OMG! Meu Pai é um deus escrita por Sunny Spring


Capítulo 36
Capítulo XXXIII - Trégua


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!

Muito obrigada Lizzie Potter por favoritar ♥ ♥

Obrigada também Tia do Café, Letícia Paixão, Madu Alves e Violet Lestrange por comentarem ♥

Bem, esse é o penúltimo capítulo. O próximo será o epílogo. Espero que gostem. Bjs *.*



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Santiago corria por um beco de Nova York, sozinho. Estava escuro e já passava da meia-noite. Suas roupas esfarrapadas e seu rosto arranhado os tinham deixado quase irreconhecível. Ele estava prestes a fugir, sem rumo, quando duas pessoas, vestidas de preto, pararam na sua frente. Eram um homem e uma mulher. Santiago deu um passo para trás, alarmado.

— Olá, Santiago. - A mulher deu um sorriso. - Acho que sabe porque estamos aqui.

— Por favor, não. - O professor implorou. - Eu ainda posso ser útil para a H.Y.D.R.A!

— Não. - O homem respondeu. - A partir do momento que você falhou, você não é mais útil para nós.

— Espera. - A jovem mulher respondeu. - Talvez, ele seja útil. - O homem a encarou. Ela esboçou um sorriso sínico. - Ou não. - Num movimento rápido ela atirou e o corpo do professor caiu no chão. Sem vida.

— Você é cruel. - O homem riu para ela. - Agora só falta o Loki, já que Johann está preso.

— Loki vai ter o que merece. - Respondeu. - Mas de um jeito diferente.

 

Evie

 

Quando abri meus olhos, me deparei com uma claridade forte que incomodou meus olhos. Não sabia há quanto tempo eu tinha estado adormecida e demorei alguns segundos para me localizar. Eu estava em um quarto de hospital, ligada à aparelhos e vestia uma roupa hospitalar. Mal tive tempo de lembrar quem eu era para sentir uma dor profunda no abdômen. Me mexi no mesmo instante e avistei meu pai sentado numa poltrona não muito longe. Sede. Minha garganta estava seca. Eu precisava de água. Tentei me sentar e soltei um grunhido de dor. Loki escutou e me encarou. Sua aparência não era a mesma de antes, ele parecia exausto.

—Evie. - Ele deu um sorriso fraco. - Finalmente você acordou. - Tentei me apoiar em meus braços, mas todo o meu corpo doeu. - Você precisa descansar. - Disse baixo. - Não pode fazer esforço.

— Eu só quero me sentar um pouco. - Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava. Fiz um pouco mais de força  e consegui encostar no travesseiro. - Pode me dar um pouco de água, por favor? - Pedi. Ele me serviu um copo de água e eu bebi quase rápido de mais. Logo me arrependi, no entanto, aquilo pareceu descer como arame farpado por minhas entranhas. Eu nunca tinha sentido tanta dor por beber água antes.

Então, minha mente me ligou. Aquilo que eu tinha tido não era um sonho. Eu tinha visto o Loki diversas vezes comigo, quando criança. Minha mente se acendeu como uma lâmpada e uma porta de lembranças tinha sido aberta. Ele me conhecia desde criança. Ele tinha apagado minha memória e ido embora. Mas por que? Eu estava o fitando, incapaz de falar.

—E-eu me lembrei de tudo! - Falei e ele franziu o cenho.

—Do que está falando? - Ele se sentou na poltrona de novo.

— Eu. Eu… - Eu quase não conseguia falar. - Você sabia que eu existia. - Ele pareceu entrar em choque. Os olhos arregalado e a boca semi aberta. - Eu lembrei. Eu vi tudo. Você me conhecia. Você foi embora.

— Eu não entendo. - Respondeu pasmo. - Não era para você lembrar disso nunca. - Estremeci. Era verdade. Era real.

