Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 46
Capítulo 46 - Overflowing sink




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Capítulo 46 - Overflowing sink

 

RICHARD SCHMIDT 





Richard Schmidt era o primogênito de Elisabeth e Robert Schmidt, o garoto cresceu sendo elogiado e mimado, sendo na maioria das vezes comparado com o seu pai em praticamente em tudo. “Richard é tão parecido com você Robert, posso ver claramente o garoto tomando conta das riquezas da família no futuro” era o que todos os amigos de seu pai falavam quando o viam.

Richard o filho exemplar, o filho queridinho que tinha toda a atenção do pai. O garoto lindo e encantador que com poucas palavras conseguiam convencer qualquer um, o garoto que tinha tudo e se sentia um nada.

Quando Camilla nasceu, Richard tinha quase três anos completos, mesmo assim a garota não tirou o seu brilho. Por muito tempo ele era bajulado sempre que queria, Richard se sentia como uma pia na qual a torneira foi esquecida aberta. Ele estava transbordando.

Muita cobrança, muita atenção, muita presença, muito tudo.

Mesmo assim, mesmo tendo que lidar com a pia transbordando, sem poder fechar a torneira, Richard seguiu. Sabia que seu único caminho de orgulhar seus pais era de herdar toda aquela herança, era conquistar um cargo altíssimo no Ministério da Magia, assim como seu pai.

Ele invejava sua irmã mais nova, Camilla nunca iria ter toda a cobrança que ele tinha nas costas, Camilla não tinha uma pia transbordando. Só por um momento, Richard queria ser esquecido, queria fugir e largar tudo, queria não ser o centro de tudo.

Ele acreditava, ainda assim, que se fizesse tudo exatamente como seu pai, um dia ele seria liberto e poderia, por fim, fechar a torneira.

A Marca Negra foi posta no seu antebraço, sem que ele soubesse se realmente queria aquilo para si. Com o passar do tempo ele percebeu que aquilo era um tipo de provação, que seu pai tinha lhe oferecido ao Lorde das Trevas, não porque acreditava que Richard seria um bom servo ou algo do gênero, mas sim porque estava em dívida. Não somente ele como Charles teve o mesmo destino.

Novamente, Richard invejava Camilla, porque no mundo dos comensais da morte havia pouquíssimas mulheres e ninguém sequer esperava que Camilla fosse fazer algo grandioso, ela era subestimada demais. Voldemort não queria uma serva fraca como ela. Ele queria a liberdade de Camilla, queria poder sumir e fingir que nada tinha acontecido.

Richard sempre estava tão focado em querer não ser ele, sem querer viver em sua própria pele, que acabou perdendo a noção do que acontecia ao seu redor.

Sua mãe caiu morta na sua frente, e fora seu pai que tinha a desarmado. A mulher que tinha o carregado no colo, tinha lhe dito que o amava e era a sua única fonte de carinho estava morta.

Logo em seguida, por ser maior de idade, Richard foi preso em Azkaban junto de seu pai. Felizmente, eles não tiveram de dividir uma cela. Ele preferiu ficar sozinho com seus pensamentos, refletindo que na verdade nunca fora sobre honrar seu pai, e sim sobre ser uma cópia dele quando ele não estivesse mais vivo. Todo aquele tempo preso, tendo sua felicidade sugada, o fez refletir sobre seus princípios, refletir sobre seus irmãos e sobre o que ele faria de sua vida.

Richard já não se importava mais se a pia estava transbordando ou se a água já estivesse caindo no piso do banheiro minúsculo, agora ele reconhecia que seus dois irmãos também estavam com suas torneiras abertas, e se ele não pudesse fechar sua torneira, ele iria fechar a deles.

Toda a sua adolescência tinha sido perdida tentando se tornar em alguém que agora ele via como uma farsa, e agora, se lhe restasse tempo, ele queria se libertar dali, claro que antes, ele precisava libertar seus irmãos primeiro.

