Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 23
Capítulo 23 - Don't carry the world upon your shoulders




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Capítulo 23 - Don't carry the world upon your shoulders



CAMILLA SCHMIDT 



Já era tarde quando eu acordei com Oreo miando pedindo por comida, não tinha dormido praticamente nada, a conversa com Quinn tinha me tirado o sono. Me levantei da cama e antes de ir lavar o meu rosto, fiz carinho em sua cabeça.

Assim que tinha lavado meu rosto e feito minhas higienes matinais, troquei de roupa colocando uma camiseta larga preta e um short jeans. Prendi o meu cabelo em um trança e desci as escadas para a cozinha.

— Bom dia querida. — Penelope sorriu enquanto mexia em seu rádio.

— Bom dia Camilla. — o marido dela, Alexander Brown disse com um pequeno sorriso. — Sua tia está tendo um certo trabalho em arrumar o rádio dela, se você pudesse fazer feitiços em casa, teríamos concertado em questão de segundos…

— É realmente uma pena, — disse com um sorriso modesto — mas alunos que realizam feitiços na frente de trouxas são expulsos de Hogwarts. — com aquela fala acabei me lembrando vagamente de como Harry quase tinha sido expulso da escola no ano anterior. — Mas acredito que eu possa ajudar com o café da manhã, sem usar magia, é claro.

— Será de grande ajuda, você sabe fritar bacon não é mesmo? — minha tia perguntou e eu franzi o cenho, nunca tinha cozinhado nada na vida, os elfos sempre faziam esse trabalho ou raramente a minha mãe.

Fui até o balcão vendo o bacon cru, tentando adivinhar como eu fritaria aquilo.

— Você não sabe fritar bacon? — ela disse surpresa e deu um pequeno sorriso — É bem simples, ligue o fogo do fogão e despeje o óleo na panela, espere esquentar um pouquinho e coloque o bacon.

Assenti me dirigindo com certa relutância até o fogão, fiquei uns bons momentos olhando para aquilo tentando adivinhar como que ligava o eletrodoméstico.

— Oh não querida, você acabou de ligar o forno. — ela deu risada.

— Forno? O quê é isso? — perguntei olhando para o que eu tinha ligado no fogão.

Com a maior paciência do mundo Tia Penelope me explicou a diferença de forno e boca, e me ensinou a ligar as bocas do fogão. Quando ela achou que eu já poderia me virar, me deixou despejar óleo na panela sozinha e por fim colocar o bacon cru.

— Certo, agora você terá que ficar olhando o bacon e o virando para que ele não queime. — disse me olhando atentamente com receio que eu ateasse fogo na casa, logo eu ouvi uma risada animada, ela tinha consertado o rádio.

Olhei pelo canto do olho para Alexander, ele estava sentado na sala tomando uma xícara de café enquanto assistia o jornal na televisão, sim os trouxas tinham um jornal na televisão, era tão diferente! 

Eles pareciam uma família feliz e unida. 

— Eu espero que o rádio funcione dessa vez, — ela disse ligando o aparelho e mexendo em alguns botões — Finalmente!

Uma música começou a tocar suavemente enquanto eu tentava virar o bacon com todo o cuidado do mundo, tentando ao máximo não me queimar. Peguei a tampa da panela e a usei de escudo, enquanto virava o bacon.

— Muito bem! Assim que o bacon terminar de fritar, temos que fritar os ovos! — ela anunciou enquanto dançava alegremente pela cozinha.

Contive a minha vontade de choramingar e resolvi apenas admirar a forma em que a minha tia era sempre muito feliz e não deixava as coisas a abalar, nesse ponto ela e mamãe era bem diferentes. Penelope sempre estava feliz, mesmo quando as coisas estavam dando terrivelmente errado, já a minha mãe só demonstrava felicidade quando era extremamente genuína. Podia claramente ver a minha tia andando com os lufanos. Com esse pensamento eu dei um sorriso triste.

You're just too good to be true — ela cantarolou tirando o bacon da panela o colocando em cima de um prato e o dando para seu marido que sorriu —  can't take my eyes off you.

Sorri enquanto tentava fritar os ovos, tia Penelope tinha uma aura tão alegre que por alguns momentos eu conseguia esquecer que estava no fundo do poço.

