Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 16
Capítulo 16 - Could you just stop looking for answers?




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Capítulo 16 - Could you just stop looking for answers?



CAMILLA SCHMIDT



Gostaria de recuperar a minha calma, porque eu sinceramente não sabia como.

Estava sentada na mesa da Corvinal olhando para o nada enquanto pensava na penca de trabalhos e provas que eu teria de fazer ainda aquele mês, isso sem falar é claro, que os NOM estavam mais do que próximos.

— Eu não vou aguentar. — murmurei desesperançosa, esperava que Sabrina me desse seus típicos discursos motivadores, mas ela parecia estar no mesmo barco que eu.

— O quê nós vamos fazer no NOM de Defesa Contra as Artes das Trevas? — ela choramingou e eu afundei meu rosto em minhas mãos. Adivinhação, Defesa Contra as Artes das Trevas, Runas, Herbologia e História da Magia...Essas matérias estavam me deixando louca.

— Fiquei acordada até às três da manhã revisando matéria e fazendo um trabalho para o Binns. As vezes eu me pergunto se um fantasma realmente consegue vistar um trabalho e aplicar uma prova… — resmunguei olhando para o enorme livro de Transfiguração que eu tinha colocado sobre a mesa para estudar, contudo o meu ânimo estava tão ruim que eu mal o abri.

Tirei minha mão do rosto e afastei o cabelo recém lavado do meu rosto, infelizmente minha mão estava descoberta, e Sabrina acabou vendo a minha cicatriz.

— O quê é isso? — disse segurando a minha mão.

— Não é nada demais. — respondi puxando a mão de volta e a escondendo com ajuda da capa negra.

— “Não devo me distrair”...Essa é a detenção da Umbridge? — ela exclamou em voz alta completamente chocada, abaixei o olhar contendo a vontade de pedir gentilmente que ela calasse a boca.

— Sabrina, isso não muda as coisas, o que está feito já era. — resmunguei tomando um gole de suco de abóbora, contudo, minha amiga não parecia nem um pouco afim de deixar aquela história passar batido.

— O seu pai trabalha no Ministério da Magia, se você escrever uma carta a denunciando ele pode conseguir tirar ela…

— Sabrina, — disse furiosa — meu pai pouco se importa comigo e com o que acontece em Hogwarts. Esqueça.

— Como ele pode não se importar, é do seu pai que estamos falando!

Não se importando. — respondi bruscamente me levantando da mesa, tinha perdido a fome por completo. Se tinha algo que eu detestava era conversar sobre a minha relação de pai e filha com Robert, era mais do que claro que meu pai pouco se importava comigo. Tinha passado a minha infância inteira correndo atrás dele querendo atenção, não era agora que a opinião dele fosse fazer alguma diferença para mim.

Os dias se passavam lentamente e eu ficava cada vez mais tensa ao pensar sobre os NOMs, a única coisa que vinha me tranquilizando eram os encontros da Armada de Dumbledore. Sentia que estava melhorando cada vez mais em feitiços defensivos graças a Harry.

— Hoje iremos tentar o feitiço do patrono.

Acho que nunca tinha ficado tão feliz com algo que Harry falara que nem naquele momento, olhei para Ernie cheia de expectativa.

Harry fez questão de nos lembrar que produzir um patrono na Sala Precisa era bem mais diferente e menos tenso do que produzir um patrono diante de um dementador. Também nos instruiu a pensar em algo feliz enquanto tentávamos realizar o feitiço.

Fiquei um bom tempo quebrando a minha cabeça sem conseguir fazer sequer uma faísca prateada sair da minha varinha. Talvez pelo fato de eu estar extremamente tensa com os exames, a tensão estivesse me prejudicando em pensar em coisas felizes e evidentemente atrapalhando na execução do feitiço.

