Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 21
Capítulo 21 - Be resilient


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vocês vão? Espero que estejam tendo um ótimo dia.
Como eu disse no capítulo anterior, eu gostaria muito que vocês lessem as notas desse capítulo, sério. Desse capítulo para frente vcs vão perceber que a mente da Camilla e até mesmo a forma como ela irá narrar será mais pesada, mais triste, e consequentemente isso pode tornar a leitura dos capítulos mais pesada. Eu escrevi esse capítulo em julho, e admito que fiquei mal quando terminei de escrever, porque eu entrei muito na personagem e nos sentimentos dela. Então, se vocês não estiverem se sentindo bem POR FAVOR não leiam esse capítulo agora, fecha a aba, veja um vídeo de gatinhos na internet, toma o seu chá favorito, descansa a sua mente. Talvez esse capítulo não seja pesado para você, mas pode ser para alguém, só priorizem o bem estar mental de vcs ok?
Nos vemos nas notas finais ♥



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Capítulo 21 - Be resilient

 

CAMILLA SCHMIDT



O sorriso de malícia no rosto de Lucius Malfoy me aterrorizou, pude perceber um pequeno olhar de deboche da parte dele ao notar a minha presença ali. Notei que apesar de tudo, ele não contava com a minha presença ali.

— Para mim, Potter.

Atrás de Malfoy estavam diversos outras pessoas encapuzadas, os comensais da morte, todos eles apontavam suas varinha para nós.

— Onde está Sirius?

Segurei a minha varinha com força sentindo a palma das minhas mãos suarem frio, acho que nunca senti tanto medo antes. Os comensais começaram a caçoar de Harry, e logo falaram o que Hermione tinha dito anteriormente, Sirius nunca esteve no Departamento de Mistérios.

— Solte a profecia e ninguém ficará ferido. — Malfoy disse friamente.

Harry debochou, e logo uma das comensais atacou.

Accio profecia. 

Antes mesmo que ela conseguisse, Harry usou o feitiço protego.

— Eu disse que não era para atacar. — Malfoy gritou com a mulher, aparentemente, ele era o líder ali. Aquilo era bizarro, a minha intuição estava certa, ele sempre fora um comensal da morte. Nunca esteve sobre a maldição imperius.

Um dos comensais pegaram Gina, querendo torturar ela até que Harry cedesse a...profecia? Eu não fazia a mínima ideia do que raios era aquela bola de cristal.

— Então, de que tipo de profecia vocês estão falando? — Harry perguntou.

Uma mulher riu, como se não acreditasse que ele não sabia do que a profecia se tratava.

— Harry, — sussurrei, mas mesmo assim Malfoy conseguiu ouvir — calm-

— Camilla Schmidt, — Malfoy interrompeu com um sorriso presunçoso — sempre se metendo onde não é chamada.

Cerrei os meus os meus punhos, querendo blefar, falando que eu sabia o que ele estava escondendo de mim. Ao menos, eu sabia uma meia verdade, ou um quarto dela, enfim, eu sabia de alguma coisa.

— O que faz Voldemort querer isso? — Harry perguntou audaciosamente segurando a profecia.

Me perguntava se todos os grifinórios eram assim. 

— Você ousa falar o nome dele… — ela murmurou, parecia surpresa.

Novamente, Harry repetiu o nome de Voldemort enfurecendo a mulher, então ele desatou a falar algo que me assustou. Voldemort era mestiço.

Antes que eu pudesse sequer raciocinar a mulher ergueu sua varinha e gritou estupefaça, porém, Lucius Malfoy desviou a varinha dela para as prateleiras, quebrando algumas outras bolas de cristal.

Ofeguei, segurando o braço de Harry, querendo impedir ele de fazer qualquer movimento brusco, mas ele parecia alheio demais para notar isso.

Novamente os comensais tornaram a discutir, e logo Harry continuou a indagar, querendo saber sobre o que se tratava a bola de cristal. Eu realmente admirava a coragem dele naquele momento, ignorando completamente que tinha uma dúzia de pessoas a fim de nos matar, e ele querendo conversar sobre a profecia…

Me surpreendi quando Malfoy explicou para Harry o que de fato era a profecia que ele tinha em mãos. Ele parecia querer nos tranquilizar e depois conseguir a profecia, mas mesmo assim, Malfoy não me passava um pingo de confiança.