Por enquanto, Richard ainda poderia lidar com a pia transbordando, mesmo que a água já estivesse em seus pés, ele iria tentar dessa vez. Tinha falhado com Camilla achando que ao trazê-la para Robert, talvez ele parasse de ser cobrado o tempo todo. Quando percebeu que nada daquilo aconteceu, que sua irmã estava sendo torturada, por sua causa…

Richard Schmidt tinha traído sua família, e agora nada mais do que justo do que trair o Lorde das Trevas.

— Nós podemos não nos dar bem Camilla, mas isso não significa que eu não te vejo como família.








CAMILLA SCHMIDT




— Camille, você acordou?

Era a voz de Fleur que ecoava em meus ouvidos. Aos poucos meus olhos se entreabriam, percebi assustada que eu estava no Chalé das Conchas, bem longe da Mansão Malfoy.

— Eu...Eu estou viva. — sussurrei com a voz fraca, forcei o meu corpo para se sentar na cama.

Fleur sorriu para mim como se estivesse aliviada.

— Oh ainda bem, achei que você não fosse acorrdar, você desmaiou assim que chegarram na praia, eu fiquei tão preocupada. — a loira colocou uma toalha molhada na minha cabeça — Você chegou aqui com alguns ferimentos, já estão cicatrizando…

Franzi o meu cenho.

— Os Malfoys…

— Está tudo bem, — ela murmurou — Dobby conseguiu salvar vocês, mesmo que ele tenha-

— Dobby morreu? — perguntei chocada ao perceber o olhar entristecido de Fleur, a loira olhou rapidamente para mim e tornou a baixar a cabeça assentindo brevemente. Demorei algum tempo para digerir a informação que o elfo tinha morrido e de como ele tinha morrido, sentia meu coração doer, eu nunca tinha tido a oportunidade de agradecer Dobby, sem ele eu não teria recuperado as minhas memórias. Sem que eu percebesse, lágrimas queimavam nos meus olhos.

— Tome um pouco disso, é remédio e vai fazer a temperatura do seu corpo voltar ao normal. Você ainda está com um pouquinho de febre. — Fleur comentou enquanto colocava o líquido pastoso na minha boca, eu fiz uma careta mas acabei engolindo.

— Camilla? Você acordou? — Harry e Rony apareceram atrás de Fleur com olhares preocupados.

Dei um pequeno sorriso, aliviada ao ver os dois sem nenhum ferimento.

— Eu fiquei tão preocupado, — Harry disse se sentando na borda da cama — estávamos fugindo de Nagini quando percebemos que você tinha desaparecido, só consegui ouvir o seu grito dizendo que seu irmão tinha te encontrado eu-

Fleur olhou para os meninos silenciosamente, ouvindo a conversa.

— Eu sinto muito por não ter voltado para te buscar.

— Harry, você era a prioridade no momento, eu jamais deixaria que algum comensal da morte encostasse em você. 

— Como você conseguiu sair da sua cela na Mansão Malfoy? — Rony não conseguiu conter a curiosidade ao perguntar.

— Richard me ajudou a sair, — murmurei, ainda estava confusa com a atitude do meu irmão e não podia negar que estava preocupada com o que iria acontecer com ele quando os outros comensais descobrissem, felizmente tínhamos apagado a memória de Rabastar — nós trancamos Rabastar na minha cela e apagamos a memória dele.

— Mas por quê ele fez isso?

Ergui os ombros.

— Não faço a mínima ideia, nós nunca nos demos bem.

Os meninos franziram o cenho mas acabaram deixando aquilo de lado.

— Aconteceu algo com você lá? Quando te vimos pela primeira vez você estava toda suja e com o corpo machucado. — Rony disse com uma entonação de preocupação.

