OMG! Meu Pai é um deus escrita por Sunny Spring


Capítulo 9
Capítulo VIII - Margaridas


Notas iniciais do capítulo

Ooi! Primeiramente, muito obrigada TefaColt por favoritar ♥ ♥
Muito obrigada também Peh M Barton, pcristina e Alessia Serafim por comentarem ♥ ♥
Dedico o capítulo de hoje a todos vocês.

Acho que o cap de hoje pode ser um pouco tenso...Espero que gostem.



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Algumas horas antes…

 

O sinal anunciou o término de mais uma aula na Midtown High School. A maioria dos alunos se dirigiram aos seus armários para a troca de livros. Alguns, simplesmente se esconderam para cabular as próximas aulas.

Evie apenas trocou de roupa. Sua próxima aula era de Educação Física. A menina se arrastou até o ginásio, onde a maioria dos alunos já estavam, aguardando o professor. Haviam muitos burburinhos no lugar, mas Evie apenas ignorou.

— Evie! - Ned acenou animado da arquibancada quando viu Evie. Peter o encarou, murmurando algo. Ela se aproximou dos colegas, um pouco desconfiada.

— Oi. - Disse Evie ao se sentar em uma cadeira do degrau abaixo.

— Quer um pedaço? - Ofereceu Ned. Era metade de um sanduíche de presunto, porque a outra ele já havia comido.

— Não, obrigada. - Respondeu, totalmente desconfiada pela repentina gentileza de Ned. - Por que está sendo tão gentil? - Perguntou por fim. Ned encolheu os ombros e deu uma mordida grande no pedaço do sanduíche.

— Ele acha que se for legal você não vai congelar ele. - Respondeu Peter não podendo conter uma risada.

— Mas, que besteira. - Respondeu Evie também rindo.

— Prevenir é melhor do que remediar. - Se defendeu Ned, com a boca ainda cheia. Peter e Evie riram novamente. O sorriso da menina logo se fechou quando ela viu Mary, conversando com outras garotas na quadra. Evie tinha um mau pressentimento mas não sabia o porquê.

— Já teve a sensação de que algo ruim vai acontecer? - Perguntou Evie sem tirar os olhos do grupo de amigas.

— Acredite. - Respondeu Peter calmamente. - Tenho isso toda hora. - Suspirou. - E sempre termina mal - Peter também não pôde deixar  de reparar em Mary e suas amigas. Havia um clima de tensão no ar, mesmo que inexplicável.

Dois garotos  altos se aproximaram de Mary e seu grupo. Todos estavam discutindo intensamente sobre algo, que todos pareciam concordar. A garota ruiva encarou Evie por um breve momento e desviou o olhar, apavorada.

—Algo me diz que tá rolando alguma coisa que a gente não sabe… - Disse Parker encarando Evie. - Cadê esse professor que não chega? - Murmurou.

—Já chega! Não podemos conviver com esse medo. - Mary quase gritou para seus colegas. A menina ruiva ao seu lado segurava os soluços. Todos os alunos do ginásio, então, se calaram, prestando a atenção na morena.  

—Mary está certa! - O garoto loiro concordou. Mary e ele se entreolharam. - Temos um perigo entre nós. - Apontou. Todos encararam Evie, todos cochichando coisas.

—Isso vai terminar mal. - Sussurrou Ned. Peter apenas concordou com a cabeça e Evie mal conseguia se mover. Sua respiração era pesada e suas mãos suavam frio.

—Evie. - Sussurrou Peter. Ele tocou em seu ombro com cuidado, temendo a reação da menina. - Vamos sair daqui - Disse por fim. Evie apenas concordou com a cabeça. O três se levantaram e desceram a arquibancada rapidamente, indo em direção à saída. O garoto loiro fez um sinal com a cabeça para que outros dois entrassem na frente de Evie, Ned e Peter.

—Nos deixe passar. - Pediu Evie encarando os dois garotos, que se entreolharam.

—Essa garota é uma ameaça para a humanidade. - Acusou Mary. Todos pareceram concordar com suas palavras. - Pode matar todos nós…É um monstro como o pai… - Completou.

—Isso não é verdade. - Evie se defendeu, mas suas palavras não pareceram ter efeito nenhum sobre seus colegas. - Eu não sou um monstro… Nem meu pai!