— AGORA! — Harry gritou.

Estendemos nossas varinhas para pontos diferentes e entoamos o feitiço reducio, e em meio a uma enorme confusão de prateleiras caindo e profecias se quebrando, nós saímos correndo para direções diferentes.

Estupefaça. — gritei quando senti uma mão em meu ombro, estuporando o comensal para longe. Senti o meu abdômen passar raspando em uma prateleira, doía muito, mas eu continuei correndo com o coração na garganta.

— Chega, Camilla. — uma voz grave soou, me paralisando. Uma mão segurava meu braço com força, tinha uma varinha apontada para a minha garganta. Quando me virei, quis vomitar.

Por trás do capuz, era o meu pai.

Meus olhos lacrimejaram e meus joelhos pareciam falhar.

— Você só me decepciona. — ele cuspiu apontando a varinha para o meu pescoço — Se parar com essa idiotice você sairá viva dessa.

Engoli em seco em seco, com as lágrimas quase escorrendo pelo meu rosto enquanto o meu corpo estremecia de forma doentia. Ele ia me bater, eu tinha certeza, ele ia me bater. Ele estava furioso, eu nunca tinha o deixado tão irado quanto agora.

ESTUPEFAÇA. — a voz de Rony me fez voltar a realidade.

Meu pai foi estuporado para longe, a tempo de eu pegar a minha varinha de volta.

— Expelliarmus. — disse com os olhos brilhando, vendo sua varinha cair longe dele.

Não tive tempo de observar qual foi a reação dele, apenas corri junto de Rony, Gina e Luna. Passei a minha mão em minha barriga e soltei uma exclamação ao sentir um liquido quente, sangue.

Depois disso eu não sei explicar exatamente o que acontecia, já que eu estava muito assustada para ter total noção da situação, mas nós formos perseguidos por comensais da morte em uma sala cheia de...planetas?

— Rony — Harry exclamou ao nos reencontrar — Gina vocês todos estão…

A nossa situação estava bem caótica, Rony estava delirando, Gina tinha o tornozelo machucado, eu estava com o abdômen ferido e Luna certamente era a única que não estava machucada.

— O meu pai, — falei com os olhos arregalados — o meu pai está aqui.

Harry e Hermione trocaram um olhar assustado, eles pareciam preocupados comigo.

— Você se machucou muito? — Hermione perguntou enquanto Harry checava se os outros três estavam bem.

— Não, — respondi levantando meu moletom — é só um arranhão, nada demais.

Hermione assentiu, mesmo assim parecia preocupada.

Estávamos todos se ajudando para conseguirmos sair da sala quando ouvimos um comensal gritar que tinham nos encontrado, naquele momento a expressão de rosto em cada um de nós era a mesma. O mais puro horror.

Era extremamente complicado tentar nos livrar dos comensais sendo que Rony que estava fora de si.

Estupefaça. — gritei lançando o feitiço em um comensal que desviou prontamente, dei alguns passos para trás olhando preocupada para Rony. Perto de mim Neville parecia tentar gritar estupefaça mas nada acontecia.

Impedimenta. — uma voz familiar gritou, lançando o feitiço em mim. Fiquei paralisada, olhando com os olhos brilhando para a figura atrás do capuz. Dessa vez, era meu irmão mais velho, Richard, havia um brilho doentio de felicidade em seus olhos ao me ver daquela maneira. Miserável. Traída.

— Deixem os outros ir e eu darei a profecia. — Harry exclamou nervoso.

Um comensal que eu não fazia a mínima ideia de quem era apontava uma varinha para o meu pescoço, qualquer movimento brusco meu e eu estaria morta.

Neville começou a gritar para que Harry não desse a profecia aos comensais, e a mulher que atacou Harry anteriormente sorriu (mais tarde eu percebi que ela era Belatriz Lestrange que estava foragida de Azkaban), lançando a maldição cruciatus nele como se tivesse acabado de usar o feitiço lumos, algo cotidiano.

— NÃO! — gritei horrorizada, nunca tinha visto uma pessoa ser torturada em minha frente, e sem dúvida os gritos de Neville estavam me enlouquecendo. Não aguentaria ficar muito tempo ouvindo.

