Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 47
Capítulo 47 - If we die tonight, then we should all die together




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Capítulo 47 - If we die tonight, then we should all die together



CAMILLA SCHMIDT





Já fazia algum tempo que estávamos agarrados ao dragão, voando por Londres. Sentia, conforme voávamos, que as roupas de Charles estavam tão largas que se eu não estivesse usando um cinto, sua calça iria simplesmente saltar do meu corpo. Para meu espanto, meus pés estavam descalços.

— Estamos perdendo altitude. — Rony gritou para que pudéssemos ouvi-lo.

— Vamos ter que pular. — Harry gritou de volta.

Senti uma enorme ânsia de vômito ao perceber que deveríamos saltar no lago.

— AGORA!

Soltei a escama do dragão e senti meu corpo se chocar violentamente com a água, fui jogada para baixo e logo comecei a movimentar meus braços, forçando o meu corpo a ir para cima.

— Vocês estão bem? — consegui falar, depois de cuspir uma boa quantidade de água.

— Sim.

— Precisamos ir para a beira do lago. — Hermione disse com a voz fraca e nós concordamos, nadando para fora do lago.

Chegamos sujos e exaustos na superfície, tudo o que eu mais queria era retornar ao Chalé das Conchas e dormir no quarto de hóspedes de Gui e Fleur, estava tão cansada que não me importaria de ouvir Luna falar sobre as conspirações que assolavam o Ministério da Magia. Hermione abriu sua bolsa e nos ofereceu roupas secas, senti uma enorme sensação de alívio ao retirar as roupas de Charles e poder colocar uma camiseta lisa preta, uma calça e uma jaqueta jeans, além é claro, de um par de tênis.

— Vocês acham que o dragão irá ficar bem? — Hermione perguntou preocupada e eu franzi o cenho, não tinha me importado muito com o dragão e sim com o fato de que quase morremos sucateados e queimados no Gringotes.

— Você está parecendo o Hagrid, é um dragão Hermione, é conosco que temos de se preocupar. — Rony disse.

Me sentei no capim, sorrindo para os dois.

— Como assim? 

— Não sei como lhe dar a notícia. — Rony continuou —, mas acho que talvez tenham notado que nós arrombamos o Gringotes.

Não consegui esperar que Rony terminasse de falar, comecei a rir junto de Harry, logo nós quatro estávamos rindo. Era surreal o que tínhamos acabado de fazer…

Me deitei no capim, olhando para o céu, estava cansada e com fome, um vestígio de sorriso ainda era perceptível no meu rosto. Sentia que estava distante da Camilla de alguns anos atrás, ao mesmo tempo em que sentia que eu era a Camilla de anos atrás só que com liberdade e sem as imposições do meu pai. Por mais tristes que as coisas tenham ficado, eu ainda consegui rir olhando para o céu, por aquele milésimo de segundo eu estava feliz, e era isso que importava.

Sorri enquanto me sentava no capim, contudo o meu sorriso logo se desmanchou ao olhar para Harry, seus olhos estavam desfocados e ele parecia estar sentindo dor.

— Harry? Harry! — me aproximei do garoto segurando seu ombro, Rony e Hermione também o olhava cheios de preocupação.

Ele sabe. — foi tudo o que Harry disse assim que voltou a realidade, o suficiente para que eu ficasse extremamente assustada. Conforme Harry explicava o que tinha visto em sua visão, mais os pelos do meu braço se arrepiaram.

Hogwarts.

A última horcrux estava em Hogwarts.

Desde que eu tinha decidido largar a escola por minha própria segurança, voltar a Hogwarts tinha se tornado uma ideia fantasiosa e completamente fora de questão. Depois que eu descobri que Snape e os irmãos Carroll estavam no comando da escola, fiquei feliz por não ter voltado, porque sabia que eu não duraria um dia lá, porque sabia que eu não queria viver aquele terror.

Mas agora era inevitável retornar para a escola a qual eu vinha fugindo, porque a vida de Harry estava em jogo, e eu faria de tudo para ajudá-lo.