—Você quase congelou uma turma inteira…- Mary se aproximou de Evie vagarosamente. - E seu pai é sim um monstro! - Completou entre dentes.

—Aquilo foi um acidente, gente! - Peter interrompeu, tentando amenizar a tensão. Mas, não funcionou. Os alunos já estavam convencidos de que Evie era uma ameaça.

—E como todo perigo… - Disse Mary dando passos lentos em direção à Evie, que permaneceu firme. - Evie tem que ser eliminada… - Concluiu. Alguns alunos gritaram em concordância.

—Aí, cara, ela pirou! - Sussurrou Ned para seu amigo. Sua expressão era de pavor.

—O que você vai fazer? - Arfou Evie. Sua respiração estava acelerada e ela tentava controlar suas emoções o máximo possível. - Não se aproxime. - Fechou os punhos ao lado do corpo.

—Chega, monstrinho! - Mary respondeu entre dentes. Era possível ver um misto de raiva e medo em seus olhos.  Dois garotos deram um passo à frente, se aproximando do trio.

—Vocês não estão pensando com clareza… - Interrompeu Peter se colocando entre Mary e Evie. - A Evie só é um pouco diferente… Ser diferente é normal…- Continuou, tentando não gaguejar. - Tipo os Vingadores, eles são bons…

—Não defenda a filha daquele monstro, Parker! - Mary gritou. Ela deu mais um passo à frente, ficando a centímetros de Peter. - Saia da frente. - Mary empurrou Peter para o lado, ficando cara a cara com Evie.

—Ned, por favor, pega aquela minha mochila. E chama alguém. - Peter sussurrou para seu amigo. Ned apenas assentiu com a cabeça e deixou o ginásio apressado.

—Vamos acabar logo com isso. - Disse Mary. Ela fez sinal para dois garotos, que cercaram Evie. Alguns alunos gritaram em apoio a Mary. Todos pareciam cegos pelo medo e ódio.

—Se afastem! - Evie pediu, dando alguns passos para trás. Ela sentia a energia percorrendo por todo o seu corpo e a controlava com dificuldade. Os gritos dos alunos estavam fazendo sua cabeça girar.

—Vocês estão errados! - Peter tentou dizer. Mas, sua voz era abafada no meio dos gritos.

—Chega! - Disse Mary. Ela se aproximou de Evie e agarrou seu braço com brutalidade.

—Não toque em mim! - Evie tentou soltar seu braço rapidamente, agarrando o pulso de Mary. A mão de Evie era extremamente fria. Uma fina camada de gelo correu por sua mão como uma corrente elétrica, se estendendo rapidamente pelo braço de Mary, seguindo até o seu pescoço e metade de seu rosto. Em milésimos de segundos, uma grossa camada de gelo se espalhou por todo o lado direito do corpo de Mary. Evie soltou o pulso de Mary, assustada com o que tinha feito.

—Ah! - Mary soltou um grito agudo e fraco pela metade da boca que não estava congelada. Todos os alunos estavam parados e sem reação. Havia pânico em todos os rostos.

—Não não foi por mal… Foi sem querer… - Evie arfou, assustada. Ela saiu correndo do ginásio, deixando todos para trás. Peter correu ao seu alcance.

—Evie! - Ele disse, tentando acompanhar a jovem pelo corredor vazio. - Espera! - Pediu.

—Não se aproxime, Peter. - Pediu tentando segurar as lágrimas.

—Eu posso te ajudar! - Peter insistiu. Ele deu alguns passos lentos em sua direção.

—Não! - Gritou. Evie apontou sua mão para o chão, um pouco a frente de Peter e uma onda de energia saiu, estourando todo o piso. Peter deu um pulo para trás por causa do impacto. - Me deixa sozinha, por favor. - Pediu, não contendo o choro. Peter deu um sorriso fraco e a assistiu correr até o fim do corredor e desaparecer de sua vista.

 

***

— O que aconteceu exatamente? - Perguntou Loki. Peter tentava acompanhar os passos largos de Loki e Thor. Eles tinham acabado de chegar na Midtown High School. A escola estava em puro caos. Só se falava do ocorrido entre Evie e Mary, e alguns professores tentavam conter a euforia de alguns alunos.

