Twilight escrita por Srta Hale


Capítulo 26
Congelada


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal, um aviso, depois deste capítulo passaremos a estar na segunda fase da fic, ou seja, Lua Nova. Vai ter capa nova, sinopse nova, personagens novos e principalmente, problemas novos.
Espero que gostem do capítulo de hoje e do que está por vir. ♥ Beijos e boa leitura.



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Eu me levantei com pressa, olhando ao meu redor, uma parte da minha cabeça procurando pelas últimas lembranças de minha irmã. Eu me lembrava de seus gritos de dor e desespero. Nas lembranças ela estava ferida, havia sangue. Minha garganta ardeu novamente apenas em se lembrar da cor do líquido. 

—Minha irmã... Ela também foi transformada? -eu perguntei voltando a olhar para Emmett. 

Ele desviou o olhar por alguns segundos antes de negar com a cabeça. 

—Isabella ainda é humana. -ele respondeu. -Quando chegamos até lá você era quem estava mais ferida, você tinha perdido muito sangue e não havia nada que os humanos pudessem fazer para te salvar. A Bella, apesar de estar machucada, tinha um quadro reversível. Ela quebrou uma perna e teve uma pequena concussão na lateral da cabeça. James também a mordeu, mas Edward sugou o veneno. Então ela ainda é humana. 

Eu abaixei o olhar enquanto absorvia a informação. Edward conseguiu salva-la, como eu esperava que ele fizesse, aquilo era tranquilizador. E agora que eu estava bem, eu poderia vê-la. Um turbilhão de emoções passou por minha cabeça. Ver minha irmã era algo que eu estava desejando desde que acordei, poder ter a certeza de que ela estava bem, que o meu sacrifício não havia sido em vão. Eu poderia abraça-la e sentir que estava tudo bem de novo, que ambas estávamos realmente seguras. Mas então eu me dei conta de algo, eu não poderia abraça-la da mesma forma. Eu era uma vampira agora, uma recém-criada que ainda não fazia ideia do que estava fazendo ou de como lidar com todas as novas informações que nem ao menos me foram dadas ainda. Qual seria a reação da minha irmã? Qual seria a minha reação? Eu estava pronta para isso? Não seria perigoso para ela? 

—Ela sabe sobre mim? -eu perguntei insegura. 

—Sim, Edward contou tudo para ela essa manhã. 

Então a confusão voltou. Essa manhã? 

—Quanto tempo fiquei desacordada? 

—Dois dias e meio. -ele respondeu rápido.  

—Se Edward apenas contou sobre mim essa manhã, então o que minha irmã pensou que havia acontecido comigo durante esse tempo? 

Emmett desviou o olhar novamente e se levantou, pegando minha mão e me guiando até um enorme tronco de árvore que estava caído no chão, ele se sentou e me puxou para que eu me sentasse ao seu lado, ele pareceu procurar as palavras certas para me explicar, como se estivesse inseguro de minha reação. 

—Eu vou te explicar tudo, mas primeiro preciso que entenda o motivo de você ter acordado longe da sua irmã. -ele pediu. Eu assenti e então ele respirou fundo antes de voltar a falar. -A transformação é algo difícil de se passar, a pessoa sente muita dor e quando acorda, é completamente instável. Na maioria das vezes as lembranças das horas anteriores ao início da transformação ficam confusas e nubladas, o recém-criado fica confuso e assustado, não fazem ideia do que está acontecendo e isso pode deixá-los extremamente perigosos. Quando a sua transformação começou, Alice e eu te trouxemos para a cabana de Carlisle. É muito afastado de Phoenix e de Forks, estamos em Juneau, no Alasca. O motivo de te trazermos aqui foi para que, quando você acordasse, estivesse em um lugar calmo e seguro, seguro não só para você, mas também para os humanos. O cheiro deles é completamente diferente do cheiro do sangue dos animais, é mais doce e muito mais convidativo, difícil de resistir e quase impossível se você estiver com muita sede. Nós te afastamos para que você e Bella ficassem seguras. 

—Eu entendo. -eu respirei fundo. A maneira como ele falava era calma e cuidadosa, eu pensei na parte do “recém-criados são instáveis” e entendi o motivo disso tudo. -E eu ainda sou um perigo para ela, não sou? 

