Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 29
Capítulo 29 - Maybe I'll be drunk again, to a feel a little love




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Capítulo 29 - Maybe I'll be drunk again, to a feel a little love



CAMILLA SCHMIDT 



Tinha sido uma péssima noite de sono, minha mente continuava uma bagunça, eu permanecia sonhando com a minha mãe morrendo na minha frente em um looping infinito, acabava acordando no meio da madrugada com o corpo suando frio. Por dentro eu estava pessimista, queria continuar deitada naquela cama e fingir que tudo não era nada além de um sonho ruim, podia ficar eternamente ali. Mesmo assim, sentia algo levemente bom sobre o dia que estava por vir.

Não iria admitir que o simples convite de Draco Malfoy tinha me animado e por hora conseguiu me distrair dos meus pensamentos ruins. Me permiti naquele momento, sorrir de verdade. Tinha feito tanto esforço para ser otimista que não iria deixar nada me abalar.

Um pequeno sorriso surgiu no meu rosto enquanto eu atravessava o Salão Principal ao lado de Sabrina, estranhamente era a primeira vez que eu acordava de bom humor naquele semestre inteiro. Algo me dizia que aquilo era um ótimo motivo para não deixar nada estragar o meu dia.

— Meu Merlin, você está sorrindo antes do almoço? — minha amiga arqueou a sobrancelha incrédula e eu apenas dei um sorrisinho discreto — O que um certo Malfoy não faz.

— Céus, vira essa boca pra lá. — fiz uma careta assustada empurrando a menina, e tornei a sorrir brilhantemente me sentando a mesa da Corvinal. — Olha, torta de chocolate.

Sabrina balançou a cabeça rindo.

— Sabe, Cam, analisando o seu comportamento eu cheguei à conclusão de que você está muito apaixonada. — ela sorriu maliciosa, mas assim como todo mundo eu pude perceber a entonação de preocupação.

Eu não a culpava, me sentia idiota por não ter seguido o conselho da minha mãe. Sentia que quanto mais próxima eu ficava dele, mais as palavras de Dobby e Quinn faziam sentido na minha cabeça. Era um longo processo de aceitação.

Não tinha desistido de arrancar respostas do garoto, mas resolvi mudar a minha abordagem, iria questioná-lo mansamente e hoje seria o dia perfeito para isso, já que fazia um certo tempo que eu não via mais o garoto andando pela escola. Me perguntava se Malfoy tinha tomado jeito e começado a estudar. É, acho que não.

— Por falar em paixão, posso saber por que você e Ernie estão brigados? — perguntei dando um gole no meu habitual suco de abóbora, já estava tão acostumada em ouvir as pessoas falarem que eu estava apaixonada por Malfoy que fazia o possível para não me importar. Não tinha muito o que eu pudesse fazer naquela situação, Hermione por exemplo, já sabia que eu sentia o cheiro do cabelo dele na minha amortentia.

Sabrina me olhou pelo canto do olho e suspirou.

— Eu tive uma crise de ciúmes boba. — ela admitiu em voz baixa, como se estivesse extremamente envergonhada, aos pouquinhos ela começou a me explicar a história. Basicamente ela teve uma crise de ciúmes ao me ver andando pela escola com Ernesto, como eu dificilmente falava sobre o que sentia, Sabrina só foi relaxar quando percebeu que eu meio que já tinha olhos para outro alguém.

— Ora por favor. — falei em voz alta quando terminei de comer — Sabrina Harris, pessoas se beijam o tempo todo, e muitas vezes elas percebem que não funcionam juntas e a vida segue normalmente. Se eu e ele fossemos ficar juntos, te garanto que já teria acontecendo.

— Eu estou me sentindo infantil agora. — ela contou o rosto com as mãos, deixando alguns fios de cabelo loiro cair em seu rosto.

— Tá tudo bem. — sorri genuinamente para ela  — Agora, faz o favor de ir conversar com o seu namorado, aproveitem o passeio a Hogsmeade.

— Mas e você?

— Já tenho planos. — contive um sorriso de canto. — Aliás, tenho que ir me arrumar, até mais tarde.

Sai do Salão Principal com um pequeno sorriso no meu rosto, a ideia de sair com Malfoy na frente de toda a escola era assustadora mas ao mesmo tempo motivadora. Queria ver de perto a expressão daquela tal Pansy Parkinson, ao mesmo tempo eu rezava que nem Harry ou Ronald nos visse andando pelo povoado, não queria brigar com os meninos por tão cedo.

