Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 27
Capítulo 27 - Amortentia




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Capítulo 27 - Amortentia

 

CAMILLA SCHMIDT




Aquele ano letivo tinha começado muito estranho, já que Severo Snape tinha conseguido o cargo de Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que era amaldiçoado. Mal tinha amanhecido e você poderia escutar alguns alunos da Corvinal comentando sobre o que tinham ouvido durante o discurso do Professor Dumbledore.

Eu e Sabrina éramos uma das poucas alunas que não cochichavam sobre o assunto, ela continuava com a ideia de que eu estava apaixonada e não queria admitir. Nos sentamos em silêncio para comer na mesa da Corvinal.

— Bom dia. — Ernie se sentou do meu lado, lançando um olhar estranho para Sabrina que eu acabei não percebendo.

— Dia. — minha amiga respondeu seca, enquanto eu dava um gole em um copo de leite.

— Dia. — acenei, preocupada em comer alguma coisa.

— Vocês duas estão bem mau-humoradas hoje, — ele comentou — fala sério, é o primeiro dia de aula. Mas e aí, como foram as férias?

Coloquei um pedaço enorme de bacon na boca, tentando ganhar algum tempo enquanto Sabrina murmurava que tinha passado as férias na casa de sua avó. Não havia muito para falar sobre o que eu tinha feito nas minhas férias além de chorar, tinha de agradecer muito minha tia por ter me dado corretivo, ao menos eu conseguia disfarçar as noites mal dormidas.

— Não fiz nada demais. — disse com indiferença. — E então, quais aulas vocês vão ter esse ano?

— Bem eu vou assistir as aulas de Poções, ainda bem que serão com um novo professor. — Ernie disse sorrindo, ele odiava as aulas de Snape desde sempre.

— Eu não vou assistir as aulas de Poções. — Sabrina disse e eu ergui uma sobrancelha.

— Isso significa que eu estou sozinha nas aulas do Slughorn? — minha voz pareceu falhar e ficar mais fina quando ela assentiu com um aceno de cabeça. — Mas você era minha dupla nas aulas do Snape...

— Ei! — Ernesto exclamou visivelmente ofendido.

— Não seja tão dramática, certeza de que o trio vai estar lá… — minha amiga tentou sorrir encorajadora mas eu fiz uma careta, ainda estava brigada com Harry, não queria ter que assistir uma aula com ele aquela manhã.

— Ah, tanto faz. — disse voltando a minha atenção para o bacon, mesmo que eu estivesse me sentindo ligeiramente enjoada. — E Defesa Contra as Artes das Trevas? Se vocês me deixarem sozinha nessa matéria juro que irei matar os dois.

Sabrina riu, não dando muita credibilidade para a minha ameaça.

— Fique calma, eu vou fazer essa matéria. Mas já fique sabendo que eu não irei fazer nem Astronomia, Poções e muito menos Herbologia! — Sabrina exclamou — Depois das aulas das mandrágoras eu nunca mais quero voltar para as estufas.

— Infelizmente, eu concordo com ela. — Ernie fez uma careta e minha amiga o fuzilou.

— Infelizmente, Macmillan? 

— Hm, sim eu acho…?

Ergui o meu olhar do bacon praticamente intocado para os dois, era impressão minha ou eles estavam discutindo em pleno café da manhã?

— Vocês poderiam ficar quietos? — franzi o cenho enquanto falava — Eu e o bacon queríamos ter um momento de silêncio.

Meu Merlin que marca enorme é essa no seu pescoço! — Ernesto arregalou os olhos puxando o meu cachecol com as cores da Corvinal, fiquei assustada o olhando com a mais pura indignação. Meu rosto passou do vermelho pro verde e em questão de segundos voltou para o vermelho escarlate.

O fuzilei tomando o cachecol de suas mãos e o enrolando novamente no meu pescoço, sentia que iria explodir de vergonha.

— Esqueçam o que eu falei, podem discutir a vontade. — me levantei da mesa, enquanto os dois davam continuidade a discussão. Tinha perdido o apetite.

Dei um pequeno suspiro e fui até a sala do Professor Flitwick, já que ele precisava olhar as notas dos N.O.M.s de todos os alunos da Corvinal para poder nos liberar para assistir as aulas de nível N.I.E.M. Não foi nada muito demorado, já que eu tinha conseguido nota em todas as matérias necessárias para seguir a profissão de medibruxaria.

Logo após fui direto para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, e infelizmente tive que encontrar Harry e Ron no caminho.

