Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 4
Capítulo 4 - You’ll never know what hit you




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/4

Capítulo 4 - You’ll never know what hit you

 

CAMILLA SCHMIDT

 

Na manhã seguinte meus pais fizeram questão de sumir daquele acampamento, voltamos rapidamente para casa, com o discurso de que tudo estava um caos e meu pai precisava ir ao Ministério da Magia urgentemente. Ainda estava completamente aterrorizada por causa da cena que eu tinha presenciado, e certamente não tinha comentado com ninguém que Draco Malfoy tinha me ajudado a ir para um lugar seguro.

Só me senti segura quando me vi em meu quarto, olhando para a minha mala que Quinn tinha deixado pronta para quando eu fosse a Estação King Cross. Suspirei enquanto meu gato subia na cama ronronando.

— Ei garoto, — murmurei para ele enquanto fazia carinho em sua cabeça — eu senti a sua falta.

Oreo se deitou em meu colo, e eu sorri, fazendo carinho em seu pelo branco. Desviei o olhar para a minha cabeceira e pude perceber que havia uma carta de Hermione ali, provavelmente me perguntando se eu estava bem com tudo que tinha acontecido na noite anterior.

Na realidade eu estava mais do que assustada, embora não tivesse demonstrado. Para piorar, eu novamente tive um pesadelo com Lucius-Dementador correndo atrás de mim. Estava com tanto medo que não me surpreenderia se Lucius se transformasse num dementador de verdade.

Meu pai tinha ficado muito atônito e ocupado desde então, alguns bruxos estranhos tinham vindo almoçar na minha casa. Todos eles agindo como se conhecessem todos da minha família, o que foi no mínimo estranho. Robert raramente trazia seus colegas de trabalho para casa, e muito menos tinha reuniões muito importantes em seu escritório.

No fundo eu queria me esgueirar e ouvir o que eles tanto falavam lá dentro, só que, como sabia que meu pai estava furioso comigo por ser próxima dos Weasley eu tinha receio do que ele poderia fazer. Tive de escutar um monólogo terrível dele falando sobre como sangue-ruins eram um atraso para o mundo bruxo, embora na realidade o atraso fosse ele. Robert esquecia que minha mãe era mestiça, e ela sempre o olhava furiosa quanto ele desatava a falar de nascidos trouxa.

— Senhorita! — Quinn entrou em meu quarto com certo receio. — Sua amiga lhe enviou uma carta essa manhã, uma coruja meio abestada quase caiu em nosso jardim enquanto pousava.

Dei um meio sorriso, só podia ser a coruja dos Weasley.

— Você também recebeu cartas de alguns colegas de sua casa. — ele murmurou apontando para a cabeceira de cama e eu apenas assenti.

— Quinn, — perguntei meio relutante — quem são aqueles lá embaixo? — sussurrei e o elfo pareceu empalidecer.

— Oh minha senhorita, meu mestre me ameaçou a não lhe dar uma palavra sobre isso. Sinto muitíssimo.

Franzi o meu cenho, completamente chocada.

— Como assim, o meu pai te ameaçou?

Não demorou muito para que o elfo arregalasse os olhos, percebendo que tinha falado demais.

— Elfo burro, elfo mal! — exclamou enquanto se batia contra a parede do meu quarto.

Com um suspiro eu tirei meu gato do colo e fui até o elfo, o segurando pelos braços.

— O que eu te pedi antes Quinn? — o adverti séria, e ele apenas engoliu em seco. — Para meu pai ter o proibido de falar alguma coisa, deve ter sido algo realmente sério…

Olhei desconfiada para o elfo, e tornei a ficar pensativa. Era verdade que meu pai estava estranho ultimamente, principalmente depois da aparição da marca negra no céu. Mas quem não ficaria? Era o símbolo dos seguidores de Você-Sabe-Quem afinal das contas.

— Certo, acho que vou descer para beber água, preciso esfriar a cabeça. — murmurei.

— Oh não senhorita, eu pego pra você! — o elfo quase deu um grito quando eu me levantei, me segurando pela barra da calça.

— Quinn! — exclamei — Qual é o problema? O que tem lá embaixo?