A mulher sorriu para mim.

— Você é a filha dos Schmidt, ah, eu ouvi falar de você. Bem, acho que não vai ter problema se nós brincarmos um pouquinho, não? Crucio.

Se os efeito do impedimenta já estivesse passando, eu realmente não percebi. Meu corpo caiu fragilmente no chão gelado, sentia que estava queimando, mesmo sem haver fogo nenhum. Comecei a me contorcer no chão, sentindo uma enorme dor agoniante se alastrar pelo meu próprio corpo. Sentia como se houvessem diversas facas quentes entrando em contato com a minha pele, contudo não havia nenhum sinal de sangue, apenas do puro horror psicológico. As lâminas entravam na minha pele sutilmente, se afundavam e então saíam, me deixando com a sensação de queimação.

Ouvi gritos, eles eram altos e assustadores, depois de muito esforço eu percebi que os gritos na verdade eram meus.

Tudo o que eu sentia e via naquele momento era a dor, acabei fechando os meus olhos com força, querendo que aquilo acabasse.

Sentia o meu medalhão queimar em meu pescoço.

Conseguia ouvir uma voz melódica, mas muito, muito distante de mim.

 

Pare de chorar que nem uma garotinha mimada, ande Camilla, esse machucado não foi nada. — a voz de Draco Malfoy soava nos meus ouvidos, era aterrorizador —  Meu Deus, para de chorar! Levanta logo, que saco, minha mãe vai achar que eu te machuquei…É sério, eu estou ficando preocupado...

 

Tentei olhar em volta, procurar ele, mas não consegui.

— Camilla, filha. — senti alguém me abraçar e me levantar do chão com todo o cuidado do mundo.

Aos poucos o efeito da maldição cruciatus passava, consegui finalmente focar os meus olhos em alguma coisa, e vi os olhos verdes cheios de lágrimas da minha mãe.

— Mãe? — murmurei desacreditada, sentia que estava alucinando.

 ESTUPEFAÇA! — ela gritou habilmente, afastando um comensal da morte de nós, e logo se voltou preocupada comigo — Você está bem querida?

Assenti com a cabeça, ainda sentindo um pouco de dor, notei, com certa dificuldade, que haviam membros da ordem ali.

— Draco Malfoy, — sussurrei olhando em volta enquanto ela me devolvia minha varinha — ele está aqui.

— Não filha, ele não está. — minha mãe me olhou confusa, mas não teve muito tempo de tornar a falar, comigo pois recebeu um estupefaça de um comensal.

— COMO VOCÊ OUSA, — gritei descontrolada olhando para o comensal — PETRIFICUS TOTALUS! 

O homem ficou paralisado caído no chão, atingido em cheio. Antes que ele pudesse sequer fazer alguma coisa eu prontamente lancei um diffindo, o olhei duramente quando percebi que meu feitiço tinha sido tão forte a ponto de fazer um machucado permanente.

Voltei correndo até a minha mãe que se levantava com dificuldade e tentava defender Hermione. Não pude evitar olhar para ela com admiração. Durante esse meu pequeno momento de distração, senti um braço passar pelo meu pescoço.

— Ora Elisabeth, eu deveria ter suspeitado do seu sumiço. — Robert disse em tom frio, quase que enfiando sua varinha no fundo da minha garganta.

— M-Me s-solta. — disse com dificuldade me debatendo.

Minha mãe olhou para ele com tristeza.

— Eu tive de fazer isso, você não me deixou escolha. — disse com um olhar triste — Solte a nossa filha, deixe ela ir.

— NOSSA FILHA? — ele gritou forçando mais a varinha contra o meu pescoço — É dessa pequena traidora que você está falando?

— E-Eu não sou uma tr-traidora — tentei chutar a sua perna — e m-muito menos a s-sua fil-filha.

Ele riu de mim.

— Solte ela. — minha mãe ordenou, e ele o fez, me deixando cair no chão quase sem ar.

EXPELLIARMUS. — ele gritou apontando a varinha para ela.

— Ah, que gracinha o momento família. — Belatriz disse colocando a mão no ombro de Richard, que estava a alguns metros de nós, o rosto do meu pai estava ilegível ele parecia ter um turbilhão de pensamentos naquele momento — Uma pena que é isso que fazemos com traidores...AVADA KEDAVRA.

