Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 45
Capítulo 45 - Rules are made to be broken




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Capítulo 45 - Rules are made to be broken

 

CAMILLA SCHMIDT



         Minha cela se tratava de um quarto fechado e gelado, era um cômodo minúsculo que não tinha nada além de uma pequena janela que o iluminava com os raios solares da manhã. Não havia nada de interessante lá, muito pelo contrário, aquele lugar era assustador e incrivelmente vazio.

         Quando eu cheguei lá pela primeira vez, apenas me sentei no chão, contando os minutos para quando Voldemort chegasse na Mansão Malfoy e resolvesse me matar para acalmar seus ânimos. Apesar da minha constante ansiedade, nada disso nunca aconteceu.

         Voldemort, assim como a maioria das pessoas que eu conhecia, achava que eu era apenas um empecilho, nada muito importante, sua única esperança para comigo era que eu atraísse Harry Potter para dentro da Mansão Malfoy. Se não fosse por isso, eu já estaria morta, Richard tinha feito questão de esfregar isso na minha cara.

— Camilla Schmidt.

Era a primeira vez que eu estava de frente para Voldemort em pessoa, só com aquela fala toda a minha pose de durona se foi. Estava com muito medo de finalmente ser morta. Embora reencontrar a minha mãe fosse extremamente tentador, ainda haviam diversas coisas que eu gostaria de fazer. Foi naquele momento, sendo intimidada por Voldemort que eu percebi que não queria morrer.

Minha família estava logo atrás de Voldemort, Charles tinha os lábios comprimidos e o punho cerrado, Richard tinha uma enorme expressão de culpa em seu rosto e meu pai parecia estar fora de órbita, ele ainda não conseguia acreditar que eu estava viva.

Um sorriso macabro surgiu no rosto de Voldemort.

Legilimens.

Como se não bastasse toda a tortura que eu tinha passado agora Voldemort estava invadindo a minha mente porque sabia que eu iria mentir para ele. Nunca senti minha privacidade ser tão invadida como naquele momento, eu queria espernear, gritar para que ele parasse.

E por fim, ele parou.

— Alteraram a memória dela, não consegui extrair nenhuma lembrança que possa nos ajudar. — ele disse em um tom de voz frio, circulando pela minha cela. — Quem alterou sua memória Camilla?

— Talvez o senhor deva perguntar ao Malf-

Richard arregalou os olhos e balançou negativamente com a cabeça, como se me aconselhasse a mudar minhas palavras.

Retornei o meu olhar para ele, sentindo meu corpo tremer.

— Eu não sei senhor, já fui induzida a feitiços do esquecimento posteriormente-

— Oh, então eu te farei um favor. Há quem diga que a maldição cruciatus quebra feitiços de memória. — ele sorriu de orelha a orelha enquanto segurava sua varinha com firmeza.

Meus olhos se arregalaram, me senti tentada a fugir, mas aquela cela era minúscula e me passava a sensação de claustrofobia. Não havia o que fazer.

Crucio.



(...)




Demorou certo tempo para eu perceber que estava viva, tinha acordado no mesmo lugar com as minhas roupas sujas de pó e um pouco de sangue, tirando isso eu estava viva. Fiquei sentada no chão por horas, sem conseguir acreditar que Voldemort simplesmente me deixara ali.

Depois daquela tortura na frente dos meus irmãos, parecia que todo mundo tinha mudado sua postura comigo. Charles veio a minha cela, me levou para um banheiro se limpar e me ofereceu roupas, já Richard impedia que alguém sequer encostasse na minha cela. Com o passar do tempo os comensais me esqueceram ali, eles ainda esperavam que Harry viesse me salvar mas não se importavam com a minha presença.

Cada noite lá era uma tortura, a cela era pequena, escura e a única iluminação vinha de uma janela muito pequena, sentia meu corpo se arrepiar com a brisa noturna, não conseguia dormir bem sem ter pesadelos ou até mesmo paralisia do sono. A sensação de claustrofobia somente aumentava.