— Bom dia. — dei um pequeno sorriso, contudo os dois apenas me olharam seco. Fechei o meu sorriso em uma expressão raivosa, que maduro da parte deles. Quem estava mais irritado era Harry, Ron apenas não me olhou porque parecia não querer contrariar o amigo.

Aquela aula foi bem estranha, Snape lecionava muito bem, contudo ele continuava o mesmo professor rabugento de sempre, coisa que não me surpreendeu. Saí daquela aula bem confusa, pensando em como realizar feitiços não verbais, seguindo sozinha para as masmorras segurando a alça da minha mochila com o pensamento distante. Aqueles com certeza eram os piores momentos do meu dia, quando eu ficava sozinha com os meus pensamentos e acabava remoendo coisas que não deveria.

— Schmidt. — Blásio Zabini me deu uma breve saudação quando eu me aproximei das masmorras, aparentemente ele também iria seguir aquela matéria.

— Oi, Zabini. — falei com um pouquinho de desconfiança. Ele era um sujeito bem estranho, quer dizer, a família dele em si era bem estranha, mas quem era eu para falar alguma coisa? A minha família era a porra de uma bagunça.

Prendi a respiração quando vi que Draco Malfoy estava encostando na porta da sala, conversando com algum garoto da Sonserina. Eu iria ter aula com ele o resto do ano? Meu estômago se revirou sentindo o arrependimento bater forte quando aqueles olhos cinzentos encontraram os meus. O garoto sorriu de canto ao me ver, como se tivesse consciência do meu coração batendo acelerado.

Nós não tivemos muito tempo para falar porque Harry, Ron e Hermione se aproximaram junto de Ernesto que tentou puxar algum assunto com nós quatro, mas eu acabei não ouvindo nada, meu olhar estava perdido em um certo loiro.

— Camilla! — Hermione sorriu para mim, indo me abraçar — Eu não te vi no Expresso Hogwarts, onde você estava?

Senti meu rosto empalidecer quando Harry me olhou de soslaio.

— No vagão com Ernesto e Sabrina. — menti com um pequeno sorriso.

— Não estava nã-

Ernesto não teve tempo para responder porque eu pisei propositalmente em seu pé.

— Ai, desculpa — forcei um sorriso enquanto o fuzilava com o olhar, exigido que ele não desse uma palavra.

  Do outro lado Draco Malfoy sorriu discreto, como se estivesse orgulhoso de mim por ter pisado no pé dele.

Felizmente Slughorn não demorou muito para chegar, contudo eu acabei dividindo mesa com o trio e Ernesto. Deixei a minha irritação transparecer olhando para Harry furiosa.

— Ora muito bem. — Slughorn começou a falar dando instruções.

Quando Harry e Ronald saíram da mesa, Hermione se inclinou na minha direção sussurrando.

— Você e Harry estão brigados? — perguntou e eu concordei.

— Ele acha que eu estou defendendo o Malfoy. — sussurrei de volta, revirando os olhos e para a minha surpresa Mione deu um pequeno sorriso.

— Ah, que susto, pensei que fosse algo mais sério. — disse com uma expressão de alívio — Vou conversar com ele, uma hora ele vê que estava errado e pede desculpas.

Assim que os meninos retornaram para a mesa eu desviei o olhar, olhando distraidamente para o meu livro de poções que estava intocado. Tinha tido uma péssima noite de sono, com direito a diversos pesadelos, como resultado eu estava com um humor irritado.

O Professor Slughorn começou a falar e felizmente a minha atenção não se dispersou.

Notei, durante a aula, que a pior parte de sentar na mesma mesa que o trio, era que Hermione chamava a atenção de todos os professores.

— É a Poção Polissuco senhor. — minha amiga disse prontamente.

Slughorn a olhava com admiração enquanto eu tamborilava as minhas unhas no meu livro, novamente Hermione estendeu sua mão no alto e desatou a falar da Poção Amortentia.

Involuntariamente enquanto Hermione falava eu franzi o meu cenho, olhando para o caldeirão me lembrando vagamente de já ter lido sobre aquela poção. Esperei que o professor terminasse de conversar com Hermione para que eu estendesse a minha mão.

— Ahm, professor, é verdade que a Poção do Amor pode cancelar o efeito da Poção do Ódio?

Slughorn me ofereceu um pequeno sorriso.

— Certamente, Srta…?

— Schmidt, senhor.

Os olhos de Slughorn se arregalaram e o sorriso dele se aumentou.