Depois daquelas palavras, tudo pareceu acontecer rápido demais para que eu agisse corretamente, só pude vislumbrar o feixe esverdeado saindo da varinha daquela mulher e atingindo a minha mãe, que caiu inerte no chão.

Meu pai abaixou o olhar e deu as costas, indo em direção a outros comensais da morte, talvez ele estivesse magoado, mas eu não queria saber o que ele sentia, eu não me importava. Ele era um monstro.

Richard estava paralisado em choque enquanto Belatriz sorria de forma doentia.

Mãe.

Mãe, você vai se levantar, não vai?

Mãe.

Com o meu corpo tremendo, eu consegui recuperar a minha varinha que estava no chão.

EXPELLIARMUS. — Ninfadora Tonks e Moody correram na minha direção, tentando estuporar os comensais.

— Camilla, corra para a nossa direção. — Tonks gritou e eu obedeci, ainda em estado de choque.

Alguém tire a garota daqui, ela vai ter um ataque de pânico.

Virei a minha cabeça, tentando olhar melhor para a minha mãe, e ofeguei vendo seu corpo morto a alguns metros de distância. Tentei estuporar Richard, mas não consegui, minhas mãos tremiam demais e eu não conseguia me concentrar no feitiço.

Eu não conseguia respirar.

Estava muito rápido, eu precisava respirar.

Ar puro, eu precisava de ar puro.

— MÃE — gritei com toda a força que tinha, sentindo a minha garganta arranhar. Tentei correr em direção ao corpo dela, mas alguém me segurou por trás. Me debatia violentamente, arranhando o meu próprio corpo, sentindo o meu sangue nas minhas próprias unhas.

Ela não estava morta.

Minha mãe não…

Comecei a gritar em pânico, e era bem pior do que gritar quando se está sob a maldição cruciatus, porque quando se está sob a maldição você sabe que a dor eventualmente vai parar. A dor que eu estava sentindo iria durar para sempre.

— E-Eu não consigo respirar. — falei com dificuldade enquanto era levada para um lugar mais seguro, não reconhecia a pessoa que estava me carregando, mas sabia que era alguém da ordem. — E-Eu…

Tornei a me debater furiosamente, em um acesso de raiva, xingando o meu pai e Belatriz de todos os nomes que eu conhecia.

— EU TE ODEIO, EU QUERO QUE VOCÊ MORRA.

— Camilla. — ouvi a voz de Tonks, ela tentava com certa dificuldade, me tranquilizar. — alguém em ajude, ela vai desmaiar…

E antes mesmo que Tonks terminasse de falar, o meu corpo cedeu, e novamente eu me vi caída naquele chão gelado. Querendo estar morta.







(...)






Acordei com alguns ruídos desconfortáveis, sentia a minha cabeça latejar e meus ouvidos doerem, como se tivessem presenciado um chiado horrível. Demorou algum tempo para que a minha audição voltasse ao normal e que eu finalmente me sentisse confortável para abrir os meus olhos.

— Oh, finalmente, você acordou. — a voz de Madame Pomfrey me assustou.

Me sentei na cama assustada.

— O que aconteceu? Por que eu estou na enfermaria? Onde a minha mãe está? E Harry e os outros?

Madame Pomfrey me deu um olhar raivoso.

— Por agora a sua única preocupação é descansar, a senhorita teve uma noite e tanto, acredite, deu trabalho desinfectar a ferida no seu abdômen. — ralhou mesmo assim com um tom de voz preocupado.

Olhei em volta na enfermaria e logo afundei a minha cabeça no travesseiro, passei meus dedos pelo meu machucado, não tinha sido um sonho, minha mãe estava morta. Era culpa minha.

Se eu não tivesse tirado o colar ela não saberia que eu estava em perigo e não teria ido em meu socorro, e então tudo estaria bem, e ela estaria viva.

Era minha culpa.

— Cam? — ouvi a voz de Gina próxima de mim, ela parecia estar bem machucada. — Por Merlin, e-eu sinto m-muito. — disse com seus olhos brilhando.