— Nós temos que ir então. — disse em voz baixa.

— Mas como, nós sequer temos um plano — Hermione exclamou.

— Podemos entrar por Hogsmeade. — Harry sugeriu. — Ficaremos todos debaixo da capa da invisibilidade.

— Você está brincando né? — foi a vez Rony falar — Se nem três pessoas cabem aí embaixo, o que faremos com quatro?

— Nós temos que ir, não podemos deixar que ele descubra sobre as outras horcruxes que foram destruídas. Precisamos ser mais rápidos.

Alternei meu olhar entre Harry e Hermione, por fim acabei suspirando.

— Não tem outro jeito, vamos ter que correr o risco.







[...]





Assim que pisamos na estrada principal de Hogsmeade, um grito ensurdecedor preencheu nossos ouvidos e quase que em seguida, pelo menos doze comensais da morte saíram do Três Vassouras.

— Você está debaixo da capa Potter?

Accio capa.

Segurei a minha varinha com força, embora não fora necessário, o feitiço conjuratório não tinha funcionado na capa. Começamos a nos movimentar debaixo da capa tentando escapar dos comensais, nossa sorte era que por ser noite, a estrada estava escura, então os comensais dificilmente conseguiriam ver um vislumbre do meu tênis.

— Nós temos que tentar desaparatar. — Hermione sussurrou.

— E se houverem feitiços para isso? — perguntei com a voz tremida.

Em algum momento, tudo começou a ficar mais lento e escuro, senti meu corpo desejar ceder enquanto nos se arrastávamos lentamente pela estrada. Uma onda súbita de tristeza me invadiu, quase que sugando toda a minha vivacidade.

Expecto Patronum. — era Harry que tinha convocado o patrono de cervo que afastava os dementadores ao nosso redor.

Consegui soltar o ar que estava prendendo, respirando um pouco mais aliviada. Troquei olhares com Hermione por debaixo da capa, estávamos desesperados, sem saber o que fazer.

Os comensais logo se adiantaram, reconhecendo o patrono de Harry.

— Potter, aqui dentro, rápido. — era o barman do Cabeça de Javali que falava com a voz áspera. O homem mandou que nós subissemos as escadas, não tirássemos a capa e ficássemos em silêncio.

Abracei o meu próprio corpo, enquanto assistia o homem discutir com os comensais por um janela suja. Mal podia acreditar que tínhamos conseguido sair daquela vivos.

— Seus tolos malditos! — o barman disse assim que subiu as escadas.

— Obrigado, — Harry disse — o senhor salvou as nossas vidas-

Agora que estava descoberta da capa, me encostei na parede, olhando para o homem com um olhar de assombro. Não sabia o que tinha dado em sua cabeça para abrigar dois procurados em seu bar, mas estava extremamente grata.

— Você mandou Dobby! — arfei enquanto Harry e o barman discutiam, não pude ficar mais surpresa ao descobrir que ele era Aberforth Dumbledore.

Sempre tive uma certa curiosidade quanto a Dumbledore, como qualquer outro bruxo normal, Dumbledore sempre fora uma pessoa excepcional que deixava muitos intrigados, eu não era diferente. Contudo, nunca tive muita vontade de ler o livro de A Vida e Mentiras de Alvo Dumbledore, eu tinha uma sensação de que quando os mistérios eram resolvidos eles perdiam sua graça e essência, eu gostaria de lembrar do Professor Dumbledore assim, um mistério que eu não conseguiria decifrar.

— Eu tenho comida. — Aberforth murmurou e eu finalmente sorri.

Ele nos ofereceu um pouco de pão, queijo e hidromel o que foi o suficiente para matar a nossa fome. Ficamos um bom tempo em silêncio, apenas comendo.

— Então, precisamos arranjar um jeito de tirar vocês daqui…

Mordi o lábio com nervosismo enquanto o Dumbledore falava, a ideia dele era tentadora, mas nós não podíamos ir embora. Cada segundo perdido era tempo a mais para que Voldemort descobrisse que boa parte de suas horcruxes estavam destruídas.