— Por que você foi embora? Por que você me deixou? - Senti minha voz se alterando e eu estava começando a ficar agitada. A máquina que media meus batimentos cardíacos começou a apitar mais intensamente. - Eu vi você indo embora. Eu pedi para você não ir. - Meus olhos arderam, ficando marejados. Era como se a tristeza daquela pequena Evie de quatro anos tivesse se acumulado e voltado toda de uma vez.

—Esse não é um bom momento para falar sobre isso. - Falou calmamente.

— Não! Eu preciso saber a verdade. Eu tenho direito.

Ele deu um longo suspiro e desviou o olhar, encarando as próprias mãos.

— Eu menti para a sua mãe no passado. - Contou. - Eu fingi ser quem eu não era e ela nunca me perdoou por isso. - Eu mal piscava, ouvindo cada palavra com muita atenção. - Ela fugiu de mim. Quando a encontrei, ela tinha você. - Me encarou. - Eu não podia tirar você dela. E, eu não podia levá-la para Asgard porque Odin estava num período de loucura… - Ele hesitou. - Ele a mataria. - Um nó se formava em minha garganta. - Eu convivi com você, sem que Melina soubesse, por quatro anos. - Suspirou.

— Por que foi embora?

— Você estava crescendo e ficando esperta demais. - Confessou. - Melina iria descobrir. Então, eu decidi que seria melhor eu me afastar. - Acrescentou, amargurado. - Achei que seria melhor que você crescesse sem mim!

—E por que você achou isso? - Limpei uma lágrima. Ele mal me encarava.

—Olhe onde você está agora, Evie. - Respondeu cansado. - Não tem nem um mísero ano que você está sob minha responsabilidade e você quase morreu! Diversas vezes. - Ele parecia ressentido consigo mesmo.

—E você preferiu me deixar sozinha! - Acusei.

— Você nunca esteve sozinha. - Ele respondeu rápido. - Você sempre teve uma espécie de… Protetor.

Protetor? Que tipo de...

—Fish? - Perguntei incrédula. Tudo fazia sentido. Isso explicaria o fato dele ter se tornado um felino enorme para me defender.  

—Esse não é o nome dele, mas tudo bem. - Ele deu uma risada fraca. - Ele não é um gato comum.

—Mas ele só está comigo há dois anos.

—Isso é o que você pensa. - Respondeu calmo. - Ele sempre esteve ao seu lado, mesmo quando você não sabia. - Minha mente girava por causa de tanta informação.

— Quando eu o encontrei, você parecia surpreso. - Arfei. - Você pareceu chocado quando eu fui atrás de você na S.H.I.E.L…

— Eu estava surpreso. - Interrompeu. - Não esperava ver você na minha frente depois de tanto tempo. - Ele pausou. - Foi um choque para mim. Também não sabia que Melina estava doente.

— E quando você atacou Nova York? - Eu já estava chorando. - Eu estava lá. Você queria matar todos. Você iria me matar também?

— Jamais permitiria que nada de ruim acontecesse com você ou Melina. - Respondeu me encarando. - Eu fiz coisas, por motivos que você não entenderia. - Completou.

— Você me deixou! - Solucei. Eu não estava com raiva. Mas, eu queria chorar. Porque eu estava… Nervosa. Triste.

— Eu sinto muito. - Respondeu baixo. - Eu fiz o que achava certo. - Confessou. - Não sei ser pai. Não sei ser um bom pai. - Acrescentou triste. - Isso sempre foi muito novo e louco pra mim de um jeito que eu nunca poderia imaginar. - Limpei minhas lágrimas, mesmo sabendo que elas não paravam. - Eu sempre fui o cara mau. Aquele que aparecia nos pesadelos das crianças enquanto elas dormiam e aquele que era o próprio pesadelo para os adultos. - Eu não conseguia responder. - E, a verdade é que você sempre despertou o meu melhor lado… E isso sempre foi assustador demais para mim.

Fiquei em silêncio. Incapaz de responder. Eu estava tentando digerir tanta informação nova. Respirei fundo, acalmando minhas lágrimas.