— Ora, mas a senhorita também já está acordada? Vocês precisam descansar para poderem ficar bem, e não ficar tagarelando! Andem, tomem isto aqui.

Quando fui perceber, já estava novamente adormecida. Madame Pomfrey tinha nos dado a poção do sono. Novamente, eu me vi sonhando com a cena do jardim, da menina e do menino fazendo promessas. Já estava cansada de sonhar com a mesma coisa.

— Você tem uma visita. — foi o que Madame Pomfrey falou assim que eu acordei.

Ainda meio grogue, eu me sentei na cama, olhando para um ponto vazio enquanto meu irmão do meio, Charles, se sentava em uma cadeira ao lado da minha cama. Acho que nunca tinha o visto tão abatido, com olheiras profundas e nariz vermelho.

— Você está bem. — ele sussurrou dando um sorriso triste, que parecia prestes a se estilhaçar em diversas lágrimas. Como ele não podia me abraçar, meu irmão afagou o meu cabelo. — Você está bem. — repetiu.

Olhei para o meu irmão com os meus olhos brilhando, mesmo assim, nenhuma lágrima chegou a descer pelo meu rosto pálido.

— Você foi muito corajosa irmãzinha, — disse em um tom afetuoso que eu não ouvia dele desde criança — voc-

Então eu vi algo extremamente agoniante, meu irmão começou a chorar. Era algo muito desesperador ver um homem chorar, porque eu nunca sabia como reagir, e eu sabia que se ele estava chorando, significava que ele estava realmente machucado.

— Mamãe deve estar orgulhosa de você. — disse com a voz embargada.

— C-Charlie, me desculpe, — eu sussurrei sentindo a minha garganta doer — é minha culpa.

Meu irmão apenas balançou a cabeça negativamente.

— Já se foram os cinco minutos. — Madame Pomfrey falou e meu irmão se levantou, sem antes dar um beijo em minha testa.

— Vai demorar muito para ela se recuperar? — perguntou preocupado.

— Não muito, felizmente os ferimentos dela não foram tão graves, contudo o psicológico dela é o que me preocupa. — ela comentou baixinho mas mesmo assim eu consegui escutar, Charles assentiu e se retirou da enfermaria. Madame Pomfrey tornou a olhar para mim — Eu não deveria te deixar sair da sua cama hoje, mas o Professor Dumbledore quer conversar com você, urgente. Espero que a senhorita vá até a sala dele e volte direto para cá. Se quiser eu mandarei alguém para te acompanhar.

— Não será necessário. — falei secamente me levantando da cama com dificuldade. Mesmo assim, eu saí da enfermaria mancando, abraçando o meu próprio corpo.

Enquanto eu andava pela escola, recebia olhares assustados, mas eu os ignorei indo direto para a sala de Dumbledore. Felizmente ele já estava na porta, então eu não tive de ficar feito uma idiota chutando a palavra que liberaria a passagem para a sala dele.

— Camilla, como se sente? — ele perguntou assim que eu entrei em sua sala.

— Uau, a sua sala parece estar bem destruída senhor. — disse em um tom fraco e Dumbledore me sorriu triste.

— Harry esteve aqui alguns minutos atrás, estava expressando sua raiva.

— Raiva de que? — perguntei me sentando de frente para ele, mas sem olhar necessariamente nos olhos do diretor.

— Sua mãe não foi a única pessoa que morreu no Departamento de Mistérios, Camilla.

— S-Sirius também morreu? — minha voz quase nem saiu.

Dumbledore apenas concordou com um triste aceno de cabeça.

Balancei as minhas pernas embaixo da mesa, olhando para um estranho objeto que tinha chamado a minha atenção.

— Aquilo é uma penseira. — Dumbledore me respondeu como se tivesse lido a minha mente.  — Serve para reviver memórias. Mas acredito que não é sobre isso que eu a chamei ao meu escritório. Como se sente, Camilla?

Mordi os meus lábios, abaixando a minha cabeça.

— Eu não sei, — admiti — como se deve se sentir quando alguém morre? Porque eu me sinto um nada agora. Eu me sinto que estou morrendo também.