— Nós não podemos ir. — Harry interrompeu.

— Dumbledore deixou a Harry uma tarefa, e nós precisamos ir a Hogwarts para completá-la. — me intrometi na conversa, tentando convencer o barman a nos ajudar a entrar na escola.

O homem me analisou por alguns minutos com uma expressão de descontentamento.

— Está diferente mas ainda consigo reconhecê-la, você é a garota Schmidt que tanto estão procurando. Quer realmente se arriscar dessa forma se expondo-

— Senhor, nós já estivemos sobre perigo maior… Professor Dumbledore… — tentei falar enquanto me questionava mentalmente como ele tinha conseguido me reconhecer tão facilmente. Acontece que eu dificilmente olhava meu rosto em espelhos nos últimos dias, não tinha me ocorrido que os trouxas tivessem de retocar a tinta de cabelo. Olhando no reflexo da janela suja eu pude ver que meus fios voltavam ao castanho, sendo que poucas madeixas permaneciam no tom loiro desbotado. A primeira coisa que faria assim que tudo aquilo acabasse seria arrumar meu cabelo, definitivamente.

— Você não entende. — Harry murmurou e conforme a discussão entre ele e Aberforth se desenrolava eu preferi ficar quieta ao lado de Hermione.

Fiquei bons minutos em silêncio, apenas ouvindo a discussão de cabeça baixa. Tinha a completa noção de que o que nós estávamos fazendo era loucura, mas veja bem, tínhamos invadido o Gringotes e estávamos vivos… Eu jamais iria esquecer esse feito sem conseguir me surpreender com a nossa capacidade.

— Senhor, — Hermione disse timidamente — aquela é a sua irmã, Ariana?

Tenso, Aberforth começou a nos contar a história de Ariana, Dumbledore e Grindelwald. Ergui a minha cabeça para poder escutar atentamente, sabia que aquela era uma forma de ele nos convencer a simplesmente desistir de entrar em Hogwarts, mas mesmo assim eu escutei, sentindo meus olhos marejarem ao final da trágica história de Ariana Dumbledore.

— Nós precisamos entrar em Hogwarts. — Harry insistiu, novamente tentando convencer o homem. Por fim, Aberforth cedeu, dirigindo-se ao retrato onde estava Ariana Dumbledore.

— Você sabe o que fazer. — ele disse para a figura da garota que desapareceu.

Tive de piscar algumas vezes, já que ainda estava abalada, para entender o que estava acontecendo ali. 

— Há somente um jeito de entrar agora.. — Aberforth começou a explicar sobre como todas as outras passagens estavam sob a vigilância dos comensais da morte ou simplesmente interditadas.

— Mas o quê… — murmurei olhando para o túnel escuro qual o quadro de Ariana tinha se transformado. Ao fim do túnel parecia haver uma pequena luz branca, e havia um figura se aproximando cada vez mais de nós.

Senti meu coração parar de bater.

Era Neville Longbottom.

— Neville…

Olhei surpresa para o garoto, Neville estava com uma aparência de dar dó, seu rosto estava completamente machucado cheio de hematomas e com um corte, mesmo assim ele sorria para nós como uma criança.

— Pelas barbas de Merlin, Camilla Schmidt. Vocês estão todos vivos, eu sabia! 

O grifino abraçou cada um de nós demoradamente, como se ainda assim, não conseguisse acreditar que nós estávamos lá, com vida. Harry indagou ao garoto sobre seu estado, mas Neville parecia feliz demais para dar importância aos machucados em seu rosto.

— Neville, tem certeza eu posso ajudar com alguns feitiços curativos… — murmurei com certa hesitação, tinha receio do que estava acontecendo em Hogwarts para ele estar com aquela aparência deplorável.

— Oh, não é nada demais. Ab ainda tem algumas pessoas por vir.

Aberforth não pareceu ficar muito feliz com aquela frase, olhando para o garoto  ameaçadoramente enquanto lhe dava um sermão, nem assim Neville deixou de sorrir ao falar que as próximas pessoas a chegarem no bar iriam aparatar ali mesmo.

