Histórias Cruzadas escrita por Milena Corrêa, Ayhenyc


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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No dia seguinte Harry acordou mais cedo que o habitual, dispensou o chá e serviu-se de uma xícara de café preto. Olhou para o sofá onde estavam o livro e as cartas, suspirou servindo mais uma xícara de café, precisava estar com os olhos bem abertos, hoje seria o dia! Não podia esperar mais, já havia adiado muito esse momento.

Depois de ter acordado, arrumado e dado o café da manhã de Oliver, pegou a sua mochila, a do garoto e foram para casa de Charlotte. Passou o caminho pensando em tudo que acontecera desde sua chegada na cidade e viu que literalmente estava sem saída.

Ao chegar em seu destino, encontrou Charlotte no jardim, colhia algumas flores, hoje estava com seus cabelos soltos, que com a luz do sol ficavam ainda mais avermelhados. Os cabelos de Charlotte eram ruivos, seus olhos âmbares, com a pele bem branquinha e tinha algumas sardas pelo nariz.

Charlotte quando os viu chegar, sentiu uma alegria enorme, logo saiu em meio as flores indo encontrá-los.

— Bom dia! – saudou, com um sorriso largo.

— Bom dia. – Harry apenas disse.

A garota notou que algo havia acontecido, Harry não era assim. Mas não sabia o que, na verdade poderiam ser tantas coisas...

Oliver e Charlotte ficaram brincando com legus, montavam várias coisas com aquelas pecinhas, o caçula achava muito divertido, ria alto enquanto a torre caia.

Harry fez todo o serviço pensativo, os cavalos perceberam sua agonia e agitaram-se um pouco.

Durante o almoço o silêncio reinava, Charlotte se perguntava o que tinha acontecido, mas não chegava a conclusão alguma. Estava sentindo-se ficar impaciente, por isso procurou se acalmar. Depois do almoço, cada um fez o que era de costume. Logo Harry saiu para escovar os cavalos, a garota podia vê-lo da janela, com um ar pensativo enquanto alisava os pelos dos bichanos. Pensou em ir até ele, mas mudou de ideia, então voltou para sala encontrando Oliver dormindo, ajeitou o garoto no sofá cobrindo-o com uma manta e abaixou o volume da televisão. Sem nada a fazer decidiu ir até a biblioteca procurar aquele tal livro, quem sabe teria mais sorte hoje.

Charlotte vasculhou a escrivaninha novamente, mas nada encontrou, assim, resolveu olhar os livros da estante um a um quem sabe não estaria ali? Perguntava-se! Olhou vários livros, estava ficando cansada, já havia se passado uma hora e até agora nada.

— Mas aonde foi parar este bendito livro!? – pensou alto.

Ignorando o cansaço continuou sua procura, estava determinada a achá-lo! Estava olhando alguns livros de uma coleção Sueca, os quais lhe chamaram a atenção, pois não se lembrava de já tê-los visto, mas afinal eram tantos livros. Quando puxou um dos livros, semelhante aquele, o qual estava procurando, escutou um barulho, parecia um móvel sendo arrastado atrás de si. Parou no mesmo instante amedrontada, temia se virar para descobrir o que causara o barulho. Segurando uma lufada de ar virou-se, dando de cara com uma espécie de porta do outro lado da biblioteca. Caminhou lentamente até a mesma, no caminho largou o livro em cima da escrivaninha antes de continuar seu trajeto. Parou a poucos metros, agora podia ver alguns degraus que se perdiam na escuridão e sentir um cheiro forte de mofo que exalava daquele lugar.

Charlotte ficou indecisa sobre descer para descobrir até onde aqueles degraus iam, pois temia o que poderia encontrar caso o fizesse. Por fim, decidiu-se, mas quando ia dar um passo na direção dos degraus escutou seu nome ser chamado:

— Charlotte. – parou no mesmo instante, sentia as pernas trêmulas ao escutar passos vindos em sua direção, mas não sabia se vinham de trás de si ou da escuridão à sua frente.

Sentiu uma mão tocar-lhe o ombro, os pelos da nuca se arrepiaram, engoliu em seco, como estava amedrontada naquele instante!

