unhas em sua pele branca, arranhando sem pudor conforme os gemidos escapavam dos meus lábios e a cama batia na parede tremendo.

Movi a minha cintura querendo mais, queria que ele me penetrasse por completo, queria ele por inteiro. Draco pareceu me entender, porque ele começou a aprofundar os movimentos de vai e vem e apesar da dor que eu sentia, a vontade de continuar e o prazer era superior.

Passei minhas pernas ao redor de sua cintura, minha mente era preenchida de pensamentos sem nexo algum. Eu só conseguia pensar nele, no sexo, no tesão que eu estava sentindo e em como eu queria aquilo mais vezes.

— Mais, por favor. — gemi o nome dele com certa dificuldade.

— Geme de novo. — ele pediu com a voz falhada.

Estava tão tomada pela luxúria que suspirei enquanto gemia seu nome lentamente. Aquilo pareceu motivá-lo, porque Draco começou a meter com mais força o que me fez o arranhar mais.

O garoto fez um som incompreensível estremecendo ao mesmo momento em que eu senti um líquido me preencher, mesmo após ter gozado ele continuou com os movimentos, dessa vez estimulando o meu ponto de prazer.

Me ajeitei em seu colo enquanto rebolava, joguei minha cabeça para trás deixando o prazer me tomar. Por fim, Draco seu uma estocada tão forte que tive de morder seu ombro com força para não gemer alto. Um arrepio passou por todo o meu corpo seguido de um gemido do mais puro êxtase, eu tinha chegado lá também.

Segurei o rosto do menino, que se encontrava completamente corado pela adrenalina, e beijei seus lábios. Naquele momento, não precisei falar para que ele soubesse, Draco sabia apenas pela nossa intensa troca de olhares.

Não havia a necessidade de palavras.





Camilla Schmidt 

1998 - O dia depois do casamento 



Eu já tinha tido várias ressacas ao longo da minha vida, sempre acordava com a minha cabeça explodindo de dor e com o corpo extremamente pesado a ponto de não querer sequer sair da cama. Mas essa ressaca em especial tinha sido diferente de todas as outras.

Estava dormindo tranquilamente em algo bem macio embora não fosse um travesseiro quando a voz da minha tia Penélope irrompeu pela porta do quarto.

— CAMILLA ELISABETH SCHMIDT. — a voz estridente de minha tia fez com que eu acordasse em choque e por pouco não caísse para fora da cama. — Posso saber o quê é isso?

Pisquei duas vezes, confusa demais pra saber o que estava acontecendo. O susto só veio mesmo quando eu percebi que havia uma pessoa deitada ao meu lado que tinha acordado nas mesmas condições. E aquela pessoa era ele, Draco Malfoy.

Alternei meu olhar boquiaberta entre Draco e minha tia, enquanto minha mente me recordava brevemente de tudo o que tinha acontecido na noite passada.

— Bom dia senhora-

— Turner. — minha tia olhou desconfiada para Draco.

— Turner. — Draco deu um meio sorriso envergonhado.

— Hmm, — senti minhas bochechas queimarem de vergonha — tia você pode nos esperar lá embaixo? Eu preciso-

— Se vestir. — ela me cortou com a sobrancelha arqueada de um jeito que me dava medo — Claro que posso, não demorem para descer, estarei arrumando o café da manhã.

Foi questão de segundos para que ela  fechasse a porta e novamente nos deixasse sozinhos em meu quarto. Corei novamente ao me virar para Draco que dava seu melhor para conter o riso.

— Bom dia. — sussurrei.

O loiro acariciou o meu rosto e murmurou um “bom dia” desajeitado depois de me dar um selinho.

— Me desculpe por isso, é- 

Mordi os meus lábios nervosamente sem saber como lidar com aquele tipo de situação, me era estranho pensar que teria de apresentar Draco para minha tia.

— Está tudo bem. — ele respondeu tranquilamente, seus olhos cinzas me olhavam com certa expectativa o que me deixava nervosa.

— Muito obrigada por ontem, foi incrível. — minha voz saiu baixa quase que como um ronronar, era muito raro que eu falasse dessa forma com Draco, mas eu não podia evitar me derreter e ficar feliz com a noite que tivemos completamente bêbados.