— Oras, não sabia que a filha de Elisabeth Davies estava frequentando as minhas aulas! — disse em tom animado  — Uma das melhores alunas de seu ano na minha matéria, se me permite dizer. Uma pena realmente…

Dei um pequeno sorriso forçado para o professor, e então ele tornou a falar sobre a poção.

— O que a Srta. Schmidt falou está correto, ambas poções podem se anular visto que o amor e o ódio são opostos. Bem, a Amortentia na realidade não gera amor… — tornou a falar sobre a diferença entre amor e paixão obsessiva e não me surpreendi quando Hermione me cutucou.

— Qual o cheiro da sua Amortentia? — disse com um sorriso malicioso.

Eu corei, tirando uma mecha de cabelo do rosto.

— Hm...livros, café, hortelã e… — franzi o cenho tentando identificar o cheiro, olhei para a minha amiga e logo desviei o olhar, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha. Que ultraje. Meu coração falhou uma batida, não me sentia capaz de acreditar naquilo.

— Eu sabia. — ela me bateu com o livro de poções, fiz uma expressão de indignação — Sabia que você ia sentir o perfume dele. — apesar do sorriso, eu sabia que Hermione estava preocupada comigo, tinha de admitir, depois dessa até eu estava preocupada.

— Eu não estou te ouvindo Hermione. — cantarolei ignorando a minha amiga que deu o seu sorriso típico de quem sabe tudo.

Desviei o meu olhar para a mesa da Sonserina, aproveitei aquele breve momento para olhar para Malfoy. Ele estava distraído conversando com um de seus amigos, acho que o nome do garoto era Nott. Mesmo longe pude notar seu sorriso de escárnio, como se não levasse muito a sério as palavras de Slughorn. Por um momento me peguei imaginando qual seria o cheiro da amortentia dele.

Fui surpreendida quando ele me pegou o observando, o loiro arqueou uma sobrancelha e eu apenas dei de ombros desviando o olhar, com o costumeiro rubor nas bochechas.

— É sorte líquida! Faz a pessoa ter sorte!

Agora o professor estava falando próximo de um terceiro caldeirão, não pude deixar de me inclinar na direção da poção, interessada em cada palavra que ele dizia.

— E a poção é o que eu vou oferecer de prêmio essa aula.

Sorri, abrindo o meu livro de Poções na página da Poção do Morto-Vivo, imaginando no que eu poderia usar a poção Felix Felicis. Claro que naquela sala haviam pessoas com mais chances de conseguir a poção, e essa pessoa era justamente Hermione Granger.

Bem, eu não iria deixar de me esforçar mesmo assim.

Não demorou muito tempo para que eu afundasse o meu rosto no livro e começasse a produzir aquela poção, fui para o armário pegando meus ingredientes e com a maior calma do mundo comecei a picar as minhas raízes de valeriana. Ergui o meu olhar para poder ver se estava fazendo tudo de acordo com o restante dos alunos, e me deparei com Draco Malfoy olhando febrilmente para o seu livro de poções. Franzi o cenho, me questionei o porquê ele precisava tanto daquele frasquinho de sorte.

Tornei a me focar no meu livro, seguindo a risca todos os tópicos.

— Professor, acho que o senhor conheceu o meu avô Abraxas Malfoy.

Levantei a minha cabeça momentaneamente e assim que meu olhar se cruzou com o de Harry, abaixei a cabeça tentando evitar ouvir a risada que Harry tinha dado por conta de algo que Slughorn tinha falado para Malfoy.

— Como é que você está conseguindo isso? — Hermione perguntou, a essa altura do campeonato ela estava completamente descabelada, e tenho que admitir que eu não estava muito diferente dela.

— Dê uma mexida no sentido horário…

Olhei para Harry como se ele tivesse acabado de usar uma Maldição Imperdoável.

— Não, o livro diz anti-horário! — Hermione rebateu.

Mordi meus lábios, pensando nervosamente se eu deveria espiar o livro de Harry para ver o que raios ele estava fazendo para a poção ficar tão perfeita, mas acabei me contendo. Se estava no livro, então estava certo.

— Bem, se eu fosse você eu iria seguir as instruções do livro. — me intrometi na conversa olhando furiosa para o garoto que apenas ergueu uma sobrancelha em desafio.

— Não briguem vocês dois! — Hermione nos olhou exasperada, por um momento ela parecia Molly Weasley — Deixem de agir como duas crianças!

— Eu não estou sendo infantil! — exclamei em voz alta, chamando atenção indesejada que olhou para a mesa com certa irritação. Quando vi o olhar raivoso de Hermione, suspirei e murmurei sem olhar nos olhos de Harry — Você que está sendo uma criança.