— Sabe… - Eu falei depois de alguns segundos de silêncio. - Um bom pai não é o mais rico, nem o mais poderoso de todos. Nem é aquele que compra os presentes mais caros. - Ele me encarou. - Nem é o mais inteligente, nem o mais honesto. - Continuei. - Um bom pai, é aquele que ama seus filhos tão incondicionalmente que faria tudo por eles. - Suspirei. - E, eu sei que você faria tudo por mim. - Dei um sorriso fraco. - Isso faz de você o melhor pai que eu poderia ter. - Ele abriu a boca para falar, mas não conseguiu. Estava… Chorando?

Uma batida na porta o fez quase dar um pulo da poltrona. Uma enfermeira abriu. Ela estava acompanhada de meu tio.

—Sobrinha! - Ele abriu um sorriso largo quando me viu. Ele segurava em um braço um urso de pelúcia branco, com um laço vermelho, que devia ter quase o meu tamanho. No outro braço, ele segurava dez balões de personagens, além de uma caixa de bombons. A enfermeira saiu sem dizer nada. - Por Asgard, você me deu um susto. Fico feliz que esteja bem. - Sorri. - Eu trouxe pra você! - Ele me entregou o urso gigante, que mal cabia na cama, e depois amarrou os balões na cabeceira. - Eu também trouxe essa coisa humana que vocês chamam de chocolate, mas a enfermeira disse que você não podia comer. - Deu de ombros. - Então eu comi. Mas fica com a caixinha. - Ele me jogou a caixinha que estava um tanto amassada.

—Obrigada, tio. - Sorri. Thor finalmente reparou em meu pai, que estava em completo silêncio.

—Andou chorando, Loki? - Thor perguntou ao meu pai, que revirou os olhos.

—Foi apenas um cisco. - Respondeu seco, recuperando sua postura de sempre.

—Aham…- Meu tio respondeu cético. - Do jeito que seus olhos estão vermelhos deve ter caído uma árvore inteira. - Sorriu. Mais uma batida na porta soou.

— Com licença. - Natasha abriu a porta devagar e entrou, sendo acompanhada por Peter. Ele sorriu ao me ver.

— Nat! Peter! - Sorri, me ajeitando na cama de forma involuntária. Senti uma dor na altura de um dos rins e conti um grunhido. Todos estenderam os braços de forma automática, como seu eu fosse cair.

— Por Odin, não comece a aprontar de novo. Você nem saiu do hospital ainda. - Disse meu pai com as mãos na cabeça, como se estivesse à beira de um colapso.  

— Eu estou bem. - Respondi sem graça. Peter soltou um suspiro aliviado.

— Fico aliviada em saber que está bem. Foram dias difíceis para todos. - Nat sorriu amigável. Franzi o cenho. Ela tinha dito dias?

— Espera, quanto tempo eu fiquei apagada? - Perguntei por fim. Eles soltaram uma risada.

— Quatro dias. - Nat respondeu tranquila. - Achamos que fosse morrer. Você teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia. - Gelei por dentro. Se é que fosse possível ficar mais gelada do que eu já era normalmente.

— Mas, finalmente você acordou. - Peter sorriu. - Ah, a senhorita Natasha tem uma ótima notícia, não é? - Ele a encarou, animado. Nat deu um tapa leve em seu ombro.

— Me lembre de não contar as coisas para você, Peter. - Respondeu brincalhona. - Um dos diretores da S.H.I.E.L.D quer lhe oferecer um emprego como estagiária. - Disse para mim.

— Sério? Isso é demais! Eu adoraria. Quando posso começar? - Perguntei animada.

— Hey, hey, hey! - Meu tio interrompeu, sério. - Está num hospital, quase morreu, não vai trabalhar para a S.H.I.E.L.D  tão cedo, mocinha! - Fechei a cara, incrédula.

— Hey, mas que inferno você acha que está fazendo, Thor? - Meu pai o encarou com uma carranca. - Eu sou o pai dela, eu faço as regras aqui! - Meu tio encolheu os ombros, envergonhado. Comprimi um sorrisinho. Loki me encarou. - Não vai trabalhar para a S.H.I.E.L.D tão cedo, mocinha! - Meu sorriso se fechou novamente.