—Sim. -ele confirmou. 

—Então como posso ver minha irmã? Eu posso machuca-la! -o desespero ameaçou aparecer e eu me senti com raiva. Como podiam trazer Bella até aqui se eu era um perigo para ela? -Emmett eu não posso vê-la! Se eu machucar a minha irmã eu nunca vou conseguir me perdoar. 

—Você não vai machuca-la. -ele me assegurou. -Jamais colocaríamos Bella em perigo. Vamos estar do seu lado o tempo todo, preparados para te imobilizar caso perca o controle. Isabella estará segura, eu te prometo. 

Eu o observei por alguns minutos, procurando em seu rosto alguma insegurança, mas ele falava sério. Aquilo me acalmou e eu assenti ficando um pouco mais tranquila. Mas eu ainda não entendia como eles apenas contaram a ela hoje. Eu sumi por dois dias e meio. 

—Mas isso ainda não responde minha pergunta. O que minha irmã pensava que tinha acontecido? Eu sumi por dois dias e meio. E quando ela acordou eu não estava ao lado dela, eu jamais sairia do lado dela se ela estivesse machucada. -eu disse confusa. 

—Essa é a outra parte que exige um pouco de calma da sua parte. -ele sorriu fraco. -Veja bem, nossa espécie tem líderes que são responsáveis pela ordem, eles se asseguram que nossa existência seja um segredo. Os Volturi são o mais próximo de uma realeza que temos, são alguns dos vampiros mais antigos e poderosos que existem. Temos que seguir algumas regras deles. Primeiro, nunca devemos matar demais, não podemos correr o risco de extinguir os humanos. Segundo, não podemos nos expor. Terceiro, nossa existência é um segredo, os humanos não podem saber sobre nós. Os Volturi eliminam os humanos e os vampiros que quebrarem essas regras. Quando você se transformou nós tivemos que dar um jeito de ninguém descobrir sobre você, é perigoso para qualquer humano que souber da nossa existência, os Volturi não hesitam em mata-los. Mas, ainda sim, nós tínhamos que explicar o seu desaparecimento para a sua família de alguma forma. Então... 

Eu o olhei, ele não pareceu conseguir me dizer e eu entendi perfeitamente o que aquilo queria dizer. Eu sabia que não poderia me aproximar da minha família caso eu me tornasse um deles. Sempre soube disso. Mas só havia uma maneira dos meus pais não procurarem por mim. 

—Eles pensam que eu estou morta. -eu deduzi. 

—Sim. -ele confirmou. 

—Como eles acham que eu morri? -eu perguntei olhando para minhas mãos. 

—Em um incêndio. -ele respondeu alguns segundos depois. -Depois do incidente no estúdio, nós tivemos que achar uma maneira de explicar seu desaparecimento, inventar alguma história onde você estaria morta e que ninguém conseguiria te reconhecer. Então Jasper teve a ideia de um incêndio. A história é que você ficou em casa enquanto Bella foi até o hotel se encontrar com Edward, houve um curto na linha elétrica na sua casa e tudo pegou fogo, você não conseguiu fugir a tempo. 

Eu prendi a respiração e fechei meus olhos colocando a cabeça entre as mãos. Era uma boa história, ninguém conseguiria reconhecer meu corpo e assim meus pais ficavam seguros dos Volturi. Mesmo assim eu não conseguia me sentir bem com aquilo. Não poderia ver minha mãe ou meu pai de novo, eu tinha morrido após dizer todas aquelas mentiras maldosas para meu pai, jamais poderia pedir perdão para ele. 

—E Bella? 

—Para que todos acreditassem na história, era necessário que Bella pensasse que você tinha morrido. A dor dela foi o essencial para que todos acreditassem na sua morte. O velório foi na noite passada. Edward contou a verdade para ela essa manhã, ela ficou muito nervosa por temos mentido para ela, mas entendeu a necessidade de termos feito isso. 

—E Charlie e Renée? Como eles estão? 

—Eles estão muito abalados, minha família ficou ao lado deles por um tempo, para ter certeza de que estavam bem. 

—Você foi ao... velório? -me referir ao meu próprio velório era estranho e um pouco assustador. 