Logo nós começamos a seguir o enorme túnel que estava por trás do retrato de Ariana Dumbledore, o caminho era meio escuro e enquanto caminhávamos Neville nos contava como andava seu ano escolar, e hora ou outra ele indagava sobre o que andávamos fazendo esse tempo todo.

— Uau, vocês realmente invadiram o Gringotes. — comentou com uma expressão que era um misto de surpresa e de orgulho.

— Nos fale de Hogwarts, Neville — disse Harry — ainda não ouvimos nada.

Acho que eu nunca fiquei tão aterrorizada com uma conversa como daquela vez, Neville nos contou que Hogwarts estava pior do que a época em que Umbridge lecionava como diretora. Os comensais da morte estavam comandando a escola e ensinando os alunos da forma que queriam, não havia mais a matéria de Defesa Contra As Artes das Trevas, apenas Artes das Trevas onde os alunos praticavam Maldições Imperdoáveis em outros estudantes.

Neville, Gina e Luna resolveram iniciar então um movimento de resistência, eles voltaram com a Armada de Dumbledore, e apesar de eles darem bastante trabalho aos comensais da morte, era mais do que óbvio que os três sofreram abusos nas mãos dos comensais.

Assim que a passagem acabou, nós fomos parar em uma sala de tapeçarias coloridas cheias de pessoas que gritavam nossos nomes felizes. Olhei de soslaio para Hermione, mas ela parecia estar tão confusa quanto eu.

— Camilla! — fui surpreendida por Sabrina me abraçando. Demorei um bom tempo para perceber que a minha melhor amiga estava na minha frente com um sorriso de orelha a orelha.

— Sabrina, mas… como?

A loira sorriu para mim.

— Uau, o seu cabelo ficou incrível. Você fez isso para se disfarçar? Bem pensado.

Abri a minha boca e fechei novamente, sem saber o que dizer para ela.

— Por Merlin, você esteve aqui o tempo todo? Como você conseguiu-

Como você conseguiu? Seu pai estava enlouquecido te procurando em todos os lugares possíveis, de acordo com o Profeta Diário seu irmão mais velho te encontrou na véspera de Natal e você ficou reclusa recuperando sua saúde, e depois fugiu da Mansão Malfoy com Harry Potter. Você é impossível. — ela deu um sorriso admirado enquanto falava e eu não pude evitar, sorri também.

— Tudo bem, tudo bem. Acalmem-se. — foi Neville que pediu, enquanto eu e Sabrina nos abraçávamos pela segunda vez. Ficamos em silêncio enquanto Neville explicava para Harry que estávamos na Sala Precisa, fora do alcance dos irmãos comensais que comandavam a escola, os Carrow.

— Camilla. — era a voz rouca de Ernie.

Olhei com certo receio para meu amigo, ele também não estava muito diferente de Neville.

— Sinto muito, de verdade eu-

Ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu o abraçasse, se eu tinha conseguido perdoar Draco, também conseguiria lidar com Ernesto.

— Está tudo bem. — murmurei em meio ao abraço.

— Eu pensei que você estava morta, pensei que nunca mais poderia te ver para poder pedir desculpas por ter sido um idiota.

— Está tudo bem Ernie. — garanti com um sorriso tímido.

Voltei-me para Neville, me focando na conversa com o trio de ouro. As pessoas pareciam curiosas para saber qual era o nosso suposto plano. Harry parecia estar muito receoso em deixar que o restante do pessoal soubesse o que nós viemos fazer em Hogwarts, e eu o entendia, talvez, muita gente envolvida atrapalhasse.

— Olá todo mundo. 

Arregalei os olhos ao ouvir a voz de Luna, ela e Dino se aproximaram de nós, aparentemente tinham acabado de entrar pelo quadro de Ariana Dumbledore.

— Luna! — exclamei com um pequeno sorriso, estava extremamente feliz por ela ter sobrevivido a Mansão Malfoy e estar ali.

Neville nos explicou que estava usando os antigos galeões falsos da Armada de Dumbledore para comunicar os antigos membros de que Harry tinha chegado em Hogwarts, ele mal tinha acabado de explicar quando Gina e os gêmeos apareceram.

