Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 36
Capítulo 36 - It might be dangerous




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/36

Capítulo 36 - It might be dangerous 

 

CAMILLA SCHMIDT 



— Eu estou dizendo, Malfoy está planejando alguma coisa. Estive olhando o mapa do maroto e diversas vezes ele simplesmente sumiu do território da escola, se isso não é estranho...Aliás, Dobby e Monstro descobriram que ele estava frequentando a Sala Precisa. — Harry disse sério com uma entonação de preocupação — Por favor, tome cuidado com ele. 

Engoli em seco, olhando para o garoto.

— Ele não iria me machucar Harry, nós somos basicamente amigos de infância. — sussurrei, porém ele não pareceu acreditar muito na minha fala.

— É, mas o melhor amigo dos meus pais entregou eles para Voldemort. Eu não confiaria tão cegamente no Malfoy se fosse você. — ele disse duramente, jogando um balde de água fria sobre mim.

De fato não havia como rebater aquilo, Rabicho tinha traído os pais de Harry quando eles menos suspeitavam. Mas...Draco gostava de mim...certo?

Engoli em seco me sentindo nervosa, já tinha brigado muito com Harry sobre aquilo, mas neste momento em especial me encontrava sem forças para brigar e ainda por cima, tinha medo de que ele estivesse certo.

Os dias passavam com uma velocidade avassaladora, mais de metade do meu tempo era empregado estudando, mas na verdade meus únicos momentos de paz era quando eu me deitava ao lado de Draco e me aninhava ao corpo dele. Eram nesses momentos que eu me sentia segura, me sentia ouvida, sentia que eu importava.

Conforme o nosso “relacionamento” avançava, cada vez menos Draco se preocupava com o resto da escola. Eu fui percebendo que meu nome e o dele já estavam na boca dos alunos, querendo compreender o porquê de sermos vistos sorrindo um para o outro. 

  Não demorou muito para surgirem umas teorias bem bizarras, a que mais me assustou foi a fofoca de que tanto eu quanto Draco éramos Comensais da Morte e que estávamos juntos para poder supervisionar Hogwarts. Isso me entristecia, me doía ver que apesar do histórico da minha família, as pessoas acreditavam que eu fosse me filiar a Voldemort.

Mesmo com todos os boatos, os avisos de Harry e até mesmo as discussões frequente que eu tinha com Ernesto, eu e Draco decidimos ir a Hogsmeade juntos. Dessa vez ele tinha prometido não me deixar sozinha, mas não podia negar que enquanto eu me arrumava no dormitório feminino da Corvinal, uma sensação ruim me assolou.

— Está tudo bem? — Sabrina entrou no dormitório, ergueu a sobrancelha assim que me viu parada diante do espelho como uma estátua.

Engoli em seco, olhando para a garota no reflexo. Toda a maquiagem no rosto dela era uma perfeita máscara para cobrir as noites mal dormidas, as lágrimas, os gritos, a resistência. Mas olhando mais perto para aquela garota no espelho, eu podia ver ela se estilhaçando aos pouquinhos.

— Camilla?

— Ah, está sim. — murmurei me virando para a loira, incapaz de olhar o meu reflexo. 

— Você não está magoada pelo o que Ernie disse ontem né?

Ernie.

Eu não queria lembrar do meu amigo agora.

Se antes eu e Harry vivíamos discutindo, agora Ernie estava disposto a gritar comigo, dizendo que eu estava compactuando com o meu pai e os Comensais da Morte. 

— Eu não quero pensar sobre ele agora. — forcei um sorriso, que logo se desmanchou — Entendo que ele não goste do Draco, mas...é uma decisão minha, sabe? Eu e o Malfoy temos mais em comum do que vocês possam imaginar, por mais que ele representa tudo o que eu vou contra, existe algo por trás.

A loira se sentou na ponta da minha cama e suspirou pesadamente. Desde o começo eu sabia que a minha amiga não achava que eu e o Malfoy juntos era uma boa ideia, mas de alguma forma, por algum motivo, ela tinha me defendido diante do namorado.

— Você nunca me falou o que é isso. — Sabrina comentou, sem conseguir disfarçar a curiosidade.

Dei um sorriso amarelo.

— É uma história meio longa e com boas partes faltando, mais tarde eu conto pra você. — sorri dando um breve abraço de despedida em minha amiga.



(...)




Você veio. — sussurrei com os olhos arregalados vendo Draco parado na frente do castelo com as mãos no bolso, ele estava lindo vestindo suas típicas roupas escuras e caras.

O loiro virou-se para mim, dando um sorriso aliviado.

Não pude evitar pular nos braços dele, o abraçando como se aquela fosse a última vez que eu iria sequer chegar perto dele. Afundei meu rosto nas vestes dele, era engraçado o como ele era bem mais alto do que, o seu queixo encostava na minha cabeça.