—Não. -ele respirou fundo. -Carlisle disse para todos que eu estava abalado demais para conseguir ir e que fui passar um tempo com amigos da nossa família, em Denali. Eu não queria sair do seu lado durante a transformação. 

Eu assenti e fiquei em silencio pensando em tudo o que ele havia dito. Eu não conseguia nem imaginar o que meus pais estavam sentindo naquele momento, eu podia visualizar minha mãe chorando, podia ver meu pai a abraçando e tentando parecer forte. Podia ver minha irmã chorar e se culpar pela minha morte, sem poder dizer aos outros o que tinha acontecido. Era doloroso pensar naquilo. Não sei quanto tempo ficamos sentados ali, comigo absorvendo tudo e tentando não desabar. O importante era que todos estavam seguros, eu podia lidar com aquilo. E eu não havia perdido todos, eu ainda tinha Bella e agora tinha os outros Cullens.  

Quando me senti preparada eu me levantei, Emmett segurou minha mão durante o caminho, não corremos dessa vez, apenas andamos em silencio, um ao lado do outro até a cabana. Não demorou muito, mas não foi tão rápido quanto quando saímos de lá para caçar. Eu não sabia o que esperar ou dizer, não sabia o que aconteceria em seguida e tentei me concentrar em uma coisa de cada vez. Me focar apenas na mão de Emmett segurando a minha, aquilo era fácil de fazer, eu podia lidar com isso. Quando cheguei na porta da cabana uma onda de cama me atingiu, eu sabia que aquilo era obra de Jasper, não havia possibilidade de eu ficar calma sozinha agora.  

Emmett abriu a porta e eu prendi a respiração automaticamente, sem saber o que dizer ou fazer. Entramos em silencio e eu percebi que as luzes estavam todas acesas agora, a lareira estava ligada novamente, Alice estava sentada em uma das poltronas, com um livro em mãos, ela levantou o olhar e sorriu. 

—Vejo que não estragou o vestido, fico feliz. -ela se levantou. -Como foi a caçada? 

—Bem. -eu respondi insegura, meus olhos varreram a sala. Não havia ninguém ali. -Onde está Bella? 

—Camille. -chamou a voz no topo da escada.  

Eu olhei e Carlisle sorriu gentilmente vindo em minha direção. Ele me analisou e abraçou Emmett antes de me abraçar com cuidado, todos estavam sendo extremamente cuidadosos comigo, era estranho para mim a ideia de representar perigo para eles. 

—Como se sente? Sinto muito por tudo ter acontecido dessa maneira e pela dor que teve que passar. 

Eu abaixei o olhar e dei de ombros. 

—Tudo bem, Emmett me explicou que não havia outra maneira de me salvar. Obrigada por terem feito tudo isso. -eu agradeci baixo. 

—Não se preocupe. -ele sorriu. -Sei que tudo está diferente e confuso, você provavelmente também está um pouco receosa ou assustada com as mudanças, mas quero que saiba que sempre estaremos ao seu lado. Você não está sozinha. Todos nós passamos por isso e iremos te ajudar para que não seja tão difícil para você. 

—Muito obrigada Carlisle. -eu agradeci. 

Não pude evitar correr os olhos pela casa em expectativa, eu podia ver Alice e Jasper, mas me perguntava onde estava minha irmã. Eles não disseram que eu poderia vê-la? Alice pareceu entender o que eu procurava e deu alguns passos adiante, com um sorriso cuidadoso no rosto, ela estendeu sua mão como um convite silencioso e eu aceitei, sua mão não era mais gelada, eu notei que agora tínhamos a mesma temperatura. Ela me guiou até um enorme sofá e eu me sentei ao seu lado. 

—Bella quer ver você. -ela disse sorrindo. Jasper se mexeu pela primeira vez desde que cheguei e subiu as escadas em silencio e eu voltei a olhar para Alice. -O problema é que, como você é uma recém-criada é um pouco perigoso vocês se verem agora, você ainda precisa se acostumar com tudo e controlar sua sede antes de vê-la pessoalmente. Mas nós entendemos que é difícil para vocês ficarem longe uma da outra, ainda mais depois de tudo o que aconteceu. Então Edward e eu tivemos a ideia de comprar um computador para vocês, considere um presente de aniversário adiantado, assim vocês podem se ver por vídeo chamada sempre que quiserem. É claro que as vídeo-chamadas são algo provisório, logo poderão se ver pessoalmente, mas por enquanto é mais seguro para a Bella que vocês se vejam assim.  