— Mesmo que nós tenhamos quebrado algumas garrafas de uísque na praia e uma tapeçaria importante do seu pai? — ele arqueou a sobrancelha e eu ri balançando a cabeça.

— Eu teria feito tudo isso de novo. 

Draco deu risada, me embalando em um abraço.

— Eu adoraria ficar na cama mais tempo Cammie, mas sua tia vai ficar uma fera…

Soltei um muxoxo enquanto me aninhava no corpo quente dele.

— Certo, então acho melhor irmos tomar banho.

 



Desci as escadas rapidamente sendo seguida pelo loiro e me esgueirei na cozinha, vendo de relance minha priminha cutucar uma travessa de uvas que esvoaçava pela cozinha.

— Chegamos. — dei um sorriso torto para minha tia ao entrarmos na cozinha.

Penélope nos analisou seriamente por alguns segundos e por fim relaxou, deixando um sorriso leve escapar de seus lábios.

— Você deve ser Draco Malfoy, não é mesmo? Agradeço por ter cuidado da minha sobrinha, Camilla não deveria consumir bebidas alcoólicas, então fico feliz que você tenha estado ao lado dela.

O loiro pareceu ter sido pego de surpresa, porque parou na porta da cozinha e deu um sorriso envergonhado ao mesmo tempo que confuso.

— Não foi nada demais, eu… não sabia que a Cammie não podia ingerir bebidas-

— Ela não te contou sobre o tratamento? — minha tia cruzou os braços — Oras Camilla, isso é o mínimo que você deveria ter contado para o seu namorado.

Tanto eu quanto Draco coramos fortemente com aquela fala, contudo eu em particular fiquei mais desconfortável do que ele. Draco mal tinha voltado para a minha vida, eu não tinha muita certeza se eu queria que ele soubesse sobre o meu tratamento contra a minha depressão. Não queria que ele soubesse que eu estava me tratando com medicamentos trouxas porque aparentemente não haviam soluções no mundo bruxo para o meu problema.

Eu sequer sabia se ele iria querer continuar na minha vida, quero dizer, o império da minha família tinha ruído e restava a mim e a Charles levantá-lo novamente. Apesar de discursamos na mídia, o mundo bruxo nunca iria confiar no nome Schmidt novamente. 

Um Malfoy que se prezasse não iria querer se envolver com tamanha confusão.

— Tratamento? Cammie não me falou sobre nenhum tratamento. — pude perceber que pelo seu tom de voz ele aparentava estar preocupado comigo, sua preocupação era real. De alguma forma aquilo me deixou surpresa, embora eu soubesse que não deveria me surpreender porque ele já havia dito várias vezes que se importava comigo, principalmente quando estava bêbado na noite anterior.

Desviei o olhar para o chão, tentando pensar em algo inteligente a se dizer. Procurava uma maneira de sair daquela situação sem me expor mais do que o necessário, mas parecia algo completamente impossível.

— Olha eu não queria abordar assuntos tão desconfortáveis logo no café da manhã. — forcei um sorriso enquanto me sentava a mesa ao lado de minha priminha.

O loiro me olhou de forma enigmática, eu não sabia dizer se ele estava magoado por eu claramente esconder algo sério dele ou se estava pensativo. Talvez ambos.

Minha tia percebeu o clima estranho e sorriu.

— Bem Draco, sente-se por favor.

Aquela fala me fez parar para pensar duas vezes, era a segunda vez que a minha tia chamava o loiro pelo nome.

Como a minha tia sabia que aquele era Draco Malfoy?

Não demorou muito para que eu percebesse que a minha mãe com certeza tinha comentado previamente sobre o garota com ela. 

— Tia… Como você soube que esse era o Draco? — perguntei timidamente enquanto o loiro se sentava ao meu lado.

Minha tia deu um sorriso ladino.

— Oras, eu sempre soube da amizade de vocês, sua mãe me confidenciou que Lucius Malfoy tinha apagado sua memória. Devo dizer que ela não ficou nem um pouco feliz com o feito. Elisabeth sempre teve receio de que você se machucasse na residência Malfoy, tanto física quanto emocionalmente. — ao falar isso Penélope olhou para Draco como se estivesse ponderando suas palavras.