Certo, pensei, preciso pensar em algo realmente feliz…

Mordi os lábios novamente enquanto vasculhava a minha mente em busca de uma memória, a melhor que lembrei naquele momento fora a risada da minha mãe quando a perguntei sobre as aulas do Professor Binns. Era tão bom ver ela feliz…

Expecto Patronum. — disse em voz alta, e quase não consegui acreditar quando vi a figura de um lobo em cor branco-prateado me rodear. — Eu consegui.

Mal tive tempo de comemorar o meu feito, porque um pequeno elfo doméstico apareceu na Sala. Tive de estreitar os meus olhos assim que o vi, ele me parecia familiar. O pequeno parecia estar aterrorizado.

— Ela está vindo. — disse com a voz tremida.

— Ela quem Dobby? Umbridge, ela está vindo?

— Sim, Harry Potter, sim.

Senti o meu corpo congelar quando vi o olhar de Harry se virar para nós.

— O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO? CORRAM. — ele gritou.

Meus pés pareciam ter se fincado ao chão enquanto eu olhava para Harry, as pessoas ao meu redor corriam desesperadas tropeçando em seus próprios pés. Por fim, consegui sair do estado de choque e me movimentar, a esta altura do campeonato já tinha perdido a maioria do pessoal de vista. Disparei a correr, sem me preocupar com as dores no meu corpo por estar forçando uma velocidade na qual eu não estava acostumada. Se fosse rápida conseguiria chegar no Salão Comunal a tempo…

— Acho que ouvi alguém correndo nessa direção. — ouvi a voz de Pansy Parkinson seguida da risadinha de Umbridge. Que nojo, iria acabar vomitando.

Acabei me esgueirando para trás de uma enorme armadura, tapei a minha boca a fim de não fazer barulho e fiquei inerte por um tempo, até que Pansy e Umbridge desistissem de olhar aquele corredor.

Soltei um suspiro de alívio me encolhendo contra a parede gelada. Todo o meu corpo doía, e meu pulmão parecia estar em chamas.

— Foi por pouco. — suspirei, retornando ao Salão Comunal da Corvinal em passadas sorrateiras na ponta dos pés.

Só consegui respirar aliviada quando me vi em segurança dentro do Salão Comunal, contudo, não pude deixar de me sentir culpada, não conseguia parar de pensar em como tinha sido covarde em ter fugido e deixado os outros para trás. Será que todo mundo tinha conseguido fugir?

Com a minha consciência pesando eu fui para o dormitório feminino e enquanto a maioria das garotas dormiam, peguei um livro de História da Magia e comecei a estudar para tentar me tranquilizar.




(...)





“Por ordem do ministro da magia

 

Dolores Jane Umbridge (Alta Inquisidora) é a substituta de Alvo Dumbledore como Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

A sentença acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Oito.

Firmado por: Cornélio Osvaldo Fudge, Ministro da Magia”




Aquela semana não tinha como piorar. Por meio de Harry e Rony, acabei descobrindo que Dumbledore tinha deixado o castelo noite passada, e que agora Umbridge tinha poder para fazer o que bem quisesse e entendesse de Hogwarts, além de que uma garota da minha casa - seu nome era Marieta - tinha entregado a AD para Umbridge. Só de pensar nisso o meu estômago dava voltas. Com Dumbledore por perto eu tinha alguma segurança de que as coisas poderiam melhorar, mas agora que Umbridge tinha conseguido o posto de diretora a minha mais sincera vontade era de me jogar da torre de astronomia.

Luna Lovegood falava alguma coisa ao meu lado durante o café da manhã, mas eu estava tão estressada que não entendi uma palavra do que ela falava. A mesma coisa acontecia com Sabrina, ela murmurava algumas palavras incompreensíveis que no momento eu não fazia a mínima questão de entender.

Me levantei da mesa, decidida a não colocar nada na minha boca. Antes que conseguisse sair do Salão Principal, acabei me deparando com Malfoy e seus dois capangas, Crabbe e Goyle.