Eu abaixei o olhar e pensei no que ela havia dito. Agora eu era um perigo para a minha irmã, eu podia machuca-la se estivesse com sede, se eu não soubesse me controlar eu poderia matá-la. A ideia deles era ótima, mantinha Bella e eu unidas mesmo de longe. Eu não pude evitar a pequena ponta de tristeza, mas também não podia negar que estava um pouco aliviada. Jasper desceu as escadas com um pequeno notebook em mãos, ele o colocou na mesa de centro na minha frente e o abriu. Eu respirei fundo enquanto Alice abria o Skype. Não demorou muito para que o rosto de minha irmã aparecesse na tela.  

Vê-la foi um alívio instantâneo, como se meu corpo finalmente relaxasse. Bella parecia cansada, havia olheiras em baixo de seus olhos, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, eu podia ver um pequeno corte no canto de sua boca. Ela me observou surpresa e eu forcei um sorriso, ela fez o mesmo respirando fundo em seguida. Eu reconhecia aquele lugar, era a sala dos Cullen. 

—Você está diferente. Não nos parecemos tanto agora. -ela observou rindo baixo, mas então ficou séria novamente. -Nunca pensei que ficaria tão feliz em te ver. 

—Como você está? Emmett me disse que se machucou. Pelo o que posso ver ele não exagerou. 

Ela revirou os olhos.  

—Estou bem, não foi nada demais... quer dizer, eu tive que fazer algumas transfusões de sangue e estou com uma enorme tala na perna. Minha cabeça não dói mais e os arranhões já estão cicatrizando. -ela bufou. -Mas estou bem. Como você se sente? Edward me contou que eles tiveram que te transformar. 

—Com sede. -eu confessei. -Mas me sinto ótima, um pouco confusa com tudo isso, é estranho. Mas logo me acostumarei.  

—Doeu muito? -ela perguntou 

Meu olhar foi para Emmett, ele pareceu culpado novamente enquanto esperava ouvir minha resposta. 

—Já senti coisas piores. -eu respondi. Talvez se eu emendasse a resposta com outra pergunta, ela não continuaria com o assunto. -Como Charlie está? 

Bella abaixou o olhar e começou a mexer em seus dedos, ela fazia isso quando não sabia o que dizer. 

—Ele chora durante a noite, acha que eu não estou escutando, mas as vezes ele vai até o seu quarto e liga para o seu celular, só para ouvir a sua mensagem da secretária eletrônica, ele deixa mensagens, diz que deveria ter dito mais vezes o quanto te ama. -ela disse baixo. -Mamãe queria que eu ficasse com ela, mas ela entendeu quando eu disse que queria ficar em Forks. Ela me liga todas as noites para saber se estou bem. 

Eu sabia que não era culpa minha, não era culpa de ninguém além de James, no entanto eu não consegui evitar sentir como se de alguma forma fosse eu a causadora da dor dos meus pais. Jasper se moveu para mais perto e a calma voltou a aparecer dentro de mim, eu estava grata por isso, mas de certa forma aquilo era frustrante, eu sentia que não possuía muito controle sobre mim mesma. 

—Camille, não é sua culpa. Sabe disso, não é? O papai vai ficar bem, estou cuidando dele. Ele sente sua falta, mas sabe o quanto você o ama. E ele te ama muito também. Vamos conseguir passar por isso, mesmo de longe eu estou do seu lado. -disse Bella chamando minha atenção novamente. -Eu preciso desligar, tenho que voltar para casa antes que Charlie acorde. Eu te amo. 

Eu sorri para minha irmã. 

—Eu também te amo. Cuida bem dele e, por favor, se cuida enquanto eu estiver longe. -eu pedi.  

—Digo o mesmo. 

A tela ficou preta e eu encarei meu reflexo em silencio, enquanto observava meu próprio rosto eu respirei fundo, tudo estava diferente agora, eu estava diferente. Minha vida jamais seria a mesma novamente e eu não sabia dizer se aquilo era bom. Alice fechou o computador e sorriu para mim gentilmente.  