Parei no meio do caminho para conversar com Luna Lovegood, e sem demoras fui direto para o dormitório feminino da Corvinal. Por conta do clima chuvoso eu vesti um moletom rosa, calças jeans, coturno e por cima coloquei um sobretudo amarelo bem claro. Dei uma breve arrumada no meu cabelo, e só sai do Salão Comunal quando o corretivo tinha escondido as minhas olheiras e um batom vermelho coloria meus lábios.

Peguei uma bolsinha transversal e sorri ansiosa consigo mesma.

— Uau, onde você está indo assim? — Sabrina me parou em um dos corredores de boca aberta — Agora eu entendo porque dizem que beleza é algo da sua família.

Revirei os olhos dando risada, minha mãe era realmente muito bonita e no fundo eu acreditava que Richard e Charles tinham puxado toda a beleza da família para si, por mais que Richard fosse quase que uma cópia perfeita do meu pai ele ainda tinha os olhos esmeralda da mamãe.

— Não é beleza, é maquiagem Sa. — falei me apoiando nos ombros dela enquanto andávamos pelo castelo, me sentia mais leve daquele jeito. Acredito que o único ponto positivo na minha vida desde que meu pai fora para Azkaban tinha sido a liberdade, eu não precisava seguir as ordens dele e muito menos tirar as melhores notas da escola.

Sentia que eu podia finalmente deixar a minha personalidade fluir aos pouquinhos.

— Eu nunca te vi tão bonita antes, — ela admitiu — olha, é melhor que Malfoy não te decepcione senão eu mesma quebro a cara dele.

— Isso aqueceu o meu coração. — ironizei abraçando a garota de lado, recebendo alguns olhares enquanto andávamos para fora do castelo.

— Eu tenho que ir encontrar Ernie, boa sorte Cam.

Acenei para ela sorrindo, enquanto ia em direção para o zelador. Estava tão feliz que nem a cara feia de Filch ia destruir o meu dia, sorri para ele (provavelmente o único sorriso que eu dirigi para ele na vida) e perguntei gentilmente se Malfoy estava na lista de Hogsmeade.

— Não. — disse com a sua carranca de sempre, a gata dele, Madame Norra, miou como se risse da minha expressão de desgraça.

Ergui a sobrancelha incrédula.

— Perdão?

— O Sr. Malfoy está cumprindo detenção no momento, já faz algum tempo que ele vem cumprindo detenções aos sábados.

Filch sorriu maldoso ao ver o meu olhar de frustração.





(...)






Eu não preciso de um cara para animar o meu dia de merda, foi o que eu pensei assim que coloquei os meus pés em Hogsmeade. A primeira coisa que eu fiz foi ir em direção a Dedosdemel, iria me entupir de todos os doces que encontrasse no caminho e depois encontraria alguém em algum bar e tomaria vários copos de cerveja amanteigada.

Não parecia ser algo que meu pai apreciaria, mas no fundo aquilo me animou, eu adorava contrariar as expectativas dele.

— O quê essa bela dama faz sozinha? — um garoto da Lufa-Lufa me parou enquanto eu olhava abobada para algumas prateleiras, ele era um dos amigos de Ernie, Justino era seu nome.

— Olá! — acenei animada, vendo que havia mais alguns garotos da Lufa-Lufa ao seu lado.

— Quer se juntar a gente? Nós vamos no Três Vassouras, quem sabe conseguimos comprar algum uísque de fogo.

Ergui a sobrancelha com um pequeno sorriso irônico, duvidava muito que eles fossem conseguir a bebida já que a mesma não era permitida para menores de dezessete anos, mas mesmo assim concordei e me juntei aos garotos.

No meio do caminho encontramos algumas garotas da Lufa-Lufa e acabamos conversando bastante, era a primeira vez que eu entrava em contato com várias pessoas daquela casa, e tinha de admitir que eles eram bem agradáveis.

— Cerveja amanteigada para todos. — um dos garotos pediu enquanto nos sentávamos em um lugar afastado no bar.

A bebida logo chegou enquanto todos conversávamos animadamente. Me senti uma adolescente normal no meio deles, podia rir, falando sobre as minhas burradas abertamente sem me sentir julgada.

— Ah sim, eu tive uma crise de sonambulismo uma vez e acabei na biblioteca. Filch me encontrou e acabou me levando para Dumbledore. — contei para um garoto que se chamava Michael quando já tinha passado do terceiro copo.

— E o quê aconteceu?