Draco passou os braços ao redor da minha cintura meio desajeitado, e por fim ficou ali.

Pude ouvir os batimentos ansiosos do coração dele, e sorri com a possibilidade de ele estar nervoso com a minha presença.

— Ei, — comentei assim que nos afastamos e eu pude olhar seu rosto — Draco você está bem?

Ser pálido era da natureza do loiro, contudo naquele sábado ele parecia duas vezes mais branco que o normal. Na verdade ele aparentava estar doente.

Olhando para Malfoy daquela forma, tudo o que Harry me disse fugiu da minha mente, o loiro parecia estar realmente adoentado. Não conseguia imaginar ele rondando por Hogwarts bolando um plano maquiavélico. Ele parecia desamparado e até mesmo triste, talvez fosse por isso que eu permaneci tanto tempo no abraço dele. Queria que Draco soubesse que eu estava ali por ele, e que ele podia se abrir comigo, principalmente para poder me contar sobre os sumiços que ele dava a todo momento.

Por um instante, olhando para aquele par de olhos azulados com um mesclado de cinza, eu esqueci completamente de que ele me devia respostas sobre o meu passado. Deixei passar em branco o fato de que Malfoy sabia muito mais do que falava.

— Eu estou bem, ande, quero levar você na Dedosdemel e depois podemos podemos parar num bar para beber alguma coisa. — ele comentou desviando o olhar, puxando a minha mão.

— Tudo bem. — murmurei sem conseguir me convencer com a fala dele, percebendo isso, Malfoy parou de andar e sorriu para mim.

— Você não precisa ficar se preocupando comigo linda, está tudo bem. 

Meu coração pareceu pular dentro do meu peito, embora houvessem pessoas curiosas ao nosso redor, tudo o que eu conseguia enxergar era ele.

Draco sorriu para mim, inclinando seu rosto em direção ao meu, me roubando um selinho. Assim, bem simples, na frente de metade da escola. Eu não sabia se me sentia extremamente envergonhada ou muito feliz, porque aparentemente, eu era a primeira pessoa a fazer Draco Malfoy ir contra tudo o que ele acreditava. Era a primeira pessoa que não fosse sangue-puro qual ele não teve vergonha de beijar em público.

Sorri, sentindo meus olhos marejarem, deixando que as memórias que eu tinha recuperado me infestassem.

— Vem, vamos.

Ignoramos os cochichos ao nosso redor e seguimos o caminho para Hogsmeade conversando sobre coisas aleatórias, Draco tentava ao máximo desviar das minhas perguntas sobre o que ele andava fazendo ultimamente, na verdade o semblante dele entristecia oda vez que eu tocava no assunto.

Passei boa parte do percurso falando para ele como era o meu dia a dia, meus dois melhores amigos estavam teoricamente brigados o que deixava um clima bizarro no ar toda vez que ocupávamos o mesmo ambiente, o trio de ouro estava focado em suas respectivas vidas amorosas e bem eu estava estudando como sempre. Deixei para trás detalhes cruciais sobre como eu andava me sentindo nos últimos dias, como eu estava preocupada com meu irmão Charles ou até mesmo como eu me sentia vazia quando me lembrava que nunca mais iria ver a minha mãe novamente.

— Aqui está a sua cerveja amanteigada, e eu espero que você não beba nada mais alcoólico do que isso hoje. — o loiro me advertiu colocando os dois copos de cerveja sobre a mesa.

Dei um sorriso de canto.

— O que eu posso fazer se a situação requer que eu fique bêbada? — ironizei — Eu tenho uma tonelada de conteúdo para estudar, e ainda tem as provas de final de ano…

— Talvez você devesse dar uma pausa, ao invés de ficar se cobrando tanto. Vai te ajudar a se sentir melhor. — Draco murmurou, perdido em seus próprios pensamentos. Por mais estranho que fosse, parecia que ele estava falando aquilo para si mesmo, e não para mim.

— Acho que você tem razão. — respondi pensativa. — Mas, não me vejo negando uma garrafa de hidromel.

Draco deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça como se desaprovasse a minha atitude ao mesmo tempo em que achava engraçado.

Boa parte da nossa conversa foram provocações ou alguma piada, já que eu estava sempre rindo de qualquer coisa que saísse da boca do loiro. Qualquer pessoa que entrasse naquele bar e nos observasse saberia que eu estava perdidamente apaixonada por aquele garoto, porque eu simplesmente não conseguia tirar os meus olhos dele. Porque eu amava a forma como ele trazia a minha infância de volta, me fazendo ignorar as partes tristes do meu passado.

Draco era um tipo de âncora que me dava segurança, uma âncora bem bonita por sinal.

— Vamos? — ele perguntou se levantando, quando já tínhamos terminado o terceiro copo de cerveja amanteigada.