— Mas isso é injusto. - Cruzei os braços.

— Bem-vinda ao clube. - Peter cantarolou.

— Vocês dois são malucos! - Natasha riu.

Bang!  Um baque na porta fez todos nós gritarmos de susto e Natasha quase sacou um revólver. Era ele. Esbaforido e com a respiração ofegante. Não pude conter um sorriso.

— Ned! - Eu e Peter falamos praticamente ao mesmo tempo. Peter correu para dar um abraço do amigo.  

— Evie, Peter! - Arfou, com a mão no coração. - Eu fugi do hospital. Encontrei Happy, e ele me disse que vocês estavam aqui.

— Depois eu que sou maluco. - Comentou meu tio com uma sobrancelha arqueada.

— Vocês não sabem o que eu descobri… - Ele se recompôs e todos ficamos em alerta. - O professor Santiago… - Respirou fundo. - Ele pode virar um bicho sinistro! - Todos relaxamos, respirando aliviados.

— Ah! A gente já sabe disso, Ned. - Peter respondeu.

— Ah, poxa! - Respondeu desapontado. - Mas o que aconteceu, afinal? - Me encarou.

—É uma longa história. - Nat suspirou. Nat contou tudo para Ned, que apenas escutava. Fiquei sabendo que ela sabia e estava ajudando o Loki a ser como uma espécie de agente duplo. Também fiquei sabendo do agente Cotton, ou melhor, agente Adams.

— Eu não entendo. Por que eu nunca percebi que o agente Adams estava mentindo? - Perguntei. Nat encarou meu pai.

— Porque eu não deixei que percebesse. - Loki deu de ombros. - Não queria que se envolvesse.

Mais uma batida na porta ressoou. Desta vez era uma enfermeira, carregando uma bandeja prata com uma seringa.

—Com licença. - Ela disse  um pouco constrangida. - Mas o tempo de visita acabou. A paciente precisa descansar agora. - Seus olhos passaram por todos. - Você também, sr. Laufeyson. - Ela encarou meu pai.

—Mas que absurdo! - Ele questionou. - Eu tenho o direito…

—Vamos, Loki! - Meu tio fez meu pai se levantar. - Obedeça a moça! - Meu pai resmungou algo que foi inaudível. - A Evie precisa descansar.

Todos se despediram antes de me deixar com a enfermeira. Observei ela colocando uma substância de um vidrinho na seringa.

—Isso vai aliviar a dor. - Ela sorriu amigavelmente e aplicou a injeção. - Relaxe um pouco. Isso vai fazer você dormir. - Ela recolheu a bandeja e saiu. Aos poucos, deixei o cansaço me levar e fechei os olhos.

***

Alguns dias depois…

 

Os dias passaram rapidamente e as dores passaram a ser suportáveis e os pontos estavam quase cicatrizados. Eu já tinha recebido alta, mas quem foi me buscar no hospital foi a Natasha. Ela me disse que seria uma surpresa para os outros, já que eles não sabiam que eu já estava bem para sair. Ela me ajudou no caminho até a Torre Stark, onde o Sr. Stark estava dando uma pequena festa para comemorar a vitória dos Vingadores.

Quando chegamos, respirei fundo antes de abrir a porta para a sala. Eu tinha passado tantas coisas nos últimos meses. Quase morrido muitas vezes. Mas tinha acabado agora. Eu estava viva. Eu tinha um pai. Um tio. E amigos. Além do Peter, que eu não sabia como as coisas estavam. Aquele beijo no meio da confusão não saía da minha cabeça.

—Vamos? - Natasha perguntou. Assenti com a cabeça. Ela abriu a porta e me ajudou a caminhar, ainda tinha dificuldade para fazer isso sozinha. Então, eu avistei praticamente todos. Steve, o sr. Stark com a Pepper, meu pai, Thor, Peter, Doutor Strange, Dr. Banner, Clint, Sam, alguns agentes e até o Ned. Eles estavam distraídos.