         Meu pai por outro lado, vinha visitar a minha cela ao menos uma vez por semana, eu não sabia o que raios tinha acontecido com ele em Azkaban, mas ele parecia estar arrependido por ter sido um pai negligente. Uma pena que ele tinha demorado demais para se dar conta disso.

         Charles também vinha visitar a minha cela periodicamente, mesmo que eu não falasse muito, era bom ter a presença dele por perto, sentia que iria enlouquecer olhando para as paredes.

         Eu sequer tinha noção de tempo, pouco me importava se ainda era dezembro ou se já estávamos em janeiro, o tempo parecia se arrastar com lentidão. Só conseguia me preocupar com Harry e Hermione em algum lugar lá fora, sozinhos. Desejava do fundo do meu coração que meus amigos estivessem bem, queria mais do que tudo fugir dali para ir ao encontro deles, mas os comensais pareciam redobrar a segurança comigo.

         — Posso entrar? — fui surpreendida por uma voz tímida.

         Ergui minha sobrancelha para Draco Malfoy.

         — Não precisa ser educado, eu sou uma prisioneira, lembra?

         O loiro pareceu entender aquilo como sim, já que entrou na pequena cela, fechando a porta logo em seguida. Seus olhos cinza me encaravam e eu sinceramente não conseguia definir o olhar dele naquele momento.

         — Você fica diferente loira. — foi tudo o que ele disse.

         Não pude deixar uma risada rouca escapar, de todas as coisas do mundo que ele poderia me falar, ele vinha me dizer isso?

         — Não é que tenha ficado ruim, — ele disse rapidamente como se estivesse com medo de me ofender — eu só não estou acostumado... Você fica bonita de qualquer maneira.

— Eu apontei uma varinha para a sua cabeça e você vem me dizer que eu fico bem loira? — não consegui despistar a ironia em minha fala,

Por um momento nós dois ficamos em um silêncio desconfortável, quem olhasse de fora pensaria que éramos completos estranhos, embora houvesse muita coisa entalada na minha garganta que eu queria dizer a ele. Infelizmente meus sentimentos por ele insistiam, meu coração parecia saltar do meu peito com a presença dele.

— Você… — a voz dele falhou, Draco parecia estar procurando as palavras certas para falar — você ia…

— Não — respondi prontamente, desviando o olhar para o chão.

Eu não iria conseguir machucá-lo nem mesmo se eu quisesse, só tinha o usado porque tinha sido conveniente na situação de vida ou morte. Ainda estava furiosa com ele, mas não a aquele ponto, eu não era esse tipo de pessoa.

         — Eu não ia te machucar, — admiti abraçando os meus joelhos — só estava desesperada, queria sair dali.

         — Eu quase não te reconheci. — Draco admitiu depois de algum tempo — Fiquei com tanto medo que você estivesse morta que... não consegui acreditar que você era a garota na minha frente. — ele ergueu os olhos cinza para me olhar, nunca tinha visto ele tão triste como naquele momento —... Eu sinto muito Camilla.

         Umedeci meus lábios, um claro sinal de ansiedade, não me sentia confortável em um cômodo minúsculo ao lado de Draco. Ainda me sentia magoada, traída e enganada e tudo o que eu menos queria era conversar com ele sobre como nós dois éramos mais felizes antes.

         — Você não deveria estar aqui.

         — Ninguém irá me ver aqui, não agora e eu usei um feitiço para não sermos escutados por ninguém de fora então…

         Ergui meu rosto, finalmente me interessando na conversa. Então a mansão Malfoy estava vazia? Sentia que aquela seria uma boa brecha para eu escapar dali, todavia Draco não era burro para cair no mesmo truque duas vezes, ele não estava com sua varinha. Se eu quisesse sair dali teria de no mínimo nocauteá-lo e ser extremamente discreta para sair da casa, ou seja, impossível.

         Soltei um suspiro de frustração.