— A gente tava na aula de educação física… O professor não tinha chegado… - Respondeu Peter esbaforido enquanto acompanhava os deuses. - Daí do nada, a Mary… O que aquela garota tem de bonita ela tem de má… - Concluiu. Loki e Thor o encararam, incrédulos. Os dois pararam para que Peter terminasse de contar. - Ela começou a dizer coisas muito feias sobre a Evie e… - Peter hesitou por um um momento. - Sobre o Sr. Loki...

— Ah! Dá pra resumir? - Interrompeu Loki, visivelmente impaciente.

— Bom, a Mary juntou um monte de alunos e ia fazer alguma coisa com a Evie, mas ela congelou a Mary. - Respondeu por fim. - Mas, foi sem querer. - Corrigiu. Loki comprimiu um sorriso.

— Ela congelou? Isso é ótimo. - Disse Loki para si mesmo e Thor o encarou com uma carranca.

— Eu quero dizer, é ótimo que nada aconteceu com ela. - O deus se corrigiu rápido.

— E essa tal Mary? - Perguntou Thor preocupado. Alguns alunos passavam encarando os três.

— Ela tá no hospital, mas está bem. - Respondeu Peter calmamente. - Foi só o lado direito… Se tivesse sido o lado esquerdo… - Hesitou. - Teria sido fatal.

— E onde está Evie? - Perguntou Loki por fim. Havia uma certa preocupação em sua voz, por mas que ele tentasse esconder.

— Eu não sei. Ela sumiu. Já procurei por toda a escola, mas não a encontrei. - Respondeu Peter. Loki olhou ao redor encarando os alunos que os observavam.

— Meu irmão, não pense em fazer isso. - Disse Thor tocando no ombro do irmão, que o encarou confuso. - Eu estou aqui para impedir que você faça isso! - Completou. Peter encarava os dois, confuso por não saber do que eles estavam falando. Tinha a sensação de ter perdido alguma parte da conversa.  

— Poderia me dizer quais foram os humanos que atacaram a Evie? - Perguntou Loki encarando Parker.

— Loki, eu sei que o que eles fizeram foi errado, mas não vou deixar você fazer isso… - Interrompeu Thor. Loki revirou os olhos de desgosto. - São praticamente crianças…

— Eles merecem uma lição! - Disse Loki entre dentes e encarou o irmão.

— Não como você está pensando! Vai deixar eles com mais medo e raiva. - Respondeu Thor por fim. Sua voz era tranquila, apesar da situação. Loki bufou e cruzou os braços, irritado.

— Eu perdi alguma coisa aqui? - Perguntou Peter, confuso, mas nenhum dos dois respondeu.

— Está bem! - Loki levantou os braços em forma de rendição. - Você dá um jeito neles enquanto eu vou procurar a Evie. - Disse por fim. - Acho que sei onde encontrá-la!

Evie

 

Peguei uma margarida e coloquei perto do nome de minha mãe. Margaridas eram as flores favoritas dela. E como eu sentia falta dela. Às vezes, tentava esquecer que ela tinha partido, e tentava imaginar que ela estava em uma viagem de trabalho.

— Por que você tinha que me deixar sozinha justo nesse momento? - Perguntei mais para mim mesma. Tentei enxugar as lágrimas, mas foi em vão.

Não sabia quanto tempo já havia se passado desde que eu tinha deixado a escola e estava sentada ao lado do túmulo de minha mãe. O lugar era silencioso e florido. O chão era coberto de grama verdinha e, por incrível que parecesse, estar ali me trazia alguma paz.

Aquele definitivamente era um dos piores dias da minha vida. Eu só conseguia sentir um misto de medo, raiva e culpa. Medo porque eu nunca tinha vivido nada assustador como aquilo. Raiva porque aquilo era injusto. Eu não era um monstro. E culpa, porque eu poderia ter matado alguém. Engoli seco ao pensar nisso. Minhas mãos estavam trêmulas e eu mal conseguia controlar a tal energia ou magia do meu corpo. Sentia que poderia explodir alguma coisa sem querer a qualquer momento.

Eu não devia ter saído de casa quando senti o mau pressentimento. Eu não entendia o porquê de tanto ódio repentino. Mary e eu não éramos amigas, mas também nunca tínhamos sido inimigas. Eu sabia que muita gente odiava o Loki, mas não imaginava que fosse tanto. Nunca tinha pensado que ter poderes pudesse me trazer tantos problemas.

