Quando acordei na manhã seguinte eu me sentia um pouco confusa, a claridade no quarto estava errada. Meus pensamentos ainda estavam nebulosos e divididos entre os sonhos e os pesadelos que me seguiram durante toda a viagem, demorou mais tempo do que deveria para que eu conseguisse me lembrar direito de onde estava. Eu me sentei devagar na enorme cama que só poderia ser de um hotel e olhei ao redor tentando organizar os pensamentos, Bella ainda estava dormindo ao meu lado, com suas longas madeixas castanhas ao redor de seu rosto.

Eu tentei me lembrar de como cheguei ali, lembrava-me que a viagem não havia sido tão longa quanto deveria, Jasper dirigiu muito rápido. Bella dormiu no meu ombro durante a viagem, ela chorou em silencio até pegar no sono, eu não larguei sua mão em nenhum momento, Alice foi na frente com Jasper, mas sempre ficava se assegurando que estávamos bem. Quando chegamos em Phoenix era pouco mais de três horas da manhã. Lembrava-me que Jasper pediu apenas um quarto para nós quatro, era um pequeno apartamento, com uma pequena sala e um enorme quarto com duas camas de casal gigantescas.

O quarto estava perfeitamente organizado, minha mala estava no canto direito do quarto e a de minha irmã estava bem ao lado, ambas abertas. A janela de vidro escuro estava com as persianas meio abertas, deixando que um pouco de luz do sol entrasse no quarto, ali dentro estava frio, pois o ar condicionado estava ligado, mas pelo jeito que o sol brilhava eu tinha certeza de que estava muito calor lá fora.

Levantei-me devagar  e com muito cuidado para não acordar Bella, andei até minha mala e peguei uma troca de roupas e uma toalha indo ao banheiro, tranquei a porta atrás de mim e respirei fundo antes de tirar minhas roupas e entrar em baixo do chuveiro. A água morna molhou meu cabelo e fez meus músculos relaxarem um pouco, fechei meus olhos tentando controlar minha respiração e meus pensamentos enquanto colocava tudo em ordem.

Eu estava em Phoenix, com Jasper, Alice e Bella. Ainda não tinha tido noticias de Emmett e aquilo estava me deixando agonizada, o motivo de eu ter estranhado tanto acordar ali era que eu não havia acordado com ele ao meu lado. Abri meus olhos e fitei a parede de azulejos brancos, havia sido muito fácil me acostumar com a presença dele e ficar sem ele assim era extremamente doloroso. Eu sabia que era por pouco tempo e que logo ele estaria aqui comigo, mas cada minuto longe dele estava me deixando assustada.

Terminei meu banho tentando me concentrar apenas nisso, uma tarefa de cada vez facilitaria tudo. Lavei meu cabelo com cuidado, tomei meu banho e escovei os dentes. Vesti a lingerie enquanto tentava secar meu cabelo com a toalha macia, coloquei uma calça jeans clara e uma regata branca, calcei meus all stars brancos e penteei o cabelo antes de sair dali. Quando sai do banheiro Bella já estava acordada, sentada na cama olhando para a janela, seus pensamentos estavam tão distantes que ela se assustou quando fechei a porta do banheiro.

Minha irmã voltou seus olhos castanhos em minha direção, eles eram a diferença mais gritante entre nós duas, e eu percebi que as lágrimas estavam ali, ameaçando cair a qualquer momento. Andei até ela e me sentei na cama puxando-a para se deitar em meu colo. Alisei seu cabelo com os dedos em silencio enquanto ela se recompunha, Bella podia ser tão forte, mas ela nunca conseguia mentir seus sentimentos para mim, assim como eu nunca conseguia mentir para ela. Bella era meu porto seguro e eu era o dela, sempre foi assim. Eu entendia perfeitamente o que ela estava sentindo agora, ficar longe deles estava sendo muito mais difícil do que parecia que seria. Assim que ela se acalmou novamente eu me levantei e fechei as persianas, a claridade estava me incomodando.

—Vou tomar banho. -ela disse baixo.

Eu assenti entregando-lhe uma troca de roupas e sua toalha, ela agradeceu com um aceno de cabeça e saiu em silencio em direção ao banheiro. Sentei-me na cama novamente e observei minhas mãos enquanto tentava não pensar em Emmett. Dois toques baixos na porta me distraíram e a voz suave de Alice se fez presente.

—Posso entrar? -ela perguntou do outro lado da porta.

—Claro.

Ela entrou e olhou para mim cuidadosamente com um sorriso fraco, mas sincero.