         — Você não vai conseguir fugir. — ele sussurrou — Vão te encontrar antes que consiga passar pela porta e aí você estará morta. Aliás, você não tem força o suficiente para me nocau-

         — Como você…? Saía da minha mente agora! — gritei furiosa com ele.

         As bochechas de Draco ficaram vermelhas de vergonha.

         — Eu estou trancafiada na sua casa e você ainda ousa invadir a minha mente Malfoy? — minhas mãos formigavam para acertar um tapa no rosto dele, eu não podia acreditar que ele estava me desrespeitando de tal forma.

         — Me desculpe eu pensei que-

         Dei uma risada seca desviando o olhar.

         — Por que vocês não me matam logo? Não aguento mais ficar aqui. — disse enquanto olhava para as paredes, pelo silêncio dele, pude perceber que as minhas palavras tinham o magoado de alguma forma.

         — Eu não iria permitir que eles fizessem isso com você. — ele sussurrou com a voz fraca.

         Ah sim, como se Draco Malfoy, o comensal da morte que tinha falhado com Voldemort pudesse impedir alguma coisa naquela bagunça.

         — É sério, eles teriam de passar por cima de mim para chegarem em você.

         — Você poderia, por favor, sair da minha mente? — ergui minhas sobrancelhas tornando a olhar para ele.

         Draco suspirou, baixando o olhar, como se reconhecesse que seus pedidos de desculpas não iriam me comprar. Parei alguns momentos para olhá-lo, não conseguia deixar de me odiar por ainda estar apaixonada por aquele garoto.

         — Me desculpe por ter te assustado, — falei depois de algum tempo, após uma briga interna com o meu orgulho — eu não deveria ter te usado como refém.

         Me surpreendi por ter ouvido a risada dele.

         — Não estou bravo com você por isso, na verdade eu não consigo ficar bravo com você Camilla.

         Franzi o cenho enquanto assentia brevemente com a cabeça.

         — O quê aconteceu agora que Robert me achou? — perguntei timidamente.

         — Ele fez um anúncio para o Profeta Diário que você foi encontrada pelo seu irmão mais velho, ele alegou que você está reclusa recuperando sua saúde-

         — Mas que-

         Cruzei meus braços irritada, ah sim, eu realmente estava cuidando da minha saúde enjaulada na mansão Malfoy comendo pão duro.

         — Posso trazer o Profeta Diário para você, mas se eu fosse você eu não leria. — ele disse com um tom de voz grave como se me alertasse que aquilo só iria fazer com que eu nutrisse mais raiva do meu pai.

         — Não acredito que vou dizer isso, mas você está certo. — murmurei tentando não pensar no que o meu pai tinha declarado para todo o mundo bruxo. Quando eu pensava que ele não poderia ser mais hipócrita… — Eu não sou a única pessoa trancafiada aqui, sou?

         O loiro mordeu os lábios e logo negou com a cabeça.

         É, eu imaginava.

         Surpreendi-me quando Draco colocou um pedaço de torta de avelã no meu colo, ergui meu olhar com curiosidade e o garoto apenas me ofereceu um sorriso terno.

         — Você está muito magra Cammie, precisa comer alguma coisa.

         Eu queria muito negar aquele pedaço de torta, ou simplesmente ser grossa com ele, mas aquele sorriso fez com que todas as minhas estruturas se abalassem e eu me peguei sorrindo de volta para ele, mesmo que ele não merecesse.

         — Obrigada. — sussurrei — Mas seus pais realmente não podem te ver aqui Draco.

         — Camilla, não é comigo que você tem que se preocupar. — Draco deu um sorriso morno enquanto me observava comer, era como se ele não se preocupasse de ser visto confraternizando com o inimigo e isso era algo que eu definitivamente não esperava dele.

         Apenas assenti com a cabeça, sem necessariamente concordar com ele. Não queria demonstrar que estava preocupada com ele quando fui deixada sozinha no Salão Principal prestes a desmaiar porque tinha perdido muito sangue.