— A sua mãe foi uma bruxa extraordinária, Camilla. — ele disse serenamente — Acho que ela já te contou sobre a ordem da fênix? — perguntou e eu apenas assenti com a cabeça — Elisabeth foi uma ótima mãe,  uma grande aluna, ótima jornalista e uma bruxa incrível, e eu posso ver muito dela em você. E quando digo isso, quero falar muito além das aparências físicas, você tem não só a inteligência dela, como a empatia e a determinação. São características muito importantes se permite dizer. Parte da sua mãe, vive em você. Bem aqui. — disse apontando para o meu coração, no mesmo lugar em que meu medalhão ficava.

Dei um risada seca e desacreditada enquanto secava uma lágrima com as costas da mão em que estava escrito “não devo me distrair.”

— Deveria ter sido eu no lugar dela, ela não merecia aquilo.

— Sua mãe pediu a minha ajuda, — ele disse gentilmente colocando um medalhão sobre a mesa, igual ao meu medalhão — pediu para que eu a ajudasse a te proteger a qualquer custo, então eu ofereci minha ajuda para enfeitiçar esse medalhão para quando você estivesse em perigo. Ela estava com receio de que seu pai resolvesse ir atrás de você junto de outros comensais, então queria ter a garantia de que você estava segura aonde quer que fosse. Elisabeth também queria proteger seus irmãos, mas Richard estava muito distante dela, e Charles também. Quero que você compreenda que ela fez tudo isso pensando em vocês, em os proteger do pai de vocês.

— Isso foi minha culpa! — exclamei interrompendo o diálogo de Dumbledore — Se eu não estivesse usando o medalhão ela não iria ter me achado e estaria a salvo agora! 

— Não, — disse — sua mãe era uma membra da Ordem da Fênix, ela iria lutar independente de você estar lá ou não.

Respirei fundo, tentando acalmar a minha respiração que insistia em acelerar sozinha. Cerrei os meus punhos para que estes não tremessem involuntariamente.

— Robert, o que aconteceu com ele?

— Seu pai está preso —  a voz grave de Dumbledore me deu arrepios — junto com o seu irmão mais velho.

Engoli em seco, sentindo as palmas da minha mão suarem frio.

Se a minha mãe estava morta e meu pai estava trancafiado em Azkaban então…Eu...Estava…Sozinha.

— Ainda estou resolvendo isso, — Dumbledore disse, novamente, lendo a minha mente — sua mãe me noticiou que tem uma irmã trouxa que mora em Liverpool, já entrei em contato com ela, você passará algumas semanas com ela para que o Ministério da Magia possa fazer uma papelada alegando que ela é sua responsável até maio do ano que vem, e então você poderá ir para a Toca ou para a Sede da Ordem, onde achar que está mais segura. Agora, também é prioridade da Ordem te proteger.

— E o meu irmão?

— Infelizmente, não podemos pedir que Charles se junte a nós. Ele já é maior de idade e fez sua decisão.

— Isso quer dizer qu-

Abaixei a minha cabeça, respirando fundo, enfiando meu rosto em minhas mãos.

Era exatamente como eu temia.

Estava sozinha.

— Eu sinto muito, Camilla, que as coisas tenham chegado a esse nível. Posso tentar que entrem em contato com o seu irmão, contudo, se ele negar a nossa ajuda, não haverá muito que eu poderei fazer. — disse com uma voz triste, e eu apenas balancei a minha cabeça concordando entristecida.

— E quanto aos outros comensais? — perguntei com os olhos brilhando, acabei soluçando e de imediato pedi desculpas.

— Não há porque se desculpar Camilla, é importante não se impedir de sentir, é a melhor forma de superar, aceitar que somos vulneráveis. — ficava surpresa em como qualquer coisa que acontecesse Dumbledore teria algo inspirador para falar, mesmo que eu não estivesse com cabeça para ouvir — Enfim, doze comensais da morte foram capturados contando com o seu pai, seu irmão mais velho,e é claro, Lucius Malfoy.

Contive um pequeno sorriso debochado, eu queria esfregar a cara debochada de Lucius Malfoy no asfalto.

— E quanto aos outros, eles ficaram todos bem? 

— Quantos aos aurores sim, Ninfadora Tonks está tendo atendimento no Hospital St. Mingus mas logo estará bem. Agora, quanto a vocês, todos estão recebendo tratamento da Madame Pomfrey, então creio que irão ficar bem logo. — as palavras de Dumbledore me tranquilizaram.

