OMG! Meu Pai é um deus escrita por Sunny Spring


Capítulo 34
Capítulo XXXII - A verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Muito obrigada Madu Alves por favoritar ♥ ♥ ♥

Obrigada também Letícia Paixão, JanainaPereira, Madu Alves, Peh M Barton, Tia do Café, Gislane Brito, Bellienz, isy Riddle e Jace Jane por comentarem. ♥

Reta final. Espero que gostem. Bjs *.*



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Evie estava ligada à alguns aparelhos que a mantinham viva naquele hospital. Com uma máquina de oxigênio, para Loki, ela parecia mais morta do que viva. Loki se encolheu na poltrona que tinha no canto do quarto onde a menina estava. Ele limpou uma lágrima que ameaçava cair. Quando Thor adentrou no local, a postura de Loki mudou. Ele assumiu uma ilusão em que parecia inabalável.

—Ah, vamos Loki! Não é vergonha alguma mostrar suas emoções. - Disse Thor ao se sentar ao lado do irmão, que deixou de lado a ilusão. Ambos ficaram em silêncio, apenas ouvindo a máquina apitar sem parar.

—Acha que ela vai sobreviver? - Loki perguntou depois de um tempo. Ele ainda não encarava o irmão.

—Mas é claro! - Thor deu um sorriso fraco. - Minha sobrinha é a mini Midgardiana mais forte que eu já conheci!

Loki soltou uma risada fraca.

— Loki, por que fez isso? - Perguntou Thor, referindo-se à todo o plano de Loki para salvar o planeta. - Por mais que eu saiba que você ama a Evie, não consigo acreditar que fez aquilo tudo por ela! - Loki o encarou. - Por que não nos contou? Eu lhe conheço, irmão. O que você queria?

—Tudo bem. Você está certo. - Respondeu seco. - Eu queria o Olho Cruel de Avalon para mim e se eu contasse a vocês  eu não conseguiria!

—Fez isso tudo por mais poder? - Thor franziu o cenho. - Não acredito que fez isso por mais poder. - Thor estava irritado.

— Eu queria voltar ao passado. E, eu precisava do Olho Cruel de Avalon! - Loki respirava pesado. Seus olhos mostravam exaustão.

—Voltar ao passado? Por que?

—Ah! - O deus fechou os olhos, segurando o nó que se formava em sua garganta. - Como eu queria não ter apagado a memória dela! - Suspirou.

—Do que você está falando? - Thor o encarou, confuso. Loki hesitou por um breve momento.

— Eu sabia que eu tinha uma filha, Thor. - Confessou. - Eu sempre soube!

— Como disse? - Perguntou confuso.

— Quando Melina descobriu a verdade sobre mim, ela fugiu. - Contou. - Quando eu a encontrei, alguns meses depois, Melina tinha um bebê de colo. Ela não me viu, mas eu a vi. - Suspirou. - E, ela me odiava na mesma intensidade que me amou um dia. - Thor permaneceu sério, apenas ouvindo. - Eu não sou tolo, eu fiz as contas, aquela criança era minha filha. - Parou.

—E então?

— Eu decidi que não queria conhecer a criança porque Melina não permitiria que eu me aproximasse mesmo, mas… - Hesitou. - Um dia, a minha curiosidade foi maior. Eu entrei escondido e eu a vi… Eu não queria me apegar, mas…

— Você se apegou!

Loki assentiu com a cabeça.

—Alguém mais sabia?

— Só nossa mãe. Ela me ajudou a esconder a Evie. - Respondeu. - E Heimdall, é claro.

Thor não falou nada, tentando digerir a informação.

— Eu queria tê-la visto crescer.

— Por que você a deixou? - Questionou Thor.

— Por causa dele! - Respondeu entre dentes. - Odin! Isso foi no período da loucura de nosso pai. - Continuou. - Ele matou mais humanos que eu. - Loki soltou uma risada amarga. - Ele mataria Evie sem nem pensar se descobrisse de sua existência.

—E o que você faria se voltasse ao passado?