         — Você leu minha carta? — ele perguntou timidamente, e eu lentamente assenti com a cabeça. — Eu não queria Cammie, por um instante eu pensei que fosse honrar os meus pais, provar o meu valor e…

         Suspirei, não me sentia pronta para ter aquela conversa com ele. Me recusava a olhar para a marca no seu antebraço.

         — Eu estava errado, — ele assumiu em voz baixa, como se sentisse vergonha em falar aquelas palavras — sobre tudo.

         — Draco eu-

Pensei seriamente em não continuar a minha fala, mas mesmo assim eu continuei. Sentia que parte de mim necessitava que aquela conversa existisse.

         — Eu lembro de você, eu me lembro de tudo. As minhas memórias começaram a voltar depois daquele dia no corujal de Hogwarts, e agora, bem… Já me recordo de tudo.

         O loiro me olhou com certo receio, parecia que ele não se sentia muito bem falando sobre aquilo.

         — Você sabe o porquê disso? Porque eu te juro que nunca soube o motivo.

Respirei fundo.

— Um dia eu vi o seu pai receber Rabicho em casa, acho que nunca o vi tão furioso antes. Naquele dia eu descobri tudo, que seu pai era um comensal da morte, que ele nunca esteve sobre a maldição imperius e que ele desconfiava da minha mãe. Ele me viu escutando a conversa escondida, eu fugi da mansão — disse desviando o olhar para a parede, aquela memória era muito assustadora, foi a primeira vez que eu tinha sentido medo pela minha vida —, alguns dias depois seu pai apagou a minha memória.

— Eu… Não fazia ideia. — o loiro sussurrou assombrado — Agora eu entendo o que meu pai quis dizer sobre a honra da família, se você tivesse falado sobre o que viu, meus pais estariam em Azkaban-

         — Depois de todo esse tempo eu não culpo mais o seu pai, continuo achando ele uma pessoa não muito agradável, mas eu o compreendo. Sei que se ele e sua mãe fossem para Azkaban você não teria ninguém. Eu não gostaria de ser o motivo que destruiria a família de alguém.

         — Camilla eu… — Draco suspirou, naquele momento ele parecia ter amadurecido de uma forma brutal, o loiro ao parecia estar bem — eu senti muito a sua falta quando era menor, passei muito tempo achando que você ia cumprir a sua promessa… Me desculpe por ter me aproximado de você sem que você tivesse conhecimento do nosso passado. Me desculpe por ter feito você chorar em Hogsmeade.

Um sorriso gentil apareceu no meu rosto, Draco Malfoy era o tipo de pessoa qual eu nunca iria conseguir nutrir raiva por muito tempo.

         — Tá tudo bem Malfoy, eu estou cansada demais para brigar ou guardar rancor. Eu sinto raiva de você. Alé-

         Ao mesmo momento que eu abri minha boca para falar, nós dois ouvimos um barulho próximo do corredor. Malfoy se levantou em alerta, percebi naquele momento que eu não queria que ele fosse.

         — Eu tenho que ir Cammie. — disse dando um beijo demorado e carinhoso na minha testa.

         Tornei a me encolher no chão da minha cela sozinha, abraçando meus joelhos enquanto refletia sobre o que tinha acabado de acontecer, com a minha testa formigando onde ele tinha acabado de beijar.




(...)




         — Ah sim, tragam-me a garota. — Belatriz sorriu abertamente ao me ver ser jogada na sala.

         Assim que eu olhei ao meu redor, não pude evitar arfar assustada. Eles estavam ali.

         Harry, Ron e Hermione.

         Eles estavam ali.

    Fui jogada no chão por um comensal, tive de fazer um bom esforço para poder ficar de pé. Tirei meu cabelo do rosto, sem conseguir acreditar no que estava a minha frente.

— Vou ser direta com você, se você me provar que este garoto aqui é Harry Potter, você será liberada da Mansão Malfoy. — Belatriz disse, dando seu típico sorrisinho preenchido de arrogância.

Engoli em seco, o rosto de Harry estava desfigurado, mas eu tinha certeza de que era ele. Todavia, eu preferia mofar ali do que entregar ele para os comensais.