— Gina! — corri para ir abraçar a ruiva, não conseguia descrever o como eu tinha sentido saudade dela.

— Cam, você está viva. — ela deu risada como se não acreditasse, me abraçando forte — Você manteve a sua promessa. E voltou parecendo uma Malfo-

— Gin! — a repreendi com o olhar, mas ela apenas riu.

— Eu só estou feliz em te ver Cam, você não tem noção de como todo mundo estava preocupado com vocês. Mamãe ficou tão preocupada quando descobriu que seu pai te encontrou em Godric Hollows…

Um pequeno sorriso surgiu no meu rosto, fiquei feliz em saber que enquanto eu estava desesperançosa trancafiada na Mansão Malfoy, ansiando pela minha morte, haviam pessoas que estavam preocupadas comigo, prezando pela minha vida.

— Então, qual é o plano Harry? — ouvi Jorge perguntar.

Harry hesitou por um bom tempo para falar alguma coisa, me surpreendi quando ele finalmente começou a falar sobre um artefato que pertencia a Corvinal.

— Bem tem o Diadema perdido dela. — Luna comentou.

Franzi o cenho, me recordando brevemente de ter ouvido alguém comentar sobre quando era mais nova.

— Sim, mas nem sabemos se é verdade. — murmurei e Luna ergueu a sobrancelha para mim, como se me pedisse silenciosamente para parar de ser cética.

Logo, Cho Chang que tinha chegado junto dos gêmeos Weasley e Lino Jordan, disse a Harry que o diadema estava perdido há séculos, ela acabou se propondo a levar Harry ao Salão Comunal da Corvinal para mostrar a estátua de Rowena Ravenclaw, onde ela usava o diadema.

— Camilla, por quê você não vai levar o Harry? — Gina disse com o tom de voz alterado.

— Ela não pode, — Sabrina respondeu por mim — se Camilla for vista por um comensal da morte…

— Tudo bem, — Gina interrompeu — Luna?

— Oh sim, — Luna deu seu típico sorriso sonhador enquanto se levantava — será um prazer.

Olhei hesitante enquanto Harry e Luna saíam da sala, me sentindo não somente preocupada como também ansiosa. Aparentemente, Voldemort estaria em Hogwarts a qualquer momento.

— Certo, — ouvi a voz de Neville — acho que devemos comunicar os membros da Ordem da Fênix.

Engoli em seco, percebendo que não sairíamos dali sem travar uma batalha com os comensais da morte.

— Podemos tentar convocá-los por meio do feitiço do patrono, — falei em voz alta — se tentarmos, acho que eu e Hermione conseguimos dar conta.

Eu e Hermione trocamos olhares, e ela por fim, acenou com a cabeça concordando. Passamos um bom tempo convocando patronos e mandando mensagens enquanto Neville se comunicava com antigos membros da Armada através de falsos galeões.

Foi questão de tempo até que a Sala Precisa ficar entupida de pessoas.

— Oh, Camilla! — fui recebida por um abraço apertado da Sra. Weasley — oh querida, eu fiquei tão preocupada.

Sorri para a Sra. Weasley, alegando que não havia motivo para se preocupar comigo, quando eu a convenci ela começou a discutir com Gina, argumentando que ela deveria voltar para casa.

— Sra. Weasley, — me intrometi na conversa — mas como você garante que Gina fique segura sozinha em casa?

— Temos feitiços de proteção por toda a Toca. — ela exclamou enquanto Gina tentava conter as lágrimas — Você também não deveria arriscar sua vida dessa forma Camilla. Você e Gina são novas demais para lidar com esse tipo de coisa.

— Eu não vou pra casa! — Gina exclamou furiosa enquanto as lágrimas desciam por seu rosto corado.

— Eu também não, não posso deixar Harry lutar sozinho.

— Camilla, o seu pai vai estar aqui. Você quer mesmo empunhar uma varinha contra o seu próprio sangue?