— Eu não teria sido covarde. Eu teria o enfrentado. Eu… - Respirou fundo. - Eu teria o matado!   

— Você está louco? - Thor o encarou. - Tem noção de quantas guerras você causaria? Você não sairia vivo, irmão. Você não poderia matá-lo, ele é nosso pai.

— Ele nunca me tratou como um filho de verdade. - Respondeu entre dentes, seus olhos cheios de lágrimas. - Você não entende! O meu direito foi tirado de mim. Eu virei um estranho para a minha própria filha!

—Não se pode mudar o passado, Loki. - Thor respondeu calmamente. - Mesmo que se tenha poder para isso, o passado deve ficar no passado. - Acrescentou. - Você não teve chance de vê-la crescer. Mas, a Evie ainda não é uma adulta. Você tem uma segunda chance agora de fazer o que é certo. - Ele tocou o ombro de Loki. - Não a desperdice!

 

Evie

A morte vem silenciosa. Sorrateira. Ninguém sabe quando ela vai chegar. Para mim, ela parecia não ter chegado ainda. Eu não tinha certeza, no entanto. Eu estava num campo. No mesmo campo dos meus sonhos. Eu estava deitada, com as costas na grama macia. O cheiro de flores perfumava todo o ambiente. Me levantei cambaleante. A pedra, onde no meu sonho havia uma coroa, estava vazia. Avistei de longe alguém. Uma pessoa. Corri. O mais rápido que eu pude.

—Hey! - Gritei, tentando chamar a atenção da pessoa. Era uma mulher. Os cabelos castanhos presos num penteado de gala e o vestido longo, como o de uma rainha. Ela abriu um sorriso quando me viu.

—Evie! - Ela se aproximou, tocando meu rosto de forma delicada. - Finalmente a conheci! - Sorriu. Ela me conhecia? De onde? Onde eu estava? Eram tantas perguntas. - Tem os olhos dele!

—A senhora me conhece? - Franzi o cenho. Ela soltou meu rosto.

— Eu sou Frigga, minha querida. - Respondeu maternal. - Mas, pode me chamar de avó. - Eu quase caí para trás. Minha avó? - Não sabe como eu desejei conhecê-la!

—E-eu estou morta? - Perguntei preocupada. Ela soltou uma risada.

—Mas é claro que não, minha querida! - Respondeu. - É preciso muito mais que aquilo para matar uma Lokidottir! - Ela piscou um olho.

— Eu estou sonhando?

—Me diga, isso parece um sonho pra você? - Perguntou calmamente. Neguei com a cabeça. Não. Aquilo era real. Aquilo era muito real. - Vamos dar uma volta. - Ela me estendeu um braço e eu segurei. Seguimos caminhando pelo belo jardim. Eu tinha tantas dúvidas.

— Esse lugar já apareceu no meu sonho. - Comentei e ela sorriu.

— Não foi um sonho, minha querida. Foi uma visão.

— Uma visão? Como assim? - Franzi o cenho.

— Você tem visões, Evie. - Respondeu enquanto caminhávamos em passos lentos. - Esse é um dom especial. Só seu. Não foi herdado, por isso você não pode controlá-lo. - Nós paramos. Eu podia ver o futuro. Isso era… Incrível.

— Eu vi meu pai e meu tio, mortos. - Engoli seco. - Isso vai acontecer?

— Não necessariamente. Nem todas as visões são para o futuro próximo. - Disse por fim. - Vem comigo. Tem alguém que quer lhe conhecer. - Ela me  conduziu até em baixo de uma árvore, onde um senhor apareceu. Ele vestia um tapaolho em um dos olhos. Eu conhecia aquele homem.

—Odin? - Eu estava boquiaberta. - Quero dizer, majestade. - Me corrigi rapidamente e fiz uma reverência desajeitada. Ele soltou uma gargalhada, sendo acompanhado por minha… Avó.