— O quê pensa que está fazendo, Schmidt? — a voz de Malfoy me fez revirar os olhos de irritação.

Parei diante do triozinho e cruzei os meus braços, os dirigindo um olhar desinteressado.

— Algum problema? Porque se nã-

— Oh sim, temos um problema grave — Draco disse com os seus olhos acinzentados faiscando —, irei descontar vinte pontos da Corvinal por você ter se juntado ao grupo idiota de estudos do Potter. — um sorriso triunfante apareceu em seus lábios, contudo, eu não me deixei abalar. Achava que Malfoy estava blefando, embora ele infelizmente tivesse descontado vinte pontos da minha casa, de verdade.

— Hum, não sabia que monitores podiam tirar pontos. — disse mantendo o tom desinteressado, ele parecia ter ficado furioso com a minha reação. — Mais alguma coisa? — perguntei inclinando a minha cabeça para o lado.

— Sim, irei tirar mais dez pontos da Corvinal por você zombar da minha autoridade e ´por você ser da Corvinal...

Novamente, me vi contendo a raiva, apenas mantendo a expressão entediada no rosto. Estava tão cansada que as atitudes de Draco já não me importavam.

— Oh, Draco, — disse em um tom de voz fingido — me perdoe por não te levar a sério, creio que não deva te importunar com a minha presença, não é mesmo? Por isso, estou indo.

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, saí do Salão Principal com a minha cabeça a mil. Parei em um canto isolado e respirei fundo, finalmente em silêncio e longe de Sabrina falando o como ela estava nervosa ou de Luna comentando coisas estranhas que só ela entendia. Finalmente sentia um pouco de paz, depois de tanto tempo com a mente atribulada por completo.

Fechei meus olhos, ouvindo o barulho de passos vindo na minha direção.

— Malfoy, por favor. — resmunguei assim que abri os olhos e vi o loiro parado na minha frente com um olhar furioso.

— Eu deveria descontar diversos pontos da sua casa por cada coisinha que você me fez! — ele exclamou irritado, parecia que minha atitude desinteressada tinha o tirado do sério. O garoto me olhou de cima a baixo furioso. — Mas mesmo assim você nem se importa não é mesmo, esta completamente indiferente com as consequências.

Fiquei olhando para o garoto em silêncio sem entender uma palavra do que ele falava, será que todos estavam ficando loucos esse ano ou era a minha mente que estava distorcida?

Por fim, a sensação de estranhamento que eu sentia quando estava por perto de Malfoy retornou mais forte do que nunca. Aquele sentimento estava dispersando a minha atenção, já não entendia mais nada do que estava acontecendo.

— Você realmente gosta de se machucar não é mesmo? — disse erguendo a minha  mão machucada em um movimento delicado. Surpresa, fiquei paralisada me perguntando como diabos ele sabia das minha detenções com Umbridge. — Cria algum juízo e pare de tentar enfrentá-la.

Com muita dificuldade eu percebi que ele não estava debochando de mim, é sim me aconselhando. O tom de voz dele parecia extremamente preocupado.

É, eu realmente não estava muito bem da cabeça.

— Por que está me aconselhando Draco? — perguntei confusa, sem perceber que tinha o chamado pelo primeiro nome desta vez sem estar usando de ironia.

— Estou fazendo caridade. — respondeu cheio de ironia, novamente dando vários nós em minha cabeça. Não compreendia qual o problema dele comigo, já que eu era do tipo de garota que ele jamais iria notar a existência visto que era uma Corvinal que estava sempre estudando quieta em meu canto. A possibilidade de ele notar a minha presença era praticamente nula, então por quê?

Virei o meu rosto, não querendo olhar para aquele par de olhos acinzentados.

— Camilla, — chamou o meu nome com a voz rouca, confusa, acabei falhando, encontrando os meus olhos com os dele — pare de procurar por respostas, essa é a última vez que estou falando isso amigavelmente. Talvez seja melhor para você ficar no escuro e não saber de nada.

