Twilight escrita por Srta Hale


Capítulo 23
Lágrimas e sangue


Notas iniciais do capítulo

POV BELLA



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Enquanto eu flutuava, eu sonhei. Onde eu flutuava? Embaixo de uma água escura, eu ouvi o som mais feliz que minha mente poderia imaginar, tão lindo, tão animador, quanto era horrível. Eu estava presa ali, mas algo chamou minha atenção. Era outro rosnado, um rosnado mais profundo, mais selvagem que estava cheio de fúria.

—Camille! -gritou uma voz desesperada. Aquele era o Emmett? Por que ele parecia estar tão nervoso? -Camille, meu amor, por favor, acorda! Você não pode me deixar! Camille acorda!

Camille? Camille! Onde estava minha irmã? As lembranças de minha irmã ferida me alarmaram. Havia tanto sangue, ela gritou tanto. O choro dela ainda estava em minha cabeça. Eu fui trazida de volta, quase a superfície, pelo desespero das lembranças. Mas então uma dor pulsante na minha mão meio levantada me atordoou quase fazendo-me abrir os olhos, mas eu não consegui achar o caminho o suficiente para isso.

—Carlisle, faça alguma coisa, eu não sei se a Camille vai sobreviver, eu não consigo ver o futuro dela! -outra voz desesperada implorou por ajuda. Alice, talvez? O que estava acontecendo? Onde está Camille?

Salvem minha irmã! Eu queria gritar, encontrar o caminho de volta para ela, eu corri, mas não conseguia encontrar nada na escuridão. Eu não conseguia abrir meus olhos. E então entre a dor e o desespero eu ouvi o som de um anjo chamando meu nome, me chamando para o único céu que eu queria.

—Ah, não, Bella, não! -A voz do anjo chorava horrorizada. -Meu amor, por favor, acorde. Por favor! Eu não posso te perder!

Por trás daquele som desejado havia outro barulho, um horrível ruído de tumulto do qual minha mente se afastava. Um violento rugido baixo, um chocante barulho de estalo, e um som alto e agudo, de repente apareceram... Em vez disso eu tentei me concentrar na voz do anjo.

—Bella, por favor! Bella me ouça, por favor, por favor, Bella, por favor! — Ele implorou.

Sim, eu queria dizer. Qualquer coisa. Mas eu não conseguia encontrar meus lábios.

—Carlisle! -O anjo chamou, tinha agonia na sua voz perfeita. -Bella, Bella, ah, não, por favor, não, não!

E o anjo chorava sem lágrimas, soluços despedaçados. Um anjo não deveria chorar, era errado. Eu tentei encontrá-lo, dizê-lo que estava tudo bem, mas a água era profunda demais, estava me pressionando, e eu não podia respirar. Ouve um ponto pressionado na minha cabeça. Doeu.

Então, quando a dor quebrou a escuridão chegando até mim, outras dores vieram, dores mais fortes. Eu chorei, ofegante, quebrando o caminho pela escuridão.

—Bella! -O anjo chamou.

—Ela perdeu algum sangue, mas o corte na cabeça não é fundo. -Uma voz calma me informou. -Cuidado com a perna dela, está quebrada. Alice, vá com o Emmett, ele precisa de ajuda agora.

—A Camille...

—Eu não sei se ela vai aguentar muito tempo. -respondeu a voz que antes calma, pareceu extremamente preocupada.

E então eu acordei. Meu olhos se abriram encontrando três pares de outros olhos, seus rostos tomaram forma e eu reconheci Alice, Carlisle e Edward. Tentei me mexer, mas algo pesado estava sobre minha perna. Minha mão queimava e minha cabeça ardia.

—Camille... -eu chorei com dificuldade. -Camille.

—Bella? -chamou Edward. -Meu amor, está tudo bem. Você está bem.

—Camille. Edward? Onde está minha irmã? Salva a minha irmã. Por favor alguém salva a minha irmã! -eu gritei sentindo o desespero tomar conta de mim.

—Bella se acalme! Estamos cuidando dela. -disse Carlisle me segurando. -Fique calma, por favor.

—Está doendo. – eu solucei tentando me concentrar.

—Eu sei, Bella, eu sei. -Edward disse então se virando na outra direção, parecia angustiado. -Você não pode fazer nada?

—Minha bolsa, por favor... Tape a respiração, vai ajudar. -Carlisle prometeu. -Onde está Alice?

—Ela já foi com o Emmett. -ele respondeu.

—Alice... Ele conhecia a Alice. -eu me lembrei sussurrando. -No vídeo... Ele sabe quem é a Alice. Ele sabe tudo da Alice. Onde está a Camille?

—Bella, meu amor, do que está falando?