—Quer conhecer seu quarto? -ela perguntou tentando me animar. -Você vai ter que ficar aqui por um tempo, até as coisas sobre... não podemos arriscar que ninguém te veja. Enquanto você e o Emmett caçavam eu tomei a liberdade de terminar de organizar seu quarto! 

Eu me levantei e a segui em silencio pela casa, não era muito grande ali, mas era bem mais espaçosa do que a minha casa em Forks, era tudo muito claro e bem organizado, confortável, o tipo de casa que eu sempre sonhei em morar. Nós subimos as escadas e viramos à direita, o lado contrário de onde eu acordei, o corredor era comprido e tão claro quanto no andar de baixo, mesmo sem janelas. Alice parou na última porta do corredor, ela a abriu e permitiu que eu entrasse antes dela.  

Eu observei o lugar com cuidado, as paredes tinham um tom acinzentado, o chão era de madeira branca, o que dava um clima mais calmo para o quarto. Ali dentro era maior do que aparentava ser do lado de fora e era dividido, por uma pequena escada de dois degraus, em dois ambientes. No primeiro havia uma mesa redonda e branca, com pequenos vasos com cactos em cima, isso me lembrava Phoenix. Tinha ainda um sofá de três lugares com a mesma cor que a parede e uma televisão, do outro lado havia duas portas, eu tinha certeza que davam para o closet e o banheiro. O segundo andar era onde ficava uma enorme cama de casal, com um edredom branco, vários travesseiros e uma longa colcha de crochê cinza dobrada em cima. Havia uma luminária suspensa em cada lado da cama e ao lado da janela estava um largo banco de madeira clara com um tapete felpudo em cima. Dois vasos com plantas decoravam o outro canto do lugar. O quarto todo parecia ter acabado de sair de um catalogo de decorações modernas. 

—O que achou? -ela perguntou ansiosa. 

—É lindo Alice. -eu sorri. -Muito obrigada. 

—De nada! -ela pulou feliz indo para fora do quarto. -A porta da direita e o closet e ao lado fica o banheiro, vou deixar você a vontade para descobri-los sozinha. Jasper e eu vamos sair para caçar.  

—Quando vou poder voltar para Forks? -eu perguntei antes dela sair. 

Alice parou e se virou parecendo em dúvida. 

—Não deve demorar muito, tenha paciência. -ela pediu. -Assim que as coisas por lá esfriarem nós poderemos voltar um pouco, mas provavelmente não ficaremos muito tempo. Sendo o que somos, não ficamos muito tempo em um só lugar, precisamos sempre estar mudando, para que os humanos não desconfiem que não envelhecemos. 

—E quanto à Bella? -eu perguntei confusa. -O que vai acontecer quando tivermos que sair de lá definitivamente? 

—Bem, acredito que ela virá conosco. -ela deu de ombros. -Edward jamais deixaria ela para trás. 

Aquilo me deixou mais calma e Alice saiu sorrindo para ir caçar. Ouvi o barulho de Alice e Jasper se afastando da casa e de Emmett subindo as escadas, eu não sentia presença de Carlisle na casa, então julguei que ele também tinha saído. Voltei a olhar pela janela, ainda nevava lá fora, eu podia ver cada floco de neve caindo do céu e se acomodando no chão e nas árvores da floresta. Não pude evitar a comparação entre mim e o clima, eu estava tão congelada quanto as árvores, a diferença era que, quando a neve acabasse, elas mudariam, já eu não.

Estava de madrugada e eu não sentia sono, me lembrei que vampiros não dormiam. Aquilo seria estranho. Eu me sentia com muita energia, fisicamente eu poderia correr por todo o país sem me cansar, mas emocionalmente eu me sentia cansada. A sede ainda estava ali, queimando minha garganta e me incomodando, me lembrando do motivo de não poder ir ver minha família. 

—Quando você se transformou e viu um humano novamente, pela primeira vez, o que você sentiu? -eu perguntei quando Emmett entrou no quarto. 

Ele ficou em silencio por alguns instantes e então estava ao meu lado, me observando. 

—Senti como se estivesse queimando novamente. 

—E o que você fez? -eu perguntei o olhando, ele abaixou o olhar e respirou fundo antes de dizer o que eu já imaginava e temia que acontecesse comigo.  

—Eu me alimentei.

 


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