—Sem cerimônias, minha neta. - Ele sorriu. - Não prefere me chamar de avô? - Troquei um olhar rápido com Frigga, e ela assentiu. Odin abriu os braços e eu lhe dei um abraço. Um abraço que trazia segurança. Um abraço de avô.

***

Não sabia quantas horas já haviam se passado. Eu estava me divertindo tanto que eu não queria ir embora. Eu estava em paz, como nunca antes. Eu tinha avós. Frigga terminou de fazer uma trança em meus cabelos e me deu um beijo na testa. Ela colocou uma coroa dourada e delicada sobre a minha cabeça. Estava sentada na grama, o sol reluzindo sobre nossos rostos.

— Minha neta, há algo que precisa saber antes de ir. - Odin disse calmamente. Minha avó o encorajou a continuar. - Há uma profecia que você tem que conhecer. - Suspirou. - Depois do reinado de Thor, o trono de Asgard não terá um novo rei. - Pausou. - Terá uma rainha.

— Thor não terá descendentes capazes de governar. - Frigga acrescentou, preocupada. - Então, você subirá ao trono de Asgard e Jötunheimr– Sorriu. - E será um reinado de absoluta paz entre os dois reinos!

Rainha. Eu seria uma rainha? Governando reinos? Eu não conseguia imaginar tal coisa.

—Meu pai sabe desta profecia?

— Não. E é melhor que ele não saiba. - Odin deu um sorriso fraco. - Você precisa ir agora. Antes que seja tarde demais.

Dei um longo suspiro. Aquele lugar me trazia tanta paz que eu quase não queria ir embora. Mas eu precisava. Eu tinha que voltar.

— Precisa voltar, minha querida. - Frigga me ajudou a levantar. Dei um último abraço nela e em meu avô. Dei um último olhar para os dois.

— Na volta, você vai recuperar algo que foi tirado de você. - Odin disse calmamente. - Temo que tenho um pouco de culpa nisso. - Os dois se entreolharam. - Vá, Evie! Você tem que ir!

Então, o jardim onde eu estava ficou para trás, e eu fui puxada. Puxada por uma força sobrenatural. E, eu caí. Caí no nada. Até que eu parei. Eu estava em casa. Na minha casa. No meu quarto. Mas, era um quarto de bebê. Era o meu quarto de bebê. Era noite. Um berço estava perto da janela e havia um bebê dentro. Uma menininha que deveria ter uns seis meses. Ela estava acordada, brincando com uma girafinha de pelúcia. Aquela menininha era eu. Ela não podia me ver. Então, ele apareceu. Com uma roupa asgardiana verde e dourada e um elmo na cabeça - Loki. Ele se aproximou do berço calmamente, como se tivesse medo. A bebê eu, sorriu quando o viu.

— Então, você é a criaturinha midgardiana que pode ser minha herdeira? - Loki perguntou para ela como se ela pudesse respondê-lo. Ela soltou uma risadinha e se aproximou da grade do berço.

— Do que está rindo, hein? - Ele colocou uma mão na cintura. - Você deveria ter medo de mim, eu sou assustador. Você não tem medo de mim? - Ele arqueou uma sobrancelha. Ela pegou a girafinha de pelúcia e arremessou em cima dele, soltando uma risadinha. O bichinho de pelúcia ficou no chão, e a bebê ficou encarando aquilo. - O que foi? - Loki perguntou. - Você quer que eu pegue aquela coisa pra você? - Ele apontou para a girafinha no chão. - Não vou pegar. Eu sou um deus, não sou seu empregado. - Cruzou os braços. Ela o encarou, com os olhos fixos. - E, não olhe pra mim com essa cara, sua criaturinha ameaçadoramente manipuladora! - Ele ficou em silêncio por alguns segundos. - Tudo bem, eu vou pegar! - Ele suspirou e pegou o bichinho, colocando-o no berço de novo. Ela agarrou a girafinha e jogou no chão de novo, dando um sorrisinho sapeca. - Ora! - Loki colocou as mãos na cintura de novo e ela riu com vontade. Dois segundos se passaram, e Loki soltou uma risada também.