—Ele conheceu a Alice quando ela era humana... -eu tentei explicar. -Minha mão está doendo. 

—Eu sei, Bella. Carlisle vai te dar alguma coisa, a dor vai parar.

—Edward a minha mão está queimando! -Gritei, finalmente escapando dos últimos vestígios da escuridão, meus olhos se abrindo.

Eu não podia ver o rosto dele, havia algo escuro e quentinho que estava nublando meus olhos. Porque eles não podiam ver o fogo e apagá-lo?

A voz dele estava amedrontada.

—Bella?

—Me ajuda! Está queimando! -eu gritei enquanto ele me queimava.

—Carlisle! A mão dela!

—Ele a mordeu. -A voz de Carlisle não estava mais calma, estava pasma. -É o veneno se espalhando.

Eu ouvi Edward prender o fôlego, horrorizado.

—Edward, você tem que deixar. -Era a voz de Jasper, longe, mas ali.

—Não! -Ele berrou com raiva e medo.

—Pode haver uma chance. -Carlisle disse. -Veja se consegue sugar o veneno pra fora. A ferida ainda está limpa. 

Enquanto Carlisle falava, eu podia sentir uma pressão maior na minha cabeça, alguma coisa cutucando e puxando o meu couro cabeludo. A dor que isso causava estava perdida na dor do fogo.

—Isso vai funcionar? -A voz de Jasper estava tensa.

—Eu não sei. -Carlisle disse. -Mas temos que nos apressar.

—Carlisle, eu... -Edward hesitou. -Eu não sei se consigo fazer isso.

Havia agonia na sua linda voz de novo.

—Ou é isso ou você deixa a transformação continuar. Pela a dor que ela está sentindo você não tem muito tempo. Decida.

—Edward! -Gritei.

Eu me dei conta de que meus olhos estavam fechados de novo. Eu abri eles, desesperada para achar o rosto dele. E eu o encontrei. Finalmente eu conseguia ver o seu rosto perfeito, olhando pra mim, contorcido numa máscara de indecisão e dor.

O rosto de Edward estava cansado. Eu observei enquanto a dúvida dos seus olhos era subitamente trocada por uma determinação gritante. A mandíbula dele se apertou. Eu senti seus dedos frios, fortes, na minha mão que estava queimando, ele a colocou no lugar. Então sua cabeça se inclinou sobre ela, e os lábios frios dele se pressionaram na minha pele.

Primeiro a dor foi pior. Eu gritei e me contorci contra as mãos geladas que me seguravam no lugar. Eu ouvi a voz de Alice tentando me acalmar. Alguma coisa pesada segurava minha perna no chão, e Carlisle segurava minha cabeça presa no vão do seu braço de pedra. Então, lentamente, minhas extorsões se acalmaram enquanto minha mão ia ficando mais e mais entorpecida.

O fogo estava diminuindo, se concentrando em um pequeno ponto. Eu senti minha consciência sumindo enquanto a dor diminuía. Eu estava com medo de cair nas águas escuras de novo, com medo de perdê-lo na escuridão.

—Edward. -Tentei dizer, mas eu não conseguia ouvir minha voz.

Eles podiam me ouvir.

—Ele está bem aqui, Bella. -Carlisle me acalmou.

—Fica, Edward, fica comigo...

—Eu vou. -A voz dele estava tensa, mas de alguma forma triunfante.

Eu suspirei contente. O fogo havia desaparecido, as outras dores estavam adormecidas, vazando pelo meu corpo. E enquanto elas se esvaiam de meu corpo eu fechei os olhos. Minha irmã estava comigo, mas ela estava bem mais jovem, ela tinha sete anos.

Camille sorriu segurando minha mão enquanto apontava para a lua admirada.

—Camille, o que você acha que são as estrelas? -eu perguntei olhando o céu.

—Eu acho que são pessoas que já morreram, elas viram estrelas para continuar iluminando a vida das pessoas que elas amavam quando estavam vivas.

—Eu não quero que você vire uma estrela, quero que fique comigo. -eu disse a olhando triste. -Jura que vai ficar viva pra sempre comigo?

—Prometo que vou tentar.

Minha mente acordou novamente e eu olhei para Edward, seus olhos estavam de um laranja escuro. Ele segurou minha mão.

—Eu te amo. -ele disse

Eu queria responder que também o amava, mas a voz não saiu.

—É hora de leva-la. -disse Carlisle.

—Não, eu quero dormir. -Reclamei.

—Você pode dormir meu amor, eu vou carregar você. -Edward me confortou.

E eu estava nos braços dele, embalada no peito dele, flutuando, toda a dor havia desaparecido.

—Durma agora, Bella. -Foram suas últimas palavras que eu ouvi.


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