— Você está bem? – perguntou-lhe uma voz conhecida, sentiu um alívio percorrer seu corpo ao saber que era Harry. Quase caiu escada abaixo, pois suas pernas fraquejaram, no entanto em um movimento rápido Harry a segurou impedindo seu mergulho na escuridão.

— Charlotte! – chamou-a preocupado, ainda tinha seus braços firmes ao redor de sua cintura.

— Si...Sim. – Gaguejou, piscando os olhos várias vezes voltando a si, ao virar a cabeça para fitá-lo viu a preocupação estampada em seus olhos, estavam tão pertos, na verdade suas costas estavam coladas ao tórax do rapaz e podia sentir as batidas rápidas de seu coração.

— Venha, – puxou-a um pouco para trás, levando-a até a poltrona com um dos braços por cima do ombro da garota. – está se sentindo melhor?

— Sim, estou – respondeu. – na verdade não sei o que aconteceu... – olhou para a escuridão entre as estantes de livros.

Harry, que estava sentado ao seu lado, segurou uma de suas mãos apertando-a de leve, a garota sentiu-se confortável com o gesto e então lhe contou o que tinha acontecido e o que havia sentido.

— Você deve ter ficado em choque, devido ao susto, porque não sabia que existia essa porta aqui e também, – deu uma pausa. – porque cheguei do nada te chamando. – soltou sua mão. – Me desculpe, por entrar e não bater na porta.

— Está tudo bem. – disse. – Não precisa se desculpar.

Harry olhou para porta, um pouco preocupado, afinal tanto ele quando Charlotte desconheciam sua existência.

— Será que a gente devia entrar e ver até onde vai? – perguntou a garota.

— Não sei... – disse pensativo. – Você disse que seu avô nunca tinha dito nada a respeito de uma porta secreta na biblioteca, não é? – perguntou encarando-a.

— Sim, não me lembro dele ter falado! – afirmou.

— Será que ele sabia? – questionaram-se juntos.

Permaneceram se olhando por um tempo em silêncio, olhar fixo um nos olhos do outro e com os pensamentos borbulhantes. Harry desviou o olhar coçando a nuca, pensando no que fazer, sentia-se muito confuso!

Escutaram Oliver chorando, logo, correram para sala ao seu encontro, mas não o encontraram lá. Harry ficou apavorado quando viu que o choro vinha do andar de cima, subiu as escadas correndo para encontrar seu irmão parado no corredor dos quartos de pé descalços e com os olhinhos vermelhos de tanto chorar, correu ao seu encontro o abraçando com alívio.

— Calma, calma, – dizia. Charlotte apenas observava o mais velho, podia ver o quanto amava seu irmão.

Harry pegou o pequeno nos braços que agora não chorava mais, apenas suspirava várias vezes, com os bracinhos em volta do pescoço do mais velho com firmeza, pois sentia medo de perdê-lo.

O trio desceu as escadas, indo para sala, Oliver não queria sair do colo de seu irmão de jeito nenhum, estava com a cabecinha encostada no peito do rapaz sentado em seu colo, o pobre menino tremia um pouco, havia se assustado ao acordar e não encontrar ninguém por perto, saiu à procura dos jovens enquanto os chamava, mas não teve resposta e muito menos os encontrara.

Enquanto Harry ninava o caçula, Charlotte sentou-se ao lado dos garotos e fez cafuné em Oliver, aos poucos a respiração do menino foi ficando mais leve, embora ele ainda tremesse e suspirasse.

— Ele dormiu? – cochichou Charlotte, olhando para o rapaz.

— Sim, pega ele que vou fechar aquela porta e já volto.

A garota fez o que fora lhe dito, mas estava receosa ao saber que o rapaz iria voltar para a biblioteca e que iria ficar tão perto daquele lugar recém descoberto.

Quando o rapaz foi se levantar a garota segurou-lhe a mão, o fitou com os olhos preocupados e murmurou baixinho:

— Tenha cuidado! – o rapaz assentiu com um aceno de cabeça, sentiu os dedos da garota deslizarem aos poucos de sua mão enquanto levantava indo em direção a biblioteca.


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