— Eu não posso…Meu mestre me proibiu…

Novamente o elfo tornou a se machucar, e eu impediria se a minha curiosidade não estivesse altamente aguçada. Aproveitei a distração do elfo e sai do meu quarto, descendo as escadas sorrateiramente. Quando cheguei nos últimos degraus tomei um susto.

Você foi ótimo ontem Robert, mas será preciso mais para reconquistar a confiança do Mestre quando ele voltar.— uma voz masculina dizia dentro do escritório.

Franzi o cenho, de que mestre eles falavam? Será que aquela era uma reunião emergencial do Ministério da Magia?

— Espionar é feio, Camilla. — a voz cortante de Lucius Malfoy me fez gelar, me virei rapidamente me deparando com o homem me olhando sem nenhuma expressão.

— Eu não estava espionando. — menti, embora no fundo eu queria gritar para que ele se retirasse da minha casa.

Lucius me deu um sorriso presunçoso é ficou sério novamente.

— Não vou falar novamente garota, fique longe do meu filho. — disse duramente me fitando de um jeito estranho. O que me fez franzir o cenho, “falar novamente”?

Recuei alguns passos, batendo contra a parede do escritório, olhei desconfiada para o homem que mantinha aquele sorrisinho estúpido de menosprezo.

— Eu vou descobrir, — disse em tom desafiador para o homem — vou descobrir o que quer que seja que estão escondendo de mim, quero deixar claro que isso não vai durar. — falei e tornei a subir as escadas, a tempo de ver o sorriso do Malfoy se desmanchar enquanto ele mostrava uma expressão de medo.





(...)




Era uma terça-feira nublada quando eu tinha me sentado nas poltronas do Salão Comunal da Corvinal, ainda era de manhãzinha enquanto eu organizava meus livros em um pequeno monte. Exatamente como nos anos anteriores eu revisava a matéria que o professor Binns tinha dado na semana passada, mas mesmo assim aquilo não parecia entrar na minha cabeça de jeito nenhum. Quando fui perceber estava quase cochilando.

Me levantei em um salto, vendo que faltava pouquíssimo tempo para o café da manhã terminar, sabendo que minha primeira aula seria justamente com Binns. Joguei os livros na minha mochila, e disparei pelo castelo correndo até o Salão Principal, durante a minha corrida eu acabei derrubando um menino que andava distraído pelos corredores.

— Por Merlin, me perdoe, é que eu estou muito atrasada, tipo muito mesmo. — disparei a falar nervosa, dei a mão para o garoto se levantar — Você se machucou?

Quando parei para reparar melhor no menino, percebi que ele era um garoto popular do quarto ano da Lufa-Lufa. Ele tinha o rosto fino, e o cabelo loiro liso.

— Está tudo bem, — sorriu amavelmente — não irei tomar o seu tempo. — disse me deixando ir para o Salão Principal.

Assim que eu pisei no Salão, Harry me chamou para ir até a mesa da Grifinória.

— As vezes eu acho que você é uma versão menos sabe-tudo da Mione, — ele comentou — vive andando com um monte de livros por aí…

— Bom dia para você Harry, — murmurei revirando os olhos e pegando o bacon de um dos gêmeos Weasley que me fuzilou com o olhar — na verdade eu estava estudando para História da Magia, eu quase reprovei nessa matéria ano passado...

— História da Magia? — Hermione franziu o cenho — Mas é tão fácil…

Harry, Ron e os gêmeos se entreolharam em negação.

— É que é impossível não dormir na aula de um fantasma falando sobre história! — exclamei e George acenou com a cabeça, concordando com o que eu falava.

— Por acaso, pequena amiga da Corvinal, você está falando com as pessoas certas. Nós, gêmeos Weasley, temos o produto que a impedirá de dormir na aula de qualquer professor. — Fred começou a falar.

— ...Mesmo que esse professor seja um fantasma. — George concluiu.

Fiquei alguns minutos pensativa até cochichar com Gina. — Eu deveria acreditar neles?

A garota apenas segurou o riso negando com a cabeça.

— Ei, maninha, pare de estragar os nossos negócios. — Fred resmungou e piscou para mim.

—  Fred, George, vocês não vão acreditar no que o professor Moody fez… — Rony exclamou como se tivesse lembrado de algo muito importante, os gêmeos se inclinaram na mesa dispostos a ouvir — Ele transformou Draco Malfoy em uma doninha, literalmente.