—Oi. - Eu disse, chamando a atenção de todos.

— Meu pai do céu! - Meu tio praticamente gritou quando me viu e correu para me dar um abraço apertado. Apertado. Que eu nem pude retribuir já que ele estava apertando os meus dois braços e me balançando no ar como se eu fosse um urso de pelúcia com peso de uma pena.

—T-io. - Resmunguei.

—Pronto, o Thor vai matar a criança! - Sam comentou, enquanto todos observavam a cena.

— Thor, solte-a, ela não tirou os pontos ainda. - Natasha o repreendeu e ele me soltou, dando um sorrisinho.

—Foi mal!

Nos aproximamos dos outros. Loki deu um sorriso. Ele não era muito de abraços, então achei melhor não o abraçá-lo. Isso era muita informação nova para ele também. Mas eu sabia que ele estava feliz em me ver.  Eu sentia.

—Evie! - Ned foi o primeiro a me dar o abraço não tão apertado quanto o do meu tio.

—Bem. Vamos comemorar então. - O Sr. Stark levantou um copo de whisky e mandou aumentar o som. A maioria se dispersou, conversando entre si. Avistei meu pai conversando com Thor e Natasha em um canto, o Dr. Banner bebendo com o Dr. Strange e Sam e Steve jogando algum jogo. Peguei um copo de suco, já que eu ainda não podia beber refrigerante.

—Oi. - Peter se aproximou.

— Oi. - Sorri. Ficamos em um silêncio tão constrangedor que eu achei que alguém tivesse usado o Olho Cruel de Avalon e parado o tempo só para o constrangimento ser mais longo. Por sorte, ninguém estava prestando a atenção na gente. Não sei quantos segundos se passaram até que eu resolvi dar um abraço nele. Quando o soltei, ele estava rindo.

— E aí, gente? - Ned chegou, no meio de nós dois, passando os braços em nossos ombros. Santo Ned!  Só ele para nos livrar de um momento tão desconfortável. Os olhos passaram do Peter para mim e ele franziu o cenho. - Eu perdi alguma coisa? - Perguntou desconfiado.

— Não! - Eu e Peter respondemos rápido, em coro. Ned arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Não perdeu nada. - Peter acrescentou rápido. - Porque não aconteceu nada.

— É! Nada. - Concordei rápido.

— Nadica de nada!

— Nada mesmo!

— Nadinha!

— Nada, nada mesmo!

— Tipo, super nada! - Ned nos soltou.

— Vocês dois estão tão estranhos. Mais do que o normal que vocês já são. - Ned comentou.

— Estranho? - Peter perguntou nervoso. - Não tem ninguém estranho aqui. - Deu de ombros. - Só o doutor Estranho. Porque ele é estranho, de Estranho. - Peter engoliu um pouco de refrigerante, visivelmente nervoso.  

— Tá bom. - Ned respondeu, com uma expressão de preocupação no rosto.

— Eu vou dar uma volta. - Falei por fim. Peter suspirou.

Fui até o frigobar e peguei mais um pouquinho de suco, para aliviar a tensão.

— Olá, alteza. - A voz do Dr. Strange quase me assustou. Eu o encarei. Ele colocou um pouco de gelo em seu copo e um pouco de suco também. Ele tinha me chamado de alteza. Ele me fitou também. Aquele olhar. Por Odin. Ele sabia.

— O senhor sabe da profecia? - Cochichei. Ele apenas assentiu com a cabeça, indiferente. - O senhor viu o meu futuro?

— Eu sou um mago, não uma cartomante. - Respondeu monótono. Bebi um pouco do suco. Eu já tinha desistido de ter uma resposta, quando ele voltou a falar. - Sim. Eu vi alguns de seus futuros.

— Em quantos deles a profecia se cumpre?

— Em grande parte. - Deu de ombros.

— E nos outros? - Ele me encarou. Silêncio.  

— Isso você vai ter que viver para saber. - Respondeu sereno e se afastou.