O garoto ergueu o olhar furioso, e só aquilo me deixou incrivelmente mal, senti meus olhos marejarem, mas não deixei nenhuma lágrima cair.

— Acabou-se o tempo.

Olhei para o meu caldeirão em tom púrpura, furiosa que a poção de Harry estava mais do que perfeita. Assim que a aula acabou, esvaziei o meu caldeirão e saí da sala de aula irritada. Respirei fundo jogando a mochila nas minhas costas e saindo do castelo com passos apressados, andei por um bom tempo, até encontrar um lugar que eu pudesse ficar sozinha sem ser incomodada.

Deixei minha mochila em algum lugar no chão, soltei um enorme suspiro enquanto me sentia cansada. Olhei em volta, o castelo já estava bem longe, se olhasse bem podia ver o lago e algumas montanhas. Fora aqui que eu tinha ido depois de ter saído da cabana de Hagrid.

Fechei meus olhos com força, não sabendo lidar com os meus pensamentos. Sentia tanta falta da minha mãe, não podia negar que estive esperando que ela aparecesse em meu quarto me mandar acordar todo o verão, infelizmente ela nunca apareceu. Será que se eu a encontrasse ela me contaria a verdade e tiraria as minhas dúvidas? Ela diria que o que Quinn e Dobby falaram era verdade? Ou ela apenas me pediria para ficar longe dos Malfoy?

Ela ficaria brava comigo?

— Camillla?

Me virei surpresa, e vi Draco Malfoy se aproximando de mim.

— Ei, o quê você está fazendo aqui? — não havia nenhuma rispidez na minha voz, apenas a surpresa por ele estar ali.

Esperei que ele fizesse algum comentário irônico, mas o loiro apenas se sentou do meu lado, com um certo olhar preocupado.

— Vi você saindo furiosa das masmorras, então resolvi te seguir. — que surpresa, ele ia ser sincero comigo.

Algumas lágrimas desceram pelo meu rosto quando eu dei uma risada, o garoto me olhou confuso enquanto eu secava as minhas lágrimas.

— É estranho, que você esteja sendo sincero. — comentei com um pequeno sorriso.

— Está me chamando de mentiroso Schmidt? — ele arqueou uma sobrancelha, com a sombra de um sorriso em seu rosto.

— Bem, acho que omitir e mentir não tem o mesmo significado. — falei com simplismo e ele balançou a cabeça contendo uma risada, era tão estranho que nós dois estivéssemos sozinhos sem discutir, apenas conversando como pessoas normais.

— Está tudo bem? — ele perguntou, deixando transparecer sua preocupação, me surpreendi com isso.

Apenas balancei a cabeça negativamente, achava que se abrisse a boca para falar iria começar a chorar como um criança, e para a minha surpresa Malfoy me puxou para um abraço, fazendo um breve cafuné no meu cabelo.

Tentei não pensar em como aquilo era inusitado, e na realidade eu sequer tive tempo para pensar nisso, já que fui impregnada pelo perfume dele. 

O mesmo cheiro da minha amortentia, pensei sentindo minhas bochechas esquentarem.

Me aninhei ao corpo de Draco, me deixando ser abraçada, sentindo meu coração se aquecer com aquilo. Naquele curto espaço de tempo, eu senti meus problemas se dissiparem, só havia eu e Draco ali. Só havia a batida descontrolada do meu coração e os dedos dele acariciando os meus fios de cabelo. Apenas a estranha familiaridade que ele me passava, como se eu já tivesse sido abraçada por aqueles braços antes.

Só havia o cheiro dele, que de alguma forma, conseguiu acalmar o meu coração turbulento.

Ergui o meu olhar para os olhos cinzentos dele, e um sorriso terno brotou nos meus lábios, ele ficava tão lindo quando olhava para longe distraído. Subitamente, o loiro percebeu que eu sorria enquanto olhava para ele.

— O quê foi?

— Nada. — mordi os lábios sorrindo, apoiando meu rosto em seu ombro.

Draco não pareceu muito convencido da minha resposta, porque ergueu o meu queixo gentilmente, fazendo com que eu o olhasse nos olhos.

— Não é nada. — sorri sentindo minhas bochechas corarem de vergonha, não me surpreendi quando ele me olhou malicioso.

Antes que eu sequer tivesse tempo para pensar, lá estávamos nós novamente, se beijando como se houvesse apenas nós dois debaixo de uma árvore.


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