— Do quê você está falando? — murmurei segurando seu braço, o impedindo de ir embora. Não pude evitar sentir o contraste ao encostar nele, minha pele era quente enquanto a dele era muito fria. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, quando fui perceber estava corada, sem motivo algum aparente.

Draco Malfoy estava me tirando do sério, mesmo que eu tentasse ignorar a sua presença e seguir com a minha vida, eu simplesmente não conseguia. Seus olhos eram demasiado cativantes, me sentia perdida sempre que passava muito tempo o encarando. Ele tinha um quê de familiaridade que eu não conseguia explicar, Draco era um enigma que eu tentava ao máximo não resolver.

— Camillla? — a voz de Hermione nos surpreendeu, acabamos nos separando bruscamente.

— O quê você quer aqui sangue-ruim? — Malfoy ralhou com a garota.

— Não a chame desse jeito. — o olhei furiosa.

Tinha a plena certeza de que Hermione iria começar a falar alguma coisa se não tivesse sido interrompida por um barulho de...fogos de artifício?

Sem me importar em permanecer ali, fui atrás do barulho e não me surpreendi ao encontrar a escola em uma total baderna. Alguém tinha lançado diversos fogos de artifício encantados, de diversas cores e formatos. Umbridge estava chocada dando gritos com Filch.

Um pequeno sorriso se formou nos meus lábios, e se eu não estivesse tão perto da mulher, teria soltado uma boa gargalhada. Sabia muito quem eram os autores daquela pequena confusão…

O restante do dia tinha sido muito engraçado, todos os professores mandaram alunos atrás de Umbridge alegando que não conseguiam dar conta dos fogos que se alastraram pela escola. Não pude deixar de rir ao ver a mulher andar feito uma barata tonta pela escola, com a roupa completamente desengonçada e o rosto suado.

Tinha passado mais uma tarde treinando para caso a minha casa precisasse de uma artilheira para o jogo de Quadribol, acabei ouvindo que ano que vem quando algum artilheiro saísse eu provavelmente iria me tornar titular no time. Acabei sorrindo com essa ideia, estava tão presa no que estava acontecendo naquele momento que mal tinha parado para pensar no ano que vinha a seguir. Algo me dizia para aproveitar esse ano ao máximo, porque eu tinha a leve impressão de que o sexto ano não iria ser fácil.

Os treinos de quadribol iam bem é claro, tirando o fato de Cho Chang não estar tão feliz assim com a minha presença, hora ou outra ela me dava indiretas resmungando sobre Harry e Hermione. Eu sinceramente não entendia, se ela tinha um problema com Harry não havia a necessidade de me envolver no meio.

Entrei no Salão Comunal depois de passar uns bons dez minutos para responder a pergunta da águia, tudo o que eu mais queria era tomar um banho e dormir como se não houvesse amanhã. Infelizmente a figura de Sabrina com o rosto vermelho me impediu.

— Está tudo bem? — perguntei preocupada me aproximando dela.

Sabrina me olhou furiosa, como se eu tivesse feito algo horrível.

— Eu estou ótima, obrigada. — disse rispidamente o que era estranho, já que ela sempre era animada comigo.

Infelizmente a minha pior matéria em Hogwarts era Adivinhação, e eu claramente não era uma bola de cristal para adivinhar o que ela deixava ou não de sentir.

— O que foi? — perguntei.

— Você! — ela exclamou tão irritada que eu levei um susto — Você vive tão preocupada no seu mundinho, e não dá uma palavra comigo. Quando você está mal não fala para ninguém, quando precisa de ajuda se isola, achei que amigos serviam para ficar juntos!

Olhei para Sabrina estarrecida, nunca que eu iria imaginar que ela estava brava comigo por causa disso.

— Ótimo — disse secamente — eu vou dormir

Franzi o cenho surpresa com aquela atitude, sendo deixada para trás sozinha no Salão Comunal.


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