Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 28
Capítulo 28 - Nobody needs to know




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Capítulo 28 - Nobody needs to know



DRACO MALFOY



A garota ao seu lado sorria, o sorriso dela foi capaz de aquecer o coração dele por alguns milésimos de segundos. Sentia-se estranho ao lado dela, e ao mesmo tempo confortável. Para Malfoy era muito difícil de admitir que aquela garota não era mesma que ele tinha conhecido oito anos atrás, claro que ela seria diferente, afinal tinha crescido. Mesmo assim…Tudo nela era estranhamente convidativo, como ela colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha tentando se concentrar em seus livros, a forma como a menina sorria envergonhada, ou, pior ainda, quando ela ficava enfurecida fechando a cara para ele.

Draco sabia que não deveria gostar dela, sabia que não deveria se envolver e muito menos se importar com ela.

Ele tentava, ah sim ele tinha tentado muito. Só que no seu ponto de vista, tudo aquilo que era proibido era mais excitante. Os amigos da menina o odiavam, e ele também detestava cada um deles. Tinha crescido com a ideologia de menosprezar aqueles que não fossem sangue-puro, seus pais esperavam que futuramente ele se casasse com uma garota de uma família nobre. Mas em meio a tudo aquilo, lhe parecia bem interessante quebrar as regras.

Draco Malfoy era um covarde quase que incorrigível, mas quando ele se deparava com os lábios entreabertos da garota, esperando por ele, sentia seu autocontrole ir embora. Sentia uma pontinha de coragem, tudo por causa dela.

Foda-se as consequências, foi o que ele pensou na primeira que vez que se beijaram. Ninguém precisava ficar sabendo do que tinha acontecido, com sorte não iria acontecer novamente. Foi o que ele pensou. Acreditou que o sentimento de amizade dele pela garota iria retornar, e ele deixaria de ficar a desejando.

Bem, as coisas não aconteceram do jeito que ele tinha esperado.

Passou as férias apegado a memória do beijo dela, era como um refúgio em meio ao caos que a vida dele tinha se tornado. Não compreendia o porque ela tinha ficado presa em sua mente, ele queria acreditar que aquilo tinha sido apenas um beijo que fora induzido pelos seus hormônios descontrolados. Em partes fora, em outras não.

Quando viu Camilla ficar presa no mesmo vagão que ele, não conseguiu pensar de forma racional. Eles estavam sozinhos, ninguém iria ver nem saber de nada.

“— Que irônico, — Blasio sorriu malicioso quando descobriu o que aconteceu no Expresso — ver você apaixonado por uma mestiça.

Malfoy se virou para o rapaz com um olhar incrédulo.

Eu com uma mestiça? Você está louco.”

Novamente o garoto apenas sorriu, dando de ombros, tinha percebido desde o começo a necessidade de seu amigo se provar para a garota. De mostrar que era melhor que o Potter, que ele era o grande Malfoy de uma família rica e nobre. O mais engraçado daquela história era que a menina sequer se importava, claro, Zabini tinha percebido que ela olhava para Draco com curiosidade, mas a menina nunca se surpreendia com as várias vezes que o loiro de gabava para quem pudesse ouvir. Arriscava dizer que Camilla achava estúpido.

Até o final do quinto ano.

Zabini e Luna Lovegood foram as únicas pessoas que viram o beijo no corredor, felizmente nenhum deles se surpreendeu com a cena e muito menos espalharam para o resto da escola. Na verdade ambos esperavam que aquilo fosse acontecer cedo ou tarde.

Infelizmente a teimosia de Malfoy o impedia de admitir alguma coisa.

“— Não foi o que pareceu quando você ficou se gabando para ela por ser da Brigada Inquisitorial. — provocou, sorrindo ao perceber o rubor no rosto dele.

— Cale a boca Zabini. — vociferou enquanto os dois entravam no Salão Comunal da Sonserina.

O loiro deu um suspiro, que não passou despercebido pelo amigo, estava enlouquecendo. Aquilo era loucura.”

Tinha tratado Camilla como nunca tinha tratado ninguém na vida, ele nunca abraçou nenhuma mulher como ele a abraçava agora. Nunca tinha ficado tão feliz com um sorriso que não fosse o de sua mãe.