— Eu fui torturada por Você-Sabe-Quem, ele tentou entrar na minha mente, mas não achou nada que indicasse o que nós estávamos fazendo. Automaticamente ele compreendeu que alguém alterou a minha memória, então ele resolveu quebrar o feitiço com a maldição cruciatus. Não consegui lembrar de muita coisa, então os comensais apenas me trancaram numa cela minúscula e esqueceram da minha existência. Acho que todo esse tempo eles nunca pensaram que eu fosse conseguir fugir, nem nada do gênero-

Antes que eu pudesse terminar de falar Harry me deu um abraço forte, pude perceber só pelo abraço o quão agoniado ele se sentia, provavelmente ele e Hermione passaram meses acreditando que eu estava morta.

Tinha de admitir que nem eu conseguia acreditar que estava viva. Retribuí o abraço afundando o meu rosto em seu ombro, feliz por termos conseguido escapar, feliz por Harry estar ali, vivo.

   — Depois Hermione irá desfazer o feitiço. — ele disse me deixando sozinha no quarto.





[...]



— Deixa eu ver se entendi, vocês querem invadir o Gringotes? O lugar mais seguro do mundo bruxo? — abri a minha boca chocada demais para digerir a informação.

Hermione assentiu.

— Tudo bem, — me rendi a aquela ideia insana — não acho que eu vá conseguir sair dessa com vida, mas se nós conseguimos chegar até aqui…

— Hermione estará usando a varinha de Belatriz, acredito que seja convincente o suficiente, a não ser que você queira se passar por el-

— Nem morta! — exclamei com os olhos arregalados, se tinha algo que eu com certeza jamais conseguiria fazer era me passar por Belatriz Lestrange. — Podemos arranjar outra forma de me incluir no plano.

— Na verdade eu não queria te arriscar Cam, você já nos ajudou o suficiente…

Mordi o meu lábio, tentada a negar com a minha cabeça. Baixei o meu olhar para a varinha em minhas mãos, aquela era a varinha de Rodolfo Lestrange, embora eu quisesse minha antiga varinha, estava tentando me acostumar com a nova.

— Mas não vejo outra maneira, você não pode retornar para Hogwarts-

Um pequeno sorriso zombeteiro surgiu no meu rosto.

— Depois do que eu fiz com os Lestrange? Não mesmo. — sorri, não me arrependia do que tinha feito. Tinha agredido o marido de Belatriz e usado a maldição imperius em seu cunhado no mesmo dia, não era algo que a Camilla de anos atrás faria. 

— Certo, Hermione vai se passar por Belatriz, Rony por um estrangeiro e eu ficarei com Grampo por baixa da capa da invisibilidade. — Harry murmurou — Mas e Camilla, o que podemos fazer para encaixá-la no plano?

Franzi o meu cenho. — Bem, depois que eu fui torturada, meu irmão Charles me deu roupas novas e…

— É isso, você vai se passar por Charles Schmidt! — ouvi Rony exclamar.

— Vocês acham que alguém acreditaria nisso? — questionei mas Hermione logo começou a falar.

— Faz sentido, supondo que Belatriz não queria sair da Mansão Malfoy por algum tempo, se ela saísse ela com certeza teria um guarda costas, certo? Você pode ser essa pessoa.

— Mas-

— É viável, porque seu pai está em débito com Você-Sabe-Quem, logo ele teria de agradar os comensais para poder ser aceito novamente entre eles. Nada mais justo do que enviar seu filho para proteger uma outra comensal.

Assim que Hermione terminou de falar eu abri a boca surpresa.

— Eu não sei vocês, mas esse plano tem tudo para dar errado. Quero dizer, eu não sei me portar como o Charles ele é muito...quieto, sarcástico....

— Camilla, é isso, ou nada.





[...]




Me olhei no espelho do banheiro por alguns momentos, ainda sentia o meu estômago se revirar. Eu estava igualzinha a Charles, e quando eu digo igual eu quero dizer literalmente, até meu tom de voz era rouco. Charles era alto e tinha porte atlético, (justamente por conta do bom tempo em que ele foi goleiro da Sonserina), seus ombros eram largos e seu rosto era quadrado. Os olhos do meu irmão eram de um tom verde grama que eu sempre invejara, e seus cabelos eram um misto de diversas tonalidades de castanho, seus fios eram lisos e bem cortados. Da última vez que eu tinha o visto, o cabelo dele estava tão grande que ele o amarrara atrás, semelhante a um samurai.