—Você parece tensa. -ela analisou. -Conseguiu dormir?

—Um pouco, mas não acho que eu vá conseguir dormir mais do que isso. -eu respondi.

Alice andou até mim e se sentou na ponta da cama.

—Vamos precisar ficar dentro do quarto. -ela disse dando de ombros. -Mas eu pedi comida para vocês duas. Pedi torta de maçã e café para você, Emmett me disse uma vez que são seus preferidos para o café da manhã.

—Ele ligou? -eu perguntei a olhando. A pontada de esperança em meu peito chegou a doer.

—Ainda não. -ela negou. -Mas isso é uma coisa boa. Quer dizer que ele está perto demais do caçador para que possa fazer contato conosco.

—Ele vai ficar bem, não é?

—Vai sim. Emmett é o mais forte de nós, nunca conheci um vampiro mais forte que ele. E você da um incentivo a mais para que ele acabe com isso logo. -ela sorriu. -Vai ficar tudo bem Camille, logo ele estará aqui.

A porta do banheiro abriu e Bella saiu com os cabelos molhados sobre a regata preta. Alice sorriu para ela e minha irmã se esforçou para devolver o gesto. Alice se levantou assim que alguém bateu na porta no outro cômodo, ela andou graciosamente e rapidamente para fora do quarto nos deixando sozinhas.

—Alguma novidade? -Bella perguntou

—Ainda não. -eu respirei fundo me levantando.

Peguei a mão de minha irmã e a guiei para a sala. Jasper estava sentado no sofá assistindo à um jogo de beisebol, mas ele não parecia estar concentrado no que estava assistindo. Bella e eu nos sentamos no chão, em um enorme e felpudo tapete branco onde havia uma pequena mesinha de centro em cima. Alice colocou nossas comidas na nossa frente e se sentou ao lado de Jasper. Eu comi em silencio, me concentrando apenas na torta e tentando não pensar no que poderia estar acontecendo em Forks, mas era impossível não fazer minha mente se voltar para Emmett, eu queria tanto que ele abrisse aquela porta e me abrasasse, dissesse que estava tudo bem agora e que não precisaríamos nos afastar nunca mais.

—Qual o problema Alice? -perguntou Bella tirando-me de meus pensamentos.

Virei meu rosto para Alice, seus olhos estavam levemente distantes, ela estava rígida, assim como Jasper. Bella a observava curiosa, conhecia o olhar de minha irmã, ela estava analisando cada centímetro do rosto de Alice.

—Nenhum. -Alice respondeu rapidamente, seu olhos pareciam honestos demais.

—E o que vamos fazer agora? -minha irmã perguntou tentando arrancar algo dela.

—Vamos esperar Carlisle ligar. -respondeu Alice com um leve sorriso.

—Ele não deveria ter ligado já? -Bella investigou. -O que isso significa?

Alice desviou seus olhos de minha irmã e observou o celular por alguns segundos antes de olha-la novamente.

—Apenas que eles devem estar perto demais do caçador para que eles possam falar conosco.

—Você viu alguma coisa? -minha irmã continuou. -Eles estão seguros?

Então Jasper finalmente se mexeu, ficando um pouco mais perto de nós do que ele normalmente ficava. Seus olhos focaram em mim por poucos segundos antes de passarem para minha irmã.

—Bella, qual o problema? -ele perguntou confuso. -Você sabe que não precisa se preocupar com nada, certo? Vocês estão seguras aqui conosco.

Minha irmã corou um pouco e abaixou o olhar.

—Eu sei que sim.

—Então por que está tão assustada?

—Você ouviu o que Laurent disse. -sua voz era só um sussurro, mas eu tinha certeza de que eles conseguiam me ouvir. -Ele disse que James é letal. E se alguma coisa der errado, e eles se separarem? E se alguma coisa acontecer com algum deles, com Carlisle, Emmett... ou Edward... -Eu engoli seco quando ouvi o nome de Emmet. Senti minhas unhas fincarem nas palmas de minha mão quando imaginei que algo poderia acontecer a ele. -E se a fêmea machucar Esme... -A voz de Bella havia ficado mais alta, uma ponta de histeria estava começando a aparecer nela. -Como eu poderia viver comigo mesma sabendo que é minha culpa? Nenhum de vocês devia estar se arriscando  assim...