Camilla deu um pequeno sorriso, olhando para o loiro e então fez um breve carinho nas bochechas pálidas do garoto. Era surreal que não estivessem brigando como de costume.

Malfoy depositou um breve selinho nos lábios da garota, não deixando passar despercebido que seu corpo ficou tenso. Reparou que os olhos da menina estavam arregalados como se algo chocante tivesse acontecido.

— Algum problema? — perguntou deixando a preocupação transparecer até demais.

A garota engoliu em seco, recuando um pouco, sem o olhar nos olhos. Absorvendo aos poucos o que ela tinha visto.

De alguma forma, ela arranjou coragem, mesmo com os olhos marejados, para dirigir a palavra para o loiro.

— Eu tenho que ir, passei muito tempo aqui fora. — falou se levantando bruscamente, contudo Draco foi mais rápido agarrando o pulso da garota, os olhos cinzentos faiscavam. Agora ele tinha certeza, Camilla tinha se lembrado de alguma coisa.

— Camilla — chamou com a voz vacilando, não sabia o que fazer diante daquela situação. Malfoy achava que, para início de conversa, ele nem deveria estar beijando a garota que fora a sua amiga de infância sem ela ter consciência disso. 

Se sentiu vulnerável daquela forma, a mente da menina era uma caixinha de surpresas. Camilla poderia ter milhares de reações que ele jamais conseguiria prever.

Para sua surpresa, a menina voltou para perto dele, tornando a se sentar na grama com o olhar distante. Olhando de perto, ele pode perceber o como ela tinha amadurecido bruscamente. Era notável o quão triste ela estava, e aquilo doeu nele por um motivo desconhecido, de alguma forma...não suportava ver ela triste.

— Eu não deveria estar fazendo isso. — ela sussurrou para ele com o olhar baixo, parecia ponderar sobre cada atitude que tomava, Camilla sabia que perto do garoto ela devia tomar cuidado com suas atitudes.

Os olhos cinzas do garoto pareceram ficar tristes, inconscientemente ele a puxou para perto dele, como que para o fazer acreditar que ela ainda estava ali e não iria ir embora do nada. Parecia triste admitir, mas aquele fora o único momento desde a prisão de seu pai que o garoto se sentia em paz. Camilla tinha a capacidade de fazer ele se sentir mais leve, e de alguma forma até mesmo menos arrogante.

— Ninguém precisa saber. — sussurrou confiante, embora por dentro ele queria implorar para ela que não fosse, não sabia se iria lidar bem com mais uma despedida. 

Camilla deu um pequeno sorriso, tornando a apoiar sua cabeça no ombro do garoto.

— Por Merlin, como viemos parar aqui? — disse dando uma risada leve, quase como se não acreditasse que ela estava abraçada ao loiro, Draco por outro lado fez uma expressão quase que irritada. As vezes ele se esquecia completamente de que a garota não tinha memórias da época que eles se tratavam como pessoas normais (não que antes da amizade eles não trocassem farpas como os dois faziam no ano anterior).

— Porque talvez você não tenha resistido ao Malfoy aqui? — ele ergueu a sobrancelha, com uma entonação dramática.

A garota riu, balançando a cabeça negativamente.

— Menos, Malfoy. — piscou para o garoto que estreitou os olhos para ela.

— Não foi isso o que a senhorita falou da última vez que nós se beijamos, ah é mesmo o quê é que você falou… — o loiro fez uma expressão pensativa e logo começou a imitar a menina suspirando o nome dele — Draco…

— EI! — ela exclamou empurrando o garoto, sentindo suas bochechas entrarem em combustão ao ver o garoto rir às suas custas. 

Draco riu dela, a risada dele fez o coração da garota acelerar, era algo bonito de se apreciar.

— Malfoy?

— Sim? — o loiro deu um pequeno sorriso olhando para a garota enquanto brincava com os fios de cabelo da mesma.

— Você até que pode ser legal de vez em quando.







CAMILLA SCHMIDT




— Certo, os testes acabaram! — Bradley anunciou, me olhando com cansaço mais do que evidente. Eu apenas ergui meus ombros como se não pudesse fazer muita coisa, os testes tinham sido bem decepcionantes para falar a verdade.

— Finalmente. — falei quando os corvinos já tinham se retirado do campo.