Fingi estreitar meus olhos na direção de Harry.

— Você acha que essa pessoa é Harry Potter? — murmurei com um certo tom de zombaria — É bem simples, se ele não tem a cicatriz na testa logo não é ele.

Lestrange me fuzilou com o olhar.

— E você acha que nós não checamos a cicatriz? — ela gritou comigo, e embora eu sentisse medo, não demonstrei.

— Então você sabe a minha resposta.

— Tragam-me Draco! — Bela gritou, sem deixar de apontar sua varinha para os meus amigos — E você, sua peste, vai voltar para aquela cela até que saiba respeitar os mais velhos.

Continuei olhando para Lestrange sem nenhuma expressão facial, era quase que uma piada que ela quisesse ser tratada com respeito logo pela filha da mulher que ela tinha assassinado.

Fiz uma reverência irônica e fui retirada da sala por um comensal. A cada passo que eu dava para perto da minha cela, mais meu coração se acelerava. Eu tinha que fazer alguma coisa urgentemente não só para fugir dali, mas para ajudar os meus amigos. Não demorou muito para que eu ficasse de frente para a minha cela ao lado do comensal.

Mordi os lábios ansiosa, a cada dia que se passava eu me arriscava mais fazendo esse tipo de coisa.

Pulei nas costas do homem tapando sua boca enquanto minhas pernas rodeavam sua cintura, forcei meu braço querendo o deixar sem ar o mais rápido possível, constatei surpresa que o comensal não esperava por aquele ataque. Com um chute em sua mão, eu consegui jogar sua varinha para longe. Teria de me garantir no corpo a corpo, pensei tristemente.

Infelizmente aquele homem era bem mais alto e mais forte do que eu, então ele acabou não precisando de muita força para me derrubar no chão. Agarrei seus pés, fincando minhas unhas com força em seu tornozelo a fim de não deixá-lo ir atrás da varinha. Puxei a barra de sua capa fazendo com que ele tropeçasse e caísse no chão, rapidamente eu subi em seu corpo, pretendia bater sua cabeça até que desmaiasse.

— Camilla?

Olhei para cima, me deparando com o meu irmão mais velho Richard.

Nem fodendo, foi tudo o que eu consegui pensar.

— Você está tentando fugir?

O homem embaixo de mim parou de se debater, como se esperasse que Richard me estuporasse, contudo, para nosso espanto, meu irmão me jogou a varinha do comensal.

— Mas que-

Pensei em falar, mas acabei me interrompendo. Agarrei a varinha e sem nem pensar duas vezes eu o estuporei.

— Richard, por que você fez isso? — me levantei do chão, ainda segurando a varinha com a hesitação evidente no meu olhar.

Meu irmão desviou o olhar.

— Ele vai acordar logo, seria ótimo se você o afastasse para dentro da cela e apagasse a memória dele.

Deixei o questionamento de lado enquanto, graças a um feitiço de levitação, jogava o corpo do comensal dentro da cela.

— Por que você está me ajudando Richard? Por acaso você se esqueceu de que nos dois-

— Você não vai acreditar em mim, — ele murmurou enquanto usava o feitiço da memória no comensal — mas eu não consegui aguentar te ver sendo torturada...Eu não quero que isso aconteça nunca mais com você, eu... estava errado, sinto muito Cammie. Nós podemos não nos dar bem Camilla, mas isso não significa que eu não te vejo como família.

Abri a minha boca, surpresa com aquela fala vinda justamente dele.

— Esse é o momento em que nós dois começamos a falar coisas bonitinhas de irmãos? — ergui a sobrancelha enquanto ele riu secamente.

Saímos da cela, trancando o comensal lá dentro.

— Não Camilla.

— Ótimo, porque eu-

— Ande logo, os comensais vão suspeitar com o sumiço do-

— É isso? Você vai me deixar ir sem nenhum duelo, nenhum xingamento, nada? Quem é você e o que fez com o Richard Schmidt que eu conheço?