—Bella, Bella pare! -Ele a interrompeu, as palavras dele vertiam tão rapidamente que era difícil compreendê-las. -Você está se preocupando com as coisas erradas, Bella. Confie em mim, nenhum de nós corre risco. Você já tem coisas de mais com as quais se estressar, não adicione isso tudo à preocupações desnecessárias. Me escutem bem agora vocês duas! -Ele ordenou quando minha irmã desviou o olhar. -Nossa família é forte. Nosso único medo é perder uma de vocês.

—Mas...

—Mas nada. -ele interrompeu Bella. -Vocês duas são parte de nossa família agora. São Cullen tanto quanto qualquer um de nós e nossa família luta para manter uns aos outros seguros. Emmett e Edward estiveram sozinhos por muito tempo e nenhum de nós nunca os viu tão felizes quanto agora. Eu nunca vi Emmett ser tão responsável e cuidadoso em todos esses anos como desde que ele viu Camille pela primeira vez, nunca vi o Edward tão feliz e leve como ele está desde que te conheceu, Bella.

Alice concordou e sorriu.

—Vocês duas são muito importantes para eles, a vida deles agora gira em torno de vocês, nenhum de nós iria aguentar ver o sofrimento deles caso algo acontecesse com vocês, nós iriamos sofrer muito se perdêssemos vocês. Laurent não entende isso porque ele não tem uma família para se importar. Mas vocês são parte de nós agora.

O medo que havia se apossado em mim foi diminuindo aos poucos, dando lugar à calma novamente. Pude ver que Bella também estava se acalmando e então me lembrei do poder de Jasper. Foi um dia muito longo.

Nós ficamos no quarto. Alice ligou para a recepção e pediu que cancelassem o nosso serviço de camareiras por enquanto. As janelas continuaram fechadas e a TV ligada, apesar de ninguém estar assistindo. O telefone prateado em cima da bolsa de Alice parecia ficar maior enquanto as horas passavam. Eu me mantive calma e tinha certeza que Jasper ainda estava agindo. Bella parecia inquieta o tempo todo, nem conseguiu almoçar.

Apesar da calma eu ainda não conseguia parar de pensar em Emmett, eu me lembrei de como eu me senti estranha quando ele falou comigo pela primeira vez, sua voz parecia tão certa para meus ouvidos. Tudo nele sempre pareceu extremamente certo para mim, como se tudo nele tivesse sido feito para me deixar feliz. Eu estava sentindo saudades dele, queria tanto vê-lo, nem que fosse por um minuto.

Enquanto eu estava longe dele todas as minhas inseguranças que um dia eu já tive em relação à ele pareciam tolas, eu o amava mais do que conseguia imaginar, como eu poderia um dia ter tido medo de algo que viesse dele? Meu medo de perde-lo era tão grande. Tudo o que eu conseguia desejar era estar com ele, humana ou não. Naquele momento o medo de ser um deles pareceu ridículo.

Em algum momento Bella se levantou e voltou par ao quarto, sendo seguida por Alice, eu continuei sentada perto de Jasper.

—Camille, você está bem? -ele perguntou depois de alguns minutos em silencio. -Você está quieta o dia todo.

—Sinto falta do Emmett. -eu confessei baixo. Minha voz pareceu um sussurro, como se eu tivesse medo de falar alto demais e as lágrimas tomassem conta de mim.

Jasper se abaixou sentando no chão ao meu lado, ainda longe, mas ele parecia mais confortável perto de mim.

—Tenho certeza que ele deve estar pensando em você agora. -ele disse rindo baixo. -Meu irmão ficou quase insuportável desde que te conheceu, ele só fala de você o dia todo. Chegava a ser engraçado quando íamos caçar, ele sempre queria terminar tudo rápido para poder voltar e te ver. Pude zoar com ele algumas vezes por isso, uma vingança pessoal já que ele sempre fazia piadas sobre eu não conseguir ficar muito tempo longe da Alice. Agora ele está do mesmo jeito com você.

Eu sorri o olhando, aquela informação me deixava feliz. Saber que ele sentia minha falta tanto quanto eu sentia a dele.

—Jasper, muito obrigada.

Ele pareceu confuso quando me olhou.

—Pelo o que?

—Por tudo o que está fazendo por minha irmã e eu. Vir até aqui, cuidar da gente, nos acalmar e me dizer isso sobre o Emmett... Muito obrigada.

Ele sorriu e deu de ombros.

—Disponha, Camille.

Ficamos em silencio alguns minutos olhando para a televisão

—Posso te perguntar uma coisa? -eu disse insegura.

—Claro.

—Como é se transformar?

Ele me observou por alguns segundos e então respirou fundo parecendo pensar no que eu havia perguntado.