— E Você-Sabe-Quem, senhor? 

Dumbledore fez silêncio por alguns momentos, podia jurar que ele sentia pena de mim, uma garota mimada que perdeu a mãe cedo demais.

— Não há porque temer um nome criança.

— E Voldemort? — perguntei sentindo um calafrio ao pronunciar aquele nome.

— Voldemort retornou enquanto a senhorita estava desacordada, felizmente ele não conseguiu o que queria e acabou fugindo. Creio que agora o Ministério irá admitir a sua volta oficialmente. 

Senti meu corpo ficar tenso ao ouvir aquilo, isso significava que ninguém estava seguro e que a situação só iria piorar. Se o mundo bruxo já andava caótico agora então…

— Professor, eu tenho uma dúvida — falei de repente quase que me esquecendo — é...eu estive sob a maldição cruciatus por algum tempo e ouvi a voz de alguém que não estava no momento. Isso...isso é possível?

Dumbledore pareceu ficar pensativo por alguns momentos elogo me respondeu.

— Você pode ter alucinado por causa da dor causada pela maldição, — ele disse — contudo, a maldição cruciatus também pode ter trazido memórias que a senhorita não recorda de volta, já que esta maldição pode quebrar feitiços da memória. — o diretor falou com um olhar ilegível, algo me dizia que ele sabia muito mais do que falava, mas eu estava cansada, então apenas assenti com a cabeça. Dumbledore apenas me deu o medalhão da minha mãe, e na primeira oportunidade que me apareceu eu retornei para a enfermaria em passos lentos. — Lembre-se Camilla, você é forte, seja resiliente.

Minha mente estava turbulenta, a minha cabeça doía.

Tudo o que eu queria dormir, porque eu podia, nem que por alguns instantes, fingir que estava tudo bem e esquecer o que tinha acontecido.

Sequei as lágrimas com agressividade, não queria que ninguém me visse chorando, eu não tinha esse direito. Era minha culpa.


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Notas finais do capítulo

resiliência de acordo com o dicionário aurélio - capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios.

bemmm, eu não sei se eu peguei pesado com esse capítulo, mas isso já estava planejado para acontecer desde os primeiros capítulos de obliviate, eu já sabia desde sempre que a família da Cam não iria permanecer inteira, ainda mais porque a mãe dele era uma agente dupla da ordem da fênix. com a morte da Elisabeth eu queria ressaltar umas coisas bem importantes: eu vejo mta gente que leu hp ou viu os filmes ver a marca negra como algo cool, e até mesmo fazer tatuagens e etc, queria que vcs relembrassem que a marca negra é como se fosse a suástica do mundo bruxo, pessoas foram assassinadas por bruxos que carregavam essa marca. Cedrico, Lupin, Tonks, Fred e vários outros personagens foram vítimas disso, assim como a mãe da Cam.
e eu também queria tentar abordar a saúde mental dos personagens nessa fic. é muito desafiador trabalhar saúde mental de personagens, porque por mais incrível que pareça, isso afeta a saúde mental de quem está lendo e de quem está escrevendo. mas mesmo assim eu vou tentar mostrar como isso afetou cada um dos integrantes da família Schmidt e como cada um deles está lidando com o luto [além, é claro, do psicológico do Draco no sexto ano dele]. CLARO que vão haver capítulos leves para descontrair, mas eu darei prioridade para o que os personagens estão sentindo.
justamente por isso eu pedi para que você que está lendo dar uma pausa antes de ler esse capítulo, eu não sei como está a sua mente agora, e não sei como as minhas palavras chegaram em você. espero que você tenha conseguido absorver alguma energia boa ao final deste capítulo.

“O sol vai nascer e nós vamos tentar outra vez.
Fique vivo, fique vivo por mim.”
— Twenty One Pilots, Truce. -

saúde mental é muito importante, e assim como qualquer parte do seu corpo, a sua mente também pode adoecer. então por favor, se você conhecer alguém, ou até mesmo se você estiver passando por um momento ruim, não hesite em pedir ajuda. você é muito maior que esse momento ruim pelo qual você está passando, por favor, peça ajuda.

Centro de Valorização da Vida - 188



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