Gelei com aquela fala, era incrível como a Sra. Weasley tinha as palavras na ponta da língua para fazer com que eu refletisse sobre minhas ações precipitadas. Ela tinha razão, eu não queria lutar contra o meu pai e meus irmãos. Mas eu tinha escolhido aquele lado desde o momento em que meu pai desarmou a minha mãe no Ministério da Magia, eu não permitiria que a morte dela fosse em vão, nem que eu tivesse que me voltar contra a minha própria família.

— Se for necessário, sim. — disse com a voz fraca, chocando a mulher.

Meus olhos brilhavam, a última coisa que eu queria fazer era apontar uma varinha contra Charles ou até mesmo Richard. Richard não era o melhor irmão do mundo, mas eu não poderia atacá-lo quando foi ele que me ajudou a sair da Mansão Malfoy.

Gina me abraçou de lado, como se conseguisse compreender a minha dor.

Eu era uma traidora, não havia muito o que fazer.

O quê dizer da garota que traía a própria família?

— Você só tem dezesseis anos! — Molly tentou argumentar com a filha, desistindo de me convencer.

— Eu não posso ir pra casa! — Gina gritou — Minha família inteira está aqui, eu não posso suportar…

Gina se virou, percebi que ela olhava para Harry, esperando que ele a defendesse como eu fazia. Contudo ele só ficou ali, parado, apenas balançando a cabeça.

— Eu estou muito atrasado? 

Olhei para cima e reconheci Percy Weasley se aproximando de sua família e atrás dele…

— CHARLES! — gritei correndo na direção do meu irmão, pulei em cima dele, o dando um abraço de urso enquanto ele ria. — Como? Quero dizer, como você conseguiu vir para cá? Como você sabia que eu estava aqui? Mas e-

— Uma pergunta de cada vez Camilla. — ele disse pacientemente, percebendo que haviam olhares desconfiados sobre ele. — Desde que você invadiu o Gringotes disfarçada de mim, eu tive que fugir, Voldemort achava que eu tinha a acobertado quando eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Richard me ajudou a fugir, ele conseguiu arranjar um lugar isolado para eu passar os dias, por mais incrível que pareça, antes de que eu fosse embora, ele me deu sua bolsa com seus pertences e sua varinha. Na bolsa tinha um galeão falsificado, o resto, você pode adivinhar.

Fiquei um bom tempo, só olhando para os olhos verdes do meu irmão, sem saber o que falar.

— Você-

— Se eu estou arriscando a minha vida traindo o Lorde das Trevas descaradamente? Com certeza. Mas acredito que ele já deve estar acostumado com traições vindo da família Schmidt, certo?

Por mais caótica e preocupante que a situação fosse, eu consegui dar risada.

A família Schmidt era estranha, havia traições entre nós e com as pessoas de fora da família.

— Mas e Daphne-

— Ela está aqui, creio eu. — ele murmurou com um semblante preocupado — Preciso retirá-la daqui em segurança, e o mesmo vale para você.

— Nem em um milhão de anos. — cruzei os braços, com uma expressão irritada.

— Cammie, você já se expôs demais ao perigo. Invadiu o Gringotes e o Ministério da Magia, não acha que já está bom o suficiente?

— Não! — rebati em voz alta — Eu preciso ficar e ajudar, eu não posso ir embora.

— Os comensais não vão hesitar em te matar dessa vez!

— Eu também não! — gritei com minha voz falhando.

Charles arregalou os olhos, recuando alguns passos.

— Eu não vou deixar que eles me tirem meus amigos, e nem o que resta da minha família. Nós já perdemos demais Charlie, perdemos o suficiente para percebemos que precisamos escolher um lado.

— Camilla, você tem noção do que poderia acontecer se o Lorde das Trevas ganhasse a guerra? Percebe que você-

— Morreria? — indaguei  e então eu continuei minha fala com uma coragem que eu não sabia que tinha — Charles, se nós formos morrer hoje à noite, então devemos todos morrer juntos. Mas eu irei morrer lutando pela minha vida, pelos meus amigos e pela mamãe.


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