—É difícil e doloroso. -ele começou. -Eu não posso dizer sobre os outros, já que é diferente para cada um, mas é extremamente doloroso. A sensação é de que você está sendo queimado de dentro para fora, isso pode durar segundos, minutos, horas ou até mesmo dias. Perdemos a noção do tempo enquanto a transformação acontece. Mas quando você acorda tudo acaba, de uma vez. Você vê coisas que não conseguia antes, sente cheiros mais fortes, até o ar ao seu redor parece diferente.

—Como você se transformou? -eu perguntei o olhando.

—Quando eu era humano, eu vivi em Houston, Texas. Eu estava quase com dezessete anos quando eu me juntei ao Exército Confederado em 1861. Eu menti pra os recrutadores e disse que tinha vinte anos. Eu era alto o suficiente pra escapar com a mentira. -ele sorriu. -A minha carreira militar foi curta, mas muito promissora. As pessoas sempre gostaram de mim, escutaram o que eu tinha a dizer. O meu pai dizia que era carisma. É claro, agora eu sei que provavelmente era algo mais. Mas, qualquer que fosse a razão, eu fui rapidamente promovido entre as patentes, acima de homens mais velhos, mais experientes. O Exército Confederado era novo e estava começando a se organizar, então, isso também promoveu oportunidades. Na primeira batalha em Galveston, bem, na verdade foi mais um disfarce, eu era o Major mais novo do Texas, sem que sequer soubessem minha verdadeira idade. -ele pareceu orgulhoso disso e eu prestei atenção em cada palavra. -Eu fiquei com a responsabilidade de evacuar as mulheres e as crianças da cidade quando os barcos do morteiro Union atracaram no porto. Eu levei um dia pra prepará-los, e então eu parti com o primeiro grupo de civis pra carregá-los até Houston. Eu me lembro daquela noite muito claramente. -enquanto ele falava eu percebi que seus olhos ficaram distantes, como se ele estivesse vivendo tudo de novo. -Nós chegamos à cidade quando já estava escuro. Eu só fiquei por tempo suficiente pra ter certeza se o grupo inteiro estava seguramente situado. Assim que isso foi feito, eu peguei um cavalo novo pra mim, e voltei pra Galveston. Não havia tempo pra descansar e à apenas um metro fora da cidade, eu encontrei três mulheres a pé. Eu pensei que elas estavam perdidas e desmontei imediatamente pra oferecê-las meu auxílio. Mas, quando eu consegui ver o rosto delas na luz difusa da lua, eu fiquei fascinado. Elas eram, sem dúvida, as três mulheres mais bonitas que eu já havia visto.

—Elas eram vampiras? -eu perguntei, mesmo sabendo a resposta.

—Sim. Elas tinham uma pele tão pálida, que eu me lembro de ficar maravilhado. Mesmo a garota pequena de cabelos pretos, de quem as feições era claramente mexicanas, pareciam porcelana à luz da lua. Elas pareciam jovens, todas elas, ainda jovens o suficiente pra serem chamadas de garotas. Eu sabia que elas não eram membros perdidos do nosso grupo. Eu teria me lembrado de ver aquelas três. “Ele está sem voz” disse a garota mais alta com uma voz adorável, delicada, eu me lembro que a voz dela era como uma brisa de vento. Ela tinha bastante cabelo, e a pele dela era branca como neve. A outra era mais loira e mesmo assim, sua pele era igualmente branca. O rosto dela era como o de um anjo. Ela inclinou na minha direção com os olhos meio fechados e inalou profundamente. “Humm”, ela suspirou. “Adorável”. A menor, uma morena pequena, colocou a mão no braço da outra e falou rapidamente. A voz dela estava muito suave e musical pra ser ríspida, mas isso parecia ser o que ela pretendia. “Se concentre, Nettie”, ela disse. -ele se lembrou- Eu sempre tive uma boa sensação de como as pessoas se relacionam umas com as outras, e ficou claro imediatamente que a morena estava no comando das outras. Se elas fossem militares, eu diria que ela se sobressaía às outras. “Ele parece ser certo - jovem, forte, um oficial...” a morena pausou, e eu tentei falar sem sucesso. “E tem mais alguma coisa... vocês estão sentindo?” ela perguntou às outras duas. “Ele é... coagente”. “Oh, sim” Nettie concordou rapidamente, se inclinando na minha direção de novo. “Paciência”, a morena avisou ela. “Eu quero ficar com esse”. Nettie fez uma careta, ela pareceu aborrecida. “É melhor você fazer isso, Maria”, a loira mais alta falou de novo. “Se ele é importante pra você. Eu os mato duas vezes mais do que os crio”. “'Sim, eu vou fazer isso”, Maria concordou.