Fiquei alguns minutos ali. Processando a informação. A profecia era mesmo real. Terminei meu suco e logo em seguida o sr. Stark se aproximou para pegar mais gelo. Da última vez que eu tinha o visto, tinha sido no meio de uma briga. Eu estava transtornada naquele dia e não me orgulhava nem um pouco dos meus atos. Respirei fundo. Eu devia um pedido de desculpas.

— Sr. Stark. - Eu o chamei. Ele me encarou, surpreso. - Eu queria me desculpar pelo… - Suspirei, evitando encará-lo muito. Ele percebeu meu nervosismo e me interrompeu.

— Eu já bebi algumas dessa. - Ele apontou para o próprio copo. - Já não me lembro de mais nada. - Deu de ombros. Dei um sorriso.

—Obrigada.

Ele deu um sorriso amigável e voltou para o centro da festa. Sorri comigo mesma. Estava tudo bem. Voltei ao centro da festa também.

—Atenção! - O Sr. Stark subiu em cima de uma mesa com um copo na mão e abaixaram o som. Todos se aproximaram para escutar. Peter e Ned se aproximaram de mim. - Atenção de todos! - Continuou. - Estamos hoje aqui para celebrar. Mais do que a vitória dos Vingadores, mas a vida de todos. - Deu um longo suspiro. - Foi difícil. Foi doloroso. Pessoas foram feridas e outras não resistiram por causa da H.Y.D.R.A. Poderia ter sido pior. Mas, estamos aqui. Fortes. E aqui permaneceremos até o fim. E ninguém mais vai ameaçar este planeta. - Seus olhos percorreram pelo salão. - Nem humano, nem alienígena. - Ele encarou Loki. - Porque nós vamos lutar por ele. Sempre. - Ele estendeu o copo. - Um brinde à vida e a paz! - Todos levantaram seus copos e saudaram.

—Belo discurso, Stark. - Disse a agente Harrison. - A S.H.I.E.L.D também continuará de olho. - Ela encarou meu pai. - E você, não esqueça de sua pena.

— Já sei! - Meu pai revirou os olhos. - Prestações de serviço à S.H.I.E.L.D. Eu entendi. Não vou fugir.

—Apesar dos pesares, as coisas terminaram bem. - Sam comentou. - Tudo foi revelado. Estamos bem. Talvez um dia poderemos até rir disso tudo. - Riu sem humor e alguém ligou o som alto de novo.

— Nem acredito que escapamos vivos. - Peter falou para eu e o Ned. - Eu achei que fosse morrer no momento que peguei o cristal. - Nesse exato momento o som parou e todos ouviram o que Peter tinha acabado de dizer. Todos o encararam.

—Peter, cala a boca!  - O repreendi baixinho e ele percebeu ter falado demais.

—O que foi que disse? - Perguntou o Sr. Stark com o cenho franzido. Peter deu um sorriso sem graça.

—Sabe o que é, sr. Stark. - Ele gaguejou. - É uma história bem engraçada essa, vocês vão rir quando eu contar.

— Peter! - Falei entre dentes, quase escondendo meu rosto com as mãos. Todos os encaravam, sérios.

— Então, sabe quando eu peguei o cristal… - Ele continuou. - Eu não tava controlado pela Evie. Na verdade, foi um plano nosso. - Ele forçou um sorriso. - Eu estava consciente.

—Está dizendo que foi um plano dos dois e que você mentiu? - O Sr. Stark estava pasmo. Assim como os outros. Até meu pai parecia surpreso, mas estava rindo. Um silêncio mortal se  fez.

— Por essa eu não esperava, Inseto Parker. - Meu pai respondeu. - Me surpreendeu. -  Apesar de Loki está rindo, os outros estavam sérios. Um tanto pasmos, eu diria.

— Surpresa! - Peter forçou um sorriso. Eu o encarei com uma carranca. Todos começaram a falar ao mesmo tempo e ninguém entendia mais nada. Nós encolhemos os ombros. Pelo visto a paz já não ia durar muito tempo.


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