Engoli em seco, sabendo que minha mãe sempre esteve certa. De alguma forma a família Malfoy me feriu tanto física quanto emocionalmente. Tinha sido traumatizante ter sido deixada para morrer no Salão Principal de madrugada, e tinha sido mil vezes pior ter sido torturada por Voldemort na frente da minha família.

— Mas pensando bem, olhando para vocês dois agora, algo me diz que esse mocinho não deixaria que nada te machucasse. — minha tia sorriu de forma sonhadora.

Aquela fala fez com que eu me engasgasse com a própria saliva. Pude ver pelo canto do olho que Draco deu um sorriso terno.

— Eu me importo muito com ela para magoá-la outra vez. — disse com os seus olhos cinzentos pousados em mim, sutilmente sua mão segurou a minha por baixo da mesa.

Não sabia como lidar com toda aquela novidade, de quando tinha me relacionado com Draco tinha me acostumado e aceitado que ele não iria fazer demonstrações públicas de carinho e que jamais iria me assumir. Por isso, apesar de a noite anterior ter sido sem dúvida uma de nossas melhores transas, me era estranho não ter acordado sozinha. Era estranho estar na mesa do café da manhã sentada ao lado dele, o apresentando para a minha família. Aquilo era casual, comum e certamente algo que eu tinha desejado há muito tempo, e que agora tinha me pegado completamente de surpresa.

— Fico feliz em saber. — Penelope disse enquanto um elfo doméstico colocava uma travessa de pães e bolo na mesa.

Rosie, que até então estava em silêncio, soltou aquele típico som incompreensível que só bebês sabem fazer.

— Oh, ela está com fome. — minha tia sorriu de forma terna, como se soubesse traduzir os grunhidos de sua filha. Antes que ela sequer pudesse se movimentar, um morango foi levitando em direção a criança que o comeu como se fosse a coisa mais deliciosa do mundo.

— Oh, sua prima também é uma bruxa? — Draco perguntou surpreso.

Novamente eu me vi levemente tensa, Malfoy deve ter percebido que minha tia era uma trouxa.

— Sim, — Penélope respondeu orgulhosa — descobrimos recentemente. É ótimo que Rosie tenha uma prima para guiá-la.

Pisquei, talvez fosse pela tensão, mas eu estava estranhamente quieta naquela refeição. Resolvi tomar um gole de chá para tentar me acalmar por alguns instantes.

— Rosie é uma criança adorável, tenho certeza de que irá adorar Hogwarts. — Draco sorriu enquanto falava em um tom sincero.

Só de ver o loiro brincar com a minha prima enquanto lhe dava mais um morango na boca, senti o meu coração amolecer por diversos motivos. Um sorriso terno escapou dos meus lábios, coisa que não passou despercebida pela minha tia.

O resto da refeição fora tranquila, minha tia nos perguntou sobre a escola e quais eram nossas expectativas com esse último semestre, nada muito preocupante. E quando terminamos ela se levantou, sorrindo.

— Bem, acho que não irei atrapalhar vocês. Creio que já tenham que arrumar as malas para Hogwarts, Charles me disse que o expresso irá partir amanhã à tarde. 

Abri a boca surpresa.

— Eu tinha me esquecido disso — murmurei enquanto me lembrava de que não tinha sequer começado a arrumar minhas malas.

— Algo me diz que alguém aqui não fez as malas. — Penélope estreitou os olhos para mim e eu apenas assenti rindo.

— Eu ajudo. — o Malfoy se prontificou quase que de imediato, coisa que fez um sorriso tranquilo surgir no rosto de minha tia. Alguma coisa fazia com que ela sentisse confiança nele, eu podia sentir isso. Não sabia dizer se isso era porque Penélope era um romântica irreparável, enxergando amor e beleza em coisas completamente ordinárias, ou se ela simplesmente confiava nele.

Depois de uma série de recomendações, olhares preocupados e um sussurro rápido que me obrigou a me certificar de que estava utilizando métodos anticonceptivos, tia Penélope foi embora com Rosie em seu colo deixando-nos sozinhos.