— Esse ano vai ser bem complicado ganhar a Taça de Quadribol, ao menos temos Cho como apanhadora. — o capitão disse encolhendo os ombros com certa tristeza, ele tinha um amor enorme por quadribol. — E lá vem...o Potter? Ei Potter, o quê está fazendo aqui?

Para meu espanto Harry Potter vinha em nossa direção com os olhos fixos em mim, engoli em seco me sentindo cansada demais para ter uma outra discussão com o garoto. Tinha que admitir que eu não tinha lá muita moral para discutir com ele, afinal, eu estava beijando Draco Malfoy às escondidas. Nossa, espero que Harry nunca descubra sobre isso.

— Camilla, preciso falar com você. — disse com a voz rouca.

Olhei para Bradley, e acabei dando de ombros, seguindo o grifinório para fora do campo de quadribol.

— Você vai dar uma boa artilheira para a Corvinal. — ele elogiou e eu ergui minhas sobrancelhas, me perguntando o que ele queria dizer com aquilo, afinal algumas horas atrás nós estávamos brigados.

— Onde você quer chegar, Harry? — perguntei quando paramos de andar próximo ao Salgueiro Lutador, o garoto parou e respirou fundo.

— Eu quero me desculpar, as coisas não têm sido fáceis para mim, — admitiu em voz baixa — e certamente não tem sido para você também. Sinto muito que eu tenha levado você para o Departamento de Mistérios, eu...Se eu…

— Harry. — interrompi colocando minha mão em seu ombro, senti um enorme nó em minha garganta ao falar aquilo, mas mesmo assim me forcei a soltar as palavras — Não foi culpa sua que a minha mãe tenha morrido, ela era uma membra da ordem, querendo ou não, na situação em que estávamos... a vida dela estaria em risco. E ela escolheu se colocar em risco por você…

Minha vista embaçou quando eu soltei um soluço fraco.

— Dumbledore me disse que independente de eu ter ido ou não para o Ministério, minha mãe estaria lá. Acho que se sentia em dívida com o mundo bruxo...Ela nunca concordou com o que o meu pai fazia… — as lágrimas já desciam livremente pelo meu rosto, aquela era a primeira vez que eu tinha conseguido reconhecer que a culpa não tinha sido minha e muito menos de Harry — O único culpado é a pessoa que empunhou a varinha contra ela.

— Belatriz Lestrange. — o garoto sussurrou sem jeito, como se não soubesse o que fazer ao me ver tão fragilizada com os olhos avermelhados de tanto chorar. Havia muito tempo que eu andava pesquisando sobre aquela mulher, queria saber quem ela era, o quão podre ela podia ser.

Belatriz Lestrange, nascida Black, prima de Sirius Black e irmã de Narcisa Malfoy, a mãe do Draco.

Senti o meu almoço balançar no meu estômago.

— Sim. — disse com a voz por um fio — Espero nunca mais ter que cruzar o meu caminho com ela, porque se isso acontecer...Eu...Não sei se irei conseguir agir como uma pessoa civilizada.

O garoto assentiu, engolindo em seco, e por fim me puxou para um abraço desajeitado enquanto murmurava desculpa várias e várias vezes.

— Vem, vamos entrar, jante com o pessoal da Grifinória hoje. — Harry falou e eu acenei com um sorriso fraco, enquanto andávamos abraçados de lado conversando sobre coisas banais, estava feliz que tínhamos parado de brigar.






(...)






Era de manhã quando Slughorn decidiu que seria interessante realizar poções em duplas, sim em duplas, que nós alunos infelizmente não pudemos escolher caso contrário eu estaria sentada ao lado de Hermione Granger e nós duas estaríamos dando dez a zero nas poções que Harry copiava de um livro velho que ele tinha achado nas masmorras. Sim, eu estava bem furiosa por ele estar seguindo instruções de um completo desconhecido e ignorar o que o escritor do livro original tinha tido o trabalho de pesquisar. Mesmo assim resolvi não falar muito, tínhamos acabado de fazer as pazes.

Me sentei ao lado de Draco Malfoy com o olhar cabisbaixo, não sabia como lidar com a presença dele em público já que nós dois tínhamos combinado que o que quer que havia entre nós era algo só nosso, que outras pessoas não tinham a necessidade de saber sobre.