Richard colocou suas mãos dentro do bolso da calça e respirou fundo.

— Camilla, saia logo daqui.

Um sorriso cheio de surpresa surgiu no meu rosto.

— Valeu, mas você continua sendo o irmão mais chato do mundo e um babaca egoísta.

Richard deu risada, balançando sua cabeça.

— E você continua sendo uma pirralha, agora ande logo antes que eu mude de ideia.

Ainda sem acreditar no que tinha acontecido, eu me virei de costas para o meu irmão e segui em direção à sala. A cada passo que eu dava o caminho parecia ser cada vez mais longo e penoso, contudo o que mais me doeu no percurso foi ouvir um grito, era Hermione. Prendi a respiração ao perceber que minha amiga estava sendo torturada a alguns cômodos de distância.

— Rabastar já voltou da cela da garota? — ouvi a voz de comensal próximo de mim, não pensei muito antes de me esconder dentro de um quarto.

— Eu irei conferir, aquela garota Schmidt é muito arrogante para que a subestimem. — era a voz de um outro homem, felizmente o barulho dos passos dele iam se distanciando.

Uma ideia se passou pela minha cabeça, era arriscado e também era ilegal, todavia uma das minhas melhores amigas estava sendo torturada, eu não deixaria aquilo continuar nem que tivessem de arrumar uma cela especial para mim em Azkaban.

Havia algumas regras que foram feitas para serem quebradas.

Imperio. — sussurrei apontando a varinha para o homem que tinha ficado para trás. — Eu quero que você vá para a sala onde Belatriz Lestrange está.

Com um olhar completamente alucinado o homem se virou e começou a andar em direção à sala. Dei um pequeno sorriso enquanto o guiava com a varinha, feliz pelo feitiço estar dando certo e de certa forma surpreendida com o controle que eu conseguia ter sobre ele.

Fui me esgueirando pelos corredores enquanto seguia o homem. Fiquei escondida próxima a soleira da porta enquanto ele entrava na sala.

— Rodolfo! — era a voz estridente de Belatriz — Já me perguntava quando você iria retornar, aquela garota Schmidt-

— Está aprisionada como deveria. — ordenei que ele respondesse de forma firme.

— Ótimo. Já me basta essa sangue-ruim…

Prendi minha respiração quando consegui olhar para a sala sem ser notada. Haviam comensais estuporados no chão, a família Malfoy estava em um canto, um duende estava no chão, enquanto Hermione estava caída. Rezei para que ela estivesse viva.

Olhei ao redor com nervosismo, eu precisava distrair os comensais restantes naquela sala e na pior das situações matar Belatriz com minhas próprias mãos para que pudéssemos fugir.

Se aproxime da lareira. Ordenei para Rodolfos.

Assim que ele ficou parado na frente da lareira, o manipulei para pegar uma barra de ferro que servia para cutucar a lenha. Em seguida ordenei que ele atacasse Belatriz com aquilo.

— O QUÊ É ISSO? — ela gritou desviando dele.

Embora ela desviasse para trás, a brasa encostou em seu braço, ela urrou de dor.

Expelliarmus — Lucius tentou desarmar o homem.

Protego. — sussurrei barrando seu feitiço.

Sorri em meio ao caos que se formava na sala, os Malfoy correram para se refugiar nos cantos da sala e Beatriz estava sentada no chão em estado de choque.

Meu sorriso se desmanchou em uma expressão de surpresa quando nada mais nada menos que Harry Potter e Rony Weasley entraram na sala. Foi o suficiente para instalar o caos.

— ESTUPEFAÇA — consegui ouvir Harry lançar o feitiço contra Lucius que foi jogado para longe.

Ainda escondida, ordenei que Rodolfos lutasse ao lado deles, os meninos - ainda que confusos - continuaram com a luta. Aproveitei o momento de distração para correr até Hermione.

— VOCÊ! — Belatriz gritou furiosa, infelizmente ela tinha chegado até Hermione primeiro e apontava uma adaga para seu pescoço. — Você usou a maldição imperius no meu cunhado, COMO OUSA? LARGUEM AS VARINHAS.