—Você não teve medo? -eu perguntei o observando.

—Pavor. -ele respondeu sendo sincero. -Lembro-me que o meu cabelo estava arrepiando na minha nuca, apesar não de eu não entender o significado de nada do que aquelas lindas criaturas estavam falando. Os meus instintos me diziam que eu estava em perigo, que aquele anjo estava falando sério quando falou em matar, mas meu julgamento dominou os meus instintos. Eu nunca fui ensinado a temer mulheres, e sim a protegê-las. Eu pisquei pasmo por Maria ainda me observar intensamente, e as outras duas foram embora, tão rápido que eu nem consegui acompanhar ou ver para onde elas tinham ido. Eu me virei para encarar Maria, que estava me olhando com curiosidade. Eu nunca havia sido supersticioso em minha vida. Até aquele segundo, eu nunca havia acreditado em fantasmas e nessas bobagens. De repente, eu não tinha certeza. “Qual é o seu nome, soldado?” Maria me perguntou. “Major Jasper Withlock, madame”, eu gaguejei, incapaz de ser mal educado com a mulher, mesmo se ela fosse um fantasma ou até mesmo um demônio. “Eu realmente espero que você sobreviva, Jasper”. Ela disse com uma voz gentil. “Eu tenho um bom sentimento sobre você.” Ela deu um passo mais pra perto, e inclinou a cabeça como se ela fosse me beijar. Eu fiquei congelado no lugar, apesar dos meus instintos estarem gritando pra que eu corresse. -Jasper pausou, seu rosto estava pensativo. -E então alguns dias depois eu fui apresentado à minha nova vida.

Eu fiquei em silencio absorvendo cada palavra de sua história, não conseguia imaginar a dor que ele havia sentido, mas um arrepio passou por mim quando me perguntei como ele havia se sentido assustado.

—E o que aconteceu com a Maria? -eu perguntei o olhando. Percebi que já estava anoitecendo novamente.

—Eu trabalhei para ela durante um tempo. Ela havia tido um problema com vampiros e queria recuperar suas terras de volta e para isso ela precisaria de ajuda, de um exército, ela me recrutou e me enganou por bastante tempo, fez eu acreditar que ela me amava e por um tempo eu acreditei que a amava também. Criei um exército para ela e recuperei tudo o que ela pediu. Até que um dia eu percebi que eu não sentia nada por ela, eu a deixei e encontrei Alice. Foi ai que eu descobri o que realmente era amor, nós nos juntamos aos Cullen e cá estamos.

Eu sorri, era uma história e tanto e era aliviante que tinha um final feliz. Eu não conseguia imagina-lo com outra pessoa que não fosse Alice, parecia errado. Eles eram perfeitos juntos.

—Obrigada por me contar sua história. -eu agradeci.

—Não precisa agradecer. -ele disse.

—Jasper, você sente falta de ser humano?

—No começo eu senti, mas não sinto mais. Eu tenho Alice e ela é tudo o que eu nunca imaginei que quisesse e tudo o que eu preciso. A verdade é que eu jamais trocaria o que tenho hoje por ser humano novamente.

Eu assenti voltando a olhar para minhas mãos. Ele parecia seguro sobre isso e eu me perguntei como eu me sentiria se fosse vampira. Depois de ficar longe de Emmett eu tinha certeza que jamais me arrependeria caso me tornasse um deles, eu poderia ficar ao seu lado para sempre, nada nos separaria novamente.

—Mas você não precisa tomar essa decisão agora. -disse Jasper. -Você seria muito bem acolhida em nossa família, você já tem seu lugar lá. Mas não tome essa decisão baseada no medo. Pense sobre isso e então decida o que você realmente quer. Sei que Emmett vai te amar independentemente da escolha.

Eu assenti antes de ir par ao quarto novamente, estava cansada, mas muito agradecida por Jasper ter me contado tudo aquilo, havia me dado muito no que pensar. Eu tinha certeza que seríamos bons amigos. Bella já estava dormindo na outra cama quando eu tirei o tênis e me deitei na minha, fechei meus olhos e respirei fundo pensando em tudo o que eu havia descoberto hoje. Meus últimos pensamentos antes de pegar no sono foram para Emmett, e foi enquanto eu me lembrava de seu beijo e da maneira que ele mexia em meu cabelo que eu adormeci.