De repente, a casa se desfez. E, eu já não estava mais naquele quarto, em casa. Eu estava numa escola primária, em um parquinho. E lá estava a pequena eu, de quatro anos. Sentada, afastada das outra crianças, com uma expressão triste. Não demorou muito e Loki apareceu.

Papai!— Ela correu e abraçou as pernas compridas dele, que parecia um gigante ao lado dela. A pequena eu esticou os bracinhos para que ele a pegasse no colo.

— Não vou pegar você no colo, criança tola! Para que servem essas suas perninhas humanas? - Ela continuou insistindo. - Não, não, não! Vem!  - Ele quase se abaixou para poder dar a mão para ela e os dois seguiram andando em direção a saída. - Ah! Você anda devagar demais! - Loki desistiu e a pegou no colo com facilidade. A menina riu, tocando os chifres do elmo dele.

—O que é isso? - Ela perguntou com uma voz infantil.

—É um elmo. - Ele respondeu. - Você gosta? - Ela assentiu com a cabeça. Ele sorriu, e fez surgir na cabeça da menina um arquinho dourado com dois pequenos chifrinhos da mesma cor. Ela sorriu. - Por que estava sozinha? - Perguntou.

—As outras crianças não gostam de mim, papai! - Respondeu cabisbaixa. - Não querem ser meus amigos. - Ele pareceu ficar pensativo, até que suspirou.

— Não tem que sofrer por isso. - Respondeu. Ele pareceu apagar algo da mente da pequena eu, que nem percebeu. - Agora, vamos a um lugar bem melhor que essa escola chata. - Sorriu.

—Mas, a mamãe diz que eu tenho que ir pra escola.

— Ela está errada. Você é uma princesa. Não precisa desta escola, precisa estudar feitiçaria Asgardiana. - Respondeu calmamente. - E eu vou lhe ensinar. - Ela pareceu animada.

De repente, aquela paisagem sumiu, e eu estava em casa de novo. No meu quarto. E lá estava a pequena eu, de quatro anos, deitada na cama, agarrada com a girafinha de pelúcia. E, o Loki apareceu de novo e sentou-se na beirada da cama. Ela parecia já estar esperando por ele.

—Pode ler pra mim, papai? - Ela entregou a ele um livro. Mitologia Nórdica Para Crianças. Ele segurou o livro, arqueando uma sobrancelha.

—O que é isso? - Perguntou curioso. - Por que você não lê?

—Porque eu não sei ler, papai.

Ele abriu o livro e começou a ler.

—Era uma vez, um jovem e belo príncipe chamado Thor. Ele era forte e destemido e lutava sempre contra os caras maus. — Ele parou de ler. - Forte e destemido. - Ele repetiu com desdém. - Tá mais pra retardado e prepotente! - Revirou os olhos.

—O que é retardado, papai?

— Seu tio Thor. - Respondeu e fechou o livro. - Eu tenho uma história muito melhor, quer ouvir? - Ela assentiu, animada. E, então, ele começou a contar uma história e a fazer ilusões para ilustrar tudo, com unicórnios alados e princesas. Ela estava encantada, olhando tudo aquilo e soltou uma gargalhada.

—Ssssssh! - Ele pediu calmamente. - Você vai acordar sua mãe.

— Por que a mamãe não pode saber? - Questionou.

—Porque se não ela vai levar você embora. - Explicou.

Ele terminou a história quando ela já estava praticamente dormindo. Ele ia sair de fininho pela janela, mas ela acordou.

—Papai, você vai embora? - Perguntou esfregando os olhos.

— Eu tenho que ir. - Disse baixo. Ela pareceu que ia chorar, mas ele jogou uma magia que a fez dormir. - Eu sinto muito. - Ele ajeitou a girafinha de pelúcia perto dela. - Quando acordar amanhã, não se lembrará mais de mim. - Ele apagou, então, cada memória da mente dela e foi embora.

E, então, eu voltei a cair no nada. No breu. Minha mente girava. O que era tudo aquilo que eu tinha acabado de ver?


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