— Peguei uma detenção apenas. — dei de ombros, já tinha cumprido tantas detenções que eu sinceramente não me importava mais, principalmente depois de Umbridge. A única coisa que a existência daquela mulher me serviu, foi para perceber que eu não deveria aceitar tudo o que os professores falavam ou faziam, como as detenções injustas que Snape dava nos alunos por exemplo. — E você?

O garoto começou a contar uma história de como ele entrou numa enrascada tentando ajudar os gêmeos Weasley e acabou sendo pego por Filch sozinho.

Dei risada em alguns momentos enquanto terminava a minha bebida, quase nem percebi quando os meninos começaram a encher os copos com algo que estava longe de ser cerveja amanteigada.

— O quê é isso? — perguntei cheirando o líquido.

— Uísque de fogo. — um outro garoto de cabelos escuros piscou para mim, acho que seu nome era algo como Trevor.

Dei um gole na bebida olhando para o garoto com uma sobrancelha erguida, senti a bebida descer queimando pela minha garganta, não consegui conter uma careta. Cerveja amanteigada era o refrigerante dos trouxas perto daquilo.

É muito bom! — exclamei dando um outro gole enquanto uma garota riu do meu lado.

— Só não faça muito escândalo, se descobrirem que conseguimos comprar isso… — fez uma careta e eu consegui entender o que ela queria dizer com aquilo.

Agora a conversa naquela mesa já estava bem animada, uma menina e um menino se retiraram para ter um momento a sós, mas mesmo assim o grupo continuava a conversar. Os temas eram bem diversos indo desde quadribol até as histórias dos meninos de como eles tinham ficado com meninas depois do toque de recolher sem Filch sequer suspeitar.

O armário de vassouras! — fiz uma careta logo que Trevor revelou o lugar.

Os meninos riram.

— Se você fosse, iria adorar. — Michael, o garoto que contou sobre a detenção, piscou para mim. Minhas bochechas coraram brevemente, e um sorriso audacioso surgiu no canto do meu rosto, talvez porque eu já estava alterada.

— Eu duvido. — fiz pouco caso dando um bom gole no uísque, o pessoal riu, como se eu tivesse ofendido o ego dele.

A conversa ia e vinha e eu continuava bebendo, acho que nunca tinha recebido tantos flertes como naquele dia, e eu tinha flertado de volta também. Meu lado racional, que já estava bem distante, me dizia que eu iria me arrepender de fazer aquilo, que iria sentir vergonha de olhar aqueles garotos nos olhos na semana seguinte mas como o bom senso não estava ao meu lado, eu apenas ignorei.

Pedi para um garoto encher o meu copo, já tinha perdido a conta de quanto tinha bebido, só sabia que era muito, porque a minha vista estava embaçada e eu ria de qualquer coisa.

— Namorado. — dei risada debochada quando me perguntaram se eu estava saindo com alguém — Óbvio que não.

Não deixava de ser uma verdade.

O garoto ao meu lado, Michael, sorriu ao ouvir aquilo.

— Como você não tem um namorado? — um garoto perguntou curioso.

Eu sinceramente não sabia de onde tinha vindo toda a minha audácia naquele momento, mas mesmo assim…

— E por quê diabos eu precisaria de um namorado? — debochei dando um outro gole na bebida — Vocês por acaso precisam de uma namorada?

Todo mundo naquela mesa não estava necessariamente sóbrio, então eles riram, acabando concordando comigo. 

Era óbvio que eu estava certa.

— Eu jurava que você namorou o Ron Weasley. — Susan Bones comentou e eu dei risada achando graça.

— Ron é bem bonitinho, mas ele me deu um fora no terceiro ano, desde então somos só amigos. — disse com uma sinceridade descomunal, não era do meu feitio falar da minha falha vida amorosa.

— E Ernie?

Neguei com a cabeça, terminando outro copo.

— Apenas melhores amigos. Sabe, eu não preciso de nada no momento, — falei me encostando em um garoto loiro — quer dizer, na verdade talvez eu precise de chocolate, só isso.

— Sabe, Camilla, você bêbada é mil vezes melhor do que sóbria. — Trevor disse dando risada e eu sorri. Ia começar a falar para ele o como eu era uma pessoa incrível, porque a minha família era renomada, mas fui interrompida por Sabrina.

— Eu sei disso, sabe... — ia começando a falar quando me deparei com uma loira extremamente furiosa parada na minha frente.