Fiz uma careta manhosa, na verdade eu não queria sair do bar, me sentia confortável ali e uma sensação um tanto ruim me dizia para ficar ali dentro.

— Anda. — ele riu soprado me puxando pela mão.

Fui arrastada por Draco pela mão em direção à saída do bar, eu andava em passos lentos fazendo uma careta, seguindo atrás do garoto.

Bem, foi aí que tudo começou a dar errado.

Estava muito lenta para poder me dar conta do que estava acontecendo ao meu redor, Draco estava a minha frente enquanto eu tinha minha visão comprometida pelas costas dele. O garoto era tão mais alto que eu não consegui enxergar nada a frente dele.

— Sr. Malfoy — uma voz masculina disse friamente enquanto passava por ele.

O loiro pareceu enrijecer, soltou a minha mão rapidamente e engoliu em seco.

Franzi minha sobrancelha, não conseguia entender um “a” do que os dois estavam falando. Quando a conversa pareceu acabar Draco me puxou com força pela mão para fora dali, eu não sabia se ele não queria que o homem me visse ou eu não visse o homem.

— Aí, tá doendo! — exclamei assim que saímos do bar.

Malfoy soltou a minha mão e deu alguns passos para frente, as mãos dele foram direto para a cabeça, desalinhando seus fios loiros. O garoto repetia algumas frases desconexas como se estivesse em transe, sua respiração parecia estar a mil.

Ele estava tendo um ataque de pânico.

Minha expressão raivosa se desmanchou em questão de instantes, comecei a andar atrás de Draco, preocupada com o que quer estivesse passando pela cabeça dele.

— Você não deveria ter me seguido até aqui. — ele murmurou cabisbaixo, estávamos em um canto isolado do povoado.

— Draco, o quê está acontecendo? Quem era aquele homem? Por quê…

Ele fechou os olhos com força, como se aquela conversa estivesse lhe dando dores de cabeça.

— Camilla, olhe, isso, nós....

Me aproximei cautelosamente dele, moldando seu rosto fino com as minhas mãos. Aquele olhos cinzas que eu tanto admirava agora estavam enevoados, como se ele estivesse alguma coisa ruim.

Meu olhar foi rapidamente de seus olhos até sua boca, e por um impulso, me inclinei na direção dele.

Algo em mim sabia o que ele iria falar, mas eu não queria ouvir, queria fingir que ele nunca tinha sequer começado aquela frase.

Draco me correspondeu com fervor, me puxando para mais perto dele, suas mãos deslizavam pelo meu corpo me dando uma série de arrepios. Era assim, nada seria tão bom quanto estar beijando ele.

Na maioria das vezes eu sentia como se os beijos dele, os chupões e a mão boba fossem o suficiente para nos distrair do que estava acontecendo de errado ao nosso redor. Nós dois estávamos em uma bolha, e nessa bolha conseguíamos ser livres e sentir prazer da forma que nos convinha, contudo, a realidade tinha batido a porta.

— Eu não posso continuar fazendo isso com você. — disse tirando suas mãos do meu corpo.

— Eu sei. — falei prontamente, Draco ficou tão pálido que eu pensei que ele fosse desmaiar de espanto ali — Sei sobre o nosso passado, sei o que o seu pai fez comigo.

Ele respirou fundo, aparentemente o buraco era bem mais fundo que aquilo, porque ele me encarou por bons momentos.

— Quando você descobriu? — perguntou lentamente.

— Quando eu voltei bêbada de Hogsmeade.

Ele assentiu com a cabeça, parecia prestes a ter um tique nervoso.

— A minha família apagou a sua memória...Eu fui um idiota com você e você ainda tem coragem de...Você sabia todo esse tempo…

Mordi o lábio enquanto acenei concordando.

— Está vendo? Isso precisa acabar. Você vai sair machucada no final disso e eu sinceramente…

Abri a minha boca surpresa.

— Por quê isso tão de repente? O que aconteceu no bar? Draco!

O loiro baixou o olhar, ele olhava silenciosamente para os meus pés.

— Eu fui idiota por ter deixado isso acontecer, olhe, Cammie, nós não podemos ser vistos juntos novamente, vai ser perigoso para você. — Draco parecia calcular todas as palavras que ele falava enquanto meu coração se estilhaçava em milhares pedacinhos. — Isso foi um erro.

— Você podia ter dito isso antes de levar para a cama não acha? — disse em voz baixa, tentando disfarçar o tanto de raiva que eu sentia naquele momento.

Novamente, ele respirou fundo.

— Me desculpe, eu acho melhor ir indo na frente.

— Malfoy.  — o chamei uma última vez, fazendo com que ele virasse para mim — Eu te odeio pelas suas mentiras, e pode ter certeza de que eu não vou voltar para você de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.