Os meninos deram risadas enquanto eu comia um pedaço de torta de abóbora, não gostava de me lembrar muito de qualquer coisa que envolvesse a família Malfoy, sentia que eles não eram confiáveis. Minha intuição me dizia que Lucius Malfoy me odiava, agora, por qual motivo? Eu não fazia a mínima ideia. Quanto ao filho dele, Draco, eu preferia nem perder tempo pensando porque não chegaria a conclusão alguma, tinha decidido que Malfoy era um complexo que eu não estava disposta a entender e a melhor saída era ignorá-lo.

— Eu adoraria ficar aqui com vocês falando sobre o Malfoy, mas tenho uma aula do Binns agora. — me despedi e logo tornei a disparar pelos corredores até chegar na sala de aula.

Por sorte, eu consegui chegar a tempo na sala de aula, indo me sentar no fundo. Arrumei o meu livro e o pergaminho sobre a mesa enquanto Binns esperava os alunos chegarem. Me surpreendi quando um garoto familiar se sentou do meu lado, era verdade, Corvinal dividia essa aula com a Lufa-Lufa.

— Olá, garota que me derrubou agora pouco. — ele sorriu.— ou eu deveria dizer, Camilla?

Senti as minhas bochechas queimarem de vergonha, primeiro porque eu tinha atropelado o garoto e segundo porque eu não fazia ideia de qual era o seu nome.

— Eu sou Ernesto Macmillan. — disse com um sorriso gentil.

— Me desculpe, eu ando uma pilha de nervos essa semana, são tantos trabalhos eu-, — disparei a falar nervosa novamente, e logo parei com as bochechas corando de vergonha — me desculpe, você provavelmente não quer ouvir isso. E arg, já deve ser a quinta vez que eu te peço desculpas.

Quando fui ver o garoto estava dando risada do meu diálogo.

— Está tudo bem, sério. — ele piscou e eu sorri aliviada.

Logo o Professor Binns começou a aula, nos impedindo de ter algum tipo de conversa paralela, não demorou muito ela estava eu dormindo em cima do meu livro. Acabei acordando somente no final da aula, com Ernesto me cutucando.

— Ei, dorminhoca, a aula já acabou. — disse dando risada enquanto eu fazia uma careta.

— Não acredito que eu dormi, de novo! — exclamei começando a guardar os meus materiais, recebendo a ajuda do lufano. — Sério, como você consegue não dormir? Porque eu simplesmente não consigo.

Novamente ele estava rindo da minha cara enquanto me ajudava a guardar as coisas na minha mochila.

— Acho que você não vai querer saber como eu tiro nota nessa matéria. — disse rindo enquanto andávamos para a saída da sala de aula.

Olhei para o loiro de soslaio e acabei rindo com ele.

— Acho que você tem razão, até mais tarde Ernesto. — me despedi com um beijo no rosto do garoto e novamente disparei pelos corredores de Hogwarts, dessa vez em direção às masmorras para a aula de Poções.

Infelizmente aquela aula era junto com a Sonserina, tudo o que eu menos queria no momento. As aulas de poções normalmente eram individual, então eu me sentei atrás de Cho Chang e abri o meu livro em silêncio.

— Página quarenta e sete. — Snape ordenou em tom frio, sem olhar para ninguém em particular ao entrar na sala de aula.

Poções era uma matéria que eu realmente gostava, só que o Professor Snape adorava complicar a vida de todos os seus alunos que não fossem da Sonserina. Com o tempo eu me acostumei com as injustiças que ele praticava na sala de aula e parei de me importar. Era incrível como ele sempre tinha um comentário desagradável para cada aluno da sala, e no meu caso era sempre me comparando a minha mãe, visto que ela era ótima nessa matéria na sua época de escola.

As vezes eu agradecia ao Chapéu Seletor por ter me colocado na casa da minha mãe, não conseguia imaginar o que seria de mim na Sonserina. Na verdade eu não conseguia me imaginar nessa casa, e muito menos conversando com o pessoal do meu ano dessa casa.

— Gostaria de compartilhar os seus pensamentos conosco Srta. Schmidt? — levei um susto ao perceber que Snape estava parado do meu lado.

— Hmm, não é nada demais. — disse sentindo o meu rosto assumir um tom vermelho enquanto alguns alunos da Sonserina davam risinhos.