— CAMILLA! — a voz de Sabrina me deu calafrios, arregalei meus olhos e puxei uma garota na minha frente, tentando me esconder de minha amiga mesmo que ela pudesse me enxergar perfeitamente. — Eu estou conseguindo te ver!

— Sabrina, que surpresa. — forcei um sorriso feliz — Olha, eu estava conversando com a Sara e com o Matthew.

Os dois me olharam e deram risada, seus nomes eram Susan e Michael.

— Eu vou pegar a minha amiga emprestada. — Sabrina forçou um sorriso, a loira me puxou pelo braço para fora do pub enquanto eu cambaleava meio zonza.

— Não briga com… — comecei a falar e por um instante eu esqueci como a palavra terminava, então fiquei olhando para o céu esperando que meu cérebro me lembrasse o resto — igo!

Ela me olhou horrorizada.

— Como diabos você ficou assim?

— Ah, — eu sorri maliciosa me escorando no ombro dela — não faço a mínima ideia, sabe, se você não tivesse me atrapalhado eu ia testar o armário de vassouras com um garoto chamado Matthew. Ele é tão bonitinho.

O queixo dela pareceu cair.

— Camilla, você bateu a cabeça?

— Sabia que eu já caí de uma vassoura enquanto eu estava voando pelo jardim da minha casa? Eu devia ter uns onze anos na época, foi bem dolorido. AI. — gritei quando ela me deu tapa no ombro.

— Olha aqui, nós duas vamos para Hogwarts agora, e eu espero que a senhorita tenha uma ótima desculpa para isso. — gesticulou furiosa na minha direção eu quanto eu rodopiava dando risinhos felizes.

— Sabrina, por favor, esse é o dia mais feliz desse ano de merda. — cantarolei enquanto enlaçava o meu braço no dela. Mentalmente eu me repreendi quando vi a expressão preocupada no rosto dela.

— Você tem sorte de eu ter um pouco de poção para ressaca sobrando.




(...)






— Murta! — exclamei acenando para a fantasma — Tudo bem? Ah sabe, eu só estou sendo educada em te perguntar,  não quero saber sobre a sua vida aqui, mas eu estou ótima, obrigada!

Sabrina me olhou com incredulidade enquanto segurava o frasco de poção para ressaca que eu iria tomar, Murta que pairava próximo dela dava risada do meu estado.

— Esse é o melhor dia do ano. — fiz uma dancinha ridícula enquanto cantarolava alguma música trouxa que eu tinha conhecido nas férias quando parei subitamente, olhando séria para Sabrina — E-Eu não estou me sentindo tão bem assim…

Antes que pudesse terminar de falar, corri para a cabine mais próxima e vomitei o pouco que eu tinha comido o dia inteiro. Já podia sentir a minha cabeça latejar.

Por quê você só vem aqui para vomitar?! — Murta parecia estar zangada.

— Ah que droga. — murmurei olhando para o vaso sanitário, percebendo aos poucos a merda que eu tinha feito. Abaixei a minha cabeça, deixando meus fios de cabelo caírem no meu rosto enquanto eu curvava meu corpo em direção ao vaso. — Eu sou uma droga, por Merlin, por quê eu não consigo passar um dia sem me sentir horrível?

Tentei secar algumas lágrimas que desciam pelo meu rosto, mas acabei parando para vomitar novamente.

Sabrina apoiou suas mãos em meu ombro, e me ajudou a se levantar. Ela estava furiosa, mas a preocupação era muito mais evidente em seu rosto.

— Camilla, o quê está acontecendo?

Olhei para ela, com o meu olhar completamente perdido.

— Eu não sei, eu não sei. — afundei meu rosto em seu ombro, sem sequer pedir permissão, sabia que se estivesse em estado normal jamais faria isso — Eu achei que esse dia ia ser incrível, que ele ia me animar, mas acho que nem ele me suporta.

— Ele...o Malfoy?

— Por favor, não me fale esse nome. — choraminguei — Ele é um filho da puta que beija tão bem sabia? Não que eu queira que você beije ele para saber isso nem nada do gênero...Meu Merlin, por quê eu não calo a porcaria da minha boca.

Naquele momento eu tinha que reconhecer que Sabrina era uma ótima amiga, já que ela não riu do meu estado, apenas me abraçou e logo depois me obrigou a tomar a poção da ressaca.

— Camilla, vá dormir. Amanhã quando você acordar nós conversamos, certo?

Eu olhei para ela como se não tivesse muita saída, e então parei no meio do corredor.

— Que droga Sabrina, eu queria ter testado o armário das vassouras. — bufei.


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