Arfei quando vi Rodolfos ser estuporado, agora as minhas chances de fugir eram praticamente nulas.

— Solte ela agora. — gritei de volta, com uma expressão furiosa em meu rosto. Não iria deixar Belatriz tomar, novamente, alguém importante para mim. — Solte ela agora ou-

Expelliarmus. — assim que Lucius terminou o feitiço, a varinha voou da minha mão.

Trinquei meu maxilar em uma expressão raivosa.

— Não ouse encostar nela. — sibilei.

— Se não o que? — Belatriz ergueu suas sobrancelhas de forma desafiadora — Quem diria que a filha santinha dos Schmidt usaria algo tão baixo como a maldição imperius.

Ergui o meu rosto, tentando conter os xingamentos em minha mente.

— Draco apanhe as varinhas, rápido.

Draco.

Eu esqueci que ele estava ali.

Ele passou por mim com o olhar assustado, parecia que durante nossa curta troca de olhares ele estava curioso. O loiro recolheu as varinhas enquanto Lestrange se preparava para chamar por Voldemort.

Engoli em seco, sentindo que dessa vez os comensais da morte não iriam me deixar viva. Eu estava causando muito problema.

Mordi os lábios, a barra de metal não estava muito longe de mim, se eu tivesse sorte e fosse rápida o suficiente poderia acertar Belatriz na cabeça, seria uma pessoa a menos. Troquei olhares nervosos com Harry e Rony, parecia que as engrenagens de Harry também pensavam em um plano.

Dei um passo discreto para trás, enquanto procurava soar o mais assustada possível. Forcei minha respiração para que ficasse irregular - não foi muito difícil devido à situação.

— Olhe só, Harry Potter, em tempo para o Lorde das Trevas. — Bela riu enquanto apontava a adaga para Hermione. — Draco, chame-o.

O arfar saiu naturalmente quando eu desviei o meu olhar para Draco, ele parecia estar abalado, era visível que ele estava hesitando. Quando os seus olhos cinzas recaíram sobre mim, Draco apenas recuou e abaixou a cabeça, como se não suportasse me encarar.

— Schmidt, eu quero você longe dessa brasa. Tirem a menina daí.

Olhei para Belatriz sentindo meus olhos faiscarem de ódio enquanto Lucius Malfoy me arrastava para perto de sua família.

— CHAMEM-O.

Lucius me deixou próxima de Narcisa e deu dois passos à frente, como se estivesse orgulhoso de pôr um fim naquela bagunça. Malfoy arregaçou a manga mostrando sua marca.

Eu vou morrer, de verdade. Pensei sentindo as lágrimas de desespero descerem pelo meu rosto. Depois de tudo que eu tinha feito, todas as regras que eu tinha quebrado, eu iria morrer.

Prendi um soluço quando ouvi um barulho estranho, ao perceber que todos erguerem sua cabeça para cima, eu os imitei.

Dobby estava derrubando o lustre.

Com a queda do lustre, eu corri em direção da Hermione, junto de Rony.

Harry jogou a varinha que eu tinha roubado para mim, e eu a agarrei prontamente.

— Estupefaça.

— COMO VOCÊ OUSA? — Lestrange gritou com Dobby — Você poderia ter me matado!

Virei o meu olhar para Dobby, enquanto respirava com dificuldade, desviei o meu olhar rapidamente para Draco. Senti meu coração se contorcer. Ele parecia estar acabado. Tentei não sentir compaixão por ele, mas mesmo assim, me peguei (estupidamente) querendo saber o que se passava em sua mente.

— Como ousa tirar uma varinha de uma bruxa! — Lestrange berrou assim que Dobby desarmou Narcisa.

Recuei alguns passos, ficando próxima de Harry. Meu coração estava a milhão, eu sentia que as minhas mãos suavam.

— Dobby é um elfo livre, e Dobby veio para salvar Harry Potter e seus amigos.






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