Era muito estranho estar na pele de Charles.

Dei um pequeno sorriso pensando em como eu e meus irmãos éramos diferentes, enquanto eu e Charles tínhamos cabelo escuro, o cabelo de Richard era um pouco mais claro e seu corte era um tipo de undercut, os olhos do meu irmão mais velho era de um profundo castanho esverdeado. Ele sempre fora uma cópia perfeita do meu pai.

Eu só esperava que essa “pequena aventura” não causasse problemas ao meu irmão.

— Estou pronta. — falei assim que cheguei no jardim do Chalé das Conchas, tive de conter uma exclamação de surpresa ao ver Hermione na pele de Belatriz Lestrange.

— Você está igualzinha ao seu irmão. — Hermione murmurou.

— E você está tão parecida com Belatriz que eu estou arrepiada, sem brincadeira.

— Ha, como se eu não tivesse medo dos seus irmãos.

— Charles é inofensivo. — falei soprado enquanto Hermione me olhava com uma sobrancelha erguida, estava óbvio que ela não tinha levado o que eu falava muito sério. — Bem, eu espero que tudo dê certo hoje.

Não demorou muito para que fossemos ao Beco Diagonal, entramos no Caldeirão Furado, sendo que Hermione andava na frente, eu e Rony estávamos logo atrás junto de Harry e Grampo - o duende da Mansão Malfoy - cobertos pela capa da invisibilidade.

— Madame Lestrange. — Tom, o dono do bar murmurou ao nos ver passar — Sr. Schmidt.

Enquanto Hermione o respondeu educadamente, eu apenas imitei o pequeno sorriso presunçoso e cheio de superioridade de Charles.

Muito educada, você tem que tratar as pessoas como se elas fossem lixo. — Harry sussurrou debaixo da capa e eu quase dei risada.

O Beco Diagonal estava muito diferente do que da última vez que eu estive lá, por ser cedo da manhã o local estava praticamente deserto. Muitas lojas estavam fechadas ou simplesmente abandonadas, haviam cartazes com o rosto de Harry escrito Indesejável Número Um, e alguns cartazes com o meu rosto - bem antigos por sinal -, escrito em enorme letras negras “Procura-se Camilla Schmidt”.

Conforme caminhávamos em direção ao Gringotes, diversos mendigos abriam passagem para nós, até que um deles voou na direção de Hermione, gritando sobre seus filhos. Rony ergueu a varinha, mas eu o interrompi.

— Se afaste, — disse em tom frio, empurrando o mendigo para longe de Hermione. Por dentro meu coração doía por fazer aquilo, mas era pelo disfarce, precisava ser — a não ser que o senhor queira que eu te mate aqui mesmo. Você escolhe.

O homem engoliu em seco, eu podia ver as lágrimas de raiva em seus olhos.

— Ótimo, — dei um sorrisinho forçado — faço o favor de não incomodar a Madame Lestrange novamente.

— Ora, se não é a Madame Lestrange! — um homem se aproximava de nós.

Engoli em seco, quase que me engasgando com o que tinha restado de saliva na minha boca.

Ele é Travers, um comensal da morte. — foi tudo o que Grampo disse por baixo da capa.

— E Charles Schmidt, quem diria.

— Travers. — falei em tom monótono, sabendo que Charles provavelmente não deveria se importar muito com aquele homem.

— Como vai? — Hermione disse em uma boa imitação do tom de voz de Belatriz.

O comensal nos olhou com certa curiosidade, e apesar da minha crescente ansiedade, não deixei de encará-lo, tentando ao máximo fazer o que Charlie faria naquela situação.