Em partes isso era bom, porque evitava burburinhos, mas em partes era ruim, e infelizmente isso ia e vinha na minha cabeça. Porque eu tinha certeza que Draco Malfoy jamais iria admitir que beijava uma mestiça às escondidas. Tentei desviar o pensamento ao máximo, porque querendo ou não aquilo me machucava, eu não tinha escolhido nascer mestiça, muito pelo contrário.

— Podem começar. — Slughorn falou dando um sorrisinho animado olhando para o caldeirão de Harry e Ron, não consegui conter um bufo de indignação.

— Quem diria, você está irritada com o Santo Potter. — Malfoy deu um risinho enquanto abria seu livro na Poção do Cessar.

— Cale a boca. — bati em seu ombro, colocando água no caldeirão enquanto ele acendia a chama em fogo alto.

— E para piorar está de mau humor. — provocou desviando o olhar de seu livro impecável para o meu rosto.

— Eu vou afundar o seu rostinho bonitinho nesse caldeirão com água fervente. — ameaçei mas o sorriso dele apenas se alargou, ignorando por completo a minha ameaça.

— É sempre bom saber que eu tenho um rosto bonito.

Fiquei olhando para ele sem palavras, e quando desisti de rebater, peguei o bezoar e cortei em um pedaço pequeno minuciosamente.

— É bom que essa poção dê certo. — resmunguei quando ele tomou o pedaço de bezoar, o colocando no caldeirão quando a água tinha começado a ferver, Malfoy me olhou com uma expressão de divertimento nos olhos.

— Schmidt, você tem a melhor dupla possí-

— Na verdade eu queria ter feito dupla com a Mione. — resmunguei olhando de soslaio para Hermione que brigava com Ernie a algumas mesas de distância, Slughorn parecia se divertir ao ver alunos de diferentes casas trabalhando em grupo, ou devo dizer, ele estava sorrindo em ver o caos que as masmorras tinham se tornado.

Aquela sangue-ruim?!

Pisei no pé do garoto, com um olhar raivoso.

— Fale essa palavra de novo na minha frente e eu te azaro agora mesmo. — ameaçei em voz baixa, o loiro apenas revirou os olhos — Para o seu conhecimento a minha mãe era mestiça seu idiota.

Estava irritada demais para poder dirigir a palavra para o sonserino, então decidi ignorar a presença dele fazendo a poção por si só. Medi a quantidade de pó de chifre de arpéu e depois de verificar umas duas vezes eu o despejei no caldeirão.

Eu sei disso. — ele respondeu contrariado.

Ergui o meu olhar ainda irritada com ele, estava prestes a continuar a discussão quando ele suspirou.

— Vamos parar de discutir? — pediu com uma expressão de cansaço, sabia que ele não iria dar o braço a torcer e pedir desculpas então apenas dei de ombros, tentando engolir a minha irritação. — Camilla?

— O quê? — me virei para ele que me olhava sério.

— Eu quero mexer a poção. 

— Fique a vontade.

— Ótimo.

— Ótimo.

Cruzei os meus braços enquanto observava o loiro mexer a poção minuciosamente, tinha de admitir que apesar do favoritismo de Snape, Draco até que não era ruim naquela matéria.

Assim que ele terminou de mexer a poção, o garoto se sentou ao meu lado. Sem querer, suas mãos se esbarraram nas minhas, e aproveitando a situação ele acabou segurando minha mão por baixo da mesa.

— Você vai para Hogsmeade? — perguntou, como se eu não tivesse acabado de ameaçar ele alguns momentos atrás.

— Eu não sei, — respondi com sinceridade — talvez não, preciso estudar para Transfiguração…

— Vamos? Tenho certeza que passar a tarde comigo é bem mais importante do que estudar.

Ergui a minha sobrancelha em descrença por motivos óbvios de um, Transfiguração era muito mais importante já que a matéria iria me garantir uma carreira quando eu saísse da escola e dois, em que tipo de universo alternativo nós dois iriamos sair juntos para que a escola inteira visse?

— É sério Camilla.

— Ham...Malfoy, a escola inteira vai estar lá.

— E…?

Ergui a minha sobrancelha, mas ao ver a expressão dele, acabei me permitindo dar um pequeno sorriso tímido.

— Tudo bem, você que sabe.


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