Sorri torto para Draco assim que fechei as enormes portas de madeira do hall de entrada, o loiro retribuiu o sorriso de forma desleixada.

— E então, vai me dizer agora o que é esse tal tratamento que você está fazendo? — ele arqueou as sobrancelhas visivelmente curioso.

Mordi meus lábios nervosa, estava crente de que ele já tinha esquecido aquele assunto.

— Eu me preocupo com você Camilla, já disse isso milhares de vezes e não me importaria de repetir. Quero saber se você está bem.

Meu coração falhou uma batida conforme eu percebia a sinceridade em sua fala, só aquilo fazia com que eu quisesse me derreter em seus braços. O loiro sabia o exato tom de voz que me fazia ficar fraca dessa forma.

 E ele me passava uma sensação tão boa de tranquilidade, de confiança. Era como se além de toda a enorme atração sexual que havia entre nós, a nossa amizade tinha se mantido mesmo depois de tudo o que tinha acontecido. Na verdade, eu sentia que meus sentimentos por ele tinham crescido com o passar do tempo. Eu podia confiar nele, e sabia disso.

Por isso eu me abri para Draco, mesmo com toda incerteza dentro de mim. Eu não sabia se ele iria querer continuar na minha vida depois da guerra, não sabia o que seria de nós no futuro e também não queria me iludir novamente, achando que ele iria me assumir como sua garota. Sabia muito bem como esse filme acabava.

Apesar de seus preconceitos, Draco me ouviu, dando o seu melhor para não ser um completo babaca. Depressão era algo novo para ele como qualquer outra pessoa do mundo bruxo, os bruxos não tratavam transtornos mentais como doenças e sim como frescura. Era um tema sensível e no mínimo complicado. Todavia, o respeito e a calmaria dele ao me ouvir me surpreendeu muito. Contanto que o tratamento fosse melhorar minha saúde mental, ele dissera, não havia problema algum recorrer a medicamentos. Ele só queria me ver bem novamente.

Aquilo preencheu o meu coração.

— Então… — ergui meu olhar para o loiro quando finalmente terminamos de arrumar minhas malas — eu estava pensando…

O garoto ergueu a cabeça rapidamente, ficando atento ao que eu falava com certa expectativa no olhar.

— Pelo que eu me lembre, eu ainda tenho uma promessa pendente com você.

— Que promessa? — franziu a testa, em sinal de confusão.

Sorri, sentindo minhas bochechas corarem.

— Nós não deveríamos ir para Hogwarts juntos? 

Malfoy abriu a boca e fechou algumas vezes, como se eu tivesse tirado todas as palavras de sua boca. Passou-se alguns momentos até que por fim ele sorrisse, era fofo ver o quão desconcertado ele estava.

— E-Eu adoraria. Mas e os seus amigos?

— Harry e Ron não vão terminar o sétimo ano, Gina e Hermione podem fazer companhia para Ernesto e Sabrina. — apoiei minha cabeça em meu ombro enquanto analisava o dono do par de olhos cinzentos que me encantava profundamente.

O loiro, ainda incrédulo, sorriu novamente, o que me fez perguntar se era possível alguém conseguir sorrir por tanto tempo que nem ele fazia.

— Cuidado Schmidt, você está me fazendo criar expectativas. — ele disse em um sussurro, embora nós dois estivéssemos sozinhos e não houvesse a necessidade de falar baixo.

Por dentro meu coração estava martelando, eu estava tomada pela expectativa. Por fora eu apenas arqueei a sobrancelha.

— Eu não especifiquei o sentido da frase, então você pode entender como quiser. — mordi os lábios, tentando não pensar muito bem na consequência da minha fala. Draco por outro lado piscou, seus olhos brilhavam na mais pura malícia, ele sabia muito bem do que eu estava falando.

— É… Eu adoraria voltar para Hogwarts ao lado da minha garota.

Pisquei, tentando conter o sorriso.

— Então agora eu sou sua?

Draco me olhou de canto.

— Sim, minha namorada. Algum problema? — perguntou levantando a sobrancelha em tom de deboche, lá estava o Malfoy que eu conhecia.

Depositei um selinho em seus lábios.

— Não, não vejo problema algum.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.