— Admito que estou surpreso em ver vocês dois por aqui, desde a fuga da Mansão eu ouvi dizer que...os residentes foram confinados…

Engoli em seco ao receber aquela informação, contudo não deixei que meu rosto demonstrasse o quão nervosa eu estava. Se aquilo fosse verdade, significaria que nem Charles nem Belatriz deveriam estar fora da Mansão Malfoy. Tentei não pensar em como a situação dos meus irmãos e de Draco estaria na Mansão, mas foi uma tentativa em vão.

Eu esperava que eles estivessem bem.

— O Senhor das Trevas perdoa aqueles que o seguiram lealmente no passado.

— Mas o Schmidt-

— O senhor achou mesmo que o Lorde das Trevas deixaria que sua melhor serva andasse sozinha? — eu o questionei com um tom de superioridade  — Alguém tem de fazer o trabalho sujo Trevors.

O homem ainda assim me olhou com certa desconfiança.

— Está muito convencido para alguém que está limpando a barra do próprio pai.

— Repita. — sussurrei de forma ameaçadora — Repita Trevors.

— Pare com isso, não foi este o propósito para qual você veio Schmidt. — Hermione me advertiu com o tom de voz sério, e eu apenas recuei, sem poder fazer muita coisa.

Fiquei em silêncio até o fim da conversa, fuzilando Trevors com o olhar. Não precisava de muita atuação para sentir ódio dele, eu definitivamente não me dava bem com a minha família, mas também não gostava de quem falasse de nós.

— Madame Lestrange, o que posso ajudá-la hoje? — um duende recebeu Hermione, visivelmente surpreso por ela ter aparecido no banco.

— Quero abrir meu cofre.

— A senhora tem...identificação?

Meu coração gelou enquanto Hermione falava com o duende, como eu tinha dito para o trio um pouco mais cedo, aquele plano tinha tudo para dar errado. A última coisa que eu imaginaria que faria na vida, era invadir o Gringotes, e lá estava eu, fazendo essa loucura.

Imperio. — ouvi Harry sussurrar por debaixo da capa, apontando a varinha para o duende.

Foram necessárias duas maldições imperio para que conseguissemos despistar Trevors e os duendes da recepção, eu queria ter feito o trabalho sujo no lugar de Harry, sabia como ele não se sentia confortável utilizando uma maldição imperdoável.

— Temos instruções… — um duende apareceu, curvando-se para Hermione.

Imperio. — acenei com a varinha discretamente, o duende pareceu ficar fora do ar por alguns momentos, mas logo tornou a falar.

 — Estou ciente...Acompanhem-me por favor…

Precisamos nos livrar de Trevors, ele não irá caber no vagonete. — Harry sussurrou — Eu posso me desfazer dele.

— Tem certeza? Se você quiser eu posso-

Imperio. — Harry murmurou novamente.

Engoli em seco e tornei a segui-los pelo banco. Descemos com o vagonete para a parte mais profunda possível do Gringotes, acabei gritando assustada, quando fomos jogados para fora do vagonete e caimos na água.

— A Queda do Ladrão! — Grampo disparou a falar, nos explicando que a água que tinha nos atingido lavava qualquer tipo de disfarce ou encantamento.

Arfei quando percebi que as roupas que eu usava estavam muito largas no meu corpo, e que no lugar do peitoral malhado de Charles, estavam meus peitos. Eu tinha voltado para minha forma natural.

— Droga. — resmunguei.

— Precisamos do duende-

Imperio. — falei prontamente, não iria admitir, mas a sensação de poder e controle ao lançar a maldição era extremamente atraente.

— Acho que tem gente vindo atrás de nós. — Hermione murmurou desesperada — Protego. — disse apontando a varinha em direção a cascata de água, abrindo passagem.

— Por Merlin, — falei com a minha voz falhando assim que consegui enxergar o cenário melhor — um dragão!

Era um dragão enorme, acorrentado.

Ouvimos atentamente as instruções de Grampo sobre como controlar o dragão. Aparentemente o dragão iria sentir dor ao ouvir o barulho de metal, e isso faria com que nós ganhássemos tempo para abrir o cofre dos Lestrange.