— Eu detesto cantar sozinha, ande, cante comigo. — ela disse pegando minhas mãos e dançando na cozinha, acabei dando risada de quão cômica aquela cena era. — I love you baby and…

If it's quite alright, I need you baby — continuei a música, sem conseguir não rir.

To warm a lonely night, I love you baby, trust me when I say…

Tia Penelope me fez dar uma volta na cozinha e por pouco eu não derrubei suco de laranja no chão, contudo ela não parecia se importar, estava dando o melhor de si para me fazer sorrir naquele meio tempo.

Oh pretty baby, don't bring me down I pray — era engraçado me ouvir cantar aquela música, porque a voz da tia Penelope era graciosa enquanto eu cantava toda atrapalhada sem saber exatamente a letra.

— Opa, quase queimamos o ovo. — minha tia deu risada e piscou para o marido dela que também riu como se não fosse grande coisa.

— Penelope é muito avoada, vive queimando as coisas enquanto cozinha ouvindo música. — ele esclareceu sorrindo, com um brilho nos olhos quando falava dela. Ele desligou a televisão, onde a repórter falava sobre a destruição da ponte de Brockdale — Bem, eu tenho que ir trabalhar, espero que vocês não queimem nada.

MInha tia se despediu do marido com um selinho e logo veio na minha direção, pedindo que eu me sentasse a mesa para tomar o meu café da manhã.

— Oh, parece que Oreo quer se juntar a nós — ela sorriu vendo o gato descer as escadas e se aninhar nas minhas pernas — irei pegar um pouco de leite para ele. — disse desligando o fogão e abrindo a geladeira. — Sabe, sua mãe adorava a essa música, um ex-namorado dela vivia cantando para ela.

Sorri triste, sabia de quem ela estava falando.

— Mais tarde essa foi a música que tocou no meu casamento. — sorriu colocando um prato com ovos e bacon para mim na mesa. — Ela também gostava muito dos Beatles, vivia pegando os discos de nossa mãe escondido.

— Quais eram as músicas favoritas dela? — perguntei me inclinando com curiosidade.

Minha tia começou a me listar uma infinidade de músicas, que eu tentava ao máximo memorizar, queria ouvir todas mais tarde.

— Oh, Lisa também amava essa música — sorriu balançando a cabeça no ritmo da música — Hey Jude refrain don't carry the world upon your shoulder…

Tomei o meu café da manhã tranquilamente, apreciando aquele momento ao máximo. Enquanto lavávamos a louça, resolvi contar para minha tia o que Quinn tinha me contado de madrugada.

— Hm...tia, bem...meu elfo doméstico veio me visitar hoje de madrugada, — assim que percebi o seu olhar confuso tentei explicar para ela o que era um elfo — é uma criatura pequena que é tipo um empregado...não sei explicar, eles costumam pertencer a uma família…

— Tudo bem criança, prossiga. — ela disse assumindo um semblante sério.

— Enfim, é...ele me disse que alguns comensais da morte invadiram a minha casa e logo descobrirão a minha localização, e-eu estou correndo risco de vida e estou expondo vocês ao perigo ficando aqui por mais tempo. — disse em um tom de voz triste, acontece que o tempo que eu fiquei na casa da minha tia tinha servido para estancar o sangue da minha ferida. Eu me sentia acolhida e amada ali, sentia que podia ser uma garota comum. Mas a realidade infelizmente veio bater na porta — Pedi para o elfo comunicar uma bruxa de confiança e em breve alguns aurores virão me buscar e me levar para um lugar seguro onde Robert não irá me encontrar...eu…

Não consegui terminar de falar porque a cada palavra que eu falava mais meus olhos se enchiam de lágrimas.

Tia Penelope largou a louça em um canto e me deu um abraço, sem falar nada.

Fiquei algum tempo em seus braços, me sentindo um passarinho protegido em um ninho.

— Vocês não podem ficar aqui no Reino Unido, é muito perigoso. Eles...eles não gostam de bruxos que descendem de trouxas, eles...matam trouxas… — disse com a voz embargada olhando para a minha tia, ela era tão nova, tão cheia de vida com uma nova vida dentro de si prestes a vir para o mundo. Não podia deixar que eles tirassem o que sobrara da minha família.