— A srta. não iria gostar que eu retirasse dez pontos da sua casa, certo?

Engoli em seco.

— Estava pensando em como a Irlanda fez um ótimo jogo na Copa. — menti descaradamente, coisa que ele com certeza deve ter percebido.

— Descontarei vinte pontos da Corvinal por sua insolência. — ele disse em bom tom, fazendo com que diversos colegas da minha casa me olhassem feio.

Contive a expressão de raiva para mim enquanto ele ia para frente da sala, começar a dar sua aula.






(...)






Já se faziam bons meses que as aulas tinham começado, e desde então eu estava em uma rotina louca de estudos, sendo que meus únicos momentos de descontração eram nas visitas a Hogsmeade. Tinha ficado com medo de meu pai me tirar da escola caso eu vacilasse, então tinha passado tirar notas altíssimas para impressioná-lo e como sempre, nada. Eu sinceramente não tinha recordações de ver o meu pai sorrindo ou elogiando nenhum de meus irmãos. Acho que eu era a única estúpida que continuava atrás do reconhecimento dele como uma criancinha. Por isso eu acabei resolvendo largar de mão, deixei a minha nota de História da Magia de lado.

Naquele ano acontecia o tão esperado Torneio Tribruxo, Hogwarts recebia alunos de duas escolas: Beauxbatons e Durmstrang. Os alunos não paravam de tagarelar coisas sobre Vítor Krum, ou sobre a beleza das meninas francesas. Porém quando houve a seleção dos campeões de cada escola, o assunto central foi outro. Harry Potter.

De alguma forma Hogwarts tinha tido dois alunos selecionados, Harry Potter e Cedrico Diggory, o que era extremamente estranho já que Harry não tinha idade para participar e não podia colocar o seu nome na taça. Depois disso Harry tinha ficado incrivelmente ocupado, então eu acabava passando o meu tempo com os gêmeos Weasley, na maioria das vezes sendo plateia das pegadinhas dos meninos.

Meus irmãos também pareciam mais ocupados e distantes, havia algo que estava acontecendo entre eles que eu não sabia.

Com o passar dos meses eu acabei me aproximando mais de Ernesto, tínhamos se tornado bons amigos. Felizmente ele me acobertava nas aulas do Binns, e sempre me dava a matéria que eu tinha perdido enquanto dormia, em troca eu o ajudava nas aulas de poções.

Aos sábados nos íamos para Hogsmeade, ficávamos em um barzinho que costumava ser silencioso e eu o explicava a matéria que ele tinha dificuldade.

— Entendeu? — perguntei para o garoto que me olhou como se fosse morrer.

— Eu já falei que odeio essa matéria?

— Já. — confirmei dando risada

— Quer saber, vamos beber cerveja amanteigada, eu não aguento mais estudar poções em pleno sábado. — ele resmungou afastando o livro, eu não pude deixar de sorrir.

— Você tem razão.

Fomos juntos até o balcão do Três Vassouras, fiquei em silêncio enquanto Ernie fazia o pedido. Ao olhar o bar pude ver Ron, Mione e Harry em uma mesa no canto, sorri acenando para meus amigos.

— Aqui está. — o loiro me deu um copo espumante enquanto segurava o seu próprio copo, nós dois voltamos para a mesa rindo e conversando.

Dei um gole na cerveja enquanto observava o movimento do bar.

— Eu não sei como você ainda tem paciência para me ensinar poções. — ele comentou com um pequeno sorriso envergonhado dando um gole em sua cerveja.

— Te garanto que não é tão difícil quanto um fantasma falando sobre a Guerra Bruxa. — disse dando risada, eu deveria ser uma das poucas alunas da Corvinal que tirava notas tão ruins em uma matéria tão simples como aquela.

— Ham, Cam, eu queria te fazer uma pergunta… — Ernesto desviou o olhar, suas bochechas assumiram um tom avermelhado.

O olhei curiosa.

— Sabe...Hm...Quer ir comigo ao Baile de Inverno? Claro a não ser que você já tenha um par, ou que você não queira…

Dei risada.

— Eu quero, digo, ir com você. — sorri vendo o menino quase se engasgar com a cerveja amanteigada.

— Sério? — perguntou com os olhos arregalados.

Apenas balancei a cabeça dando risada enquanto me focava em terminar a minha bebida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.