Junto com o trio, eu comecei a sacudir os cêmbalos que Grampo tinha nos cedido. Fiquei bom tempo focada em fazer o dragão retroceder que só percebi que o cofre tinha sido aberto quando Hermione me puxou para dentro.

— Será que não podem acender suas varinhas?

Lumos. — murmuramos juntos, acendendo as pontas de nossas varinhas. 

Sem pensar, eu fui em direção a falsa espada de Godric Griffyndor e soltei um grito.

— Ela me queimou. — ouvi Hermione choramingar atrás de mim.

— Eles juntaram dois feitiços, o Abrasador e o Duplicador. — Grampo disse e eu senti vontade de gritar, ele bem que podia ter alertado aquilo antes.

— Não toquem em nada! — Harry exclamou e nós o fizemos.

Arfei, recuando. Se ficássemos tocando nos objetos dentro do cofre iríamos acabar presos, já que tudo que nós tocávamos se duplicava. Tinha que admitir que aquela estratégia tinha sido muito bem pensada.

Aquela é a taça? — indaguei apontando para um objeto dourado no topo do cofre.

Harry arfou ao meu lado, lá estava ela, a Taça de Helga Hufflepuff.

— Como vamos chegar lá sem encostar em nada? — Rony indagou.

— Podemos usar um feitiço de levitação, agora como pegar a taça, eu não faço a mínima ideia. — umedeci meus lábios enquanto tentava pensar em alguma coisa.

— E se eu pegar a taça com a espada? — Harry murmurou.

— Parece viável. — respondi com nervosismo.

— Hermione eu preci-

Levicorpus. — Hermione disse apontando a varinha prontamente para Harry. Para meu espanto, ao levitar, Harry bateu em uma armadura e as réplicas acabaram preenchendo o espaço apertado.

Gritei de dor, sentindo tudo ao meu redor se duplicar. Todo o meu corpo queimava por estar em contato com os objetos do cofre dos Lestrange. Aquilo parecia um tipo de maldição cruciatus, só que pior, porque em algum momento eu morreria sufocada. Ao meu lado, Rony e Hermione também estavam lidando com o mesmo problema, haviam objetos até a cintura dos dois.

Assim que vi Harry conseguiu, por fim, pegar a taça, a porta do cofre abriu, fazendo com que eu, Rony e Hermione caíssemos em meio ao ouro. Enquanto tentava me levantar, pude ver Grampo fugir com a espada de Godric Gryffindor.

Senti o gosto de vômito em minha boca quando percebi que haviam vários duendes armados esperando por nós.

Estupefaça! 

Recuperando meu fôlego, eu me juntei ao trio, tirando os duendes do nosso caminho. Para a minha surpresa, nós estávamos andando em direção ao enorme dragão.

Relashio.

Olhei para Harry com os olhos arregalados, é, eu definitivamente não iria sair viva dali.

Estupefaça! — gritei, estuporando um duende que conseguiu fazer um corte na minha perna.

— Subam aqui, andem logo! — Harry gritou.

Troquei olhares surpresos com Hermione, e como nenhum de nós três tínhamos alguma escolha. Montamos no dragão.

Agarrei com toda a força possível as escamas do dragão, nunca tinha percebido o medo que eu sentia de altura e de criaturas mágica até então, sentia que a cada momento que eu passava perto do dragão mais eu estava próximo de ter um ataque de pânico.

Fechei meus olhos, sem querer ver o que estava acontecendo. Contudo, mesmo com os olhos fechados eu consegui perceber que o dragão usava força bruta para sair do túnel.

Defodio! — Hermione gritou.

Abri os meus olhos, percebendo que ela tinha usado o feitiço para alargar a passagem. Sem nem pensar, eu, Harry e Rony repetimos o feitiço.

Defodio!

Surpreendentemente, com a força bruta do dragão e com nossos feitiços, nós conseguimos irromper do Gringotes. Estávamos vivos, e o mais importante, tínhamos conseguido achar a horcrux.


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