— Eu já imaginava que a ponte de Brockdale não caiu sozinha. — minha tia disse enquanto fazia cafuné nos meus cabelos.

— A ponte caiu? — perguntei surpresa e ela assentiu.

— Os jornais diziam que provavelmente aconteceu porque a ponte é muito velha, mas agora parece fazer mais sentido, foi um ataque de comensais da morte. — sussurrou — Sabe, sua mãe também me falou que não era seguro aqui. Felizmente eu e Alexander já tínhamos um plano de fuga caso as coisas dessem errado, mas e você querida? Você ficará bem? Não quero te deixar sozinha tão vulnerável.

— E-Eu vou ficar...tenho que ficar bem — sussurrei com a voz abafada

— Certo, eu quero que você suba e vá fazer as suas malas, eu irei ligar para Alexander, ande, rápido.

Assenti sentindo um enorme nó na minha garganta indo correndo para o quarto e arrumando as minhas coisas tentando as colocar de qualquer sorte dentro do meu malão. Tinha sorte de ter o enfeitiçado antes de voltar da escola, com a ajuda de Hermione é claro, tínhamos expandido o malão.

Peguei o sapo de chocolate que eu tinha largado sobre a cabeceira de cama, junto da minha varinha e sequei algumas lágrimas com as costas da mão.

— Tia, — falei descendo as escadas apressada — aqui, é um...presente — falei incerta — o nome disso é sapo de chocolate, tenho certeza que você vai gostar. Quando abrir não deixe ele pular. 

Minha tia pegou a embalagem e deu um sorriso nostálgico, como se já tivesse visto aquele sapo antes.

— Acho que eles chegaram. — ela anunciou quando ouviu algumas batidas na porta.

Segurei a minha varinha com força enquanto ela abria a porta, só relaxei quando percebi que eram apenas Lupin e Tonks. 

— Olá, como vai? — Tonks sorriu dando um aperto de mão com minha tia — Viemos aqui buscar a Camilla, felizmente recebemos a notícia do elfo dela, se não fosse por ele talvez tivéssemos chegado tarde demais.

Lupin cumprimentou a minha tia e veio em minha direção.

— Já está com tudo pronto? — perguntou e eu assenti com a cabeça — Certo, pegue seu gato e suas malas, iremos usar uma chave de portal. Não podemos perder muito tempo aqui.

— E quanto aos meus tios? — perguntei ainda com o enorme nó em minha garganta.

Minha tia sorriu amavelmente.

— Oh querida, nós esperávamos que algo assim fosse acontecer, Alexander em breve voltará para casa. Nós iremos ficar na Itália esperando que as coisas se acalmem aqui em Londres. 

Engoli em seco, nunca fui boa em despedidas, então abracei a minha tia com força. Nesse pouco tempo que tinha passado na casa dela, tinha ficado incrivelmente apegada a ela. Nunca tinha imaginado que iria conseguir interagir com uma pessoa trouxa até então.

— Eu vou sentir a sua falta. — disse enquanto ela secava as minhas lágrimas com delicadeza.

— Quero que você saiba, que nossa casa estará sempre aqui para quando você precisar.






(...)






— Camilla! — Gina exclamou indo ao meu encontro, me dando um abraço de urso.

— Oi — sorri fraco abraçando a garota de volta.

— Mamãe ficou animada quando viu que você iria vir para cá, estávamos todos te esperando. — disse dando uma breve olhada para Remo e Tonks que sorriam discretamente um para o outro, não sei se era coisa da minha cabeça, mas eles formavam um casal incrível. — Vamos. — disse enlaçando seu braço no meu e andamos até a Toca, junto de Remo e Tonks, que agora que eu tinha parado para analisar, tinha uma expressão abatida em seu rosto.

Assim que batemos na porta da Toca a Sra Weasley apareceu com um enorme sorriso em seu rosto.

— Estava tão preocupada, — disse me dando um abraço sufocante, exatamente como a filha — está tudo bem querida? Como foi na casa dos seus tios? Está com fome?

Sorri enquanto Molly desatava a tagarelar.

— Eu estou bem, passei um bom tempo na casa dos meus tios. — disse entrando naquela pequena casa tão familiar.

— Oh que bom, espero que você não tenha almoçado ainda, venha, venha.

Olhei para Gina e dei um pequeno sorriso.


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