— Sabia que iria encontrar você aqui. - Disse uma voz familiar atrás de mim. Não respondi. Loki hesitou por um momento, até que se sentou ao meu lado.

— Como sabia? - Perguntei por fim e finalmente o encarei.

— Eu sei de muita coisa. - Deu de ombros e eu voltei a observar a grama. - Melina deve ter gostado da visita, mas não pode ficar aqui pra sempre. - Disse depois de algum tempo.

— Não quero voltar para a escola nunca mais. - Respondi e ele me encarou.

— Tá bom. - Ele deu de ombros e esboçou um sorriso. - Não vou obrigar você a voltar se é o que pensa… - Continuou calmamente. - Mas, sabe, não tem que se importar com o que os outro dizem de você… - Disse fitando o nada. - Não é porque dizem que você é um monstro, que você realmente seja!

Não respondi. Apesar de ainda estar com um pouco de medo, minhas mãos já não tremiam e minha respiração já era regular. Eu sabia que ele estava controlando as minhas emoções. Isso seria irritante se não trouxesse uma sensação tão boa.

— Agora, vamos? - Perguntou. Ele já estava de pé quando percebi. Tinha uma mão estendida para mim e deu um sorriso me encorajando para que eu aceitasse. Depois de hesitar um pouco, acabei aceitando sua mão e me levantei.

— Vamos. - Respondi por fim.

 

***

O caminho até em casa foi silencioso. Nem eu, nem meu pai dissemos nenhuma palavra durante todo o percurso, que pareceu ser mais longo do que o normal. Quando chegamos em casa, Fish se enrolou em minhas pernas, carinhosamente.

— Chegamos. - Disse Loki por fim, tentando puxar algum assunto. Me sentei no sofá e Fish pulou no meu colo. - Se quiser, posso apagar de sua memória… - Sugeriu. Eu sabia do que ele estava falando. Iria apagar tudo de ruim do dia. Dei um sorriso fraco. Eu não podia me esconder sempre de meus problemas apagando minhas memórias.

— Não, obrigada. - Respondi por fim. Ele deu de ombros. - Está tudo bem. - Completei. - A Mary morreu? - Perguntei temendo a resposta.

— Não! A humana insolente está bem. Sem perigo nenhum. - Loki respondeu calmamente. Senti um pouco de alívio. Apesar de saber que o que ela fez era errado e injusto, não me sentiria nem um pouco bem tendo a morte de alguém em minha consciência. Já bastava o medo e a confusão de minha mente. - Agora, por que não faz alguma coisa para distrair a cabeça? - Sugeriu. Distrair a cabeça era algo muito difícil naquele momento. Mas, não pude deixar de lembrar o que sempre fazia com minha mãe quando eu estava triste.

— Vamos assistir Harry Potter? - Perguntei. Harry Potter sempre me deixava feliz quando eu assistia, não importava a quantidade de vezes que eu já tinha assistido.

— Não! - Meu pai respondeu seco. - Não vou perder tempo vendo coisas de humanos. - Completou, negando com a cabeça.

— Por favor. - Insisti. Ele negou com a cabeça novamente.

— Não mesmo. - Respondeu por fim.

— Então, vou chamar o tio Thor. - Ameacei. Loki não pôde conter sua indignação por eu ter dito isso.

— Não se atreva. - Disse sério e eu cruzei os braços.

— Por favorzinho? - Pedi de novo. Fish deu um miado fraco.

— Já disse que não! - Respondeu por fim. - E essa é minha palavra final!

 

***

— Esse cara sem nariz… - Disse Loki após colocar um bocado de pipoca na boca. - Como é mesmo o nome? - Perguntou sem tirar os olhos da TV.

— Voldemort. - Respondi e comi um pouco de pipoca.

— Isso mesmo. - Respondeu me encarando. Ele estava sentando no sofá e Fish estava na almofada ao seu lado, enquanto eu estava na outra poltrona vermelha. - Eu gosto dele. - Completou. Não pude conter um sorriso. Vilões normalmente simpatizavam com vilões.  

— Era de se esperar… - Falei mais para mim mesma do que para ele. Harry Potter era sempre um excelente remédio.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Bjs *.*