No dia seguinte acordou tarde, era por volta de 11:00 horas da manhã, não havia conseguido dormir direito pensando sobre o paradeiro do livro. Ao ver as horas se apavorou, levantou-se rápido vestindo a primeira roupa que encontrou apenas fez sua higiene matinal e enrolou os cabelos em um coque frouxo. Desceu as escadas pensando em Harry e Oliver, mas não os encontrou em nenhum lugar da casa. Abriu a porta dos fundos e saindo para a varanda olhou ao redor a procura de ambos, mas nada viu. Caminhou em direção aos estábulos, ao chegar notou que estavam vazios e ao norte avistou os bichanos correndo de um lado para o outro, como de costume.

— Chalote. – Escutou uma vozinha conhecida, olhou para o lado e os enxergou há alguns metros de distância. Oliver vinha correndo na frente, ele era pequenino, mas corria rápido. Harry vinha descansado com uma bola de basquete nas mãos, vestia seu habitual jeans surrado e seus coturnos pretos. Estava com seu casaco jogado nos ombros por cima de sua camisa xadrez.

O pequeno Oliver abriu os bracinhos e Charlotte se abaixou para abraçá-lo.

— Nossa! Que abraço gostoso. – disse ao mais novo. O garoto riu alto, contente em vê-la, havia se apegada a ela, com Charlotte não tinha sido diferente.

Viu Harry se aproximar com um sorriso no rosto, estava muito bonito a luz do sol, pensou olhando-o parado em sua frente.

— Então a bela adormecida resolveu acordar!? – brincou.

A garota, apenas sorriu e lhe contou que na noite passada não tinha conseguido dormir direito, pois estava preocupada com o sumiço de um livro da biblioteca. Harry ficou calado, sabia muito bem qual era esse livro e tinha plena consciência que estava mais do que na hora de agir.

Tudo correu normalmente, fizeram as refeições como de costume, enquanto os jovens conversavam sobre vários assuntos, o pequeno brincava no tapete da sala, tudo ia bem! As horas passaram rápido, Harry e Oliver foram para casa e Charlotte permaneceu solitária na imensa casa com seus pensamentos a milhão.

Harry chegou em casa, não era muito longe moravam em bairros vizinhos, deu um banho em Oliver e o pôs para dormir. Ficou sentado na sala pensativo, sabia o que tinha que fazer, mas, não sabia como iria fazê-lo. Lembrou-se daquilo que lhe fora confiado:

Flashback

Joseph estava deitado em sua cama, havia adoecido já fazia alguns dias por um forte resfriado que tinha pego ao cavalgar na chuva forte.

— Meu jovem, – tossiu. – que bom vê–lo.

Harry nada disse, apenas sorriu ao sentar-se na beira da cama olhando para aquele senhor que há alguns dias estava cheio de vida e agora vivia moribundo na cama.

— Posso sentir que não vou muito longe, – começou. – preciso te pedir um favor... – deixou a frase no ar. – Você estaria disposto a fazê-lo?

Harry ficou desconfiado, não tinha ideia de que tipo de favor ele poderia pedir, então apenas disse:

— O senhor não me leve a mal – iniciou com cautela. – mas, estou disposto a escutá–lo primeiro, espero que me entenda.

— Sim, meu jovem. – o velho sorriu, antes de iniciar sua história.

Contou-lhe sobre uma maldição que vem cercando sua família há várias gerações e sobre seu temor pela vida de Charlotte, que antes de completar 21 anos teria que ir ao passado reverter um acontecimento para que pudesse quebrar a maldição e assim permanecer viva. No entanto, não entrou em mais detalhes, lhe contou apenas o necessário para que entendesse o quanto era necessário.

— Meu jovem, eu fracassei. – parou por um instante. – Já devia ter repassado tudo isso que lhe disse e muito mais a minha neta, mas agora, sinto que não terei mais tempo para isso, por isso preciso que você o faça.

Harry apenas assentiu, havia escutado tudo atentamente, Joseph vendo que era muita coisa para o garoto absorver e logo de cara lhe dar uma resposta lhe disse:

— Meu jovem, – tossiu novamente. – na primeira gaveta tem um envelope, pegue-o para mim. – Harry atendeu ao pedido do velho de bom grado.

Após entregar-lhe o envelope Joseph com os olhos fixos no rapaz a sua frente, pronunciou:

— Tome, pegue esta carta. – entregou-lhe. – Leia com calma e depois me diga o que decidiu. – Harry pegou a carta e com um aceno de cabeça se despediu.

Joseph contava com a ajuda de Harry, na verdade ele era o único que poderia salvar a vida de Charlotte.

Fim do Flashback

Olhou para o livro que estava em suas mãos suspirando alto, levantou-se e foi até a janela observar a noite de luar por alguns minutos, logo, foi para o quarto com a intenção de dormir, ou ao menos tentar.